CUSTO DE MANUTENÇÃO DE FROTA: O CASO DA EMPRESA



VICTOR HUGO TOFFANETTO**

RESUMO

A manutenção preventiva da frota exerce papel fundamental na empresa, uma vez que é vista como uma estratégia na prevenção de acidentes e na diminuição dos custos que a empresa tem em relação a sua frota. Para facilitar o entendimento desse processo, realizou-se um estudo sobre a manutenção preventiva focado na excelência da implementação da mesma e suas vantagens para uma empresa da região de Campinas, Estado de São Paulo. Atualmente a empresa se depara com problemas diários de manutenção de frotas, envolvendo principalmente o custo que a organização possui com os veículos. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo apresentar todas as vantagens da implementação da manutenção preventiva, a fim de reduzir os gastos da organização "Y"Gás, que servirá de base para este trabalho trazendo problemas reais e possíveis soluções.

Palavra-Chave: Manutenção, Custos, Frota.


ABSTRACT

Preventive maintenance of the fleet has a fundamental role in the company since it is observed as a strategy for preventing accidents and reducing costs related to the fleet. In order to better understand this process, a study on preventive maintenance was carried out focused on the excellence of its implementation and its advantages for a company in the region of Campinas, State of São Paulo. Currently, the company faces daily problems with fleet maintenance, mainly involving costs with vehicles. Therefore, this study aims at presenting all advantages of preventive maintenance implementation in order to reduce costs of the "Y" Gás organization, which will serve as basis for this study, bringing real problems and possible solutions.

Key-word: Maintenance, Costs, Fleet.




1 INTRODUÇÃO

Atualmente, as empresas devem acompanhar os desafios do mercado competitivo com muita criatividade, inovando seus produtos e serviços, preservando sua continuidade e garantindo o sucesso juntamente com o cumprimento de sua missão.
Neste ambiente de inovações tecnológicas, os setores passaram a demandar profissionais qualificados e inovadores que procuram se aperfeiçoar em diversos sentidos, de modo a ter condições de exercer suas funções no nível requerido e cumprir seu papel dentro da organização, uma vez que para isso as empresas tendem a investir mais em mão de obra, manutenções e maquinários.
De acordo com Perez et al (2005 p.34), além do investimento com a produção, é necessário identificar as possibilidades de melhoria em todo o processo para que haja uma redução no custo total do produto, passando assim a aumentar a lucratividade e a competitividade no mercado atual.
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo implementar a manutenção preventiva com o intuito de reduzir os custos de manutenção da empresa "Y" Gás, que no ano de 2009, gastou somente com a filial Paulinia, algo em torno de R$ 321.994,25 para a manutenção de sua frota, ultrapassando a meta prevista em 26% (R$ 67.217,25).
Este alto custo se dá pela não parada dos veículos para realizarem suas manutenções preventivas, uma vez que os mesmos rodam ate quebrar. Quando um destes quebra, gera um transtorno enorme para empresa, pois é necessário o deslocamento de um guincho para rebocá-lo do local. Além disso, para que o cliente não fique sem gás, a mesma deve alugar um veículo de terceiros a fim de cobrir a rota do veículo quebrado. Sendo assim, esse custo elevado faz com que a empresa ultrapasse sua meta orçamentária anual com manutenção de frota.
Segundo Stedry (1999) apud Padoveze (2005, p. 22), o orçamento é "a expressão quantitativa de um plano de ação e ajuda á coordenação e implementação de um plano". Com isto, é necessário que a empresa, com intuito de diminuir seus custos inviáveis, implemente um plano de ação para que seus veículos sofram manutenções preventivas em um período de no máximo 15 mil km, evitando assim possíveis quebras e conseqüentemente um alto gasto.
Este artigo busca verificar se a manutenção preventiva da frota de caminhões de uma empresa é capaz de reduzir os custos globais de operações de transporte. Dessa forma, o objetivo fundamental deste trabalho é analisar, a partir de cenários, a economia de custos obtida pela implantação de um sistema de manutenção preventiva na empresa, objeto de estudo. Esse objetivo principal se desdobra em outros objetivos que visam: a realização de um levantamento dos custos globais de operação da empresa, avaliar o impacto dos custos de manutenção da frota, o desenvolvimento a partir de simulações de um programa de manutenção preventiva na frota da empresa em estudo, a comparação do cenário atual e futuro, verificando quais serão os ganhos obtidos pela implantação do programa de manutenção da frota.
Além disso, este trabalho se justifica tanto pela possibilidade de aplicar os conhecimentos de custos e finanças em um problema específico detectado em uma empresa real, quanto na capacidade de testar, de forma prática, as teorias aprendidas durante o curso, com intuito de resolver o problema proposto.
Para isso foi realizado um estudo aprofundado sobre a manutenção preventiva e seus benefícios para que a organização possa aplicá-la de forma compatível com a necessidade e o andamento de suas atividades no setor de manutenções.
Este estudo está diretamente relacionado aos resultados finais da empresa, e busca avaliar a possibilidade de melhora na situação financeira da mesma, permitindo o investimento em novos serviços ou melhorando os já existentes. Com a redução dos problemas e gastos de um caminhão parado para manutenção, a organização passa a obter lucros, além de oferecer melhor qualidade na distribuição de seu produto.



2 OBJETO DE E ABORDAGEM DA PESQUISA

A empresa "Y" Gás, objeto de estudo deste trabalho, é uma organização distribuidora de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), que fica localizada no pólo industrial da cidade de Paulínia ? São Paulo. Tal empresa está no mercado há 59 anos e hoje é considerada líder absoluta no segmento de gás domiciliar e tende a crescer mais no segmento granel.
Atualmente a filial Paulínia trabalha diretamente com a regional Se/CO (Sudeste/Centro-Oeste) que está situada em São Paulo e responde para a Matriz que fica em Fortaleza ? Ceará.
Para efetuar suas entregas, a filial utiliza veículos de pequeno, médio e grande porte, o que faz com que a organização tenha um alto custo de manutenção dos mesmos uma vez que rodam muito.
A fim de obter as informações necessárias para elaboração deste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória baseadas em dados secundários. Para isso utilizou-se como base, informações retiradas da empresa e pesquisas bibliográficas sobre o tema abordado. Através dos dados obtidos, foi feita uma simulação de cenário para o próximo período, mostrando os possíveis resultados.
Além disso, o trabalho teve como abordagem do problema dados qualitativos, para que se possa saber das reais condições da empresa em relação aos custos de manutenção dos veículos.

2.1 COLETAS DE DADOS E INSTRUMENTOS DE COLETA

Na coleta de dados foi utilizado o método monográfico e de pesquisa-ação, onde foi feito um estudo geral sobre o tema.
Segundo Eden e Huxham (2001), a pesquisa-ação é aplicada nos casos que são necessários coletar dados mais significativos. Além disso, o pesquisador pode testar hipóteses sobre o tema de estudo fazendo simulações de cenários em relação ao atual. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador possui a responsabilidade de aplicar o conhecimento adquirido através de dados, uma vez que os mesmos tornam-se mais facilmente acessíveis em uma pesquisa-ação.
Além disso, utilizaram-se fontes primárias para obter os dados. Segundo Marconi e Lakatos (2008), as fontes primárias são coletadas através de documentações diretas encontradas no próprio local onde os problemas estão ocorrendo. Para tal, foi realizada uma análise através de documentos da empresa a fim de obter informações viáveis para demonstrar aos leitores através de tabelas, gráficos e textos.




3 ANÁLISE EMPRESARIAL NO ÂMBITO DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA

No modelo moderno de gestão, as empresas optam por uma transformação nos processos, técnicas e tecnologias para identificar e capitalizar os desafios do mercado atual.
Conforme dados gerais da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização, são constatadas quase 40 mil mortes no transito brasileiro, o que equivale 3,4% do total de óbitos e considerada a segunda maior causa de mortes no Brasil. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), relata que falta de manutenção de veículos é um dos fatores mais importantes de causas de acidentes. Os dados mostram que 48% dos acidentes no perímetro urbano e 14% nas estradas, são causados por mau estado de conservação.
Segundo o Programa de Redução de Acidentes nas Estradas (PARE), os acidentes de trânsitos no Brasil são o segundo maior problema para o governo brasileiro, perdendo apenas para a desnutrição. Sendo assim, o Brasil gasta em média 5 bilhões de dólares por ano com acidentes de transito.
Este fator ocorre devido alguns problemas que poderiam ser corrigidos para não acarretarem em acidentes ou quebras dos veículos, antes mesmo de chegarem até o seu destino. Para evitar esses tipos de problemas, as empresas e os motoristas devem realizar um check list no veículo, e então fazer a manutenção preventiva, o que reduziria os gastos indesejados.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, de acordo com a empresa Potencial RH há três custos fundamentais que não podem passar despercebidos nas empresas que lidam com transportes: Combustível, uma vez que, se abastecer o veiculo em um posto de má qualidade pode acarretar em problemas futuros no motor, gerando um gasto desnecessário; Pneus, que para evitar acidentes ou até mesmo danificar equipamentos e peças dos caminhões, é importante evitar recapá-los; Manutenção, que está diretamente ligada ao transporte, pois se um veículo não estiver em boas condições para transitar poderá quebrar e conseqüentemente ocasionar um acidente, proporcionando prejuízo e gastos para a empresa.
Cabe ainda enfatizar, de acordo com a mesma empresa, que o grande problema existente nessas indústrias de manutenção de frota é a falta de manutenção dos veículos, os quais geram custos elevados para as mesmas, podendo prejudicar a sua imagem no mercado.
Além disso, com a falta de manutenção preventiva, as organizações aumentam seus custos e despesas devido à manutenção só ser realizada após a quebra do veículo. Com isso, a empresa além de gastar com o conserto do mesmo, terá um gasto extra para alugar outro veículo que cobrirá a rota do carro que está em manutenção, além de custos com serviços de terceiros para remoção do veículo quebrado.
Para isso, este trabalho tem o intuito de mostrar a importância da manutenção preventiva, uma vez que a mesma colocada em prática evita problemas como ficar na estrada com o veículo quebrado por falta de manutenção ou gastar o dobro para fazer um conserto agravado pela ausência da mesma.


3.1 TIPOS MANUTENÇÕES

Segundo Graziela Potenza (2010), as manutenções preventivas são importantes para prevenção de acidentes e para os gastos das empresas gerando um ganho maior na hora de revender estes veículos. As manutenções podem ser classificadas como preventivas, corretivas e preditivas.
As manutenções preventivas são executadas periodicamente com o intuito de manter os fluídos, graxas e elementos perecíveis em condições de atender as solicitações de sua aplicação, uma vez que estes produtos têm prazo de validade para sua vida útil.
Já as corretivas ocorrem quando há quebra de algum componente que têm a função de restaurar as características técnicas e originais do veículo, impossibilitando o mesmo de continuar suas operações sem que este dano seja reparado.
As preditivas são aquelas executadas quando surge indício de final de vida útil em relação a alguma peça ou agregado (lona de freio, pneu, luzes de sinalização, embreagem), de forma a impedir que uma possível quebra ocasione danos maiores aos veículos.
Além disso, quando tais veículos forem revendidos, eles são enquadrados em três grupos de operação, podendo ser o severo, o rodoviário e as mistas.
O Severo é quando os veículos são utilizados em condições extremas, operando no limite máximo de carga, que é o caso da empresa Nacional Gás Butano. Já o rodoviário, se enquadra quando os veículos trafegam estradas ou rodovias pavimentadas em bom estado. As mistas são quando os veículos são utilizados em combinações "Bitrem" com peso bruto total máximo limitado em 57 toneladas.
De acordo com Ferber (2010), supervisor de Engenharia de Serviço & Treinamento da Mercedes-Benz, em função dessas classificações são definidos os períodos entre as manutenções sendo o rodoviário com maiores prazos e menores solicitações. O serviço severo que é o utilizado pela empresa em estudo é o que apresenta menores prazos entre as manutenções.
Segundo Pinto e Xavier (2001), a manutenção preventiva é aplicada a fim de reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho; conta com um plano de ação, baseado em intervalos definidos de tempo. Além disso, ela é responsável pelo defeito zero, prevenindo e mantendo o controle sobre todo o processo.
Conforme os autores, o custo da manutenção preventiva é elevado, uma vez que os equipamentos podem ser substituídos antes de acabar sua vida útil. Para implantar a manutenção preventiva, a organização deve considerar alguns fatores: impossibilidade da adoção de manutenção preditiva, riscos de agressão ao meio ambiente, sistemas complexos ou de operação contínua, entre outros.

3.2 CUSTO DE MANUTENÇÃO

Para Leone (1997), custos são os valores dos fatores de produção consumidos por uma empresa para desenvolver seus produtos ou serviços. Sendo assim, o processo produtivo passou a exigir novos valores à matéria prima, uma vez que os serviços e produtos passaram a agregar, além do custo da matéria prima e dos materiais utilizados, a mão de obra, o aluguel do local onde são fabricados os produtos, e principalmente a qualidade do serviço ou produto.
Com isto, segundo o autor, a contabilidade dos custos foi se aprimorando com o tempo, agregando práticas e princípios para atender as necessidades da sociedade e suas novas tecnologias. Devido a isto, os custos dos produtos e serviços da empresa passaram a ser um fator importante para os administradores, com efeito de controle para o bom desempenho das funções.
De acordo com Perez et al (2005), a empresa deve ter um total controle sobre seus custos para que identifiquem possibilidades de melhorias em determinados processos, eliminando assim os desperdícios e gastos excessivos. Além disso, com a redução dos custos, as organizações conseguem definir os processos que não agregam valor, eliminando-os.
Conforme o mesmo autor há um processo de raciocínio lógico para aperfeiçoar os métodos eliminando desperdícios. Este processo que é composto na identificação das possíveis restrições, que são problemas relacionados a maquinas/equipamentos ou até mesmos funcionários; exploração das mesmas, aplicando os recursos necessários para um melhor ganho na utilização do serviço; mensurar as atividades desenvolvidas em relação às restrições e por último elevar as restrições, onde todo esforço deve ser feito a fim de evitar desperdícios de recursos.
De acordo com Valente et al (2003, p.100) consideram que:

Para facilitar o calculo dos orçamentos para o departamento de manutenção, utilizam-se os manuais fornecidos pelos fabricantes e a própria experiência da empresa. Um modo prático de realizar orçamentos preliminares de custo de mão-de-obra é levantar a relação operário/veículos. O controle de custo devera determinar a vida útil, em quilômetros, de todas as peças sujeitas a maior desgaste.

Segundo o mesmo autor, a manutenção interfere diretamente na parte econômica da empresa, uma vez que se o planejamento for eficiente trará uma vantagem econômica para a empresa evitando custos desnecessários. Quando se fala em custos, as empresas se preocupam devido problemas orçamentários de cada setor. Sendo assim é necessário executar uma boa manutenção preventiva e criar uma rotina, que ao mesmo tempo irá proporcionar vida mais longa ao veículo com um melhor desempenho e com uma vida útil de serviço mais longa, reduzindo assim o tempo ocioso, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 3.1 Rotina de Manutenção
Fonte: Valente et al (2003, p. 137

O custo da manutenção aumenta cada vez mais; com o passar dos anos o veículo se torna mais velho e fica menos eficiente comparado com um novo, além de apresentar mais problemas com manutenção do que um carro em circulação aumentando o gasto com equipamentos, peças, mão-de-obra e serviços de terceiros.
Segundo Valente et al (2003), é fundamental ter bom senso quando o veículo chega nessa fase, já que na maioria das vezes é mais viável trocar por um novo para evitar despesas elevadas. Além disso, é preciso comparar o valor gasto anualmente com o veículo em manutenção e o valor de um novo para ver a diferença do gasto investido para obter o novo. Com isso é necessário saber como será levantado esses dados e repassar diretamente para área da contabilidade da empresa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram retirados da empresa "Y" Gás e mostra em quais itens são feitas as manutenções e seus respectivos custos. A partir disso, será feita uma simulação de cenário para o próximo ano com a implantação da manutenção preventiva

4.1 CUSTOS COM A FROTA NO ANO DE 2009

São apresentadas a seguir valores de manutenção da frota da empresa em estudo no ano de 2009.

Tabela 4. 1 Custos Totais de Manutenção 2009.


Gráfico 4. 1 Percentual dos custos de manutenção no ano de 2009.

Como se pode observar no gráfico a cima, 83% do custo de manutenção no ano de 2009 foi devido à compra/troca de peças para a frota, o que é considerado um alto custo.


4.2 DISPOSIÇÃO DA FROTA

Tabela 4. 2 Disposição da Frota.



Gráfico 4. 2 Percentual da Disposição de Frota

Os dados demonstram a quantidade de veículos da frota da filial Paulínia, sendo 10% veículos utilizados para entrega de botijões, 13% transportam gás a granel para restaurantes, faculdades, hospitais, shopping, indústrias, e 77% são carros de passeios e utilitários para promotores, vendedores, gerentes e assistentes técnicos.

4.3 SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS

Tabela 4.3 Custos com Abastecimentos sem Manutenção Preventiva e com a Implementação da Manutenção Preventiva.




Gráfico 4.3 Comparativo entre Custos com Abastecimentos sem Manutenção Preventiva e com a Implementação da Manutenção Preventiva.

Segundo João Bosco (2008), diretor de Logistica da Transportadora Aliança, com a implementação do plano de manutenção preventiva, a transportadora conseguiu reduzir em 20% os custos das manutenções de frota com peças e combustíveis, o que foi equivalente a R$ 30.000,00 mensais. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Adélio (2008), relata que a empresa União Atacado Distribuidor conseguiu uma redução de 10% nos custos com combustíveis e peças, enquanto Marcos (2008), do Grupo Martins, expõe que a empresa conseguiu uma redução entre 5% e 10% nos custos dos veículos.
Analisando estas informações foi feita uma simulação de um cenário com uma margem de 10% na redução dos custos com abastecimentos para o próximo período da empresa em estudo, o que geraria uma redução de custo de R$ 17.899,90 ao ano somente com combustível.
Para que a empresa consiga os 10% de redução nos custos com combustíveis que foi proposto na simulação acima, a mesma deverá implementar um programa de treinamento constante para seus motoristas, instruindo os mesmos sobre relacionamento interpessoal, motorista cidadão, qualidade no atendimento ao cliente, legislação brasileira de transito, direção econômica e reciclagem de MOPP (Movimentação de Produtos Perigosos).
Além disso, como o óleo diesel é um dos primeiros itens que encabeça a planilha de custo de seguimento rodoviário, muitas empresas estão apostando em treinamentos de motoristas com intuito de reduzir o consumo de combustível. Umas dessas empresas é o Grupo Martins, que com a necessidade de corrigir alguns vícios e conseguir um melhor desempenho da sua frota optou por essa alternativa e obteve uma economia de 13% nos custos com combustíveis. Antes do treinamento de direção econômica, seus veículos faziam uma média de 5,3 km/l, depois de implementado o treinamento conseguiu-se aumentar a média dos mesmos entre 6,2km/l e 6,4km/l.
Outro item que tem um impacto muito grande no consumo de combustível e que deverá ser revisado nas manutenções preventivas são as bombas injetoras e bicos injetores. Segundo Adriano et al (2008), uma vez que desregulados, o veículo poderá aumentar o consumo de combustível em até 60%, o que impacta em um aumento de custo muito elevado.

Tabela 4.4 Comparativo entre Custos com Peças sem Manutenção Preventiva e com a Implementação da Manutenção Preventiva.




Gráfico 4.4 Comparativo entre Custos com Peças sem Manutenção Preventiva e com a Implementação da Manutenção Preventiva.

Para João Bosco (2008), diretor de Logística da Transportadora Aliança, as manutenções preventivas dos caminhões devem ser realizadas a cada 25.000 km. Seguindo este cronograma, a transportadora conseguiu minimizar seus custos e maximizar seus lucros obtendo uma margem satisfatória de lucro. Segue acima uma simulação com uma margem de 10% na redução dos custos em relação à compra de peças para manutenção, onde pode-se notar uma diminuição de R$ 32.250,45 ao ano.
Para que a empresa consiga obter uma diminuição nos seus custos de compra de peças, a mesma deve começar criando uma nova carteira de fornecedores, prospectando novas oportunidades de negócios. Segundo Antonio Carlos de Paula (2010, p. 43), "A crescente complexidade tecnológica da frota tem sido um dos fatores responsáveis por estimular as transportadoras a aderir aos contratas de manutenção ou ás garantias estendidas."
Para isso é preciso criar programas de fidelidade com fornecedores de peças e acessórios para que consiga, através de parcerias, uma redução de preço. Com a implantação do plano de manutenção preventiva, a empresa será capaz de identificar possíveis danos antes mesmo que venham se agravar.
Segundo Emerson Alves da Silva, mecânico da empresa em estudo, pode-se evitar grandes danos com a implementação da manutenção preventiva; alguns exemplos seriam: verificar a mangueira de água do radiador que é encarregado de resfriar o motor, pois uma vez que a mesma se rompa, rache ou fure, o motor se superaquece e pode vir a fundir. Outro exemplo seria a verificação das lonas de freios, pois se a mesma chegar ao fim e não for detectado, o patim do freio irá danificar o tambor, sendo então necessário trocar além das lonas de freio os tambores gerando um custo bem maior do que o de normal.
Somando a economia de combustível e de peça que a empresa em estudo poderá obter no próximo período caso programe o plano de manutenção preventiva, a mesma reduzirá seu custo em aproximadamente R$ 50.150,35 ao ano, isso com base em uma simulação de redução em 10% em cima dos custos já existentes com manutenção e combustível.


4.4 TREINAMENTO DE DIREÇÃO ECONOMICA E REDUÇÃO DE CUSTOS

Atualmente para as organizações é fundamental investir em treinamentos para habilitar melhor os funcionários podendo contribuir para o alcance dos objetivos da empresa. De acordo com Chiavenato (2008,) através do treinamento e do desenvolvimento, as pessoas podem assimilar melhor as informações repassadas, aprender habilidades novas, corrigir vícios errados, obter comportamentos diferentes e desenvolver novos conceitos.
Com os funcionários treinados haverá uma diminuição em gastos com equipamentos e peças quebradas ou gastas por uso errado, redução de quebras dos veículos por forçar o motor a trabalhar constantemente em alto giro, melhorando o orçamento financeiro da empresa.
Figura 4.5 As quatro etapas do processo de treinamento.
Fonte: Chiavenato (2008, p.372).

Para implementação de um bom treinamento é necessário elaborar e diagnosticar a necessidade que a empresa possui, para atender o objetivo principal. Com isso, o treinamento deve ser visualizado com cuidado para não falhar na interpretação de quem irá absorver as informações. A figura acima demonstra as quatros etapas que devem ter no processo de treinamento para ser bem sucedido e eficaz.
No Quadro a seguir observa-se que com o treinamento dos motoristas pode-se chegar a uma redução considerável no consumo de combustível, embreagem, freios e tempo gasto na rota.


Figura 4.6 Treinamentos X Custos
Fonte: Centronor (2010).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo procurou apresentar os benefícios e vantagens da implementação da manutenção preventiva nas frotas de veículos.
Com base na análise de dados obtidos através de documentos e informações da empresa "Y" Gás, foi possível verificar os reais problemas existentes em relação à frota de veículos e o alto custo que a organização possuí com as manutenções da mesma.
Atualmente há muitas empresas que estão implementando a manutenção preventiva a fim de reduzir seus custos, e também aumentar a segurança de seus funcionários, uma vez que a manutenção reduz os riscos de acidentes por alguma quebra no veículo.
O objetivo proposto foi o de analisar, através de cenários, a redução de custos obtidos com a implementação da manutenção preventiva na empresa em estudo, para então apresentar ao responsável da organização os efeitos de tal implementação, sendo que uma vez satisfatória, será colocada em prática.
A organização em estudo vem tendo um alto custo com a manutenção de sua frota e também com o consumo de combustível, prejudicando sua contabilidade. Para isso, foi sugerido que a mesma invista em treinamentos sobre direção econômica para seus funcionários, a fim de corrigir seus vícios no volante, ensinando os motoristas a dirigir de forma correta, diminuindo o desgaste do veículo. Além disso, a manutenção preventiva ajudará também na relação dos gerentes e funcionários, o que auxilia na obtenção do melhor resultado, atingindo a meta preestabelecida.
Desta forma, é importante que não só os gestores, mas também os empregados, estejam dispostos a colaborar com a nova proposta para que as simulações de cenários realizadas ao longo deste trabalho sejam colocadas em prática, assim reduzindo os custos e tempo de veículos parados.
Além disso, este trabalho tem objetivo de contribuir cientificamente, somando-se a inúmeros trabalhos publicados sobre este tema, provando as vantagens que a manutenção preventiva oferece.
Esta pesquisa limitou-se em relação à dificuldade de se obter dados referentes a valores de anos anteriores para comparações atuais. Devido a isto, muitas vezes foi preciso pesquisar dados semelhantes para realizar alguns cenários.
Uma sugestão para futuros estudos é a de acompanhar a possível implementação da manutenção preventiva, para analisar os benefícios adquiridos. Além disso, pode-se realizar estudos mais aprofundados sobre o assunto, a fim de contribuir não somente com a redução dos custos, mas também melhorar o ambiente de trabalho a partir da satisfação dos trabalhadores.


6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CHIAVENTO, Idalberto: Gestão de Pessoas. 3 ed. Revisada e Atualizada. São Paulo: Rio de Janeiro: Elsevier 2008.

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FERBER, Gunther: Caminhoneiro. Ed. Março. São Paulo: TT, 2010.

LEONE, George S. G. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1997.

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Autor: Fernando Polaco


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