TERCEIRO SETOR OU, SETOR TERCEIRIZADO?



TERCEIRO SETOR OU, SETOR TERCEIRIZADO? Um breve olhar sobre as políticas públicas. THIRD SECTOR OR OUTSOURCING SECTOR? A brief look on public policy. BAHIA, A. DE JESUS, E.S;¹. VIEIRA, S S.¹ JUNIOR, J.G.S.S;¹ DE SOUZA,T.G.¹ CASTRO,S.A¹ ¹Graduandos do Curso de História ? Puc-Campinas e:mail [email protected] Resumo A participação de alunos do primeiro ano de história da PUC Campinas em praticas sócio-educativas, com metodologias diferenciadas das praticas escolares, foi o que proporcionou a escrita desse trabalho. Observar e participar das atividades propostas pelas ONGs visitadas possibilitou uma ampliação no olhar dos alunos, partindo do pressuposto que essas atividades são realizadas tanto dentro do espaço institucional, quanto em espaços abertos como praças, ruas, calçadas. A arte-educação e o vinculo possibilitado por pessoas que muitas vezes residem nas comunidades, que andam nas ruas, nos ônibus e levam para além dos muros o vinculo criado com o publico atendido. Essas práticas educacionais, aplicadas nas comunidades, trazem pessoas para a discussão das políticas de inclusão, para assuntos relacionados ao seu cotidiano e enaltece a importância da participação da comunidade. Nessas visitas realizadas nas ONGs, a observação fundamental foi de como se estabelecem esses vínculos e como essas discussões são pautadas com a comunidade, direta e indiretamente, de como a ausência de políticas de Estado inviabilizam, de certa forma uma participação maior por parte dessas pessoas. O esvaziamento de alguns equipamentos e a superlotação de outros, faz com que o poder público, direcione ainda mais recursos como paliativos de sua ausência. As lideranças comunitárias, o poder público e as ONGs, contribuem para a formação da sociedade em que vivemos, e é dentro dessa perspectiva que nos propomos a apresentar nossas observações. Palavra-chave: Educação. Política Pública. Participação. Inclusão. História. Abstract The participation of first year students of history, PUC Campinas in socio-educational practices, with different methodologies of school practices, promoted the writing of this work. Observe and participate in the activities proposed by NGOs visited, allowed an expansion in the eyes of students, assuming that these activities are carried out both within the institutional space, as in open spaces such as parks, streets, sidewalks. The art education, the link made possible by people who often live in communities who walk the streets, on buses and take beyond the walls of the bond created with the public attended. These educational practices, implemented in communities, bringing people into the discussion of inclusion policies, to issues related to their daily lives and elevates the importance of community participation. At these visits, the fundamental observation was on how to establish those links and how these discussions are guided by the community, directly and indirectly, in the absence of state policies make it impossible, somehow a participation bathing suits by such persons. The depletion of some equipment and overcrowding of others, makes the public power, direct more public resources as a palliative for your absence. Community leaders, the public authorities, and NGOs, contribute to the formation of the society we live in, and it is within this perspective that we propose to submit our comments. Keyword: Education. Public Policy. Inclusion, Participation. History. Introdução As práticas de ensino, aplicada pelas Universidades, são essenciais para o desenvolvimento do olhar do educador, o trabalho interdisciplinar das mais diversas categorias envolvidas, facilitam a aplicação e o desenvolvimento de raciocínios pedagógicos passiveis de compreensão em todas as fases do desenvolvimento humano. Para dentro do trabalho acadêmico, cada vez mais podemos afirmar que o lado atuante dos alunos envolvidos em práticas de formação extra sala de aula, capacita e amplia o olhar para o lado humano. O ser humano essencialmente tende a se desenvolver e crescer a partir de exemplos próximos, dentro de suas realidades esses símbolos, criam uma proximidade maior com o processo de desenvolvimento de suas funções psicológicas. (OLIVEIRA, 1992) Esse sujeito social e suas funções em desenvolvimento nos da à perspectiva da sociedade que se constrói a cada dia. Assim como os sujeitos sociais, as organizações sociais também se adaptam ao ambiente ao qual estão inseridos, vemos desde meados dos anos de 1960, avanços e recuos quanto ao desenvolvimento educacional, seus moldes e parâmetros curriculares, se adaptando ao sistema cada vez mais capitalista. (CHAUÍ, 2001) As práticas de ensino, somada a novas metodologias, debatendo não só o cotidiano escolar, mas, criando debates sobre todo um contexto social ao qual o individuo está inserido, transforma a sala de aula num espaço de formação de sujeitos críticos, de seres humanos menos individualizados. Dentro dessa perspectiva, abordaremos um pouco do olhar sobre as políticas, que deveriam ser realmente públicas, não um paliativo pela ausência do Estado. A continuação da escola, da casa ou única opção que resta? É assim o dia-a-dia de algumas entidades de Campinas e região, muita demanda, muita luta para se manter dentro de um sistema que a cada dia vem excluindo e deixando a margem, crianças, adolescentes, jovens e idosos. Os projetos educacionais são diversificados, para atender a um público tão diverso, pois é assim que se constitui o raciocínio pedagógico das entidades assistências, as quais visitamos que trabalham a diversidade desde a tenra até a melhor idade. A cada visita um novo olhar, uma nova necessidade, uma carência que podemos apontar como governamental. As famílias que convivem com as realidades das periferias e até mesmo da periferia dos grandes centros, encontram refúgio, abrigo e proteção nessas entidades, que para muitos, é apenas um cabedal de empregos, para que os ricos com "consciência social" ajudem os "pobres famintos". Há muito tempo a ambição das pessoas das classes menos favorecidas deixou de ser um simples prato de arroz e feijão, o que essa população busca hoje é o que chamamos de inclusão. Mas que inclusão é essa? Quem a faz? Se vivêssemos em uma sociedade mais igualitária, talvez essas questões já tivessem sido respondidas há tempos. Conviver com as diferentes formas de se viver, em uma cidade que atualmente tem segundo dados do IBGE 1.024.862. É uma região metropolitana que comporta 19 cidades e uma população total de 2,6 milhões. (IBGE, 2010). Seria um tanto quanto complicado, cobrar das autoridades municipais, políticas que incluíssem toda uma população que convive diariamente com todo tipo de vulnerabilidade social, contudo, essa mesma população se vê impotente perante a exclusão, não sabem, ou pelo menos demonstra não saber, a quem recorrer. Essa mesma população, excluída e colocada as margens das políticas públicas, acabam sendo atendidas pelo denominado terceiro setor. A contrapartida de setores administrativos, tem sido uma espécie de "terceirização" do terceiro setor, onde o Estado não consegue interferir com políticas públicas, sejam elas afirmativas ou de inclusão social. Estas entidades sem fins lucrativos vêm desempenhando um trabalho fundamental, para garantir o mínimo de dignidade a pessoas excluídas socialmente. Através de projetos de capacitação para o mercado de trabalho, valorização do convívio social comunitário, informática, direitos humanos fundamentais, entre outros, as ONGs vem ganhando espaço de certa forma "mercadológico", para efetivação de algumas políticas já aprovadas e garantidas por lei como o caso da lei 10.639/03. Esta lei prevê o ensino da História afro brasileira em escolas do sistema de ensino formal, que pode parecer pouco, contudo, a afirmação da identidade étnica, vem sendo discutida e reafirmada em diferentes camadas da nossa sociedade. Esse resgate cultural faz com que, o individuo resgate sua raiz, não que as tenha perdido, porém é de grande valia para o desenvolvimento pessoal e participação social do individuo.(LIBÂNEO et al. s/d). Vale ressaltar, que boa parte dos recursos captados pelas ONGs, são proveniente de editais de empresas privadas, contudo outra parcela vem de recursos de fundos públicos, criados para que, as políticas sociais sejam aplicadas. Como que impelidos de qualquer forma, até mesmo para efetivação da inclusão em grupos de semelhantes, crianças e adolescentes, moradores de rua ou não, compartilham além de histórias de degradação de vida, de problemas familiares principalmente, também um futuro sem perspectivas ante uma vida comum em sociedade. (SANTOS, 2002). Da visão estereotipada da qual são referência, se fragmentam na particularidade de cada um destes, ditos excluídos, assistidos pelas ONGs. É justamente na questão da perspectiva, talvez, a maior intervenção, além é claro, de assistência mais urgente, o trabalho dessas organizações num sentido de redimensionar a vivência de cada atendido, meninos e meninas, garotos e garotas, para prática de inclusão social. Fundamentalmente pedagógica essas intervenções são de alcance certo para respectivas demandas para as quais se propõem. Pela questão mesmo que é a da exclusão da infância, necessariamente deixando-os entregues à precocidade de vivências adultas, fazendo com que alguns estágios de desenvolvimento se percam ao longo do processo. (LA TAILLE, 1951). Algumas atividades propostas atingem o cerne, fazendo com que se desperte de maneira espontânea o envolvimento dessas crianças e adolescentes em jogos e brincadeiras nas quais de forma lúdica os levam a aprender e desenvolver as suas capacidades, tanto de convivência, como também de desenvolvimento da inteligência. A partir desse cuidado até então negligenciado, pelos pais e pela sociedade é que se insere de maneira fundamental a importância do trabalho multidisciplinar, envolvendo não só profissionais ligados diretamente a educação, mas de outros setores como saúde, assistência social, meio ambiente, esportes, cultura, suprindo assim algumas carências sociais. Na luta incessante destas organizações para um melhor estabelecimento de cada um dos que assistem, trabalhando tantas vezes com o que restou na vida de todos estes por conta da desestruturação que é, na maioria dos casos, as vulnerabilidades sociais a falta de oportunidades, o abuso no consumo de drogas, ou seja, a violência em todas as suas formas há também, a luta para a manutenção do atendimento, do quadro de profissionais envolvidos nas ações, dos materiais, de infra-estrutura, faz com que esse setor que tanto deveria ser autônomo, acaba se fixando nas mãos de governantes ou promovendo marcas famosas que se utilizam das imagens de maneira comercial, apesar de serem atividades que dêem retorno mínimo, essas marcas seguem uma tendência mercadológica de investir capacitar mão de obra em salas de aula. (MOISÉS, 2002). Esses espaços, para o meio acadêmico, são de suma importância, pois trazem consigo não só uma bagagem de experiências profissionais, mas também de convivência comunitária, onde o individuo que se inclui, aprende, se desenvolve e acaba por multiplicar as experiências vividas, para nós que tivemos observando durante algumas horas, é de fato entender o que rola, não só a parte dos atendimentos diretos a população, mas de como essas políticas públicas são construídas e aplicadas, é de grande importância para a formação acadêmica que, alunos das universidades conheçam e participem de espaços de construção pedagógica e de interlocução com as políticas Municipais. Considerações finais Partindo dos variados pontos de vista, das maneiras como os métodos são aplicados, de como uma multidisciplinaridade, forma as condições de convivência e estabelecimento de vínculos inter-geracionais, chegamos a uma complexidade ampla e controversa, se por um lado o ser social se desenvolve por relações com indivíduos semelhantes. (PIAGET, 1977). Por outro vemos que os símbolos ampliam as convivências entre indivíduos de diferentes camadas sociais. ( VYGOTSKY apud OLIVEIRA, 1992). Para entender esses conceitos de desenvolvimento humano é que as práticas de formação acadêmicas extra sala de aula se fazem importantes, pois o profissional que virá a desenvolver um trabalho ligado a educação, relações humanas e convívio social, minimamente estando embasado nos conceitos fundamentais, dará ao seu trabalho mais qualidade e dinamismo, sem contar que, para o público atendido por ele, será mais fácil a compreensão de tais conceitos. Esse público estando dentro da escola de ensino formal, ou dentro de instituições que desenvolvam trabalho educacional, estarem mais apropriados para entenderem tal processo, livrando-se do pensamento imediatista e de resultados a qualquer custo. Esse equilíbrio e a equidade tão sonhada se dará basicamente com uma "redistribuição" de renda, de forma onde necessidades e desejos sejam compreendidos de formas diferentes, onde o desenvolvimento econômico, realmente priorize o desenvolvimento humano e onde os índices de avanços na educação sejam medidos a partir do ser humano. Pois a dificuldade de dialogo e diferenciação entre desejo e necessidade torna as desigualdades, nesse caso sociais mais visíveis e menos aceitáveis. A sociedade capitalista empurra ainda mais para baixo as necessidades em busca de um desejo desenfreado pelo consumo e acumulação das riquezas, visando cada vez mais o lucro e deixando de lado todo o resto que vive sem o mínimo necessário. (SUNG, 1997) A prática de ensino extra sala, proporcionou aos alunos envolvidos no grupo que observou algumas ONGs, entender a busca e ampliou esse olhar, que será com certeza fundamental na condição de profissional ligado a educação e trabalho com seres humanos, de direitos, vontades, desejos e necessidades. REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena de Souza. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Ed. UNESP, 2001 DANTAS, Heloysa;LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; Piaget, Vygotsky, Wallon : Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. MOISÉS, Leyla Perrone. Para que servem as humanidades. Folha de São Paulo, São Paulo, 30 de junho de 2002. Caderno mais, p. 1 à 3. SANTOS, Sheila Daniela Medeiros dos. Sinais dos tempos: marcas da violência nas escolas. Campinas, SP: autores associados, 2002. (Coleção educação comtemporânea) SUNG, Jung Mo. Desejo, mercado e religião. Petropolis, RJ : Vozes,1997. LIBÂNEO, José Carlos; FREITAS, Raquel A. M. da M. Vygotsky, Leontiev, Davydov: Três aportes teóricos para a teoria histórico-cultural e suas contribuições para a didática. S/D.
Autor: Grupo De Trabalho Educação E Sociedade


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