O professor "bonzinho".



É comum notar que boa parte dos alunos reivindica que querem ter aulas com professores "bonzinhos", comentam entre eles que este ou aquele professor é chato enquanto beltrano ou fulano são "bonzinhos". Quando tentamos explicar para um aluno como deveria ser a postura adequada deles para com os professores, em muitos casos, acontece um desgaste e fica a impressão de que estamos nos justificando pelo fato de sermos os chatos.
Alguns pais de alunos, embalados nos comentários dos filhos e distantes das práticas pedagógicas, também comentam que seus filhos têm dificuldades em aprender, pois que tal professor ou professora é chato.
A complexidade do processo ensino-aprendizagem envolve vivência em sala de aula e muito estudo através de leituras e reflexões de textos produzidos por estudiosos que têm uma conexão satisfatória com o ambiente escolar. Não raro as bibliografias de concursos para professores requisitam algumas obras com pouco (ou nenhuma) correspondência com a realidade vivida em grande parte das salas de aula. Tais livros pregam que é essencial que o professor seja "bonzinho" agradável, que crie um ambiente propício à aprendizagem, e por aí vai.
Estas propostas estão apenas parcialmente corretas. Uma simples troca de palavra pode melhorar toda proposta, a palavra a ser trocada é essencial. A substituição ocorreria com a palavra desejável.
Neste caso concordamos com Rosely Sayão (Quem quer brincar de escolinha? Folha de São Paulo, Equilíbrio, p.12, 30 nov. 2010.) "A função do professor não é ser legal, bonzinho ou camarada: é ensinar. E professores rabugentos também ensinam bem." Outro fator ressaltado no artigo da psicóloga é a necessidade que o adolescente tem de lidar com vários tipos de adultos, pois dessa forma seria possível lidar com variadas situações difíceis que podem surpreendê-los na vida adulta.
Essa é a realidade do dia-a-dia em grande parte das escolas. Vale ressaltar que o fato de ocorrerem afinidades entre professor-aluno, professor-classe pode até ser positivo. Ser agradável e/ou criar situações agradáveis em todas as circunstâncias (quase impossível) pode, também colaborar. Porém, não são os únicos pré-requisitos para uma boa aula.
Em determinadas circunstância a suposta "bondade" do professor pode ser reflexo de uma fragilidade nas suas atitudes e na sua compreensão do conteúdo. Soa com um subterfúgio para amenizar uma dificuldade a ser sanada.
Seria interessante que houvesse uma compreensão mais abrangente quanto o perfil dos professores, esses profissionais não têm, necessariamente, que ser eternos "bonzinhos". O ideal é que sejam bem preparados, responsáveis com sua profissão e que tenham objetivos bem nítidos e definidos para trabalhar em suas aulas. O que vier depois é lucro.
Melhor ainda se esse entendimento estivesse presente entre alguns teóricos da educação que tem maior vivência em pesquisas acadêmicas do que com a realidade das salas de aula. De todo modo, não podemos desprezar as pesquisas acadêmicas, essenciais para provocar reflexões, mas devemos mesclá-las com nossa vivência. Que por sinal é complexa, heterogênea e sofre variações dependendo da escola, da classe social do sistema legal; dentre outros componentes sociais.

Autor: Alexandre De Freitas


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