PERFIL DE SOBREPESO E OBESIDADE EM ESCOLARES DE 08 A 10 ANOS





Resumo:
O estudo da composição corporal vem a cada dia tornando-se fundamental instrumento na quantificação de vários fatores de risco à saúde, além daqueles objetivos a que ela se propõe. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil de sobrepeso e obesidade de crianças de 8 a 10 anos de idade de uma escola da rede particular de ensino de Planaltina-DF, Brasil através de uma analise transversal e descritiva.
Foram avaliados 187 adolescentes, de ambos os sexos sendo que 92 do sexo masculino e 95 do sexo feminino e estudantes do 3º, 4º e 5º ano do ensino fundamental da instituição Centro Educacional Delta de Planaltina-DF. As medidas realizadas foram peso, estatura e dobras cutâneas das regiões tricipital (TR) e panturrilha média (PM). O plano analítico utilizou o banco estatístico Excel para obtenção da média, desvio padrão. Os resultados obtidos neste estudo foram em que o sexo masculino apresentou um valor de 18,1 (±3,11) no IMC do que o sexo feminino que foi de 17,81 (±2,64), sendo ambos classificados como adequado para a idade. Com relação as dobras cutâneas o sexo feminino obteve valores de 26,22 (±9,9), bem superiores ao sexo masculino, 19,03 (±10,51) favorecendo assim possiveis riscos a saúde. Apesar das mulheres apresentarem um IMC valor menores do que os homens, o percentual de gordura passa ultrapassou os valores indicados para a idade. Com isso, os valores apontados pela média feminina foram classificadas como moderadamente alta, FILHO, 1999.


Palavra Chave: Obesidade, Sobrepeso.

























Introdução

Seguimos em uma era que cada dia o número de pessoas com excesso de peso corporal aumentam de forma exarcebado na população mundial. A situação da saúde mundial, no novo milênio, representa um grande desafio para a sociedade moderna.
Segundo (Silva et al., 2007, citado por Grundy et al., 1999); a obesidade é, hoje, uma grande prevalência nos paises desenvolvidos onde constitui uma verdadeira epidemia transfigurando um importante problema de saúde pública, dado que se associa a um aumento da mortalidade total e da morbilidade.
O excesso de peso é definido segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), como sobrepeso ou obesidade e a sua prevalência vem crescendo de forma significativa, no decorrer dos anos, transfigurando-se em um grave problema de Saúde Pública, caracterizando como uma verdadeira preocupação, principalmente em países desenvolvidos e naqueles em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A obesidade afecta diversos processos metabólicos. Durante a infância leva a um crescimento ósseo e maturação esquelética acelerada. Nas raparigas obesas, podemos observar uma maturação física acelerada com o aparecimento prematuro da menarca um baixo crescimento em altura, (SILVA et al., 2007).
O excesso de gordura e de peso corporal é acompanhado por maior suscetibilidade metabólica, que elevam a hiperinsulinémia de forma significativa os índices de morbidade e mortalidade afirmam (GUEDES & GUEDES. 1997).
O aumento incontrolável da quantidade de gordura e do peso corporal refletirá de maneira negativa tanto na qualidade como na expectativa de vida dos indivíduos.
É claro que o conhecimento de que os efeitos apontados à saúde devido ao maior acúmulo de peso corporal, não sejam os mesmos entre adultos e indivíduos mais jovens e sem duvidas crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesos apresentam maior número de fatores de risco predisponentes a distúrbios cardiovasculares.
Pesquisar e entender o crescimento e desenvolvimento da criança é uma necessidade impreterível, pois não se tem uma boa assistência à criança, sem o controle do seu crescimento.
Na esfera da avaliação corporal para crianças, utiliza-se a estimativa da gordura corporal, do peso e estatura e classificando-as de acordo com curvas de referência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda os dados do National Center For Health Statisctics (Nchs, 2002), válido para todos os países, como curva de referência.
O IMC é obtido a partir da divisão do peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros (kg/m2). Valores de IMC acima de 25,0 kg/m2 caracterizam excesso de peso, sendo que, valores de 25,0 kg/m2 a 29,9 kg/m2 correspondem a sobrepeso e valores de IMC e 30,0 kg/m2 à obesidade. Essas definições são baseadas em evidências que sugerem que estes valores de IMC estão associados ao risco de doenças e morte prematura Sobrepeso e obesidade.

"Estudos realizados por vários autores evidenciam existir maior freqüência de obesidade nas classes sociais de nível econômico mais baixo, possivelmente devido ao mau hábito alimentar encontrado nestas famílias." (Monografias médicas, adolescência 1979, p.170).
É claro que não devemos ter como regra, mas a dificuldade que alguns pais têm em controlar a alimentação de algumas crianças, devido a falta de informações nutricional e o controle de alguns alimentos fora de casa.
É claro que se relatarmos que o potencial para o crescimento humano é determinado pela hereditariedade, reforçamos, assim, a afirmação de que o crescimento depende do entrosamento entre o potencial genético herdado e as condições nas quais o individuo cresce.
Portanto o tipo de orientação nutricional na qual os pais dão aos filhos é de extrema importância para a sua educação alimentar futura.
O objetivo do presente estudo é traçar um perfil de sobrepeso e obesidade de crianças de 08 a 10 anos de uma escola da rede privada de ensino.

Materiais e Métodos

A amostra foi composta de 187 crianças (92 meninos e 95 meninas) dos anos iniciais do ensino fundamental da 3º ao 5º ano, com idades entre 8 e 10 anos, de ambos os sexos, do Centro Educacional Delta de Planaltina-DF
Por isso, optou-se por fazer a amostra com base na faixa etária. Dessa maneira, foram avaliados todos os alunos da instituição com 8 a 10 anos completos, de ambos os sexos, meninas (n = 95), meninos (n = 92), totalizando 187 alunos, (n = 187).
Para as aferições de altura e peso, foram estabelecidos procedimentos segundo Marins e Giannichi (1998) e utilizou-se o altímetro que faz parte da balança, welmy antropométrica com escala de 2,00metros e capacidade de no maximo 150kg e no mínimo 2Kg e divisão de 100g.
Para a mensuração da gordura corporal foi verificado através de um Plicômetro (Adipômetro) Científico de dobras cutâneas, modelo Cescorf, produzido no Brasil, que permite leitura em décimos de milímetro, com abertura de pressão igual a 10g/mm2 e dimensões: 286mm x 165mm. Foram aplicadas as fórmulas de Slaughter (Slaughter et al, 1988), que utilizam as dobras cutâneas tricipital (TR) e panturrilha media (PM).


Tabela 1: Classificação da amostra quanto ao percentual de gordura relativa
Classificação Masculino Feminino
Excessivamente Baixa Até 6% Até 12%
Baixa 6,01 a 10% 12,01 a 15%
Adequada 10,01 a 20% 15,01 a 25%
Moderadamente alta 20,01 a 25 % 25,01 a 30%
Alta 25,01 a 31% 30,01 a 36%
Excessivamente alta Maior que 31,01% Maior que 36,01 %
Fonte: Deurenberg, P. Pieters, J.J.L. e Hautuast (1990) citados por Fernandes Filho (1999).



As medidas coletadas de peso e estatura, índice de massa corporal (IMC), peso/altura², é o mesmo procedimento utilizado pelo Projeto Esporte Brasil, PROESP-BR, que utiliza como referência os valores críticos para a classificação do estado nutricional para crianças e jovens brasileiros propostos por (Conde e Monteiro 2006). De acordo com esses critérios, o IMC de crianças e adolescentes são classificados conforme tabela 1



Tabela 2 - Classificação de obesidade e sobrepeso. Pontos de Corte de IMC em adolescentes para sobrepeso e obesidade.
Idade (anos)
Classificação Masculino
Sobrepeso Feminino
Sobrepeso Masculino
Obesidade Feminino
Obesidade
8 18.4 18.3 21.6 21.6
8.5 18.8 18.7 22.2 22.2
9 19.1 19.1 22.8 22.8
9.5 19.5 19.5 23.4 23.5
10 19.8 19.9 24.0 24.1
Fonte: British Medical Journal 6 de Maio de 2000 ? Dietz, e col.

Resultados e discussão.

Segundo Silva et al, 2007 o IMC vem sendo utilizado cada vez mais em estudos de sobrepeso e obesidade. Na figura 1 mostra os resultados das médias das características antropométricas dos escolares e podemos observar que as médias de índice de massa corpórea apresentam um equilíbrio de valores. Foram utilizados os pontos de corte recomendados pelo British Medical Journal (2000) conforme sexo e faixa etária descritos na Tabela 1 e não foram encontrados a presença das variáveis sobrepeso e obesidade














Figura 1 - Valores de média e desvio padrão da idade em relação ao IMC do sexo feminino de acordo com a idade (n = 95).


Na figura 2 podemos notar que os valores médios do percentual de gordura do sexo feminino apresentam se em quantidades significativas. Pode se perceber na figura 2 que duas variáveis a 26,35 (±9,61) e 27,35 (±11,52) se encontram classificados como moderadamente alto e somente a variável 24,87 (±8,36) se encontra adequada segundo ao quadro de percentual de gordura relativa citados por Fernandes Filho (1999). A criança e o adolescente têm um fator preponderante que não pode deixar de ser considerado é a interferência do próprio processo de maturação biológico que ainda não atingiu seu estado adulto nesse período segundo, GUEDES, 1997.














Figura 2 - Valores de média e desvio padrão da Idade e percentual de gordura (%G) do sexo feminino de acordo com a idade (n = 95).
Na figura 3 mostra os resultados das médias das características antropométricas dos escolares do sexo masculino. Podemos observar na tabela 3 que nas médias de IMC da amostra masculina não foram encontrados evidências de sobrepeso e obesidade segundo os pontos de corte recomendados pelo British Medical Journal (2000).
















Figura 3 - Valores de média e desvio padrão da idade em ralação ao IMC da amostra masculina de acordo com a idade (n = 92).



Na figura 4 podemos notar um aumento do percentual de gordura na medida em que os grupos vão avançando de faixa etária. A faixa etária de 10 anos apresentou uma média de 21,32 (±12,59), configurando taxas elevada, sendo classificada como moderadamente alta segundo os níveis de %G proposto por Filho, 1999 na tabela - Classificação da amostra quanto ao percentual de gordura relativa.















Figura 4 - Valores de média e desvio padrão da idade em relação ao percentual de gordura (%G) da amostra masculina de acordo com a idade (n = 92)



Tabela 3 - Valores de Média e Desvio Padrão do peso, estatura, índice de massa corporal (IMC), e percentual de gordura (%G). de acordo com o gênero.



GENERO PESO ESTATURA IMC %G


Masculina 34,31 (±7,97) 1,37 (±0,07) 18,1 (±3,11) 19,03 (±10,51)

Feminina 33,79 (±7,28) 1,37 (±0,08) 17,81 (±2,64) 26,22 (±9,9)




Podemos notar que sexo masculino apresentou maiores médias de 18,1 (±3,11) do que o sexo feminino no quesito IMC, sendo ambos classificados segundo a tabela 2 Pontos de Corte de IMC em adolescentes para sobrepeso e obesidade como peso normal para a idade. Com relação as percentual de gordura (%G), o sexo feminino obteve uma variável igual a 26,22 (±9,9), sendo classificada como alta e a amostra masculina com uma média de 19,03 (±10,51),classificado adequada para a idade segundo a fonte: Deurenberg, p. pieters, j.j.l. e hautuast (1990) citados por (Fernandes filho 1999). Apesar das mulheres apresentarem um IMC de valor menor do que os homens, o percentual de gordura ultrapassou os valores indicados para a idade.



Conclusão


Com base nos resultados deste estudo, pode-se concluir que:

Sugere-se neste estudo que a prevenção e o tratamento da obesidade na infância e adolescência poderiam prevenir a incidência de possíveis doenças na vida adulta seguida de algum programa de atividade física.
O sexo masculino apresentou maiores valores no IMC do que o sexo feminino, no entanto, o percentual de gordura da amostra feminina obteve valores acima da média para a idade.
Assim, a alta prevalência de sobrepeso observada nesta escola, evidencia a importância da intervenção por parte dos profissionais da área da saúde.
Portanto essas intervenções se fazem necessária durante a infância e a adolescência, pois crianças obesas tendem a se tornar adultos obesos e conseqüentemente desenvolver futuras doenças crônicas degenerativas.







Referências


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SILVA, J. et al. Obesidade infantil. Ed cgb artes gráficas. p. 38-42, 2007.

Autor: Ailton Francisco De Souza


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