Educação de Educandos com Altas Habilidades Superdotação



Introdução
Quando falamos em superdotação pensamos em gênios, pessoas que ousaram inventarideias inteiramente novas e quebraram paradigmas. Nos remetemos aos super-heróis das histórias em quadrinhos com poderes sobrenaturais. A mídia muitas vezes nos dá ideias estereotipadas de que uma pessoa com grande potencial de aprendizagem é capaz de feitos maravilhosos. É importante atentar que as pessoas com altas habilidades/superdotação, como as demais, não nascem inteiramente prontas. As potencialidades não são só genéticas. É umaspecto inerente a todo ser humano a capacidade de desenvolver talentos, mas há aqueles quetêm a oportunidade de explorar suas potencialidades desde seus anos iniciais de vida e outros que ficam com talentos escondidos durante os anos escolares e até por toda a vida.
É tarefa dos educadores conhecerem os pontos fortes e fracos e interesses dos alunos, suas necessidades cognitivas, sociais e afetivas peculiares, a fim de dar-lhes oportunidades de construir seu próprio ritmo e conhecimento (RIO GRANDE DO SUL, 2005).
As pessoas com altas habilidades diferem das outras principalmente por suasnecessidades educacionais. É necessário entendermos como podemos contribuir enquanto educadores para desenvolver o talento e o potencial das crianças desde tenra idade. Por esse motivo, o presente trabalho estuda a terminologia, os significados das altashabilidades/superdotação e as características cognitivas do aluno superdotado, a fim defacilitar o reconhecimento/identificação e a atuação do professor, sobretudo em alternativas de atendimento/intervenção pedagógica na escola.
Chama-se precoce a criança que apresenta alguma habilidade prematuramente. Crianças superdotadas são precoces se o ambiente familiar for propício para o desenvolvimento de habilidades e oferecerem oportunidades (FELDMAM, 1991;MORELOCK E FELDMAM, 2000 apud MEC, 2007).
Os mesmos autores referem que o termo prodígio é utilizado para designar a criança precoce que apresenta um alto desempenho, como um profissional adulto, em algum campocognitivo específico É raro, infreqüente e improvável.
O termo gênio por sua vez, na atualidade, descreve aquelas pessoas que deram contri uições originais e de grande valor à humanidade em algum momento, grandes realizadores, cujo conhecimento e capacidade nos parecem sem limites, incrivelmente excepcionais e únicos. Freqüentemente, o superdotado é associado ao gênio, às habilidades inatas e ao desempenho excelente em todas as áreas (FLEITH & ALENCAR, 2001 apud MEC, 2007).
Os termos Altas Habilidades e Superdotação são mais apropriados para designarem aquela criança ou adolescente que demonstra sinais ou indicações de habilidade superior em alguma área do conhecimento, quando comparado a seus pares. Alencar e Fleith (2001 apudMEC, 2007) ressaltam que a superdotação pode se dar em diversas áreas do conhecimento humano (intelectual, social, artística...) num continuam de habilidades, em pessoas comdiferentes graus de talento, motivação e conhecimento.
A definição brasileira atual considera os educandos com altas habilidades/superdotação aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (BRASIL, 2001. Art5º, IIIapud ABSD/RS, 2000).
Essa definição ressalta duas características da superdotação: a rapidez deaprendizagem e a facilidade de se engajar na sua área de interesse. Ela completa a definição presentada pelas diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação e talento (BRASIl, 1995), a qual postula que as pessoas com altas habilidades/superdotação apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidadeem alguns aspectos isolados ou combinados - capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para
arte e capacidade psicomotora.

1- A CONSTITUIÇÃO DA SUPERDOTAÇÃO
O talento de uma pessoa surge de uma habilidade geral que nos é dada por disposição genética, uma capacidade provavelmente herdada dos pais ou parentes próximos que necessitadas experiências e da interação com o ambiente. (...) a predisposição genética nos dá a extensão em que uma determinada habilidade poderia se desenvolver. Exatamente por ser uma disposição, seja um fator determinante; significa apenas que, dadas as condições propícias do ambiente, aquela disposição pode se concretizar.
Tanto a genética quanto o ambiente são responsáveis pelas variações da inteligência dacriança. Não podemos prever a extensão em que as potencialidades podem se desenvolver; podemos oferecer oportunidades adequadas para as crianças satisfazerem suas curiosidadess obre o ambiente que a cerca para que o seu potencial genético possa levá-lo a se desenvolver de acordo com as suas capacidades. A superdotação é influenciada por fatores genéticos, fatores do indivíduo (como auto-estima elevada, coragem, persistência, energia, alta motivação) e por fatores ambientais (oportunidades variadas, personalidade e nível educacional dos pais, estimulação dos interesses).
De acordo com Renzulli (1986, apud PEREZ, s/d) as pessoas que foram reconhecidaspor suas contribuições únicas, originais e criativas ao longo da história demonstraram possuir um conjunto bem definido de traços: habilidade acima da média em alguma área do conhecimento; envolvimento com a tarefa e criatividade. Para o autor apenas quando esses três conjuntos de traços estão em interação, ocorre o comportamento de superdotação, embora reconheça que nem sempre a criança apresenta os traços desenvolvidos igualmente e com uma evidência muito clara. A habilidade acima da média engloba a habilidade geral de utilizar o pensamentoabstrato ao processar informações, relacionar experiências e adaptá-las a novas situações,aplicadas em áreas especializadas do conhecimento ou do desempenho humano, como dança,fotografia, liderança, matemática, música, etc. O envolvimento com a tarefa diz respeito à energia que a criança investe na área específica de desempenho: perseverança, paciência, autoconfiança e crença na própria habilidade de desenvolver um trabalho. Já a criatividade é a capacidade de juntar diferentes informações para encontrar novas soluções e se caracterizapela influência, flexibilidade, sensibilidade, originalidade, capacidade de elaboração e pensamentos diversos.
Renzulli (1986, apud PEREZ, s/d) utiliza o termo superdotado como adjetivo. Preferefalar e escrever sobre o desenvolvimento de comportamentos de superdotação em áreas específicas da aprendizagem e expressão humanas, ao invés de superdotado como uma formade ser. Esta orientação permite a muitos alunos oportunidades para desenvolverem altos níveis de realização criativa e produtiva. Nenhum dos traços é mais importante que o outro e nem todos necessitam estar presentes ao mesmo tempo e na mesma quantidade para que o comportamento de superdotação se manifeste. A criatividade e o envolvimento com a tarefa podem ser modificados e influenciados positivamente por experiências educacionais bem planejadas.
É importante ressaltar, porém, que para ser superdotado, o aluno não precisa exibir todas estas características. Contudo, se o professor observa que o aluno apresenta consistentemente determinados comportamentos característicos, é possível que ele apresente altas habilidades.
São características para a identificação dos talentos e das altas habilidades em sala de aula: aprende fácil e rapidamente; original, imaginativo, criativo, não convencional; amplamente informado em áreas não comuns; pensa de forma incomum para resolver problemas; persistente, independente, auto-direcionado (faz coisa sem que seja mandado); persuasivo, capaz de influenciar os outros; mostra senso comum; pode não tolerar tolices; inquisitivo, cético, curioso sobre o como e o porquê das coisas; adapta-se a uma variedade de situações e novos ambientes; esperto ao fazer coisas com materiais comuns; habilidades nas artes (música dança e desenho); entende a importância da natureza; vocabulário excepcional,
verbalmente fluente; aprende facilmente novas línguas; trabalhador independente, mostra iniciativa; bom julgamento lógico; flexível, aberto; versátil, muitos interesses, interesses alémda idade cronológica; mostra insights e percepções incomuns; demonstra alto nível de sensibilidade, empatia com relação aos outros; apresenta excelente senso de humor; resiste à rotina e à repetição; expressa idéias e reações de forma argumentativa; sensível à verdade e à honra.
salienta-se o atendimento educacional indicado para o aluno com o perfil já descrito. Segundo o documento "AdaptaçõesCurriculares em Ação: desenvolvendo competências para o atendimento aos alunos com
necessidades educacionais de alunos com altas habilidades/superdotação" (BRASIL, 2002), os alunos com altas habilidades/ superdotação devem cursar, como os demais alunos, a escola regular comum, nos diversos níveis de escolaridade, em turmas não muito numerosas, a fimde facilitar o atendimento a suas necessidades, bem como sua inclusão escolar. No entanto, a escola pode e deve oferecer alternativas de atendimento específicas, de acordo com suas potencialidades. Além da classe regular comum podem ser atendidos em sala de recursos ou com professor itinerantde adaptar-se socialmente ou que tem interesses estreitos. É um equívoco percebê-los como crianças que se auto-educam e/ou destacam-se em todas as áreas do conhecimento. Não necessariamente têm nota dez ou são nota dez em todas as atividades escolares e intelectuais que participam.


1.2 - RECONHECENDO IDENTIFICADORES DE ALUNOS COM ALTAS
HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO.

Oferecer oportunidades educacionais a todos os alunos tem sido o grande desafioda educação há algum tempo. A educação democrática deve levar em consideração as diferenças individuais para que o sistema educacional possa oferecer condições e oportunidades de desenvolvimento das capacidades e habilidades para cada cidadão inserido na rede de ensino.
Tal busca implica também em aprender a reconhecer a diversidade dos alunos, que se encontram no ambiente escolar, no que se refere a estilos de aprendizagem, habilidades individuais, ritmos, campos de interesse e potencialidades. No entanto, quando falamos de alunos com altas habilidades/superdotação essa busca muitas vezes é confusa, ainda se confunde os indicadores e as características inerentes a esses alunos, dificultando sua identificação.
Segundo Renzulli (apud ALENCAR E FLEITH, 2007), o propósito da educação dos indivíduos com altas habilidades/superdotação é "fornecer oportunidades máximas de auto-realização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de desempenho, onde o potencial superior esteja presente (p.5)". Partindo da afirmação acima nos questionamos. De que maneira podemos fornecer essas oportunidades se não identificarmos esses alunos? Assim, a via que optamos para guiar esse estudo foi o de apontar alguns procedimentos de identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação.

1.3 CONCEITUANDO ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO.

Psicólogos e educadores vêm, desde o século passado, chamando a atenção da sociedade para as necessidades especiais e potencialidades dos indivíduos com altas habilidades/superdotação. Também vêm sendo apoiados pela legislação, em muitos países, inclusive no Brasil, programas, sistemáticas de identificação, serviços de atendimento e aconselhamento.
A variedade de definições e conceitos, somados aos mitos e idéias preconceituosas, constitui uma das dificuldades para o estudo do tema e para a ampliação de um atendimento adequado ao superdotado, apesar dos notáveis avanços na área nas últimas décadas (ALENCAR e FLEITH, 2007).
No âmbito das políticas educacionais, inicialmente, as diretrizes básicas da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e do Desporto (Brasil,1995) consideravam portadores de altas habilidades/superdotados aqueles alunos que apresentavam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dosseguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica ou específica, pensamento criativo e produtivo, capacidade de liderança, talento para artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora.
Atualmente, segundo o artigo 5º, parágrafo III, da Resolução CNE/CEB Nº 2, de2001, educandos com altas habilidades/superdotação são aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, levando-os a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. Como conseqüência, estes educandos apresentam condições de aprofundar e enriquecer conteúdos escolares.
Percebemos aqui uma alteração nos termos utilizados nos documentos oficiais acima citados. Enquanto o mais antigo usa o termo portador, o documento mais atual utilizou-se de educando.
Profissionais e pesquisadores vêm desenvolvendo, no Brasil, estudos nos últimos anos nessa área das necessidades educacionais especiais, voltados para as pessoas comaltas habilidades/superdotação. Aspesi (2003); Delou (2001); Chagas (2003); Fortes (2004); Maia-Pinto (2002); Moreira (2005); Ourofino (2005); Pérez (2004); Vieira (2005); Virgolim (2005/2007). Isso vem acontecendo graças à constatação da importância e da dificuldade de atuação com essa população e da contribuição que esses resultados irão trazer para o processo educativo e as possibilidades de desenvolvimento do educandos concepções de altas habilidades/superdotação vêm sendo alterada de acordo com a época e com o contexto sócio cultural. Por algumas décadas, muitos cientistas eestudiosos usaram essa definições baseando-se entre habilidade superior e capacidade intelectual.
Rosembloom (apud ROSENBERG, 1978, p.18) em seus estudos, datados em 1960, com superdotação conclui que "um jovem intelectualmente privilegiado possu iuma capacidade de abstrair e generalizar e pode, por isso, ir mais longe e mais depressa.Ele pode, por si mesmo, descobrir o que a outros precisa ser dito."
A partir das Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos, estabelecidas pela Secretaria de Educação Especial do MEC, foi proposta a seguinte definição: Altas habilidades referem-se aos comportamentos observados e/ou relatado.
É importante destacar que essa definição engloba os comportamentos/traços acima da média, quando observados e comparados aos demais, aliados à permanência e duração destes. Dessa maneira, a visão de individuo é ampliada, abrangendo uma escala maior de capacidades, não apenas o coeficiente de inteligência (QI). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta parcela da população brasileira constitui cerca de 3 a 5%, identificadas através dos testes de QI, com escoresacima de 140.

Sobre esse assunto Winner (1998, p. 15) afirma que "os testes de QI medem umaestreita gama de habilidades humanas, principalmente facilidade com linguagem e números. Há poucas evidências de que superdotação em áreas não-acadêmicas, como artes ou música, requeiram um QI excepcional". Ou seja, há uma parcela da população que não está incluída nestas estatísticas, já que os testes padronizados não privilegiam áreas mais subjetivas, por exemplo, habilidades cinestésicas e outras habilidades.
Gardner (1995) que estudou as inteligências múltiplas, não utilizou o termo superdotação, e sim talentos. Define talento por um conjunto complexo de aptidões ouinteligência, habilidades instruídas e conhecimentos, disposições de atitudesde
motivações que predispõe o indivíduo a sucessos em uma ocupação, vocação, arte ou negócio.
Renzulli e Reis (apud ALENCAR & FLEITH, 2007) definiram a superdotação como a inserção de três grupos de habilidades que envolvem capacidade acima da média, criatividade e envolvimento com as tarefas (Teoria dos Três Anéis - Fig.1) que são interligados e completamente influenciados por diversos fatores, tais como, família,a escola ou o trabalho e a própria sociedade. Percebemos que, a proposta feita pelos autores reconhece um amplo contingente de indivíduos cujas habilidades encontram-se em diversas áreas do saber e do fazer, devendo apresentar um continnum decomportamentos.
Entende-se por habilidade acima da média o potencial de desempenho representativamente superior em qualquer área determinada do esforço humano e que pode ser caracterizada por dois aspectos: habilidade geral (capacidade de processar as informações, integrar experiências que resultem em respostas adequadas e adaptadas a novas situações e a capacidade de envolver-se no pensamento abstrato) e habilidades específicas (consistem nas habilidades de adquirir conhecimento e destreza numa ou mais áreas específicas).
Já o envolvimento com a tarefa é caracterizado pelo expressivo interesse que o individuo apresenta em relação a uma determinada tarefa, problema ou área específicado desempenho, e que se caracteriza especialmente pela motivação, persistência e empenho pessoal nesta tarefa.
E a criatividade constitui o terceiro grupo de traços característicos às pessoas com altas habilidades/superdotação, sendo definida pela capacidade de juntar diferentes informações para encontrar novas soluções, caracteriza-se ainda pela fluência, flexibilidade, sensibilidade, originalidade, capacidade de elaboração e pensamentodivergente.
Para Pérez (2006) a teoria Joseph Renzulli e Reis é a que define melhor altas
habilidades/superdotação, visto que descarta a inteligência como algo inata e estatística, ressaltando a importância de que sejam oferecidas oportunidades para o desenvolvimento do potencial mediante alternativas educacionais adequadas Para Renzulli (2004) a superdotação pode apresentar-se em determinadas situações e em outras não. Para ele, deveria haver uma mudança na concepção de "ser
superdotado". Dever-se-ia levar em consideração aqueles indivíduos que apresentam"comportamentos superdotados", para então implementar programas de enriquecimento,
que iriam beneficiar um maior grupo de pessoas. Dessa forma, o enfoque de superdotação como um fenômeno congênito e sedimentado pode ser substituído por uma visão mais dinâmica e flexível, levando-se em conta o destaque da influência mútua entre indivíduo e ambiente no desenvolvimento de comportamentos superdotados e não apenas o conceito de QI.
A proposta de Renzulli foi, mais tarde, reformulada por Mönks, pesquisador Holandês, que acrescentou a dimensão social ao modelo, mostrando que o indivíduo não pode ser considerado sem o seu contexto e influenciado por diversos fatores, tais como, família, a escola ou o trabalho e a própria sociedade. Essas relações então são inseridas, por Mönks, aos Três Anéis.

2 - A IDENTIFICAÇÃO DAS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO:
CARACTERÍSTICAS E PROCEDIMENTOS REALIZADOS NO BRASIL.
Os indivíduos com Altas habilidades/Superdotação constituem um grupo heterogêneo, dessa maneira a determinação de suas características é fundamental para se conhecer melhor quem é esse indivíduo.
Fundamentados em classificações internacionais, a listagem dos diversos tipos de superdotados serviu de base para nortear o Centro Nacional de Educacao Especial do Ministério de Educacao (1986). Com as Políticas Públicas da Educação Inclusiva, os
documentos legais publicados pela Secretaria de Educação Especial - SEESP/MEC
(2006) mantêm as mesmas designações anteriores definindo os tipos como: Tipo Intelectual- Apresenta flexibilidade e fluência de pensamento. capacidade de pensamento abstrato para fazer associaçõe:
Tipo Acadêmico- Evidencia aptidão acadêmica específica, atenção, concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas de seu interesse.
Tipo Criativo - Relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para situações ambientais.
Tipo Social ? Revela capacidades de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das situações em grupo.
Tipo Talento Especial ? Pode se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas e literárias ou cênicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho.
Tipo Psicomotor - Destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, forca, controle e coordenação motora. Ainda que separados em tipos, percebe-se que os indivíduos superdotados apresentam combinações entre esses tipos. Sabatella (2008) menciona alguns traços que podem auxiliar na identificação de indivíduos com altas habilidade/superdotação, mais frequentemente citados por alguns autores, como: curioso; persistente no empenho de satisfazer seu interesse; crítico de si e dos outros; senso de humor desenvolvido; não é propenso a aceitar afirmações; entende facilmente princípios gerais; sensível a injustiças; líder; odeia rotina, dentre outras.
Renzulli (2004) divide as características dos indivíduos com altas habilidades em dois tipos: O Tipo Escolar e o Tipo Produtivo Criativo. Tipo Escolar- Boas notas; gosta de fazer perguntas; aprende com rapidez; boa memória; raciocínio verbal e numérico; lê por prazer; gosta de livros técnicos/profissionais; grande vocabulário; necessita pouca repetição; longos períodos de concentração; perseverante; consumidor de conhecimento; agrada aos professores; tendência a gostar da escola . Tipo Criativo produtivo- Não tem necessariamente QI superior; criativo e original; não gosta de rotina; encontra ordem no caos; gosta de fantasiar sensível a detalhes; produtores de conhecimento; brinca com idéias; não gosta de convenções Segundo Costa, Sanchez e Martinez (1997, apud Vieira 2008) o indivíduo não é considerado com altas habilidades/superdotação pela soma de uma série de qualidade que ele apresenta em seu comportamento, mas sim pela forma sistêmica como estas qualidades interagem entre si e com o seu ambiente.
Dessa maneira a Teoria dos Três Anéis proposto por Renzulli contribui para a flexibilização dos procedimentos de identificação, pois incluem características do indivíduo, informações da família, dos amigos e dos professores, viabilizando sensivelmente esses procedimentos.
Na concepção de Alencar e Fleith (2001) o conceito de superdotação deve se basear em dados empíricos, possibilitar a construção ou a seleção de estratégias e de instrumentos direcionados.
Logo, um dos pontos principais para a identificação da pessoa com altashabilidade/superdotação é o conhecimento dos instrumentos que são utilizados nesse processo e o procedimento correto para que não haja prejuízo pelos alunos que deveriam receber atendimento.
Logo, a escola deve ter um olhar direcionado para identificar alunos com altas habilidades que transcendam um número, analisado pelo teste de QI, pois alguns alunos com altas habilidades podem ter sua identificação prejudicada se este fator for considerado como único indicador de altas habilidades.
Diante do exposto, percebe-se que a identificação desses alunos é algo bastante complexo, portanto, os professores, quando requisitados inicialmente a identificar essas crianças, devem levar em consideração, primeiramente, que elas apresentam necessidades educacionais especiais. Como afirma Pérez (2006):

Para Vieira (apud COSTA, GERMANI e VIEIRA, 2006) os colegas, a escola e os pais têm papéis importantes e significativos na identificação e desenvolvimento do potencial desses alunos. Os colegas, por oferecer informações que podem passar despercebidas ou que têm pouca importância para o adulto. O professor, por oferecer dados de uma vivência mais formal e acadêmica do aluno na sala de aula, desempenhando um papel imprescindível, uma vez que, estando em contato com muitos diferentes alunos, pode ter um conhecimento exaustivo das características e potencialidades de cada criança e indicar quais são as que se destacam, neste grupo.
Os pais, pelo fato de eles serem os mentores mais significativos do seu desenvolvimento,constituindo-se os pilares básicos das suas primeiras aprendizagens.
A metodologia de identificação pode variar de acordo como a teoria e as definições, mas o importante é que comecemos a perceber o indivíduo com altas habilidades/superdotação como um ser global, repleto de possibilidades, mas que assim como outros alunos, podem precisar de cuidados especiais para desenvolver suas habilidades.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos alunos tem necessidade educacionais individuais próprias e precisam usufruir de expressões de aprendizagem específicas. O docente tem que ter capacidade de atuar mobilizando conhecimento, habiliadades intelectuais. Tratado-se de portador de altas habilidades/superdotação é importante destacar que seu papel varia de acordo com o contexto sócio cultural.
Os educadores precisam estimular a constução do conhecimento do educando por meio de aprendizado voltado para a ampliação de conceito que valoriza a responsabilidade, o espirito de equipe a ética, o respeito e práticas educativas que desenvolvam a curiosidades, a capacidade criadora, a socialialização, o raciocínio lógico do educando entre outros.


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Autor: Iracilda Gabriel


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