Considerações acerca do que é "Ente" e o que é "Essência" segundo Santo Tomás de Aquino.



CONSIDERAÇÕES ACERCA DO QUE É "ENTE" E O QUE É "ESSÊNCIA" SEGUNDO SANTO TOMÁS DE AQUINO

O ponto de partida para a construção de todo o pensamento tomista, e mais ainda no que no que se refere à sua Metafísica, parece assentar na "distinção real" que Santo Tomás de Aquino faz entre "Ente" e "Essência".

No início de sua obra "O Ente e a Essência", Tomás de Aquino afirma ser necessário a explanação de tais conceitos, para que não haja erro; pois, não é em vão que a tese fundamental desta obra seja a ?distinção real? entre ?essência e existência?, ou seja, Tomás de Aquino mostra que a essência de qualquer criatura é realmente, e não só conceitualmente, distinta de sua existência; e, apenas Deus, como causa primeira não criada, tem como sua essência sua existência.

No início de sua obra "O Ente e a Essência" o aquinate aponta, citando o livro V da Metafísica de Aristóteles, que o ente em si mesmo comporta duas acepções. Na primeira o ente divide-se em dez categorias, isto é, o ente é aquilo que significa a substância de alguma coisa. A segunda acepção é a que designa a verdade das proposições, isto é, o ente constitui tudo aquilo acerca de que se pode construir uma preposição afirmativa. Dessa forma, se o ente se divide nas dez categorias, necessariamente essência significa algo de comum a todas as naturezas, através das quais os diversos entes são englobados.

Segundo Tomás de Aquino, o ente se predica absolutamente e primariamente da substância e secundário e analogicamente dos acidentes. A essência reside própria e verdadeiramente nas substâncias e nos acidentes em sentido secundário ou menos próprio. De acordo com o aquinate, a essência reside em sentido mais verdadeiro e elevado na ?substância?, que é a causa das substâncias compostas. A essência, portanto, consiste naquilo segundo a qual se diz que uma coisa existe; e esta permeia, ou melhor, consiste na forma e na matéria juntas, embora só a forma seja a causa, a seu modo, de tal ser ou essência.

Avançando em sua investigação acerca do ente e da essência, Tomás de Aquino faz uma distinção entre substância simples e substância composta. Segundo ele, substância composta compreende forma e matéria, ao passo que a essência da substância simples consta exclusivamente de forma e é devido a este fator que esta é causa de predicação. Sendo assim, percebemos que Santo Tomás de Aquino defende a existência de uma determinada "coisa" que seja a causa do ser para todas as outras "coisas", pelo fato desta ser puro ser, ser a existência primeira, ou seja, este ser é Deus, pois, como já mencionamos anteriormente, sua essência é o seu próprio ser, nada pode lhe ser acrescentado.

Sendo assim, Santo Tomás de Aquino aponta que a definição da essência das criaturas não implica sua existência, isto é, as criaturas- entes - necessitam de uma outra realidade para sua existência. E esta existência, como já mencionamos, é pura perfeição, eterna e, em um sentido lato, se assim podemos dizer, os entes participam de sua essência.


Autor: Antônio Severino De Aguiar Neto


Artigos Relacionados


São Tomás De Aquino

Metafísica

Teologia Natura Em Santo Tomás De Aquino

Filosofia Da EssÊncia E Filosofia Da ExistÊncia

O Ente De Razão E O Ente Real Em Tomas De Aquino

Aposentadoria

Será Que Realmente Santo Tomás Viu A Deus?