EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE



EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: Uma Reflexão de duas professoras do município de Itaituba.

Diomark Pereira de Araújo
Domiciane Araujo Azevedo2
Edna Ferreira Coelho Galvão


Resumo:
O presente trabalho aborda o tema Educação numa perspectiva contemporânea e tem como objetivo apresentar alguns questionamentos e reflexões acerca da prática educativa, sua problemática e possibilidades. Nesse sentido, buscamos evidenciar concepções sobre a educação na atualidade, sobretudo ao que diz respeito às mediações entre o Estado, sociedade e a educação, considerando desta forma, que para o desenvolvimento de uma nação exige-se uma educação de qualidade. Diante disso, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica e de campo com análise de artigos, revistas, monografias e jornais, bem como, uma abordagem qualitativa e quantitativa com duas professoras do município de Itaituba. Percebeu-se nos discursos das professoras em analogia com as discussões teóricas, uma visão holística acerca da Educação na contemporaneidade, onde é preciso passar por desafios ainda mais consistentes para se ter um ideal de educação ou corrente ideológica, pois o que se vê é um emaranharado de informações mediante uma sociedade ainda sem direção sobre o que ensinar? Como ensinar? Por que ensinar? E que tipo de cidadão está sendo formado para essa sociedade sem uma identidade específica.

Palavras-chave: Educação contemporânea, Escola, professoras, formação.



Abstract:

The present work approaches the subject Education in a contemporary perspective and it has as objective presents some questions and reflections about the educational practice, your problem and possibilities. In that sense, we looked for to evidence conceptions about the present time specially ,the education, above all to the that concerns the mediations among the State, society and the education, considering this way, that for the development of a nation a quality education is demanded. In the face of this, a bibliographical research was used and of field with analysis of articles, magazines, monographs and newspapers, as well, a qualitative and quantitative approach with two teachers of the municipal district of Itaituba. it is realized in the teachers' speeches in analogy with the theoretical discussions, a vision holística concerning the Education in the contemporaneidade, where it is necessary to pass for challenges still more solid to have an education ideal or ideological current, because the one what she see an emaranharado of information is by a society still without direction on the one what to teach? How to teach? Why to teach? And that citizen type is being formed for that society without a specific identity.



Key words: Contemporary education, School, teachers. Training.


1. Introdução:

Este trabalho aborda o tema Educação numa perspectiva contemporânea, tendo como objetivo apresentar alguns questionamentos e reflexões acerca da prática educativa, sua problemática e possibilidades. Nesse sentido, buscamos evidenciar concepções sobre a educação na atualidade, sobretudo ao que diz respeito às mediações entre o Estado, sociedade e a educação, considerando desta forma que para o desenvolvimento de uma nação exige-se uma educação de qualidade.
Para tanto, fez-se uma pesquisa bibliográfica e de campo com duas professoras , que exercem funções administrativas e pedagógicas no campo educacional de Itaituba. A partir da pesquisa buscou-se evidenciar a visão destas educadoras analisando-a junto às concepções educacionais de alguns autores pesquisados como Durkheim, Bauman, Foucault entre outros. Diante disso, é necessário refletir sobre as diferentes concepções acerca da educação.

2. Mas, o que é educação?

Do ponto de vista sociológico,

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine. (DURKHEIM, 1955, pp. 25.56)

De acordo com o autor, é o adulto que de certa forma desenvolve habilidades na criança, por isso, a educação é uma atuação praticada pelas crianças com intervenção dos adultos, os quais de certa maneira precisam canalizar a direção que os menores devem seguir. Dessa forma, a sociedade estará recebendo padrões inculcados em seus pais, professores e no próprio convívio social.
Dentre tantas definições, a educação pode ser entendida de acordo com Cotrim, Parisi (1982, p. 14) como "o processo pelo qual o homem através de sua capacidade para aprender, adquire experiências que atuam sobre sua mente e o seu físico". Essa concepção apresenta a educação como uma ação dinâmica, suscetível a controvérsias e paradoxos, uma vez que não garante sucesso em todas as áreas humanas.
Trazendo para uma abordagem contemporânea, o conceito de educação apresenta certa ambivalência: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta das necessidades de universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações (GADOTTI, 2000).
Partindo desta concepção, a educação desempenha um papel fundamental na vida do homem, uma vez que esta é a "mola propulsora" do desenvolvimento de uma sociedade e até mesmo é considerada por muitos estudiosos como sinônimos de ascensão social.
A palavra educação também é palavra-chave em toda a análise sociológica de Bauman principalmente quando "o eixo são as repercussões, na educação, da passagem do mundo ordenado, seguro e resolvido da modernidade sólida para a condição instável, fluida e mutante da modernidade líquida" (COSTA, 2009. p. 68).
Segundo Saraiva, (1998, p. 47), a discussão sobre contemporaneidade tem evidenciado algumas peculiaridades da atualidade, despertando em vários estudiosos a necessidade de diferenciá-los da chamada modernidade clássica e dar-lhes o estatuto de pós-modernos e com isso, pode ser estudada sob duas dimensões: o individualismo e a sociedade de consumo.
É importante ressaltar que a utilização desse termo ou atribuição de sentido de pós-modernidade não é aceito de forma unânime, mas revela uma série de transformações dentro do âmbito educacional como nas ciências, nas artes e na cultura. Mesmo assim, ainda somos considerados incapazes de relacionar passado, presente e futuro.
Vimos nos últimos anos as grandes transformações ocorridas nos diversos setores sociais, político-econômicos e cultural. No entanto, na educação, as mudanças vêm ocorrendo gradativamente em ritmo muito lento e ainda tênue. Para Nóvoa (2006) em entrevista a Revista Saber (e) Educar, são muitos os desafios da Escola no mundo contemporâneo. Assim, ele destaca dois:
Em primeiro lugar, a necessidade de construir um outro "modelo de Escola", mostrando que continuamos fechados num modelo de Escola inventada no final do século XIX e já não serve para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo: escolas voltadas para dentro dos quatro muros, currículos rígidos, professores fechados no interior das salas de aula, horários escolares desajustados, organização tradicional das turmas e dos ciclos de ensino.

Defendo, por isso, que é necessário repensar os modos de organização do trabalho escolar, desde a estrutura física das escolas até à lógica curricular das disciplinas e dos programas, desde as formas de agrupamento e de acompanhamento dos alunos até às modalidades de recrutamento e de contratação dos professores. Temos de reinventar a Escola se quisermos que ela cumpra um papel relevante nas sociedades do século XXI. (NÓVOA, 2006.p.113).

Sendo assim, a educação brasileira limitou-se, ao longo de sua história, a atender aos interesses das elites, visando formar, entre elas, os dirigentes, e tendo se voltado para o povo apenas nos limites da formação de mão?de-obra e de inculcação ideológica para direcionar a escola dos governantes (SAVIANI, 1997, p.56).
A tese de Bauman (2000b, 2001b, 2002c, 2007a) é a de que o "mundo do lado de fora" das escolas cresceu diferente do tipo de mundo para o qual as escolas estavam preparadas a educar nossos alunos. (p.65). Em concordância com esta ideia a escola não apresenta uma educação linear ao que o mundo vive na realidade. É preciso rever a estrutura organizacional, adaptando-a as reais necessidades dos educandos, bem como da sociedade vigente. Dessa forma, educação e sociedade estarão juntas em prol de uma educação de qualidade.
Dentro dessa conjectura, entende-se a necessidade de rever alguns conceitos educacionais, tendo em vista as mudanças baseadas no imediatismo contemporâneo, onde o conhecimento duradouro não é algo estático, mas está em constante transformação. Isso, ainda não foi legitimado por muitos educadores, e assim, se percebe um problema: uma prática aquém das mudanças que ainda foram somadas ao cotidiano escolar.

3. Discussão:
Neste artigo, o qual visa demonstrar como a educação vem se modificando a cada dia, assim como os desafios ocorridos ao longo dos anos provenientes do capitalismo, são apresentados dados tanto da pesquisa bibliográfica quanto da pesquisa de campo na qual participaram as professoras supracitadas em referência.
A finalidade dos dados é fazer uma analogia dos diversos discursos, ora apresentado pelos autores mencionados durante a produção deste trabalho, bem como essas incansáveis educadoras que buscam através de suas lutas uma educação de qualidade. Dessa forma, questionou-se, Qual seria o sentido da educação escolar hoje?
Nos dias atuais a educação é vista como um bem comum, uma necessidade, e como podemos dizer, a "solução" para todos os problemas. "Você pode ver nas campanhas políticas, entres os pais e professores, todos eles têm o mesmo discurso, em dizer, que a educação vai salvar o mundo, que ela vai melhorar o Brasil." Acredita-se que tendo mais escolas, professores e educação de melhor qualidade, não haverá violência, teremos menos problemas com segurança. Se pensa educação só no sentido instrumental, material, de ter mais escolas, mais professores. Isso conta também, mas não é tudo. Educação não é escola suprida como se pensa a família. Ela está no âmbito do exercício da cidadania das pessoas.
(Professora 1)

A educação vive um momento de muitas novidades no mundo da contemporaneidade e a escola assim como o professor ainda não se atentaram para isso. Espera-se muito do governo e se quer tudo pronto. Muitos reproduzem isso dentro da sala de aula, embora não generalizando. Os educadores, hoje precisam buscar informações, estar por dentro das tecnologias. E as escolas já contam com computadores, acesso à internet e outros recursos que estão disponíveis ao professor. O que precisa é aproveitar todos os momentos para que possam realmente desenvolver uma educação contemporânea e não uma educação tradicional, sem qualidade como se vê em muitas de nossas escolas.
(Professora 2)




De acordo com a professora 1, a família, os professores, a própria comunidade, assim como os políticos, usam uma linguagem uniforme quando se fala de educação, discorrendo que a educação vai salvar o mundo. Mas, será se essa ideologia é verdade ou utopia? O que se vê nas últimas décadas é sempre mais investimento em educação, qualificação de professores, bolsa-família, vale-gás, no entanto, o ideal de educação não se chega, fica apenas na "cabeça", apesar de, a cada dia haver mais pessoas com acesso gratuito a escola, não se entende o porquê da não diminuição da violência, se, ideologicamente, as pessoas estão sendo preparadas para uma sociedade de pessoas cidadãs?
Estes são questionamentos que precisam ser feitos sobre essa educação excludente, onde o currículo, o material didático não é construído pela sociedade como um todo, e sim realizada sob a ideologia de burgueses que detém a direção que o sistema deve seguir. Nessa perspectiva, a professora tem toda razão em falar que é preciso formar cidadãos capazes de poder decidir qual o paradigma de educação para o novo milênio. Enquanto isso, a professora 2, ressalta que os professores ainda não despertaram para as novidades tecnológicas oferecidas pelo mundo contemporâneo, esperam ainda, muito do governo; acabam sendo meros reprodutores do conhecimento.
Hoje, a escola está tecnologicamente informatizada, no entanto, o educador ainda não está se preparando para essas novidades. Dessa forma, todos perdem. De um lado os educandos que estão vindos cada vez mais informados em busca de professores sempre com novidades, e de outro, a sociedade com pretensos candidatos a empregos despreparados para as exigências desse mercado globalizado e competitivo.
Nessa visão, indagou-se, o que caracteriza uma educação contemporânea?

Para mim, educação contemporânea é aquela em que as pessoas fazem o que as demandas sociais estão exigindo e a própria sociedade exige. Se enquanto educador, eu me ater a transmitir um conhecimento que não condiz com a realidade e não é o que se está precisando no momento, não há uma educação contemporânea. Adequar o currículo escolar às necessidades do aluno. Educação contemporânea ainda está em seus primeiros passos, ela precisa ofertar algo diferente sabendo: o que se vai fazer? Por quê? E como?

(Professora 1)

Acredito que a educação enquanto contemporânea deveria ser uma educação diferente, ousada, criativa com novas informações, com muitos estudos, capacitação, com alunos sendo preparados para o mercado de trabalho, para pensar, refletir e modificar a sociedade.
(Professora 2)


De acordo com as professoras, educação contemporânea é aquela que precisa ser diferente, ousada, que está sendo realizada de acordo com as exigências da sociedade vigente. Ao passo que uma professora relata que o educador precisa está antenado às novidades, adequar o currículo escolar de acordo com as peculiaridades locais do discente, onde se deve questionar o que fazer? Por quê? E como? a segunda, discursa que o sinônimo de educação contemporânea é aquela na qual o educador possa instigar no educando o desejo de mudança, prepará-lo bem para o mercado de trabalho, e, a partir do conhecimento adquirido se torne possível mudar a sociedade em que está inserido.
Considerando a visão das referidas educadoras pesquisadas sobre a falta de preparação, por parte do educador, concernente às novas tecnologias do mundo globalizado, perguntou-se por que se defende uma educação de qualidade com concepções inovadoras e pensamentos atualizados se o que se vê é uma educação tradicional?

Considerando a realidade local, as pessoas que estão dirigindo o processo atualmente são de uma outra concepção de educação, de sociedade, de homem de método e esta concepção é a tradicional. Então, eles acreditam que a educação de qualidade é baseada no conteúdo, nas cópias, no enciclopedismo, sem questionamentos. Nesse caso, as brincadeiras, as discussões, a dinâmica são consideradas passatempo. A educação de qualidade desse modo é a tradicional. Aqui em Itaituba, ainda se faz um discurso deslocado da prática pedagógica. O educador não faz uma educação de qualidade por medo do diferente, embora estes já conheçam o novo discurso. Não fazem por medo de serem os pioneiros e com isso, enfrentar rejeições. Nos dias atuais o que está faltando é a ação porque a ideologia o professor já tem. Eles têm o conhecimento desse discurso, mas, nem tudo no discurso novo pode ser posto em prática sem que o educador incorpore-o e mude sua realidade particular. O educador tem que pensar no outro e ajudá-lo e não prejudicar ninguém por questões pessoais, de ambição ou competitividade. Educação de qualidade é fazer do discurso uma ação e só então exigir do outro. Pra falar de avanço temos que falar num ensino universal, onde podemos estar antenados com o conhecimento. Não se pode haver educação de qualidade se não houver um sentimento corporativo.
(Professora 1)
.
Muito se vê sobre as novas tendências educacionais, muitos teóricos estão aparecendo com boas ideias e teorias, mas dentro da escola, ainda não podemos dizer que há uma grande diferença em relação ao tradicionalismo que se apresenta de forma camuflada, diferentemente do que acontecia anteriormente através da educação bancária, da reprodução direta. Ainda vem através das formalidades do governo com professores que acreditam que não estão trabalhando uma educação tradicional e isso, é o que nos preocupa porque ainda não despertaram para movimentar a escola, a educação e modificar sua forma de trabalhar em relação ao que se tem disponível para o trabalho. De 70 a 80 % dos professores de Itaituba possuem curso superior, 30% são pós-graduados e muita gente ainda está acomodada, não muda suas práticas, não ousa, não se aperfeiçoam. Por isso, é necessário que o professor mude e deixe de ser um mero reprodutor de um modelo já preestabelecido, preso apenas ao que está nos livros, sem pesquisar.
(Professora 2)

É Notório nos discursos das professoras que muitos educadores falam em inovações, educação de qualidade, metodologias diferenciadas, mas isso fica apenas na fala, porque na prática, o que se vê é uma reprodução em massa da educação tradicional. E como diz a professora 1, "as pessoas que estão nas direções de escolas são de uma concepção de educação diferente, então, acabam refletindo nas escolas as mesmas estratégias de trabalho dos seus mestres". É mais fácil trabalhar o que já vem pronto do que inovar, pois dá trabalho, é fatigante pesquisar, passar horas e horas a frente de um computador se preocupando com a educação dos filhos dos outros. Diante disso, a educação só será de qualidade quando o educador colocar em prática sua fala.
Em razão disso, reforça Paulo Freire: Do que adianta o discurso competente se a ação é impermeável a mudança?. Além disso, a segunda professora diz que muitos teóricos estão aparecendo com concepções inovadoras, e os professores estão lendo, comentando, porém, na prática continua o tradicionalismo. Itaituba já tem em seu quadro funcional 80% dos professores formados, e isso não é tão claro na prática docente, pois do que adianta uma graduação ou até mesmo uma pós-graduação se a ação educativa continua na mesmice, como se não houvesse preparação para atuar em sala de aula?
. Dessa forma, essa ambivalência entre discurso e prática, é uma problemática para o desenvolvimento de qualquer sociedade que almeja uma educação realmente de qualidade. Assim, tendo em vista uma sociedade bem mais exigente quanto ao ensino, procurou-se saber a respeito dos critérios adotados para a seleção de profissionais visando uma educação contemporânea.

Primeiro, para selecionar seria verificar se esse profissional possui um curso de educação superior. Segundo, submetê-lo a uma prova didática para ver sua competência em trabalhar com 30 a 40 alunos ?numa realidade daqui em sala de aula ? e conseguir passar uma mensagem. Em terceiro lugar, tem de se ver a sua maturidade profissional. Ainda se observa muita falta de profissionalismo: as pessoas faltam demais ao trabalho, não planejam, deixam para ver novidades junto com o aluno, nem mesmo conhece o livro didático, faltam-lhes leituras. O professor deveria publicar algumas produções para que de fato, se perceba se o mesmo sabe ou apenas especula sobre o saber dos livros. Se fosse para selecionar o aluno, na minha concepção, o critério adotado seria por habilidades e competências e não pelo critério vigente de idade. Sendo assim, os alunos que sabem ler e escrever não ficariam na mesma sala que os alunos da mesma idade, que ainda não adquiriram esse conhecimento. O certo seria selecionar os alunos que ainda não sabem, quem ainda não teve acesso a escola. Então meia dúzia de alunos fazem as atividades proposta do jeito que o professor quer, enquanto a outra metade não consegue fazer. Neste caso, desconsidera-se a heterogeneidade presente em uma sala de aula. O professor deve insistir com aqueles que têm uma aprendizagem mais lenta. O cliente da nossa escola pública é aquele que não sabe. O bom professor é aquele preparado para dar aula a quem não sabe. Acredita-se que a criança aprende se o professor ensina bem. A família ensina os valores e a escola reafirma-os e acrescentando outros conhecimentos necessários ao desenvolvimento do aluno.
(Professora 1)

Falo com muito pesar sobre isso, porque eu, enquanto Secretária de educação, por seis anos, não conseguimos fazer acontecer os critérios de avaliação na forma como deveria ser. Existe no município de Itaituba, assim como em outros lugares do Brasil, a formalidade do direito que temos de fazer isso; avaliar o profissional dentro das escolas, mas não conseguimos fazer porque esta avaliação fica na responsabilidade do diretor escolar, e ainda, muitos deles não agem como deveriam. Não se sabe se por medo ou qualquer outra razão. Eu defendo esta seleção de profissionais. Pelo menos uma vez ao ano ou em época de lotação, deveria ser visto o currículo do servidor: se ele participa de capacitação, se procura se aperfeiçoar na sua área, o que ele tem desenvolvido na escola através de projetos, como tem trabalhado. Então, a partir do momento em que isto for observado mais profundamente, possivelmente teríamos uma educação de melhor qualidade. Uma educação que acreditamos que possa existir, uma educação real para termos uma sociedade melhor.

(Professora 2)


De acordo com as professoras é preciso uma seleção desses profissionais, onde a primeira diz que é necessário saber se este profissional possui nível superior, a partir daí, verificar o profissionalismo do educador, porque o que ocorre em muitos casos é a falta de compromisso com o processo educacional, muitos professores deixam a desejar na sua prática educativa quando faltam sem ao menos justificar, então o educando fica a mercê do comodismo, do faz-de-conta.
O professor enquanto pesquisador do conhecimento deveria publicar suas concepções acerca de seus trabalhos já realizados no âmbito educacional, dessa maneira estaria enriquecendo o seu conhecimento e com a certeza do dever cumprido. Além disso, comenta que é necessário o educador dar uma atenção especial aos que apresentam algum tipo de dificuldades, mas o que se observa é que é mais fácil trabalhar com educados que já saíram quase prontos de casa para o ambiente escolar, e não percebe que o aluno da escola pública é aquele que de certa forma vai apresentar dificuldades, e o bom professor é aquele que busca na dificuldade do educando alternativas para uma aprendizagem significativa.
É claro que a família ensina os valores, aquele conhecimento prévio, mas a escola além de reforçar, precisa instigar o prazer pelo conhecimento, e isso, ocorrerá na medida em que o próprio educador se engajar pelo sucesso de sua turma. Nessa mesma visão, a professora 2 relata que na sua gestão enquanto secretária de educação foi implantada um tipo de avaliação que em muitos casos só ficou no papel, segundo ela, alguns diretores de escola não tinham coragem de avaliar certos professores como deveria ser, afirmando que não são se sabia qual a razão do não cumprimento das exigências acerca da avaliação do servidor.
Dessa forma, a educadora ressalta veementemente, que todo servidor deveria se reavaliado pelos menos no período de lotação, a fim de saber se o mesmo participou de qualificação durante o ano, quais os projetos foram desenvolvidos durante o ano letivo, dessa forma, se estaria primando por uma educação de qualidade, aquela que todo educando tem direito.
Levando em conta os desafios da educação, Qual o perfil ideal de educador? E que cidadão queremos formar?
O perfil ideal de educador, é de alguém comprometido com a educação que se sinta vocacionado a esta prática, que não ensina só pelo dinheiro, até mesmo porque não é tão compensador, uma vez que aqui no Brasil o professor sempre foi considerado um missionário, lembrando os primeiros missionários jesuítas. Sendo assim, queremos formar cidadãos que respeitam os valores. No mundo contemporâneo esses fatores vêm se perdendo atualmente nos sindicatos. Por isso, enquanto a sociedade estiver fazendo politicagem com cargos e funções dentro da educação ela terá sempre este entrave. Os sindicatos ainda estão muito preocupados com questões supérfluas, além de serem muito desunidos. Ainda não há uma seleção de professores com essas habilidades, competências, conhecimento. Não se escolhe professores pela sua competência, mas por outros fatores às vezes políticos ou pessoais. [...] O educador não deve ter medo do aluno que questiona, ao contrário, são esses que farão o conhecimento e contribuirão com o aprendizado também deste. O bom profissional é aquele que abre espaço para discussão em sala de aula. São esses alunos participativos, críticos que devemos formar.
(Professora 1)

Sonhamos com um profissional ideal de educação: ousado, sem medo de arriscar, de buscar informações, aquele que não tem limites pra investir na sua profissão. Assim, certamente teremos um professor que acredita numa educação de qualidade, que pode acontecer, independente dos recursos que dispõem o professor. [...] só existe um cidadão que queremos formar quando temos um educador diferente daquilo que realmente vemos. O professor tradicional e fechado sem visão para as mudanças provavelmente vai reproduzir esse modelo no seu aluno. Isso não queremos.
(Professora 2)


De acordo com a reflexão das professoras, o ideal de educador seria aquele compromissado com o desenvolvimento integral de seu discente, e para ser educador é necessário ir além do salário, porque pensar apenas no dinheiro não compensa, é preciso compromisso, dedicação, ousadia, não ter limites para que o sucesso ocorra de fato em seus educandos. Hoje, os valores estão se perdendo, ainda se quer formar alunos que respeitam essa concepção de vida, porém o que se vê são educandos caminhando de encontro ao ideal esperado de educação.
Os professores ainda hoje não são escolhidos por suas competências, habilidades, mas por indicações, o que acaba prejudicando na formação de um cidadão capaz de questionar os seus direitos. O educador não deve ter medo do educando que questiona e busca novas informações, em detrimento daquelas oferecidas pelo professor, ao contrário, ele precisa valorizar esse tipo de educando, porque será ele que fará a diferença nessa sociedade injusta, excludente e preconceituosa.
Partindo das informações supracitadas, questiona-se: a educação poderia ser considerada um ato político e/ou econômico?

Sim. Político e econômico o tempo todo. O ser humano é político e a educação é um ato político. Ninguém educa sozinho, a educação acontece na coletividade, na interação com outras pessoas. Não se pode pensar a educação sem política porque ela não muda e assim continuará sempre a mesma. Não há como pensar em educação sem pensar em remuneração. É o materialismo histórico. O professor precisa se aparelhar de determinados recursos para que possa ampliar e melhorar sua prática. Nessa contemporaneidade podemos dizer que a educação é o filão da economia. Os investimentos em graduação e pós-graduação [...]. Sem economia, também a educação não progride porque vivemos numa sociedade capitalista e a educação é uma das necessidades básicas do homem o qual precisa se manter financeiramente. Assim, todos os livros, a maioria dos textos da contemporaneidade em torno da educação, fala de educação como um fazer político, um ato político, onde todos os grupos sociais têm que estar envolvidos.

(Professora 1)

A educação não pode deixar de ser um ato político e econômico. Muitos profissionais da educação dizem que o governo tem a obrigação de manter o salário em dia, fazer formação continuada, capacitações, mas esquecem que também é sua obrigação devolver esses investimentos para a sociedade, através de uma educação de qualidade, ideal. Se ele não faz isso, certamente vai deixar prejuízo para a comunidade. Um aluno reprovado é prejuízo para educação porque é investido nesse aluno o ano inteiro: na merenda, no material é investido no professor e se o professor não levar a sério esse investimento, quando chegar o final do ano e ele não tiver desenvolvido o que se propôs, certamente teremos prejuízo econômico não só na vida do aluno ou do professor, mas de toda a sociedade.
(Professora 2)

Nessa perspectiva de visão, de acordo com a concepção de Foucault, exige-se que as escolas individuais e outros estabelecimentos educacionais ajam cada vez mais de acordo com uma espécie de lógica do "mercado" competitivo no interior de um sistema inventado de formas institucionais e práticas. (SILVA, 1994, p. 220)
Desse modo, a educação é vista como um fator econômico, onde a escola nada mais é do que uma empresa capaz de gerir de modo competitivo onde os alunos são os clientes e os pais consumidores. Essa visão empresarial dentro da contemporaneidade educacional tem impulsionado cada vez mais o surgimento do que é denominado Homo economicus, isto é, na redescoberta do principal princípio da economia liberal clássica. (GORDON apud SILVA, 1994, p. 221). Vê-se a partir desta concepção a redefinição de sujeito baseadas no individualismo e a sociedade de consumo. Desse modo, perguntou-se, qual é o papel social da educação na era da informação?

A educação também tem esse compromisso. É fundamental que o professor acompanhe o desenvolvimento tecnológico, o ensino universal até mesmo porque o aluno, às vezes, tem mais acesso a essa tecnologia do que o próprio educador. E este ensino tecnológico não se refere apenas ao uso do computador, mas é mostrar para o educando o que há de ação política ao usar este computador. Antenar-se com o que está acontecendo no mundo. [...] Assim, o professor pode utilizar a charge, o filme, e trazer para sala de aula, até mesmo comprar livros pela internet. Os professores ainda são o conjunto responsável pela comunicação. São eternos pesquisadores e o aluno percebe quando o professor não é comprometido com uma educação de qualidade.
(Professora 1)

A educação é a base de tudo. O professor é o responsável de estimular a busca do conhecimento por parte do aluno. Ele também tem que se dispor a conhecer, e até por obrigação, a fim de ajudar e direcionar o aluno. Não se consegue pensar a educação sem a informatização. O professor deve despertar para isso. Até porque a internet, por exemplo, é uma porta aberta para o conhecimento, onde você pode conhecer as diversas áreas do conhecimento, inclusive orientá-los sobre os pontos positivos e negativos quanto ao uso da internet de modo correto, e, os professores e os pais são responsáveis por isso. O educador tente acompanhar essas inovações no mundo contemporâneo.
(Professora 2)

É inegável a contribuição do uso da tecnologia em beneficio de um ensino de qualidade. A difusão das novas tecnologias tem possibilitado um acesso maior ao conhecimento, principalmente ao que se refere ao uso da internet. Por isso é tão importante exigir esse conhecimento do professor que precisa se atualizar com essas mudanças a fim de enriquecer sua prática. Além disso, as educadoras são veementes quanto ao uso da tecnologia no âmbito educacional, pois o educador deve está sempre antenado com os desafios proposto pela era da informação. Sendo assim, estará preparado para ensinar esses educandos informatizados sempre em busca de novos conhecimentos e fazer desse meio informativo um aliado para uma aula prazerosa, dinâmica e respeitadora dos limites de cada educando.


Considerações finais

Uma ideia semelhante observada no decorrer dos estudos realizados para o desenvolvimento deste trabalho refere-se à dissociação entre discurso e prática docente dentro das concepções de educação na contemporaneidade, que tem se tornado cada vez mais competitiva, dadas as exigências do próprio mercado de trabalho. Com isso, vem se desenvolvendo o individualismo, característico dessa postura mercantilista em que o aluno é o principal cliente dessa empresa que é a escola.
Desse modo, se observa que ainda há uma preocupação tangente com a quantidade em detrimento da qualidade. Verifica-se também que muitos educadores não estão preparados para enfrentar essa quebra de paradigmas educacionais nos quais estão envolvidos há muito tempo na carreira profissional.
Nesse sentido, percebe-se nos discursos das professoras em analogia com as discussões teóricas, uma visão holística acerca da Educação na contemporaneidade, onde é preciso passar por desafios ainda mais consistentes para se ter um ideal de educação ou corrente ideológica, pois o que se vê é um emaranharado de informações mediante uma sociedade ainda sem direção sobre o que ensinar? Como ensinar? Por que ensinar? E que tipo de cidadão está sendo formado para essa sociedade sem uma identidade específica. Sendo assim, as futuras gerações estarão sempre à mercê de um capitalismo que visa o lucro, e que de certa maneira deturpa a qualidade da educação no âmago dessa sociedade excludente.
Dessa forma, é preciso a criação de políticas públicas que vise uma educação diferenciada daquela, cujo interesse favorece apenas um terço, a própria classe dominante existente nesta sociedade. Além de novas tecnologias, informações de ponta, é preciso uma estrutura organizacional que realmente evidencie que tipo de educação devemos ensinar e aprender na contemporaneidade.


Referências

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ALMEIDA, Djalmira de Sá. Educação na contemporaneidade. Itaituba. 2010. 1 cassete. Gravador (90 min.) estéreo. Entrevista concedida aos acadêmicos Diomark Pereira de Araújo e Domiciane Araújo Azevedo.

COIMBRA, I. Educação Contemporânea E Currículo Escolar: Alguns Desafios Disponível em: http://www.fja.edu.br/candomba/2006v2n2/pdfs/IvaneDantasCoimbra2006v2n2. pdf

COSTA, Marisa Vorraber. Zygmunt Bauman: compreender a vida na modernidade líquida. Revista Educação: autores e tendências ? Pedagogia Contemporânea. São Paulo, Vol. 1. P. 68 ? 70, setembro . 2009.


DURKHEIM, Émile, Educação e sociologia, trad. Lourenço Filho, Edições Melhoramentos, São Paulo, 4ª ed., 1955, pp. 25.56. Disponível em: http://www.ufrgs.br/tramse/pead/textos/durkheim.pdf 00:13 min.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Ed. Artes
Médicas, 2000.

OLIVEIRA, Eliene Nunes de. Educação na contemporaneidade. Itaituba. 2010. 1 cassete. Gravador (90 min.) estéreo. Entrevista concedida aos acadêmicos Diomark Pereira de Araújo e Domiciane Araújo Azevedo.

SARAIVA, José Eduardo Menescal. Do Individualismo Moderno ao Narcisismo contemporâneo: a produção da subjetividade na cultura do consumo. In: SOUZA, Solange Jobim e. (org.). Subjetividade em questão: a Infância como crítica da cultura. ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007, v. 1, p. 49.

SILVA, Tomaz Tadeu da, (org.). O sujeito da Educação: estudos Foucaultianos. Editora vozes. p. 220, 221. Ano 1994.


Autor: Diomark Pereira De Araujo


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