EXCEPCIONALIDADE




Texto: Maria Helena Silva*
Numa visão inclusiva consideramos, que todo aquele que foge dos parâmetros, e padrões estabelecidos pela sociedade é excepcional ? é um ser diferente.
Excepcionalidade, não é um fenômeno que resida exclusivamente no indivíduo ? naquela família, mas um acontecimento que ocorre em determinada família inserida naquela sociedade, considerando-se que:
A pessoa como um todo é um ser humano, que não apenas raciocina, deduz e abstrai, mas alguém que:
o Sente;
o Emociona-se;
o Deseja;
o Imagina;
o Sensibiliza-se, etc.

ETIOLOGIAS

(O que provoca a excepcionalidade, quais fatores provoca tais dificuldades?)
Tratamos aqui da excepcionalidade causada pelas perdas em conseqüência de: doença, síndrome, trauma ou anormalidade na estrutura ou função do órgão ou conjunto de órgãos responsáveis pelo ato do enxergar melhor, ouvir bem ou locomover-se sem problemas. Tais impedimentos podem resultar numa limitação do desempenho normal de determinada atividade ? uma dificuldade nas capacidades ou habilidades, nas áreas:
v Psicológica e cognitiva (deficiência mental, distúrbios de comportamento, etc.);
v Sensorial:
? Deficiência visual, desde a:
o Baixa Visão (com resíduo visual);
o Amaurose (perda visual total).
? Deficiência auditiva:
o Leve;
o Moderada;
o Severa.
? Surdocegueira ? comprometimento em diferentes graus dos sentidos receptores da distância (audição e visão), cuja combinação de comprometimentos acarreta sérios problemas de:
o Comunicação;
o Mobilidade;
o Informação. E suscita urgências do ponto de vista sensorial e educacional, quanto ao (as):
§ Adaptações curriculares e metodológicas;
§ Desenvolvimento da comunicação;
§ Trabalho efetivo das técnicas de locomoção (Orientação e mobilidade).
v Fisiológica ou anatômica:
? Dificuldade na capacidade de locomoção;
? Dificuldade Psicomotora:
o Movimentos amplos;
o Motricidade fina.


CONSEQUÊNCIAS

A gravidade das dificuldades é diretamente proporcional aos fatores sociais, culturais, educativos, etc., podendo se constituir num comprometimento mais profundo, limitando-o (a), impedindo-o (a):
o Ao acesso direto à palavra escrita à tinta;
o Palavra falada;
o Aquisição de conceitos;
o Mobilidade independente;
o Interação e acesso a lugares bens e serviços;
o Controle do ambiente como um todo.

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CONFIGURANDO-SE:

Dificuldades, que quando não são de origem congênita são adquiridas em conseqüência de acidentes gerais, e para superação destas, há necessariamente que toda sociedade esteja envolvida neste processo social.
Há necessidade que todos os direcionamentos da sociedade estejam engajados, uníssonos, comprometidos com políticas públicas de qualidade na promoção da acessibilidade para todos e para todas.


REFLEXIONEMOS!

SE NOS IMAGINARMOS POR ALGUNS SEGUNDOS SEM CONSEGUIRMOS:

Sem enxergar com a luz dos olhos? Como nos sentiríamos pessoas cegas?
O caso da surdocegueira, que além de não enxergar também não ouve;
fato, que também é uma realidade!
Como nos sentiríamos com uma dificuldade motora, anatômica? Como nos sentiríamos se fôssemos cegos (as), surdos (as) ou surdocegos (as)? Se tivéssemos dificuldade em raciocinar melhor?
Surdocegos? E existe essa variedade de deficiência no planeta? Afirmo: existe, sim. É só sermos capazes de lançar um olhar atento em nosso redor e logo estaremos descobrindo. Descobrindo para de alguma forma ajudá-los (as).


OS DIREITOS

(Que direitos são esses?)

v Direitos à educação;
v Esporte;
v Lazer... de igual forma;
v Direitos de ir e vir...;
v Direitos de opinar na comunicação de que é capaz e de se colocar como cidadão perante a sociedade...;
v Direito de agir e interagir na sociedade como um todo;
v Direito de ser entendido, compreendido e suas necessidades educacionais no âmbito da educação geral, atendidas e suplantadas.


SER DIFERENTE

(por excelência e por natureza)

Você se coloca na posição de um "ser diferente?"
O que é ser diferente? Quem é o diferente?
O que o faz diferente?
Você é diferente?
Você é igual a outro ser humano?
O que entendemos quando atribuímos ao outro, o termo diferente?
Talvez sejam diferentes sim. Diferentes, pelo encorajamento na luta pelos seus direitos. Dando-nos exemplos, mostrando-nos o caminho! Pois, ter uma dificuldade ? ser diferente não significa dizer que seja limitado e incapaz...
Na sociedade ouvimos pessoas dos mais diferentes níveis sociais, culturais ou crenças religiosas, cognominar por diferente, pessoas com algum tipo de deficiência sensório, motora, ou cognitiva.
Mas, na realidade o que é ser diferente? Diante das diversidades de dons, especificidades e dos mais variados tons e coloridos, quem é esse outro, que dizemos ser diferente. Afirmamos ser limitado?
Dizemos ser "incapaz, por não dominar uma cultura,
que fundamenta seu saber nos padrões e paradigmas estabelecidos por uma sociedade, cuja cultura é centrada nos ditames de um código de linguagem falada e escrita da maioria!
Código este, letrado e escrito à tinta para a leitura da maioria, esquecendo-se algumas vezes do respeito que se deve ter pela diversidade das culturas, e das formas de ensinar, aprender e as diferentes maneiras para a aquisição deste saber!".


A QUEM PERTENCE A DEFICIÊNCIA, A LIMITAÇÃO?

Em nosso particular entender, a deficiência pertence a uma maioria que não se preparou para compreender e aceitar. Aceitar, para nessa aceitação conviver, e nesta convivência aprender as diferentes formas de ensinar e aprender a ensinar.
Aceitar o ouro, para descobrir na convivência as habilidades apreendidas por estas pessoas e para a partir desta descoberta traçar as estratégias de ação para ajudar estas pessoas, conforme suas características ? características de uma minoria. Você é inteiro por completo? Completo, sem nenhuma limitação?



ACEITAR O OUTRO, E FAZER A ESTE O QUE GOSTARIA QUE FOSSE FEITO A SI PRÓPRIO, É CONDIÇÃO NECESSÁRIA.


ENTENDAMOS...

A Minoria. Minoria, mas que no cotidiano da vida demonstra a superação das dificuldades no enfrentamento pelos seus direitos sociais iguais aos que se dizem maiorias ? nós outros.


O SER HUMANO É DIFERENTE POR NATUREZA

E é por excelência um ser diferente, quando demonstra no cotidiano da vida seu potencial na capacidade de ser ? fazendo a diferença. Sendo:
v Ser dinâmico que, se desenvolve como um todo, entendendo estar inserido num contexto social, familiar, comunitário, que envolve crenças, costumes, culturas, ambiente histórico-geográfico, físico, etc.;
v Ser único e indivisível ? cada um com suas características e especificidades ? diferentes do outro;
v Ser, que requer adaptações constantes, e profundo conhecimento de sua individualidade, para um posterior e seqüencial desenvolvimento das capacidades e habilidades, de forma que se lhes oportunizem o conhecimento e desenvolvimento dos valores, símbolos, signos da sua cultura, e assim possa garantir:
? O pleno desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando princípios norteadores da unicidade, capacidades, máxima de participação, e relações interpessoais apropriadas para cada ser;
? A acessibilidade e reestruturação dos meios adequados em prol do desenvolvimento de suas potencialidades em todos os direcionamentos e instâncias: sócio, cultural, filosófico, político e pedagógico, na construção e reconstrução progressiva em busca da superação das dificuldades de cada ser que se caracterize como tal;
? Acolhimento às pessoas com necessidades educacionais especiais, a fim de beneficiarem-se da programação curricular, respeitando o seu nível e ritmo de aprendizagem;
? Atendimento, segundo as características e necessidades individuais, entendendo e reconhecendo que a escola é por excelência, o local ideal para o (a):
o Sociabilização ? possibilitando sua integração no coletivo, como ser humano que é;
o Convivência ? para nesta convivência, aprender e descobrir as inúmeras possibilidades para o pleno desenvolvimento das potencialidades, até então adormecidas ? Incluindo-o;
o Inclusão ? para convivendo em conjunto: família ? escola ? família, aprenda em conjunto a viver em comunidade, e, nesta convivência se encontre o meio, se invente o caminho para o desenvolvimento e maturação das potencialidades, numa parceria e efetivo trabalho;
o Inventar ? criar o caminho a ser trilhado para a superação das dificuldades, em busca do desenvolvimento pleno das habilidades básicas para o domínio das informações da educação geral, porque ser diferente é ser normal.


... FAVORECENDO A ACESSIBILIDADE...



PROMOVENDO...



ACOLHIMENTO, CUJA INCLUSÃO NÃO CONSISTA APENAS EM INSERIR PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NO CONTEXTO SOCIAL, ESCOLAR E COMUNITÁRIO, MAS REPRESENTE A OUSADIA DE REVER CONCEPÇÕES E ANTIGOS PARADIGMAS;



ATENDIMENTO CAPAZ DE DESENVOLVER O POTENCIAL DESSAS PESSOAS, RESPEITANDO SUAS DIFERENÇAS E ATENDENDO SUAS NECESSIDADES, NUM REDIMENSIONAMENTO DE RESPONSABILIDADES E RELAÇÕES, QUE POSSIBILITEM A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS INCLUSIVOS NA CAMINHADA PELA SUPERAÇÃO DE SUAS DIFICULDADES.



"A CONSTRUÇÃO DA INCLUSÃO DEVE ESTAR INTRÍNSECA NO SEIO DA FAMÍLIA, NA COMUNIDADE, NAS AGÊNCIAS SOCIAIS DE EDUCAÇÃO E SOBRETUDO, NA ESCOLA SIGNIFICANDO A CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO FORMADORA DOS VALORES DE JUSTIÇA, VALORIZAÇÃO SOCIAL ? RESPEITO À DIVERSIDADE DE PENSAR E DE CONHECER, MODOS DE SABER E APRENDER, EM BUSCA DE IGUALDADE, DIGNIDADE HUMANA ? FRATERNIDADE UNIVERSAL".

* * *

Nesse ínterim, torna-se imprescindível sensibilidade humana intrínseca, para enxergar o outro como na realidade o é. Compreendendo, respeitando, conforme suas características e individualidade. Considerando-o como pessoa única e indivisível ? potencial de habilidades dos mais variados dons e tons, especificidades e especialidades.



ASSUMINDO A CONSCIÊNCIA DE QUE ACESSIBILIDADE, ANTES DE SER UM DIREITO É UM DEVER. É UM COMPROMISSO DE TODOS OS DIRECIONAMENTOS DA SOCIEDADE PARA TODOS E PARA TODAS AS PESSOAS COM NECESSIDADES EDUATIVAS ESPECIAIS!



DECRETO 5296, DE 02/12/2004, QUE ESTABELECE NORMAS GERAIS E CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE.















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* Maria Helena Silva ? professora especialista em Deficiência Visual e Mental com experiência na interação de sala de aula com pessoas acometidas por deficiências: visual, mental e surdocegueira no Estado de Sergipe.

Autor: Maria Helena Silva


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