IMPORTÂNCIA DO GÊNERO PINUS SPP. PARA O SETOR MADEIREIRO NO BRASIL



UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MARCOS LEANDRO RODRIGUES FACCIO










IMPORTÂNCIA DO GÊNERO PINUS SPP.
PARA O SETOR MADEIREIRO NO BRASIL















CURITIBA
2010

MARCOS LEANDRO RODRIGUES FACCIO









IMPORTÂNCIA DO GÊNERO PINUS SPP.
PARA O SETOR MADEIREIRO NO BRASIL


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Disciplina AT063 - Estágio Profissionalizante em Engenharia Industrial Madeireira do Curso de Engenharia Industrial Madeireira, do Setor de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de "Engenheiro Industrial Madeireiro".

Orientador: Umberto Klock.








CURITIBA
2010


























Dedico este trabalho científico:
Aos meus pais, Arlete Rodrigues e Pedro de Freitas,
pelo amor e dedicação.




AGRADECIMENTOS

A Deus, pelos desafios e forças para enfrentá-los.
A Universidade Federal do Paraná pelo engrandecimento pessoal.
Ao Professor Orientador Dr. Umberto Klock, pelos ensinamentos, confiança e estímulo.
Ao Professor MSc. Alan Sulato de Andrade pelo apoio, disponibilidade e colaboração, sempre procurando ajudar e ensinar.
A todos os professores, que além de grandes mestres, foram e são grandes amigos.
Aos colegas de turma, pelo convívio.
Aos servidores do Departamento de Tecnologia e Engenharia Florestal e aqueles que direta ou indiretamente participaram da execução deste trabalho.

























RESUMO

Há mais de um século, o Pinus foi introduzido no Brasil. As primeiras espécies de Pinus a serem aproveitadas comercialmente (pelas indústrias de celulose e papel) foram o Pinus taeda e o Pinus elliottii. Em meados do século passado, a demanda de madeira e também os usos aumentaram e exigiram novos plantios de Pinus. Com isso, novas espécies de pinus foram plantadas e comercializadas e espécies como o Pinus caribaea e o Pinus oocarpa passaram a serem espécies com uma maior importância econômica. As espécies de Pinus que se destacaram, inicialmente, na silvicultura brasileira, foram Pinus elliottii e Pinus taeda, introduzidas dos Estados Unidos, visto que as atividades com florestas plantadas eram restritas às Regiões Sul e Sudeste. A partir dos anos 60, iniciaram-se as experimentações com espécies tropicais como Pinus caribaea, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii, Pinus maximinoi e Pinus patula, possibilitando a expansão da cultura de Pinus em todo o Brasil, usando-se a espécie adequada para cada região ecológica. A grande versatilidade das espécies para crescer e produzir madeira em variados tipos de ambiente, bem como a multiplicidade de usos da sua madeira possibilita a geração desse recurso natural em todo o território nacional, em substituição às madeiras de espécies nativas. O desenvolvimento da tecnologia de utilização da madeira de Pinus e a ampliação das alternativas de uso tornaram essas espécies cada vez mais importantes e demandadas no setor florestal e madeireiro do país. O Pinus possui uma vasta quantidade de utilizações, dentre elas estão: madeira serrada, painéis de madeira reconstituída, móveis, produtos de maior valor agregado, extração de celulose e extração de resina.


Palavras chave: Pinus spp.., propriedades, utilizações.


















ABSTRACT

More than a century ago, Pinus species were introduced in Brazil. The first Pinus species used to industrial advantage (for pulp and paper industry ) had been Pinus taeda and Pinus elliotii. In the 1950? s, the wood demand and it use had increased and also demanded new Pinus plantations. Pinus elliottii and Pinus taeda, introduced from United States were the initially detached species , in Brazilian forestry, since, the activities with planted forests were restricted to the Regions South and Southeastern. From the 1960?s, tropical species experimentations had been initiated, with Pinus caribaea, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii, Pinus maximinoi and Pinus patula making the plantations expansion possible in all Brazil, using themselves it species adjusted for each ecological region. The species great versatility to grow and to produce wood in varied types of environment, as well as the multiplicity of uses of its wood, all makes possible the generation of this natural resources in the Brazilian territory, in native species wood substitution. The Pinus wood use technology development and its use alternatives increase had become the species more important and demanded in country forest and lumber sectors. Pinus ssp have a large range of wood utilization, among them, sawn wood, wood panels like particleboard, OSB, MDF, remanufactured wood products, wood pulp and resin.



Words key: Pinus spp., properties, uses


























LISTA DE ILUSTRAÇÕES


FIGURA 1 - POVOAMENTO DE Pinus canariense 15
FIGURA 2 - POVOAMENTO DE Pinus taeda 16
FIGURA 3 - POVOAMENTO DE Pinus elliotii 16
FIGURA 4 - FABRICAÇÃO DE PAPEL 34
FIGURA 5 - MADEIRA SERRADA (PINUS) 41
FIGURA 6 - COMPENSADOS 44
FIGURA 7 - COMPENSADOS DE PINUS 45
FIGURA 8 - AGLOMERADOS DE PINUS 46
FIGURA 9 - MDF DE PINUS 47
FIGURA 10 - MÓVEIS DE PINUS 48
FIGURA 11 - HABITAÇÃO FEITA COM PINUS 50
FIGURA 12 - PAPEL EMBALAGEM. 56




























LISTA DE TABELAS


TABELA 1 - Pinus taeda e Pinus elliottii 22
TABELA 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE Pinus caribaea 25
TABELA 3 - COMÉRCIO DE PRODUTOS DE ORIGEM FLORESTAL 37
TABELA 4 - PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÕES EM 2007 37
TABELA 5 - PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÕES DE PAINÉIS EM 2007 42
TABELA 6 - PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÕES DE PMVAS EM 2007 51
TABELA 7 - EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE BREU, RESINA E TEREBINTINA 57






































SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO 10
1.1 OBJETIVO GERAL 11
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 11
2. REVISÃO DE LITERATURA 12
2.1 Ordem Coniferae 12
2.1.2 Família Pinaceae 13
2.1.3 Gênero Pinus 14
2.2 HISTÓRIA DO PINUS NO BRASIL 15
2.3.1 Espécies de Pinus mais plantadas no Brasil 16
2.3.1.1 Pinus elliottii 18
2.3.1.2 Pinus taeda 20
2.3.1.3 Propriedades Físicas e Mecânicas do Pinus elliottii e do Pinus taeda 21
2.3.1.2 Espécies de Pinus Tropicais 23
2.3.1.2.1 Pinus caribaea 23
2.3.1.2.2 Pinus oocarpa 26
2.3.1.3 Espécies de Pinus Experimentais 26
2.3.1.3.1 Pinus palustris 27
2.3.1.3.2 Pinus patula 27
2.3.1.3.3 Pinus maximinoi 28
2.3.1.3.4 Pinus greggii 29
2.3.1.3.5 Pinus tecunumanii 30
2.3.1.3.6 Pinus chiapensis 31
2.3.1.3.7 Pinus kesiya 32
2.3.1.3.8 Pinus merkusii 32
2.4 IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÔMICA E AMBIENTAL 34
2.4.1 Coeficientes técnicos e custos da produção 38
2.5.1 Madeira Serrada 40
2.5.2 Painéis de Madeira Reconstituída 41
2.5.2.1 Compensados 42
2.5.2.1.1 Melhoria dos compensados 43
2.5.2.1.2 Compensados de Pinus 44
2.5.2.2 Aglomerados 45
2.5.2.3 MDF 46
2.5.3 Pinus para móveis 47
2.5.5 Pinus para produtos de maior valor agregado 49
2.5.5.1 Portas 50
2.5.5.3 EGP 52
2.5.5.4 Pisos 53
2.5.6 Pinus e Celulose 54
2.5.7 Pinus para extração de resina 55
2.6 MELHORAMENTO GENÉTICO E OPORTUNIDADES FUTURAS 57
3. CONCLUSÃO 59
4. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 60
REFERÊNCIAS 61

1. INTRODUÇÃO


O ótimo custo-benefício, a facilidade de uso, a boa adaptação no solo brasileiro e outras vantagens fizeram com que o Pinus fosse uma das madeiras mais utilizadas no Brasil.
A grande demanda de madeira contribuiu para a busca de novas espécies de Pinus, que vêm sendo plantadas e comercializadas desde a década de 60.
O início da atividade de reflorestamento em grande escala no Brasil deu-se após o evento dos incentivos fiscais em 1966. Na Região Sul do País a opção foi para o gênero Pinus, com duas espécies principais: Pinus elliottii var. elliottii e Pinus taeda. O objetivo inicial foi criar uma base florestal em substituição ao tradicional Pinheiro do Paraná (Araucária angustifólia), então intensamente explorado e com suas reservas naturais comprometidas, para dar suporte ao programa de desenvolvimento do setor de celulose e papel na produção de polpas de fibras longas, fundamentais para papéis de alta resistência.
Apesar dos reflorestamentos terem por finalidade a produção de celulose e papel, a indústria de transformação mecânica do sul do País, pela escassez do Pinho e menor custo da madeira de Pinus spp., iniciou o processo de utilização da madeira de reflorestamentos na produção de serrados e lâminas, já a partir da década de 70, mesmo com a grande expansão do setor papeleiro de fibras longas no período.
As florestas plantadas de maneira geral e especificamente de Pinus spp., tiveram excelente desenvolvimento no Brasil pelas seguintes razões: solos e clima favoráveis, disponibilidade de terras, disponibilidade de mão-de-obra, conhecimento científico e tecnológico, alta produtividade, capacidade organizacional da iniciativa privada, baixo custo de produção, agregação de valor nos produtos finais e oportunidades no mercado interno e externo.
Atualmente a madeira de Pinus possui grande variedade de aplicações, tais como, madeira serrada, compensados, painéis, etc. Por isso, é uma madeira de grande importância econômica.



1.1 OBJETIVO GERAL


O objetivo geral deste trabalho foi apurar através de pesquisa bibliográfica, a importância econômica da utilização da madeira de espécies do gênero Pinus plantadas no País.


1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


? Pesquisar as espécies de Pinus plantadas no Brasil;
? Pesquisar as razões técnicas de plantio e a região de maior plantio;
? Pesquisar o suprimento de madeira do gênero Pinus no sul e sudeste Brasil;
? Pesquisar as aplicações e utilizações da madeira de Pinus;
? Pesquisar a possível substituição em relação às madeiras de florestas nativas;
? Pesquisar o potencial futuro da produção de madeira e utilizações.














2. REVISÃO DE LITERATURA


Classificação taxômica:

Pinus spp. Possuem as seguintes classificações taxômicas, segundo Schurtz (2008):
- Reino: Vegetal ou Plantae
- Divisão: Embryophytae siphonogamae (Spermatophytae)
- Subdivisão: Gymnospermae
- Classe: Coniferopsida
- Ordem: Coniferae
- Família: Pinaceae
- Subfamília: Pinoideae
- Gênero: Pinus
- Espécie: Pinus spp.

2.1 Ordem Coniferae


Ordem de gimnospermas em que a fecundação se processa por um tubo (micropótalo) resultante da germinação do micrósporo e que, partindo da câmara polínica, alcança a oosfera, através do tecido do megasporângio (núcleo), lá lançando os núcleos espermáticos. Este processo se chama sifonogamia e é o único encontrado em todas as angiospermas, e nas gimnospermas só ocorre nesta ordem e nas duas classes seguintes. São plantas lenhosas, em geral arborescentes, podendo atingir grande altura. Caracteristicamente têm um tronco retilíneo que sustenta a copa. O lenho secundário apresenta traqueídeos e canais resiníferos. As folhas, em geral, pequenas (largas em Damara e algumas espécies de Podocarpus), estreitas e duras (esclerofilos), dispostas em espiral ou, em certos casos, opostas, persistentes todo o ano, sempre verdes (caducas em Taxodium e algumas espécies de Larix durante o inverno). Em certos gêneros, só se formam em gêneros curtos especiais, os braquiblastos (Pinus, Cedro, etc.), apresentando então em fascículos. (JOLY, 1991, prancha 46, p. 202)
Ainda cita o autor que as flores femininas são isoladas (Podocarpus) ou em estróbilos densos, constituindo os cones; cada flor constando de megasporângio envolto por uma escama de cobertura estéril. Cones frutíferos lenhosos, cada megasporófilo transporta de dois a vários microsporângios. Micrósporos esféricos ou às vezes com duas alas (Pinus).
Semente com um só embrião. Este se desenvolve na extremidade de um longo suspensor. Caracteristicamente cada onda fecundada produz inicialmente quatro proembriões, mas destes apenas um completa o seu desenvolvimento. ? aquele que mais profundamente mergulhou no megaprótalo (endosperma primário). (JOLY, 1991, prancha 46, p. 202)
Segundo o mesmo autor, compreende este grupo as seguintes famílias: Lebachiaceae, Voltziaceae, Cheirolepidaceae, Protopinaceae, Pinaceae, Taxodiaceae, Cupressaceae, Podocarpaceae, Cephalotaxaceae e Araucariaceae. No Brasil, só ocorrem representantes nativos das famílias Podocarpaceae (duas espécies) e Araucariaceae (uma espécie).


2.1.2 Família Pinaceae


Plantas arbóreas ou arbustivas lenhosas, com folhas dispostas em espiral, em certos gêneros (Pinus, Cedrus, Larix) estas só se formam em ramos curtos especiais, os braquiblastos, apresentando-se por dois óvulos, e é protegido por uma folha estéril, a escama de cobertura. Esta não se desenvolve após a fecundação e é incorporada à base da escama carpelar que cresce e se torna lenhosa. Sementes muitas vezes aladas (Pinus, Cedrus). Alas formadas a partir de uma porção da escama carpelar. Flores masculinas em densos estróbilos alongados; cada microsporófilo transportando dois sacos polínicos (microsporângios). (JOLY, 1991, prancha 47, p. 202)
Ainda cita o autor que esta é a maior família de gimnospermas vivas, com centro de dispersão no hemisfério norte. Pinus é o maior gênero com cerca de noventa espécies.
Pesquisas conduzidas no Brasil evidenciaram para Pinus spp. de 20 anos, massa específica de 0,42 g/cm3 a 15% de umidade e MOE de 60000 kgf/cm2 (STUMPP, 1992).


2.1.3 Gênero Pinus


O gênero Pinus é o mais antigo da família Pinaceae, tendo surgido há aproximadamente 180 milhões de anos. Seu centro de origem é o Hemisfério Norte, ocorrendo entre latitudes de 0 a 700 e altitudes de 0 a 3.500 metros. Existem mais de cem espécies de Pinus, nativas de Regiões temperadas e tropicais. A madeira pode ser separada em três grupos: pinus brancos, pinus amarelos e pinus vermelhos.





















2.2 HISTÓRIA DO PINUS NO BRASIL


Segundo Shimizu (2009), espécies de Pinus vêm sendo introduzidas no Brasil há mais de um século para variadas finalidades e, segundo Medrado (2005), espécies de Pinus vêm sendo plantadas, em escala comercial, no Brasil, há mais de 30 anos. As primeiras introduções de que se tem notícia foram de Pinus canariensis, proveniente das Ilhas Canárias, no Rio Grande do Sul, em torno de 1880.

FIGURA 1. POVOAMENTO DE Pinus canariense-
FONTE: JARBAS YUKIO SHIMIZU, PINUS NA SILVICULTURA BRASILEIRA (2009).

Por volta de 1936, foram iniciados os primeiros ensaios de introdução de inus para fins silviculturais, com espécies européias. No entanto, não houve sucesso, em decorrência da má adaptação ao nosso clima. Somente em 1948, através do Serviço Florestal do Estado de São Paulo, foram introduzidas, para ensaios, as espécies americanas conhecidas nas origens como "pinheiros amarelos" que incluem Pinus palustris, Pinus echinata, Pinus elliottii e Pinus taeda. Dentre essas, as duas últimas se destacaram pela facilidade nos tratos culturais, rápido crescimento e reprodução intensa no Sul e Sudeste do Brasil. Pinus taeda era usado para produção de matéria-prima para as indústrias de celulose e papel e Pinus elliottii para madeira serrada e extração de resina. (SHIMIZU, 2009)

FIGURA 2. Povoamento de Pinus taeda-
FONTE: FOREST & KIM STARR (2006).

.

FIGURA 3: Povoamento de Pinus elliottii-
FONTE: GERSON SOBREIRA (2010)
Desde então um grande número de espécies continuou sendo introduzido e estabelecido em experimentos no campo por agências do governo e empresas privadas, visando ao estabelecimento de plantios comerciais. (SHIMIZU, 2009)
Atualmente, com a introdução de diversas espécies, principalmente das regiões tropicais, a produção de madeira de Pinus tornou-se viável em todo o Brasil, constituindo uma importante fonte de madeira para usos gerais, englobando a fabricação de celulose e papel, lâminas e chapas de diversos tipos, madeira serrada para fins estruturais, confecção de embalagens, móveis e marcenaria em geral. (MEDRADO, 2005)
A diversidade de espécies e raças geográficas testadas, provenientes não só dos Estados Unidos, mas também do México, da América Central, das ilhas caribenhas e da Ásia foi fundamental para que se pudesse traçar um perfil das características de desenvolvimento de cada espécie para viabilizar plantios comerciais nos mais variados sítios ecológicos existentes no país. (SHIMIZU, 2009)

























2.3 Espécies de Pinus plantadas no Brasil


Podemos separar as espécies de Pinus que são plantadas no Brasil em três classes: espécies de Pinus mais plantadas no Brasil (Pinus taeda e Pinus elliottii), espécies de Pinus tropicais (Pinus caribaea e Pinus oocarpa) e espécies de Pinus experimentais.


2.3.1 Espécies de Pinus mais plantadas no Brasil


Segundo Shimizu (2005), as espécies de Pinus que se destacaram, inicialmente, na silvicultura brasileira, foram Pinus elliottii e Pinus taeda, introduzidas dos Estados Unidos, visto que as atividades com florestas plantadas eram restritas às Regiões Sul e Sudeste.


2.3.1.1 Pinus elliottii


Pinus elliottii se destacou como espécie viável em plantações comerciais para produção de madeira e resina no Brasil. A região ecológica ideal para o seu desenvolvimento coincide, em grande parte, com a de Pinus taeda. Porém, por ser de ambiente com características mais próximas ao tropical, ele perde em crescimento para Pinus taeda nas partes mais frias do planalto sulino. Por outro lado, ele pode ser plantado com grande sucesso em ambientes característicos de Cerrado das Regiões Sul e Sudeste, bem como na planície costeira. (SHIMIZU, 2009)
Segundo a mesma fonte, ensaios de campo têm indicado baixa ou nenhuma variação em produtividade ligada ao efeito da procedência de sementes. Assim, a maior parte da variação nessa característica está restrita ao nível individual (de árvore para árvore). Isto simplifica muito os trabalhos de melhoramento genético, uma vez que se pode contar com uma extensa população base para seleção individual.
A madeira juvenil em Pinus apresenta muitas características indesejáveis para a produção de peças sólidas e sua presença é inevitável nas toras, pois é a madeira formada inicialmente, nos anéis de crescimento mais próximos à medula. No entanto, a densidade não é a única característica ligada à juvenilidade da madeira. As características dos traqueóides ("fibras") também se alteram na madeira adulta, em relação à juvenil. Trabalhos de melhoramento genético têm indicado a possibilidade de se aumentar a densidade da madeira juvenil mediante seleção de matrizes. No entanto, mesmo que se consiga aumentar a densidade da madeira através do melhoramento genético, a sua qualidade física e mecânica não chega a se equiparar às qualidades da madeira adulta. De uma forma geral, o incremento volumétrico de Pinus elliottii costuma ser menor que de Pinus taeda. Porém, ele inicia a produção de madeira adulta a partir dos cinco a seis anos de idade, em contraste com 12 a 15 anos em Pinus taeda. Este pode ser um diferencial muito importante na escolha da espécie para produção de madeira destinada ao processamento mecânico. Isto significa que, em toras da mesma idade, a de Pinus elliottii contém menor proporção de madeira juvenil e, portanto, será de melhor qualidade física e mecânica do que a tora de Pinus taeda. (SHIMIZU, 2009)
Embora Pinus elliottii seja amplamente utilizado na fabricação de celulose e papel nos Estados Unidos, o mesmo não ocorre no Brasil. Isso se deve ao custo no processo industrial, por causa do alto teor de resina na madeira. Portanto, o uso de Pinus elliottii, no Brasil, se limita à produção de madeira para processamento mecânico e extração de resina. (SHIMIZU, 2009)
A resina extraída de árvores de Pinus elliottii possibilitou a criação de uma atividade econômica muito importante no setor florestal que é a produção, processamento e exportação de resina. Dados de 2002 indicam que a produção brasileira, de aproximadamente 100.000 ton/ano, representa uma movimentação financeira de US$ 25 milhões. Com isso, o Brasil passou de importador a exportador deste produto. A exploração da resina gera mais de 12.000 empregos diretos no campo, oferecendo uma importante contribuição social que resulta no melhoramento das condições de vida no meio rural. A produtividade média de resina de Pinus elliottii, no Brasil, em árvores não melhoradas, é de 2 kg/árvore ao ano. Esta característica é, também, de alta herdabilidade e pode ser alterada mediante seleção criteriosa das matrizes. Assim, após mais de uma geração de seleção e reprodução controlada, as árvores geneticamente melhoradas que constituem os povoamentos comerciais de hoje chegam a produzir, em média, 6 kg/árvore ao ano. Isto significa que, mesmo mantendo a mesma extensão das florestas atuais, a produção de resina poderá ser triplicada nas próximas rotações, com o uso de semente geneticamente melhorada, agregando um valor substancial aos povoamentos de Pinus elliotii. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.2 Pinus taeda


Pinus taeda foi o principal destaque nos plantios na região do planalto do Sul e Sudeste. Esta é uma espécie de ampla distribuição geográfica no Leste e Sudeste dos Estados Unidos. Apesar do rápido crescimento inicial, o fuste costuma ser de baixa qualidade devido a tortuosidades, bifurcações e um grande número de ramos grosseiros. Essas eram as características dos primeiros plantios comerciais com esta espécie, visto que foram formados com semente importada, em sua maioria sem qualquer controle de qualidade genética, adquiridas de fornecedores inidôneos. Esta espécie é altamente variável, inclusive quanto à resistência à geada e à temperatura requerida para o seu processo de crescimento. Assim é que, após intensos estudos sobre variações geográficas nos materiais genéticos introduzidos no Brasil, as procedências da planície costeira do estado da Carolina do Sul ficaram conhecidas como as de maior produtividade e melhor qualidade de fuste no Sul e Sudeste do Brasil, em locais onde as geadas não são tão severas. Para os locais mais frios, como nas serras gaúchas e no planalto catarinense, as procedências de locais mais frios como da Carolina do Norte têm demonstrado maior produtividade. (SHIMIZU, 2009)
Várias características de Pinus taeda, que têm reflexo direto no valor econômico da madeira, estão sob controle genético moderado a alto e podem ser melhorados através da seleção de matrizes e reprodução controlada entre elas. Assim, mediante trabalhos básicos de seleção criteriosa e cruzamentos controlados, conseguiu-se alterar as características das árvores, aumentando o valor das florestas de Pinus taeda. Atualmente, com uso de semente geneticamente melhorada, não só aumentou a produtividade de madeira, mas também melhorou substancialmente a qualidade do fuste. Adotando-se o devido manejo, podem ser formados povoamentos de alta qualidade, com árvores de fuste reto, baixa incidência de defeitos e ramos finos. Além disso, características internas como a densidade da madeira também são passíveis de melhoramento, seja no sentido de aumentar, de reduzir ou de uniformizar entre as árvores. Essas características são fundamentais para a formação de madeira de alta qualidade e de alto rendimento nas indústrias. A madeira de Pinus taeda é utilizada para processamento mecânico na produção de peças serradas para estruturas, confecção de móveis, embalagens, molduras e chapas de diversos tipos. Para esses usos, a qualidade da matéria-prima aumenta à medida que aumenta a densidade da madeira, dentro dos limites normais da espécie. No entanto, na produção de celulose de fibra longa pelos processos mecânicos e semimecânicos, a madeira juvenil desta espécie, de baixa densidade, é muitas vezes preferida. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.3 Propriedades Físicas e Mecânicas do Pinus elliottii e do Pinus taeda


O Wood Handbook (1987) relata que a madeira de Pinus elliotii e Pinus taeda, respectivamente, possuem massa específica básica de 0,54 e 0,47 g/cm3 e MOE de 138000 e 125000 kgf/cm2 a 12% de umidade.
Abaixo apresento uma tabela com propriedades físicas e mecânicas de Pinus elliottii e Pinus taeda de 10, 13 e 18 anos:











TABELA 1. PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DO Pinus taeda e Pinus elliottii-
10 anos1 13 anos2 18 anos3
Espécie Pinus elliottii Pinus taeda Pinus elliottii Pinus taeda Pinus elliottii Pinus taeda
Teor De Umidade (%) 12 12 12 12 12 12
Massa Específica Básica (g/cm3) 0,41 0,41 0,41 0,41 0,47 0,47
Contração Radial (%) 3,9 4,4 3,9 4,4 4,25 4,75
Contração Tangencial (%) 5,8 6,5 5,8 6,5 6,4 7,2
Contração Volumétrica (%) 9,8 10,9 9,8 10,9 10,63 11,73
Anisotropia de Contração (%) ----- ----- ----- ----- 1,56 1,58
Contração Volumétrica (%) 9,8 10,9 9,8 10,9 ----- -----
Flexão Estática
Módulo de Ruptura (kgf/cm2) 700 820 555 556 555 556
Módulo de Elasticidade (kgf/cm2) 106320 129690 73266 59561 73266 59561
Compressão Axial
Módulo de Ruptura (kgf/cm2) 400 440 292 291 292 291
Módulo de Elasticidade (kgf/cm2) 111830 133200 73531 87606 73531 87606
Compressão Normal
Módulo de Elasticidade (kgf/cm2) 2595 2960 2595 2960
Cisalhamento (kgf/cm2) ----- ----- 85 87 85 87
Tração Normal às Fibras (kgf/cm2) 18 24 18 24
Fendilhamento (kgf/cm2) ----- ----- 4,5 4,8 4,5 4,8
FONTE: 1 e 3 QUALIDADE DA MADEIRA DE PINUS ELLIOTII, PINUS TAEDA E ARAUCÁRIA AUGUSTIFÓLIA, E SUA CORRELAÇÃO COM AS PROPRIEDADES DO PAPEL
FONTE: 2 ANÁLISE COMPARATIVA DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DA MADEIRA DE TRÊS CONÍFERAS DE FLORESTAS PLANTADAS










2.3.1.2 Espécies de Pinus Tropicais


A partir dos anos 60, iniciaram-se as experimentações com espécies tropicais como Pinus caribaea e Pinus oocarpa, possibilitando a expansão da cultura de Pinus em todo o Brasil, usando-se a espécie adequada para cada região ecológica. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.2.1 Pinus caribaea


Pinus caribaea é uma espécie que abrange três variedades naturais: caribaea, bahamensis e hondurensis.
A variedade hondurensis está entre os Pinus tropicais mais plantados no mundo. Isto pode ter relação com a grande amplitude de condições ambientais nas suas origens, na América Central. Sua distribuição natural abrange altitudes desde o nível do mar até 1.000 metros, que propicia a geração de variabilidade genética ligada à adaptação à variadas condições ecológicas. Entre as variações geográficas mais importantes estão as procedências litorâneas e às das montanhas, no interior do continente. As litorâneas localizam-se em áreas castigadas, anualmente, por furacões e tempestades tropicais. Assim, o material genético selecionado, naturalmente, ao longo de milênios nesse ambiente, haveria que apresentar maior resistência aos ventos e menor propensão à quebra de fuste do que as procedências do interior do continente. Essas diferenças ficaram evidentes nos experimentos de campo no Sudeste do Brasil onde, após a ocorrência de ventanias, somente as árvores das procedências litorâneas permaneceram ilesas. No Brasil, esta variedade é plantada exclusivamente na região tropical, visto que não tolera geadas. (SHIMIZU, 2009)
A variedade bahamensis, como o nome indica, é proveniente das Ilhas Bahamas. Mesmo sendo originária de locais próximos ao nível do mar, ela tem apresentado bom crescimento no Brasil, tanto ao nível do mar quanto no planalto. Um dos obstáculos para a sua ampla difusão nos plantios comerciais é a dificuldade na produção de sementes. Sua madeira tende a ser mais densa e, portanto, de melhor qualidade física e mecânica do que da variedade hondurensis. Tanto esta quanto a variedade hondurensis são altamente propensas a produzir um padrão de crescimento apical acentuado, sem ramificação, denominado "foxtail" ou rabo-de-raposa, especialmente em regiões de alta precipitação. (SHIMIZU, 2009)
A variedade caribaea é proveniente de Cuba e seu crescimento é mais lento que as demais variedades. A forma do seu fuste é exemplar, geralmente muito reta, com ramos numerosos e finos. Esta variedade também apresenta dificuldade na produção de sementes no Brasil. (SHIMIZU, 2009)
Abaixo apresento uma tabela com propriedades físicas e mecânicas de Pinus caribaea:
























TABELA 2. PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE Pinus caribaea-
Pinus caribaea (caribaea) Pinus caribaea (bahamensis) Pinus caribaea (hondurensis)
Massa Específica Aparente a 15% (kg/m3) 400 ----- -----
Contração Tangencial (%) 6,1 ----- -----
Contração Radial (%) 2,1 ----- -----
Contração Volumétrica (%) 8,7 ----- -----
Retratibilidade Volumétrica (%) 0,33 ----- -----
Compressão Axial
Limite De Resistência
Madeira Verde (kgf/cm2) 150 ----- -----
Madeira a 15% (kgf/cm2) 250 ----- -----
Compressão Paralelo às Fibras ----- -----
Resistência (Mpa) 35 32 -----
Módulo de Elasticidade (Mpa) 8332 6705 9409
Flexão Estática
Módulo de Resistência (Mpa) 63 59 61
Módulo de Elasticidade (Mpa) 7030 6431 8876
Resistência (Mpa) 13 11 13
Tração Paralela às Fibras
Resistência (Mpa) 63 52 49
Módulo de Elasticidade (Mpa) 7066 6793 9643
fonte: IPT/DIMAD













2.3.1.2.2 Pinus oocarpa


Pinus oocarpa está entre as espécies de Pinus tropicais mais difundidas pelos trópicos. Ela é originária do México e América Central, com distribuição natural mais extensa no sentido noroeste-sudeste entre os Pinus da região. O seu habitat natural varia desde clima temperado-seco, com precipitação entre 500 mm e 1.000 mm até subtropical úmido, com precipitação em torno de 3.000 mm anuais. O melhor desempenho desta espécie é obtido no planalto, especialmente no Cerrado, dada a sua tolerância à seca. A sua madeira é moderadamente dura e resistente, de alta qualidade para produção de peças serradas para construções e confecção de chapas. Além de madeira, Pinus oocarpa também produz resina em quantidade viável para extração comercial. Esta espécie produz muitas sementes, o que facilita a expansão dos seus plantios. Em locais de baixa altitude ou na planície costeira, esta espécie apresenta crescimento lento, com má forma de fuste, além de se tornar suscetível a várias doenças. (SHIMIZU, 2009)
Segundo artigo publicado (IWAKIRI S. et al ), a massa específica aparente (12%) do Pinus oocarpa é 436 kg/m3.


2.3.1.3 Espécies de Pinus Experimentais


Segundo Shimizu (2005), a partir dos anos 80, experimentos com amostras de uma ampla variedade de procedências das espécies já conhecidas, bem como de espécies tropicais possibilitou a ampliação de opções de espécies e o potencial econômico desses Pinus em plantios comerciais. Espécies como Pinus maximinoi, Pinus chiapensis e Pinus greggii poderão, brevemente, ser incorporadas, operacionalmente, como produtoras de madeira, assim que estudos de produtividade e adaptação das diferentes procedências chegarem à maturidade e os povoamentos entrarem em fase de produção de sementes.



2.3.1.3.1 Pinus palustris


Pinus palustris é uma das espécies valorizadas como produtora de madeira para processamento mecânico no Sul dos Estados Unidos. Sementes de várias procedências foram introduzidas para o estabelecimento de experimentos no campo no Sul e Sudeste do Brasil. De maneira geral, a produtividade tem sido baixa, além de requerer cuidados especiais na fase inicial de sua implantação. Esta espécie apresenta uma fase de dormência apical (estágio de grama) que pode durar até mais de cinco anos. Durante esse período, embora o sistema radicular continue crescendo normalmente, a parte aérea da planta tem a aparência de um maço de capim, já que somente as acículas permanecem visíveis. Isto dificulta muito as operações de capina e roçada. Após o período de dormência apical, o broto terminal inicia o alongamento, dando início ao crescimento da planta. Tanto o tempo para o término da dormência apical quanto a rapidez do seu crescimento subseqüente variam amplamente entre árvores. Assim, na fase inicial de desenvolvimento, o povoamento de Pinus palustris apresenta muitas desigualdades, dificultando as operações de manejo. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.3.2 Pinus patula


Pinus patula é uma espécie de origem mexicana, de grande valor como produtora de madeira de alta resistência e qualidade para processamento mecânico e de alto rendimento em celulose. Uma das características marcantes e úteis para a sua identificação é o formato das acículas que são finas e tenras, dispostas de forma pendente. Ela é cultivada com sucesso em vários países andinos e na África. No Brasil, o seu plantio comercial é restrito aos pontos mais altos do sul de Minas Gerais e no planalto catarinense, em altitudes maiores que 1.000 metros. Quando plantada em baixas altitudes, Pinus patula tende a produzir árvores de estatura média a baixa, com ramos numerosos e mais grossos que o normal. Além disso, nesses ambientes desfavoráveis ao seu crescimento normal, ela torna-se altamente vulnerável ao ataque de insetos desfolhadores. Através do melhoramento genético, já se tem conseguido desenvolver árvores de boa forma de fuste e ramos mais finos que na geração anterior. Dada a amplitude de variação que se observa, mesmo entre as árvores resultantes de uma geração de seleção, pode-se deduzir que há muito trabalho de melhoramento a ser feito, basicamente seleção criteriosa e reprodução controlada, com resultados promissores para as próximas rotações. Em condições favoráveis ao seu desenvolvimento, Pinus patula apresenta crescimento em altura maior do que Pinus elliottii ou Pinus taeda. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.3.3 Pinus maximinoi


Pinus maximinoi é uma espécie que ocorre desde o México até a Nicarágua, em altitudes entre 600 metros até 2.400 metros. Anteriormente era conhecida como Pinus tenuifolia. Trata-se de uma espécie produtora de madeira de coloração clara, de alta resistência. No Brasil, por estar plantada apenas em caráter experimental, com material genético selvagem, há grande variação na forma e vigor. Porém, com trabalhos básicos de melhoramento genético, grande parte dos defeitos poderá ser eliminada rapidamente. Portanto, esta é mais uma espécie que poderá figurar como opção para a diversificação de espécies em plantios destinados à produção de madeira sólida. Seu crescimento tem sido maior que das demais espécies do gênero, usadas tradicionalmente na silvicultura intensiva, tendendo inclusive, a produzir alta freqüência de árvores com "foxtail". Uma limitação para o seu plantio no Sul do Brasil é a baixa resistência a geadas. (SHIMIZU, 2009)








2.3.1.3.4 Pinus greggii


Pinus greggii é uma espécie mexicana que, em estado natural, encontra-se em duas regiões com característica ambientais distintas: Região Norte do México, nos estados de Coahuila e Nuevo León, em altitudes entre 2.300 metros até 2.700 metros, em solos neutros a alcalinos em ambiente semi-árido com precipitação média anual entre 400 milímetros e 600 milímetros; e Região Central, em altitudes entre 1.200 metros e 1.800 metros, nos estados de San Luís Potosí, Hidalgo e Puebla, em solo ácido e precipitação entre 700 milímetros e 1.600 milímetros. Por essas características, fica claro que as procedências do segundo grupo são as mais promissoras para plantios no Sul do Brasil. Os experimentos instalados em vários locais, no Sul do Brasil, têm demonstrado essa tendência, além de um claro sinal de má adaptabilidade das procedências da Região Norte do México, em forma de árvores de baixo vigor, com acículas mais curtas e rígidas do que nas procedências da Região Central, além de deformações severas no fuste e ramos. Entre as particularidades desta espécie estão a resistência à geadas severas e a precocidade do florescimento. Desde o primeiro ano no campo já podem ser observados estróbilos femininos. Portanto, esta espécie tem grande potencial para geração de híbridos interespecíficos, visando à combinação de suas características favoráveis com as de outras espécies plantadas comercialmente na região. A madeira de Pinus greggii é amarela pálida e pouco resinosa, tendo sido testada e considerada de alta qualidade para produção de celulose e papel, bem como para madeira sólida. A sua densidade varia de 450 a 550 kg/m3. Dado o grande número de ramos que produz, ela tende a concentrar um grande número de nós na madeira, tornando-a de baixa qualidade para processamento industrial. No aspecto do seu melhoramento genético, o passo inicial seria o estabelecimento de povoamentos comerciais com sementes introduzidas da Região Central do México. A partir dessa base genética, deverão ser selecionadas matrizes para a geração de material genético melhorado, levando-se em conta não somente as características de crescimento e forma, mas também as características físicas da madeira. (SHIMIZU, 2009)



2.3.1.3.5 Pinus tecunumanii


Pinus tecunumanii é uma espécie que ocorre desde o Sul do México até a Nicarágua, podendo atingir mais de 50 metros de altura e diâmetro de até 1,20 metros. Nas altitudes entre 1.500 metros até 2.800 metros, são encontrados povoamentos naturais com aparências semelhantes a do Pinus patula. Em altitudes abaixo de 1.500 metros, esta espécie apresenta certa semelhança com Pinus oocarpa e Pinus caribaea. Várias procedências desta região, como Camélias, Yucul e San Rafael, na Nicarágua, e Mountain Pine Ridge, em Belize, foram confundidas com variações geográficas de Pinus oocarpa. Suas características, tanto morfológicas quanto de crescimento mais rápido que Pinus oocarpa, deixaram claro que se tratava de espécie distinta. As procedências de altitudes maiores que 1.500 metros têm apresentado alta suscetibilidade à quebra de fuste pelo vento. Sua madeira é de excelente qualidade, com densidade maior que 0,40 g/cm3 e menor teor de resina do que Pinus oocarpa, sendo que a madeira adulta começa a ser formada, aproximadamente, a partir de 10 anos de idade. Além disso, a variação interna em densidade da madeira, tanto no sentido medula-casca quanto no sentido longitudinal do tronco é substancialmente menor que em outras espécies como Pinus patula e Pinus taeda. A maior homogeneidade nessa característica física confere à madeira melhor qualidade e valor para processamento industrial. No Brasil esta espécie é de grande valor para plantios comerciais, dada a facilidade da sua adaptação na Região Tropical em diversos países e a baixa incidência de árvores com "foxtail". O ambiente ideal para o seu desenvolvimento é caracterizado por solos ácidos e argilo-arenosos com pelo menos 40 centímetros de profundidade, boa drenagem e precipitação de pelo menos 1.000 milímetros anuais. Estudos realizados com diversas procedências originais, no Cerrado da Região Central do Brasil, demonstraram o maior crescimento nos materiais genéticos oriundos da parte mais meridional da sua área de distribuição natural, de altitudes em torno de 1.000 metros. Entre seus pontos fracos podem ser destacadas a baixa resistência à geadas, a alta suscetibilidade à quebra de fuste pelo vento e a baixa produção de sementes. Porém, esta última característica pode ser solucionada, gradativamente, mediante seleção em favor de matrizes mais prolíficas e pesquisas de campo para localizar ambientes mais favoráveis à sua reprodução. A tendência à quebra de fuste também é um caráter de herdabilidade moderada a alta, o que significa certa facilidade para a correção desse defeito através da seleção de matrizes. Um aspecto importante sobre esta espécie é que ela pode ser enxertada sobre porta-enxertos de outras espécies como Pinus caribaea, Pinus patula, Pinus elliottii e Pinus oocarpa. Isso permite a formação de pomares clonais com materiais genéticos selecionados, mesmo que não haja sementes disponíveis da mesma espécie para a formação de porta-enxertos. Esta espécie pode ser cruzada, artificialmente, com várias espécies como Pinus patula, Pinus greggii, Pinus elliottii, Pinus taeda, Pinus oocarpa e Pinus caribaea. O híbrido gerado com esta última tem apresentado crescimento e densidade da madeira maiores do que em ambas as espécies parentais. Isto é muito importante na implementação de programas de silvicultura intensiva baseada em propagação vegetativa massal de híbridos. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.3.6 Pinus chiapensis


Pinus chiapensis é a única espécie do grupo chamado de "pinus brancos" que se adaptou bem no Brasil. Ele é natural do México e América Central, de altitudes entre 150 metros e 2.300 metros. Seu ambiente natural é caracterizado por precipitações elevadas, variando de 1.300 milímetros até 3.000 milímetros anuais. Portanto, supõe-se que não seja tolerante a déficit hídrico. Sua madeira é esbranquiçada, macia e de baixa densidade (gravidade específica entre 0,34 e 0,36). Além disso, a variação na densidade da madeira é mínima, tanto no sentido medula-casca quanto no sentido longitudinal. A homogeneidade nessa característica física é muito importante para os processos industriais e a madeira muito utilizada na confecção de móveis, molduras e revestimentos interiores. Na sua fase inicial de estabelecimento, esta espécie tem a tendência de produzir fustes múltiplos e hastes com casca fina, muito suscetível a danos mecânicos ou por fogo. Portanto, um trabalho de manejo é fundamental, fazendo-se o raleio para deixar somente um fuste por planta e adotando-se as devidas medidas de proteção. No Brasil, esta espécie tem apresentado rápido crescimento e alta produtividade de madeira na Região Central do estado de São Paulo, na Zona da Mata de Minas Gerais e no norte do Paraná. No entanto, ainda não é plantada comercialmente. (SHIMIZU, 2009)
2.3.1.3.7 Pinus kesiya


Pinus kesiya é uma espécie de origem asiática com potencial para produção de madeira e resina. Ela engloba o grupo anteriormente chamado de Pinus insularis, que ocorre na Ilha Mindoro, nas Filipinas, e os grupos chamados Pinus khasya e Pinus yunnanensis de países do Sudeste Asiático, parte da China e Índia. Experimentos instalados no Cerrado da Região Central do Brasil têm demonstrado rápido crescimento e intensa produção de sementes. Esta espécie constitui uma alternativa viável para produção de madeira em ambientes tropicais sujeitos a déficit hídrico. Porém, seu manejo requer cuidado especial nos regimes de desrama, visto que ela produz uma grande quantidade de ramificações persistentes desde a base do tronco. (SHIMIZU, 2009)


2.3.1.3.8 Pinus merkusii


O Pinus merkusii é uma das poucas espécies de Pinus verdadeiramente tropical no mundo, sendo a única com distribuição natural no hemisfério sul. É encontrado principalmente na Ásia, Tailândia, Laos, Cambodja, Vietnã e Sumatra. Ocorre em diferentes tipos de solos, climas que variam de sazonal (seis meses sem chuvas) até equatorial úmido e altitudes variando desde poucos metros até 1800 metros acima do nível do mar (COOLING, 1968).
Suas árvores são altas, atingindo de 30 metros a 50 metros e 60-80 centímetros de DAP crescendo bem em solos arenosos. No Vietnã do Norte, esta espécie é uma das principais espécies de árvores plantadas com a função de proteger contra a erosão e a terra-deformação das árvores (EARLE, 2009).
A madeira apresenta cor escura, possuindo fibras longas e uma quantidade relativamente alta de extrativos. Possui casca grossa, áspera, marrom ou cinza-marrom-avermelhada, profundamente fissurada, formando pequenas placas arredondadas na parte inferior do tronco, fino e esquisito na coroa superior e possui casca fina quando localizado em algumas áreas de maior altitude, (COOLING and GAUSSEN 1970, FARJON 1984, de LAUBENFELS 1988, FIPI 1996).
A madeira é pesada densidade (0,88-0,96 g/cm3). Pode ser usado na construção de fósforos, papel celulose, móveis comum, pólos de eletrônica, embarcações e veículos de construção. Existe um elevado teor de resina, cada árvore que dá 3-4 kg de resina por ano, este é um precioso material bruto utilizado na medicina, fabricação de tintas, impressão e indústria de perfumaria (FIPI, 1996). Pode ser utilizada também como matéria-prima para construções rurais, urbanas ou agroindustriais, para decoração de interiores, artesanato e parquete. Tem sido comercializada no mercado internacional na forma de madeira sólida, em toras, para fabricação de papel e celulose (COOLING, 1968).
No Brasil, embora se trate de espécie potencial para plantio, as informações sobre a mesma são muito escassas.























2.4 IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÔMICA E AMBIENTAL


O comércio mundial de produtos de origem florestal movimentou em 2007 aproximadamente US$ 300 bilhões (3% do total que é US$ 10 trilhões). O setor de base florestal brasileiro tem participação significativa no Produto Interno Bruto Nacional (US$ 1,3 trilhão), representando 3,4% do PIB nacional, ou seja, US$ 44,6 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 160,65 bilhões em 2007, representando um crescimento de 17% em relação ao ano anterior. O segmento de celulose e papel teve maior participação nas exportações brasileiras de produtos florestais, com US$ 4,7 bilhões e um crescimento de 18,0% em relação a 2006 (US$ 4,0 bilhões). (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 4: Fabricação de Papel-
FONTE: POLAND QUÍMICA (2010).

No ano 2000, a demanda nacional por madeira chegou a 150 milhões de metros cúbicos. Para o ano 2010, espera-se um crescimento até 240 milhões de metros cúbicos. Neste quadro, inclui-se a participação fundamental dos povoamentos de Pinus. Com a evolução de sua produção, os principais usos da matéria-prima estão sendo direcionados para o processamento industrial em serrarias, laminadoras, fábricas de chapas e para indústrias de celulose e papel. (DOSSA, 2005)
Na década de 50, o governo estimulou o investimento na indústria de papel e celulose. Com isso, plantios de Pinus passaram a serem implementados com o objetivo de suprir a matéria-prima, em substituição à madeira de araucária. Para atender a crescente demanda de papel e celulose pelo setor industrial, foi instituído, em meados dos anos 60, o incentivo fiscal para plantio de florestas. Esse incentivo vigorou por 20 anos e, a partir de então, os plantios praticamente cessaram, exceto nas rotinas das empresas verticalizadas como do setor de celulose e papel. O Pinus, dado o seu rápido crescimento e boa qualidade da madeira, é muito usado em vários segmentos industriais, gerando uma diversidade de produtos. Em 1999, os plantios de Pinus abrangiam uma área estimada em 1,94 milhões de hectares, concentrados nos estados do Paraná (33,9%), Santa Catarina (17,3%), Bahia (13,0%) e São Paulo (11,0%). (DOSSA, 2005)
Segundo dados do Censo Agropecuário de 1995/96, os principais plantios se concentravam em áreas maiores que 1.000 hectares, destacando-se o Paraná com 71%, Santa Catarina 54%, São Paulo, 69% e Minas Gerais 83%. Plantios em áreas menores que 50 hectares são inexpressivos. A área plantada de Pinus corresponde 1,80 milhões de hectares, 30% do total que é 5,98 milhões de hectares. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Os plantios anuais de Pinus, estabelecidos pelas empresas ligadas à Associação Brasileira de Papel e Celulose (Bracelpa), no período de 1991 a 1998, variaram, anualmente, tendo atingido as maiores extensões no período de 1993 a 1996.
O segmento industrial de papel e celulose passou a utilizar, de forma mais intensiva, sementes provenientes de povoamentos melhorados, obtendo, assim, ganhos de produtividade. Atualmente, a produtividade dos povoamentos de Pinus varia de 25 a 35 m³/ha.ano, dependendo do tipo de solo e do manejo aplicado. (DOSSA, 2005)
A produção florestal com Pinus está bem desenvolvida no Sul do Brasil, onde existe uma área estimada em 1,8 milhões de hectares. O sistema de produção predominante preconiza uma rotação maior que 21 anos. São plantadas, inicialmente, 1.667 árvores/ha, Nas idades de 8 e 12 anos são efetuados, respectivamente, o primeiro e segundo desbastes. Isto significa uma redução no número de plantas, em média, de 40% no primeiro e 30% do remanescente no segundo desbaste. O corte final é feito após a idade de 21 anos, quando restam, em média, 500 árvores/ha. Nesse período, é possível obter uma produção média de 50 até 70 metros cúbicos aos 8 anos, 70 a 120 metros cúbicos aos 12 anos e, aos 21 anos, a produção deve ultrapassar 450 metros cúbicos. Isto significa, em média, uma produção maior que 30 m3/ha.ano. (DOSSA, 2005)
Abaixo apresento dois quadros com os valores obtidos do comércio de produtos de origem florestal e informações sobre a produção, o consumo e as exportações dos produtos brasileiros, em 2007:



TABELA 3: COMÉRCIO DE PRODUTOS DE ORIGEM FLORESTAL-
Mundial (U$$) Total (U$$) (%) Brasileiro (U$$) PIB (U$$) (%)
300 bilhões 1,3 trilhões 3,0 44,6 bilhões 1.311 bilhões 3,4
FONTE: ADAPTADO DE SBS (2008).

TABELA 4: PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÕES EM 2007-
Madeira Serrada de pinus Compensados de pinus Painéis Móveis PMVA Papel (ton) Resina
Produção (m3) 9,3 milhões 1,98 milhões 4,9 milhões 34,3 milhões 9 milhões
Consumo (m3) 7,9 milhões 451 mil 17,7 milhões 8 milhões
Exportações (m3)/U$$ 2,9 milhões/927 milhões 1,5 milhões/476 milhões U$$ 292 milhões U$$ 994,3 milhões US$ 903,33 milhões U$$ 4,7 bilhões U$$ 554.782/654.098 kg
FONTE: ADAPTADO DE SBS (2008).
2.4.1 Coeficientes técnicos e custos da produção


O ciclo para a produção dominante do Pinus preconiza vinte e um anos, sendo que em um hectare são plantadas inicialmente 1.666 mudas de Pinus, utilizando um espaçamento de três metros por dois metros. (COELHO, 2008)
Segundo o mesmo autor, o sistema de produção caracterizado envolve o preparo do terreno, que são as atividades de roçado e a queimada controlada do mato para limpeza do terreno, em seguida o plantio o qual é feito em leras (retas na ordem de 03m x 02m). Ainda no decorrer do primeiro ano é feito o replantio das mudas que acontece por volta de 5% a 10% das mudas, fato esse por decorrência da ação das formigas, deficiência das próprias mudas ou condições químicas (fertilidade) do solo.
Ainda no primeiro ano, além do replantio faz-se, o roçado de toda a área de reflorestamento e o coroamento (capina somente em volta do pé de Pinus), com o objetivo do Pinus não ser abafado pelo mato, sendo que Pinus encontra certa dificuldade no seu desenvolvimento se não houver esses cuidados, no primeiro ano. (COELHO, 2008)
Ainda cita o autor que em seguida até o oitavo ano obtêm-se somente cuidados de manutenção como roçada, um a cada ano, combate às formigas e a poda dos ramos verde (galhos) que acontecem no quarto e sétimo ano, sendo que a primeira operação deve ser realizada no final do inverno, até uma altura entre 2,7 metros a 3,0 metros, do pé de Pinus, já a segunda deve ser feita ha uma altura entre 6,0 metros a 7,0 metros, sendo o propósito da poda a produção de toras com cerca de 6,0 metros a 7,0 metros de comprimento, com um cilindro central nodoso de aproximadamente 10 centímetros de diâmetro.
Segundo o mesmo autor, como se trata de um manejo que visa à diversificação de produtos com toras finas nos desbastes e toras de grandes dimensões e de alto valor comercial no final do ciclo para processamento mecânico, este requererá desbastes que aconteceram com 08 e 12 anos respectivamente. Para o primeiro desbaste com 08 anos será feita uma redução na ordem de 40% (666 árvores), e no segundo desbaste com 12 anos este será na ordem 30% (500 árvores) respectivamente. O qual tem como objetivo a redução da população para um número limitado de árvores, porém essas de alta qualidade, para o corte final que ocorrerá aos 21 anos, que serão na ordem de 500 unidades, respectivamente 30% do plantio inicial.
Além de diferentes usos do Pinus também existem variações em metragem cúbica nos desbastes, no qual Dossa (2002) afirma haver no oitavo ano em média 50 metros cúbicos até 70 metros cúbicos, e para o décimo segundo ano em torno de 70 metros cúbicos até 120 metros cúbicos. Sendo que para o corte final a produção deve ultrapassar a 450 metros cúbicos, resultando em uma produção superior a 28 metros cúbicos por hectare ao ano, ressaltando que pode haver variações devido ao tipo de solo, tratos culturais entre outros.
Para a comercialização, segundo Rodigheri (2006), no primeiro desbaste com 08 anos, obtém-se a entrada de recursos na ordem de R$ 750,00 até R$ 1.050,00 devido à venda da matéria-prima, considerando esse valor com base no preço médio do metro cúbico, avaliado em R$ 15,00 para essa idade do Pinus.
No segundo desbaste com 12 anos ocorre uma entrada de recursos na ordem de R$ 4.200,00 até R$ 7.200,00, valor esse que tem como base o preço de R$ 60,00 o metro cúbico, para o segundo desbaste com 12 anos. Para o último corte, que acontece no 21° ano, o metro cúbico tem seu valor estimado em R$ 80,00 e produz uma renda em média de R$ 36.000,00. (COELHO, 2008)
Portanto, a receita total oriunda dos desbastes e venda final no período de 21 anos, para um hectare de Pinus é estimada em média de R$ 40.950,00, até R$ 44.250,00. Observando que tanto a produção como a receita podem ser maiores ou menores, dependendo de um lado, de condições de manejo, e de outro lado, da capacidade de comercialização. (COELHO, 2008)











2.5 UTILIZAÇÃO DO PINUS


Segundo Nahuz (2005), a movimentação dos mercados de madeira e produtos derivados cresce em termos mundiais, como mostram os números do comércio entre países exportadores e importadores. As exportações mundiais de produtos florestais alcançam o valor total das US$ 98 bilhões por ano (média 95-99), dos quais 15% provêm de países em desenvolvimento (FAO, 2004). O aumento do comércio mundial se dá tanto em produtos de menor grau de industrialização (madeira serrada, por exemplo) como nos produtos com mais tecnologia agregada (painéis à base de madeira). Esta tendência, entretanto, é mais evidente nos produtos de maior tecnologia e valor.
Ainda cita o autor que, mesmo com a crescente escassez em termos mundiais, de florestas produtivas e de matérias-primas têm dificultado grandes expansões da produção. Isto se verifica no Brasil, com a esperada redução da disponibilidade da madeira de Pinus. Desta maneira, qualquer crescimento da produção à base de madeira será baseada principalmente no aperfeiçoamento dos processos de industrialização da madeira, com crescentes níveis de tecnologia, produtividade, qualidade de produto e agregação de valor. Algumas das principais atividades industriais que utilizam a madeira de coníferas em geral e Pinus em particular, e geram produtos de valor agregado com tecnologia e qualidade. São atividades tradicionais, mas que apresentam grande potencial de aprimoramento. Entre estas, pode-se apontar a madeira proveniente de florestas plantadas, especialmente de Pinus, destinada à indústria de móveis e de construção habitacional.









2.5.1 Madeira Serrada


Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), em 2007, a produção de madeira serrada totalizou cerca de 27,2 milhões de metros cúbicos, predominando a madeira tropical com 17,9 milhões metros cúbicos frente à produção de madeira de Pinus com 9,3 milhões de metros cúbicos, representando um crescimento de 21,7% e 2,0% respectivamente, em relação a 2006.
O consumo de madeira serrada em 2007 atingiu 21,5 milhões de metros cúbicos, representando 79% da produção total nacional e um aumento de 2,0% em relação ao ano anterior. O consumo de madeira serrada tropical foi cerca de 13,5 milhões de metros cúbicos e de Pinus 7,9 milhões de metros cúbicos, representando um crescimento de 1,6% e 2,6% em relação ao ano anterior. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 5: Madeira Serrada (Pinus)-
FONTE: MGL PINUS (2010).

As exportações brasileiras de madeira serrada totalizaram cerca de 2,9 milhões de metros cúbicos (US$ 927 milhões) em 2007, apresentando um crescimento de 0,5% em volume e 9,6% em valor quando comparado a 2006. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

2.5.2 Painéis de Madeira Reconstituída


Os painéis de madeira reconstituída são classificados em compostos laminados e compostos particulados. Os compostos laminados são subdivididos em compensado laminado e compensado sarrafeado. Os compostos particulados podem ser definidos como: minerais (flake e excelsor), fibras (dura, M.D.F., H.D.F. e isolante) e aglomerados (convencionais, finebords e wafeboards, este último teve uma evolução de produção com o O.S.B.). (IWAKIRI, 2005)
Segundo Sociedade Brasileira de Silvicultura (2008), a indústria de painéis reconstituídos de madeira utiliza como matéria-prima a madeira obtida de florestas plantadas de Pinus e de Eucalipto. Os principais produtos são os aglomerados e o MDF, utilizados basicamente para a fabricação de móveis.
Ainda cita a mesma fonte que a produção de painéis de madeira reconstituída em 2007, incluindo aglomerado, chapa dura e MDF, foi cerca de 4,9 milhões de metros cúbicos e as exportações alcançaram US$ 292,2 milhões. A maior produção de painéis foi a do aglomerado, cerca de 2,6 milhões de metros cúbicos, representando 51,5% do total, seguida pelo MDF com 37,9%, e chapa de fibra com 10,6%. A produção de OSB foi de 350 mil metros cúbicos.
O faturamento deste segmento em 2007 foi de R$ 4,51 bilhões. Os investimentos realizados no segmento de painéis reconstituídos de 1997 a 2005 foram de US$ 1,3 bilhão. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Abaixo apresento um quadro com os valores obtidos da produção, consumo e exportações de painéis reconstituídos no Brasil:
TABELA 5: PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÕES DE PAINÉIS EM 2007-
Produção (m3) Consumo (m3) Exportações (m3)
Compensados 2,67 milhões 677 mil 1,9 milhões
Aglomerados 2,56 milhões 2,5 milhões 37,4 mil
MDF 1,8 milhões 2,0 milhões 42,2 mil
FONTE: ADAPTADO DE SBS (2008).






2.5.2.1 Compensados


Os principais usos e aplicações do compensado atendem a uma gama diversificada que se mostram segmentados entre construção civil, indústria moveleira, embalagens, entre outros.
Segundo Nahuz (2005), a produção anual de compensados no Brasil é da ordem de 2,6 milhões de metros cúbicos. Isto significa cerca de 4,5% do total mundial, sendo a maior proporção destinada à exportação. Deste total, aproximadamente 40% são produzidos com madeira tropical, e os outros 60%, com madeira de reflorestamento das regiões Sul e Sudeste, principalmente Pinus.
Segundo a mesma fonte, as exportações de compensados têm crescido em média 16% ao ano desde 1990. Reino Unido e EUA são os principais importadores do produto, com aproximadamente 46% das exportações de compensado de Pinus e 61% do compensado de madeira tropical exportado pelo Brasil (em 2002). Compensados de madeira tropical exportados alcançam a faixa dos 700 mil metros cúbicos por ano.
O consumo nacional de compensados é de cerca de 880 mil metros cúbicos, destinados à fabricação de móveis (45%) e embalagens (17%). No mercado interno os compensados são principalmente de madeira tropical embora o compensado tipo "combi" (face de madeira tropical e miolo de Pinus) tenha importância, principalmente no setor moveleiro. A produção de compensados, seja para a exportação ou consumo interno, é especialmente promissora para as madeiras de reflorestamento, principalmente o Pinus. (NAHUZ, 2005)
Em 2007, a produção de compensados brasileiros foi de 2,67 milhões de metros cúbicos, representando uma queda de 12,3% em relação a 2006 (3,04 milhões de metros cúbicos). A produção de compensado com madeira de Pinus foi de 1,98 milhões de metros cúbicos e com madeiras de espécies tropicais, 690 mil metros cúbicos, representando uma queda de 16,6% e aumento de 3,1% respectivamente, em relação a 2006. O consumo nacional de compensados em 2007, foi cerca de 677 mil metros cúbicos, sendo 451 mil metros cúbicos de compensados de Pinus e 226 mil metros cúbicos de madeira de espécies tropicais, representando uma queda de 29,4% e aumento de 2,3% respectivamente, em relação a 2006. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 6: Compensados de Pinus
FONTE: SILVA COMPENSADOS (2009).

Segundo a mesma fonte, as exportações de compensado no país em 2007 foram de 1,9 milhões de metros cúbicos (US$ 697 milhões), representando uma queda de 10,4% em volume e crescimento de 7,2% em valor. As exportações de compensado de madeira de Pinus em 2007, cerca de 1,5 milhões de metros cúbicos e US$ 476 milhões, sofreram reduções da ordem de 11,2% em termos de volume e 8,7% em valor em relação a 2006. As exportações de compensado tropical apresentaram queda da ordem de 7,7% em volume e crescimento de 4,2% em valor, passando de US$ 212 milhões em 2006 para US$ 221 milhões em 2007.


2.5.2.1.1 Melhoria dos compensados


Segundo Nahuz (2005), a busca para agregar qualidade e valor ao seu produto, os produtores brasileiros de compensados implementaram o PNQM - Programa Nacional de Qualidade da Madeira ? e para manter os mercados europeus, estão aumentando esforços para atender aos requisitos dos importadores da Comunidade Européia (CE), adequando-se aos requisitos de uma marca de conformidade. As especificações da CE Marking (BM TRADA Certification Ltd) já estão sendo aplicadas aos compensados brasileiros de Pinus para exportação àqueles mercados.
A conformidade aos padrões requeridos pela CE Marking está sendo verificada por meio de ensaios em diversos Laboratórios, ligados a Institutos de Pesquisas e Universidades. (NAHUZ, 2005)


2.5.2.1.2 Compensados de Pinus


A produção de compensado com madeira de Pinus, em 2007 foi de 1,98 milhões de metros cúbicos. O consumo nacional de compensados em 2007, foi cerca de 677 mil metros cúbicos, sendo 451 mil metros cúbicos de compensados de Pinus. As exportações de compensado de madeira de Pinus em 2007, cerca de 1,5 milhões de metros cúbicos e US$ 476 milhões. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 7: Compensado de Pinus
FONTE: MADEIRAS..CC (2010).








2.5.2.2 Aglomerados


As empresas fabricantes de painéis aglomerados têm uma capacidade nominal instalada de 3,0 milhões de metros cúbicos por ano. Pinus e eucalipto são as madeiras de reflorestamento utilizadas para produzir o aglomerado. Essas madeiras são selecionadas por espécies, em razão do melhor rendimento agroindustrial (ABIPA, 2008).
Em 2007, a produção de aglomerados foi cerca de 2,56 milhões de metros cúbicos, representando um aumento de 16,3% em relação ao ano anterior (2,19 milhões de metros cúbicos) e 45,1% durante o período de 2000 a 2007. Os pólos moveleiros seguem sendo os principais mercados consumidores de aglomerados, posto que mais de 80% do volume produzido são destinados à fabricação de móveis. A maior parcela da produção nacional é absorvida diretamente pela indústria moveleira. Um volume menor é comercializado pelas revendas e destinado ao setor moveleiro de pequeno porte. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 8: Aglomerados de Pinus
FONTE: FÁBIO JOSÉ PRADO PONTES (2005).

Segundo a mesma fonte, o mercado nacional em 2007 consumiu cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos, aumentando em 16,7% do que foi consumido em 2006. O Brasil apresentou queda em 2007, de 51,2% nas exportações (37,4 mil metros cúbicos) e 56,4% nas importações (25,4 mil metros cúbicos) de aglomerado em relação ao ano anterior.

2.5.2.3 MDF


As empresas fabricantes do segmento de MDF têm uma capacidade nominal instalada de 2,0 milhões de metros cúbicos por ano. Na produção de MDF são utilizadas as madeiras de Pinus e de eucalipto reflorestadas. O MDF cresce em utilização e vem ocupando mercado de madeira maciça e de outros painéis reconstituídos, sendo cada vez mais empregado na indústria moveleira e na construção civil. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 9: MDF de Pinus
FONTE: CG ARTESANATO (2010).

A produção de MDF em 2007, foi cerca de 1,8 milhões de metros cúbicos, um aumento de 10,8% comparado com a produção do ano anterior. O consumo interno foi de 2,0 milhões de metros cúbicos, representando acréscimo de 11,3% em relação a 2006. Para o período de 2000 a 2007 o MDF apresentou um crescimento da ordem de 392,7% na produção e 422,7% no consumo. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Segundo a mesma fonte, em 2007, as exportações, com aproximadamente 42,2 mil metros cúbicos, representaram queda de 42,4%, comparado com as exportações de 2006. As importações em 2007 atingiram 195 mil metros cúbicos, representando 4,37% a menos do que em 2006.





2.5.3 Pinus para móveis


O Pinus reflorestado é uma das madeiras mais comuns para este uso, pois possui propriedades uniformes, especialmente densidade, cor e propriedades que afetam a produção, tais como trabalhabilidade, colagem e facilidade de acabamento com tintas e vernizes. Outras características que são requeridas são o suprimento constante a preços aceitáveis. (NAHUZ, 2005)

FIGURA 10: Móveis de Pinus
FONTE: SHELVES DO BRASIL (2009).

Segundo o mesmo autor, estima-se que aproximadamente 3,5 milhões de metros cúbicos de madeira serrada (15%) são destinados às indústrias de móveis, com cerca de um terço deste volume tendo origem em florestas plantadas, especialmente de Pinus. O restante da produção é composto de madeira serrada de espécies nativas com uma pequena, mas crescente contribuição da madeira de eucalipto.
Porém a alta procura gera um déficit. Este déficit deste poderá crescer rapidamente, chegando a mais de 27 milhões de metros cúbicos por volta de 2020 (ITTO, 2004). O problema no suprimento de madeira tem afetado o setor; nos últimos 12 meses, os preços das toras de Pinus aumentaram em cerca de 40% enquanto no mesmo período a taxa de inflação cresceu 10%. (NAHUZ, 2005)
Como solução temporária ao problema de suprimento de madeira, algumas empresas estão importando madeira de outros países-membros do MERCOSUL, principalmente Uruguai e Argentina. Uma solução mais definitiva passa pela necessidade de plantio anual de 600.000 hectares de florestas, pelos próximos 10 anos (MMA, 2004). Como há incerteza da disponibilidade de madeira de Pinus para a indústria de móveis, verifica-se no mercado alguma disponibilidade de eucalipto serrado, de boa qualidade, a preços relativamente competitivos. Em alguns pólos moveleiros, certa substituição já é verificada, como em Colatina (ES), Ubá (MG) e Arapongas (PR), que estão substituindo as madeiras nativas, seja por escassez, preço ou pressão de agências ambientais. (NAHUZ, 2005)
As exportações de móveis alcançaram em 2007, cerca de US$ 994,3 milhões. Os principais estados exportadores de móveis foram Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O Rio Grande do Sul, segundo maior estado exportador do setor, com 28,6% do total exportado pelo país, vendeu de janeiro a dezembro US$ 284.103.667, representando 6,8% a mais em comparação ao mesmo período de 2006. As vendas para os Estados Unidos totalizaram nos doze meses de 2007, U$$ 30.621.005, queda de 30,6% ante 2006. Santa Catarina, responsável por 36,9% das vendas externas de móveis encerrou o ano em leve declínio de 0,9%. São Paulo teve um aumento de 9,2% em suas exportações de móveis. Paraná apresentou índice positivo em 2007, 5,2%; Bahia fechou em queda de 8,3%; Minas Gerais vem se destacando, encerrou 2007 com um aumento de 18,4% nas exportações do setor moveleiro. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)


2.5.4 Pinus para construção habitacional


Tanto na Região Sudeste como na Região Sul do Brasil, a madeira usada na construção habitacional, especialmente em estruturas de telhado, concentra-se em 10 a 12 espécies tradicionais. A escassez crescente destas madeiras e o seu alto preço provocam sua substituição por outras madeiras, mais abundantes e disponíveis a preços competitivos. (NAHUZ, 2005)
Usando-se como critérios de seleção, parâmetros como densidade e resistência mecânica, um número crescente de madeiras, tanto nativas como de florestas plantadas se prestam à construção, seja como tábuas, vigas, caibros ou ripas. As madeiras de Pinus e eucalipto, na forma de vigas laminadas e coladas, têm sido usadas de forma crescente na construção de edifícios multi-uso, com estruturas leves para diversos usos. Com métodos construtivos modernos, têm-se usado painéis pré-fabricados, com montagem rápida no local de construção, e acabamentos modernos, como gesso acartonado, de rápida instalação, de crescente aceitação no mercado. (NAHUZ, 2005)

FIGURA 11: Habitação feita com Pinus
FONTE: NOVA CASA (2010).



2.5.5 Pinus para produtos de maior valor agregado


Os Produtos de Maior Valor Agregado são obtidos pelo reprocessamento da madeira serrada, com vistas à agregação de valor ao produto primário. Consideram-se PMVA: portas, molduras, painel colado lateralmente (EGP), pisos de madeira e outros componentes estruturais. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
A produção de PMVAs é fragmentada e diversificada no Brasil. Tanto a produção de EGP, como a de molduras, está baseada principalmente na madeira de Pinus cujos principais produtores se localizam nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Os volumes são representativos em se considerando o desenvolvimento relativamente recente desses produtos no Brasil que data do final da década de 80. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Segundo a mesma fonte, dentre os principais PMVAs, grande parte do EGP é consumida no mercado doméstico pela indústria moveleira nacional, uma vez que a maioria dos produtores nacionais de EGP opera de forma integrada com as indústrias de móveis; as exportações são direcionadas para Alemanha e Coréia em grande parte. No caso das molduras, grande parte da produção é direcionada para o mercado externo, principalmente Estados Unidos.
Ainda cita a fonte que, a produção brasileira de Produtos de Maior Valor Agregado (PMVA) é fragmentada e diversificada. Em 2007, a produção de molduras, EGP e pisos de madeira totalizaram 34,3 milhões de metros cúbicos, o consumo 17,7 milhões de metros cúbicos e as exportações US$ 903,33 milhões. A produção de portas de madeira atingiu 8,8 milhões de unidades e as exportações US$ 255,5 milhões.
Abaixo apresento uma tabela com os valores obtidos da produção, consumo e exportações de PMVAs no Brasil:

TABELA 6: PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÕES EM 2007-
Produção (m3) Consumo (m3) Exportações (U$$)
Portas 8,8 milhões de un. 255,5 milhões
Molduras 820 mil 212 mil 179,4 milhões
EGP 503 mil 358 mil 119 milhões
Pisos 33 milhões 17,1 milhões 603,8 milhões
FONTE: ADAPTADO DE SBS (2008).


2.5.5.1 Portas


Estima-se que existam 2.000 fábricas de portas de madeira no Brasil, localizadas principalmente na Região Sul do Brasil (Paraná e Santa Catarina). O segmento de portas de madeira pode ser considerado como um dos mais representativos e competitivos, entre os produtos do segmento de PMVA. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Ainda cita a fonte que, em 2007 a produção brasileira de portas de madeira atingiu 8,8 milhões de unidades, com acréscimo de unidades produzidas da ordem de 8,0% em relação ao ano anterior. A exportação brasileira de portas de madeira em 2007 foi de US$ 255,5 milhões, representando uma queda de 4,3% em relação ao ano de 2006.


FIGURA 12: Porta de Pinus
FONTE: GOEDE (2010).


2.5.5.2 Molduras


O segmento de molduras dos PMVA tem mostrado constante evolução de volume produzido. A produção de molduras no Brasil em 2007 atingiu 820 mil metros cúbicos, crescimento de 13,7% em relação a 2006 (721 mil metros cúbicos). O consumo interno atingiu 212 mil de metros cúbicos, aumento de 14% em relação ao ano anterior (212 mil metros cúbicos). As exportações brasileiras de molduras atingiram o volume de US$ 179,7 milhões em 2007, representando uma queda de 29% em relação a ano anterior. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
.
.
FIGURA 13: Moldura de pinus
FONTE: COISAS DE MADEIRA (2009).
2.5.5.3 EGP


Estima-se que a produção brasileira de painéis de sarrafos colados, ou EGP (Edge Glued Panel), cuja maior parcela é orientada para a indústria moveleira nacional, tenha alcançado 503 mil metros cúbicos em 2007, representando queda de 3,6% em relação ao ano anterior. O consumo foi de 358 mil metros cúbicos, apresentando também queda de 3,5% em relação aos 371 mil metros cúbicos consumidos em 2006. Os volumes exportados de EGP são crescentes, tendo atingido em 2007, cerca de US$ 119,8 milhões (0,6% a mais que em 2006). (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)

FIGURA 14 "Edge Glued Panel"
(Painel de Madeira Colado Lateralmente)
FONTE: PINUSLETTER (2010).













2.5.5.4 Pisos


As indústrias produtoras de pisos de madeira maciça são, predominantemente, pequenas e médias empresas, com capacidade ainda limitada para investimentos em máquinas e tecnologia, e cujas cadeias produtivas estão fundamentadas na utilização crescente de pisos engenheirados provenientes de madeira de florestas plantadas, bem como de espécies da região amazônica. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Segundo o mesmo autor a produção de pisos de madeira em 2007, atingiu cerca de 33,0 milhões de metros cúbicos, um crescimento de 7,6% em relação a 2006 (30,7 milhões de metros cúbicos). O consumo, com cerca de 17,1 milhões de metros cúbicos em 2007, apresentou queda de 2,0% em relação ao ano anterior (17,5 milhões de metros cúbicos). As exportações alcançaram US$ 603,8 milhões em 2007, representando uma leve queda de 0,4% em relação ao ano anterior, com US$ 605,9 milhões.

FIGURA 15: Piso de pinus
FONTE: OBRA WEB (2010).








2.5.6 Pinus e Celulose


Em 2007, o segmento de celulose e papel apresentava uma área com cerca de 1,71 milhões de hectares de florestas plantadas, representando um crescimento de 2,2% em relação à área em 2006 (1,68 milhões de metros cúbicos). A área reflorestada compreende espécies como eucalipto (79,7%), Pinus (19,9%) e demais espécies, tais como araucária, acácia e outras (0,4%). (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
As plantações de Pinus para a produção de celulose e papel geram uma produtividade média anual de 35m³/ha e têm se constituído em uma atividade econômica importante no Brasil, ganhando cada vez mais importância para a sociedade de algumas regiões e contribuindo para o desenvolvimento das mesmas. Isso ocorre devido ao rápido desenvolvimento das árvores, por ser o Pinus resistente ao frio e pouco exigente em fertilidade do solo. Assim, em algumas regiões de frio intenso do país, árvores como as dos Pinus vêm superando inclusive as de eucaliptos para a fabricação da celulose. Com a crescente demanda de papel e celulose, as fábricas estão desenvolvendo tecnologias sofisticadas para o aproveitamento cada vez mais eficiente da matéria-prima, otimizando suas produções. Para tanto, a qualidade da madeira é um aspecto de alta relevância para o aumento da produtividade e para a busca de produção padronizada. Além das condições ambientais como temperatura, solo e umidade, existem outros fatores que podem influenciar a qualidade da madeira do Pinus para fins de produção de polpa celulósica e de papel. Estes são: os referentes às classes de produtividade das árvores, ligados à espécie, idade (madeira juvenil e adulta), densidade de plantio e manejo florestal; os ligados às características anatômicas (dimensões dos traqueídeos e quantidade de lenho tardio), químicas (lignina, holocelulose, matéria inorgânica e extrativos totais) e físicas (densidade básica e umidade) da madeira. As madeiras dos Pinus são constituídas de fibras de maior comprimento do que as dos eucaliptos. Por essa razão, suas celuloses são denominadas de polpas de fibras longas. As celuloses dos eucaliptos são chamadas de fibras curtas. As fibras longas são especialmente destinadas para a fabricação de papéis onde se exigem altas resistências (dobramento, rasgo, tração, rigidez). Por essa razão, as fibras celulósicas de Pinus são orientadas para a fabricação de papéis de embalagem, cartões e papelões. (PINUSLETTER, 2008)

FIGURA 12: Papel Embalagem
FONTE: MIRIAN GASPARIN (2008).

Em 2007, a produção de papel foi de 9,0 milhões de toneladas representando um crescimento de 3,2% em relação a 2006. O consumo aparente de papel em 2007 foi de 8,0 milhões de toneladas, gerando um crescimento de 5,2% sobre 2006. As exportações e importações do segmento de papel em 2007 apresentaram um crescimento de 0,8% e 13,4% respectivamente em relação a 2006. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)


2.5.7 Pinus para extração de resina


Segundo Sociedade Brasileira de Silvicultura (2008), a resina obtida das florestas plantadas de Pinus oferece, por destilação, uma fração volátil denominada terebintina e uma fração fixa, o breu. As empresas que se dedicam à industrialização e utilização da resina no Brasil oferecem pelo menos 40 usos para a terebintina e 30 para o breu. A terebintina é utilizada principalmente como solvente de certas tintas especiais e como matéria-prima de indústrias químicas e farmacêuticas. Já o breu é aplicado na fabricação de tintas, vernizes, plásticos, lubrificantes, adesivos, inseticidas, germicidas e bactericidas. Seu principal emprego, todavia, está na fabricação de cola de breu, de uso generalizado na indústria de papel.
A resinagem no Brasil teve início na década de 70, evoluindo de tal forma que, em 1989, o País passou da condição de importador para exportador do produto e de seus derivados. Tal reversão possibilitou não somente a redução de dispêndios, como passou a gerar divisas para o País. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
Ainda o autor que a implantação e o manejo de florestas de Pinus para a produção de resina constituem-se em uma alternativa social e econômica para fixação do homem no campo, seja pela capacidade em antecipar receitas, seja pela criação de empregos diretos e indiretos durante o processo de extração, processamento e beneficiamento industrial.
A coleta de resina (ou resinagem) de espécies do gênero Pinus é uma atividade que ocorre nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia e Tocantins. Segundo a Associação de Resinadores do Brasil (ARESB), a produção nacional de goma resina de Pinus (safra 2007/2008) foi cerca de 106.366 toneladas, sendo São Paulo responsável por 43,2% desse total e Minas Gerais, por 22,4%. O restante da produção distribui-se respectivamente por RS 18,4%; MS, 8,4%; PR, 4,6% ;BA, 2,1% e TO, 0,9%.
Em 2007, o preço médio da goma resina brasileira foi cerca de US$ 574,61 a tonelada, representando um aumento de 6,5% em relação a 2006 (US$ 539/tonelada) . (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2008)
As exportações brasileiras de resina, breu e terebintina em 2007, em US$ FOB e toneladas estão apresentadas no tabela a seguir:
TABELA 7: EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE BREU, RESINA E TEREBINTINA-
U$$ FOB quilograma U$$/ton
Breu 25.744.302 23.081.671 1,12
Resina 554.782 654.098 0,85
Terebintina 6.600.766 6.559.523 1,01
FONTE: AERESB (2008).











2.6 MELHORAMENTO GENÉTICO E OPORTUNIDADES FUTURAS


Segundo Shimizu (2009), quando não se dispõe de informação técnica sobre o desempenho de espécies florestais em um ambiente exótico, a melhor orientação a seguir na escolha de espécies e procedências são as analogias climáticas e das características do solo entre os locais de origem e os da região onde se pretende plantar. Várias espécies foram introduzidas no Brasil com base nesse princípio. Porém, quando se busca maior refinamento visando maximizar a produtividade, torna-se essencial um estudo detalhado das variáveis ambientais predominantes nas origens das espécies a serem introduzidas e nos locais de plantio, especialmente quanto aos fatores como temperatura mínima, déficit ou excesso hídricos, profundidade e características químicas do solo. Essas informações, complementadas com dados experimentais que comprovem ou refutem o desempenho esperado das espécies nos variados locais de plantio, possibilitarão uma definição segura quanto as espécies e procedências mais promissoras em cada situação ecológica.
Segundo a mesma fonte, a destinação do material genético apropriado para cada ambiente é essencial para o sucesso dos empreendimentos florestais. Este desafio se aplica, também, na escolha dos genótipos para cada tipo de sítio, visto que, na maioria das espécies, ocorrem interações genótipo-ambiente substanciais. Quando não se leva em conta este aspecto, corre-se o risco de desperdiçar altos investimentos no desenvolvimento ou na aquisição de materiais genéticos melhorados para plantá-los em locais em que não haverá o retorno esperado. Tanto a geração de genótipos superiores quanto a determinação da melhor forma de sua utilização são temas tratados na implementação de programas de melhoramento genético, especificamente para a referida espécie, para a região onde será plantada e para o tipo de matéria-prima desejado.
Na maioria dos plantios de Pinus no Brasil, o material genético em uso costuma não ser o mais adequado para o seu propósito nesse local, visto que, na melhor das hipóteses, as sementes ou mudas são provenientes de pomares formados com genótipos selecionados em uma região distante, para atender os requisitos de um segmento industrial distinto. Especialmente em operações florestais envolvendo plantios regulares de pelo menos 200 ha/ano, torna-se indispensável um programa de melhoramento genético, especificamente para atender os seus objetivos. (SHIMIZU, 2009)
























3. CONCLUSÃO

? A conclusão geral deste trabalho de pesquisa bibliográfica confirma a importância das plantações e da madeira de Pinus spp. no País;
? O Brasil conta com uma grande quantidade de espécies, porém a maioria ainda é de uso experimental;
? As plantações e produção de madeira suprem o setor industrial no Sul e Sudeste do País, as Regiões de maior plantio;
? O desenvolvimento tecnológico e de produtos da madeira de Pinus se acelerou nos últimos anos, as aplicações da madeira e seu multi-uso têm-se ampliado;
? A contribuição sócio-econômica é muito grande para o desenvolvimento do País;
? A substituição da madeira de Pinus spp. não é possível, por causa de suas características próprias;
? O potencial futuro de plantações e utilização da madeira é evidente pela necessidade de suprimento do setor produtivo.













4. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Em face destas conclusões recomenda-se:

? Pesquisas mais aprofundadas sobre as espécies que estão sendo implantadas no País e sua futura contribuição para o progresso do setor madeireiro;
? Pesquisar sobre outras espécies de Pinus e possíveis implementações no País;
? Criar uma tabela (ou outro método) que possibilite a fácil visualização das características das diferentes espécies de Pinus;
? Através das características das espécies apresentadas e também de outras espécies, pesquisar a possível substituição do Pinus spp. e, se não for possível, explicar as razões.


















REFERÊNCIAS


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Autor: Marcos Rodrigues Faccio


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