Considerações Afro



CONSIDERAÇÕES AFRO
Esse texto não é algo fácil de escrever, também não e algo tão simples ou superficial que possa ser analisado por ele mesmo, sem perceber que aqui se encontrarão opiniões dadas sob um ponto de vista particular e com certa carga ideológica que faz com que o leitor se debruce sobre um tema com uma imensa carga histórica
Se for pra pontuar cada contribuição deda por esse povo ao Brasil, nem mesmo as enciclopédias idealizadas e formuladas pelos iluministas franceses, seriam capazes de abarcar todas em suas especificidades e relevâncias. A história do negro no Brasil não é um conto de fadas digno de Walt Disney, com um inicio feliz um meio sofrido e um: felizes para sempre no final, essa história é sim marcada por ferro quente, por lutas, mortes, sangue suor e coragem de um povo que de repente teve toda sua vida transformada pelo europeu mercantilista sedento por riqueza e poder.
Desde a chegada dos negros no Brasil, chegada essa que nada tem de gloriosa ou pomposa, esses negros sentem na pele o quão difícil é sair de sua terra e vir a outra na condição de inferiorizado de marginalizado e no caso do Brasil mais especificamente na condição de não humano quase de um animal de carga, tratado a base do chicote acostumado a pouco pão e muita carga. Bem assim a história revela uma face sombria da história do negro do Brasil, mas essa mesma história que é fruto de observações e pontos de vista por vezes esconde um lado maravilhoso desse povo que tem a coragem por sobrenome e ajudou com muita força na construção de uma nação a que hoje chamamos brasileira. Com o mercantilismo em mente o português busca no Brasil a possibilidade de exploração do território, mas encontra na cultura indígena e na proteção destes pela igreja um empecilho pra tal exploração, pois não podendo explorar a mão de obra indígena ele busca outro povo a quem possa colocar pra trabalhar sem que seja necessário o pagamento, passa então para uma postura mais agressiva frente seus aliados africanos,m atuando agora com sua verdadeira face, comercializando inicialmente e em um segundo momento capturando a força esses que outrora foram seus pares em termos comerciais.
Como o Brasil conheceu vários ciclos econômicos o negro se fez presente em praticamente todos eles. Quando La por volta de 1530 é iniciada o plantio de cana de açúcar com ele a mão de obra escrava passa a ser usada em larga escala não só no corte mais também no preparo para fazer dela o refinado e cobiçado açúcar, nos engenhos mais precisamente nas senzalas os negros se amontoavam tal qual uma vara de porco, pouca comida, desconforto e de sobra maus tratos e muita humilhação, mas foi nesse meio que nasceu a capoeira que encanta a muitos hoje em dia, foi ali nesse ambiente grotesco que o negro criou algo muito singular na história da humanidade o chamado sincretismo religioso, juntando elementos do catolicismo com os elementos das religiões de matriz africana pra poderem assim manter suas crenças que agora estão adaptadas ao branco e "civilizado europeu". Em um segundo momento os negros se adaptam as condições necessárias para a extração do ouro na região das minas gerais, outro importante ciclo econômico brasileiro, de onde se criou aleijadinho um verdadeiro mestre da escultura mundial (filho de e nascido dentro da escravidão). Chaga-se então ao café no sudeste por volta do século 19 que tiveram como força inicial de trabalho a mão de obra negra que resistia bravamente a dura e lenta ação do tempo, mão de obra essa que só foi substituída após a assinatura da lei áurea, de princesa Isabel, que decide interceder pelo bem da Inglaterra e livra o negro não do trabalho nem da humilhação histórica, mas dá a ele a possibilidade de ser agora um consumidor, trabalhador assalariado, verdadeiro ícone do sistema capitalista industrial (algo que só acontece no papel). Após esse brevíssimo resumo da caminhada histórica do negro no Brasil, não é difícil agora perceber quão grande é sua participação e importância e que as heranças deixadas por esse povo à cultura nacional são inegáveis, pois usando o saudoso Darcy Ribeiro, a matriz afro foi com certeza elemento juntante para a formação do Brasil.
Portanto são inúmeras e infindas as contribuições do povo negro no Brasil, seja no campo econômico, na cana de açúcar; seja cultural com o sincretismo religioso o candomblé e a capoeira, talvez seja ate gastronômica com o acarajé, vatapá xequeté, mas certamente o maior legado que o povo negro pôde ter deixado aos Brasileiros é com certeza sua capacidade descomunal de resistência "República dos Palmares", de conseguir mesmo depois de tanto tempo ainda ser um povo que consegue driblar as adversidades de uma sociedade cultural e historicamente preconceituosa e fazer de uma nova terra sua casa e eterna morada.

Autor: Thiago Abel Pantaleão Bem


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