Protegida pelos ventos.
Ponho-me a caminhar envergonhada, acanhada e amedrontada. Pássaros, fênix surgem das cinzas que ainda queimam o pobre e infeliz chão. Chão que um dia foi o berço e base de muitos caminhantes que deixaram a sua marca de honestidade e humildade. Chão que hoje é obrigado a conviver e aceitar as crueldades do homem, e que ainda verá muitas pessoas se perderem por pura ingenuidade. Ainda estou muito nervosa, me ponho a perguntar: esse caminho não vai acabar? Tudo isso é apenas o começo, a barbárie ainda está por vir.
A minha angústia não passa. Minhas mãos trêmulas não conseguem mais apanhar um pequeno pedaço de pau estirado sobre um monte de folhas secas. Tão pequeno graveto que me serviria de arma para me defender das diversas criaturas que terei de enfrentar. Mas ele, eu não consegui pegar. Sem nenhuma arma terei que continuar, e enfrentar com meus próprios méritos as dificuldades que a vida trará, e que de uma forma tão fria e obscura colocará a minha frente. Eu terei que lutar, para que a minha vida eu possa salvar.
A minha barriga já dói, a fome não me deixa mais caminhar. Meus pés já doendo, não são capazes de me suportar. Parada, começo a observar aquela esplêndida paisagem, que de uma forma suave se encontra com o vento, e levemente, como um gesto de carinho bate em meu rosto, aconchegando-me no seu peito. Fazendo-me reviver os tempos de criança, quando, inocentemente me prendia nos braços daquele grande homem, que costumava chamar de pai. E em seu abraço me sentia protegida. Adormeci ali mesmo, naquela cama formada por folhar e gravetos, que daqui para frente seria meu local de reflexão e descanso. Os meus olhos se deixaram levar, e em um sono pesado eu pude me encontrar.
Autor: Fernanda Lolobrígida
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