INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA: Utopia ou realidade?
A inclusão digital surgiu para que muitas pessoas tivessem oportunidades de terem acesso ao mundo digital. É através dela que muitas pessoas conseguiram ter acesso ao computador, seja através da escola, programas do governo ou parcerias com universidades. A inclusão digital significa antes de tudo melhorar as condições de vida das comunidades através da tecnologia.
"Chico Science já dizia que os computadores fazem a arte. Os especialistas concordam e acrescentam: também fazem cidadania?? Hoje, quando se fala de inclusão digital, na verdade se está referindo à utilização dos recursos oferecidos pela informática a todas as pessoas, sem distinção de sua classe socioeconômica. Na educação, a inclusão digital consiste na utilização dos recursos tecnológicos, propiciados pela informática, como mais um instrumento que auxilie no processo da educação.
A informática propicia à educação uma via de mão de dupla, ou seja, ao mesmo tempo em que ela auxilia o professor e o aluno, no processo de ensino-aprendizagem, ela traz a possibilidade do próprio professor e aluno de se educar, aprimorar, descobrir, entre outros. Este trabalho vem mostrar através de pesquisa realizada em escolas públicas se realmente o que se fala sobre inclusão digital, principalmente nas escolas está sendo realizado.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Apesar de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em vigor desde 1996, já preconizar a necessidade da "alfabetização digital" em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior, o censo escolar do Ministério da Educação (MEC), realizado em 1999, revelou que apenas 3,5% das escolas de ensino básico tinham, naquele ano, acesso à Internet, e cerca de 64 mil escolas do país não tinham sequer energia elétrica. Nos últimos anos, esse quadro está mudando, com iniciativas governamentais a nível federal, estadual e municipal, além de apoios privados e do terceiro setor, mas a exclusão digital nas escolas brasileiras ainda é grande.
A inclusão digital é um meio de fazer com que a sociedade possa ter conhecimento mínimo para fazer bom uso das tecnologias da informação e da comunicação, tendo recursos físicos como computadores e acesso à Internet. É um assunto que interessa muita gente, governo, empresas, o problema é a falta de investimentos para que projetos sejam implantados.
Uma das iniciativas tomadas pelo governo é a de que nas escolas públicas tenham laboratórios de informática para fazer com que os alunos tenham acesso a outros métodos de pesquisas bem como utilizar esse recurso para serem implantados em aulas como de matemática, ciências entre outras.
Mesmo com o aumento de computadores nas escolas públicas a cada ano, a pesquisadora Neide de Aquino Noffs, da faculdade de Educação da PUC-SP diz que "a inclusão digital nas escolas não é uma realidade. O laboratório de informática existe, mas não é usado com freqüência. Não é uma atividade rotineira para os alunos; não é como a biblioteca que fica aberta o tempo todo". Afirma Noffs.
Portanto, se não é uma atividade rotineira para os alunos, temos então uma espécie de discriminação digital, que pode ser menos de ordem material de acesso a equipamentos, por exemplo, do que a pobreza do ambiente escolar, cuja linguagem não se coaduna com os desafios digitais fora da escola. Mal preparada, a escola continua à revelia da realidade digital. O aluno perde a oportunidade de aprender a "ler a realidade", incidindo em outro nível da discriminação digital: embora possa saber lidar com ela, não a sabe ler, no sentido de compreender, interpretar, reconstruir. Não sabe pensar os desafios de uma sociedade e economia informacionais (Lash, 2005).
O analfabetismo digital vai se tornando, possivelmente, o pior de todos. Enquanto outras alfabetizações são mero pressuposto, a alfabetização digital significa habilidade imprescindível para ler a realidade e dela dar minimamente conta, para ganhar a vida e, acima de tudo, ser alguma coisa na vida.
Segundo pesquisa da UNESCO (UNESCO, 2004), é muito elevado o número de docentes que não possuem acesso digital: quase 90% nunca participavam de lista de discussão através do correio eletrônico, quase 60% nunca usavam correio eletrônico, perto de 60% nunca navegavam na internet, por volta de 54% nunca se divertiam com seu computador. Vejamos no quadro 1 a seguir:
Acessos digitais Diariamente 3 ou 4 vezes por semana 1 ou 2 vezes por semana A cada 15 dias Nunca
Participa de lista de discussão através do correio eletrônico 1,5 1,6 2,6 4,9 89,3
Usa correio eletrônico 9,1 8,4 10,5 12,4 59,6
Navega na internet 7,3 8,9 12,6 12,7 58,4
Diverte-se com seu computador 9,9 9,3 14,6 12,4 53,9
Quadro 1 - docentes que não possuem acesso digital (Fonte: UNESCO, 2004)
Portanto, a inclusão digital na escola depende, em grande medida, da qualidade docente, no sentido de que os professores precisam enfronhar-se definitivamente nesta seara, o que, em geral, a pedagogia e a licenciatura não fazem, sem falar nas condições socioeconômicas adversas.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada na cidade de Cáceres-MT em quatro Escolas sendo: duas da Rede Municipal de Ensino e duas da Rede Estadual de Ensino, no segundo semestre do ano de 2008. Para a coleta de dados foi organizada uma entrevista com perguntas fechadas, onde teve como finalidade obter informações sobre o funcionamento dos laboratórios de informática nas escolas em relação à inclusão digital. Os dados foram organizamos da seguinte forma: as duas escolas do Município terão como identificação de EM1 e EM2, e as duas escolas do Estado serão identificadas de: EE3 e EE4.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao analisar os dados foi possível constatar como se encontra o investimento em tecnologia feito para atender a escola pública. No quadro 2 será demonstrado como funciona os laboratório em cada escola.
Escolas Laboratório/Equipamentos Funcionamento Funcionário da área/ Professor Recursos
EM1 30 Computadores Não está funcionando Não tem Parceria EADCOM
EM2 14 Computadores Funciona em horários alternados Os dois Projeto do Governo Federal e Parceria com a Prefeitura Municipal
EE3 10 Computadores Conforme necessidade de cada professor Os dois PROINFO - MEC
EE4 10 Computadores Matutino e Vespertino Professor Governo Estadual
Quadro 2 ? Funcionamento dos laboratórios
Das escolas entrevistadas três laboratórios funcionam diariamente e todos os alunos têm acesso aos computadores com Internet, sendo que em duas escolas, uma municipal e uma estadual contam com profissionais da área de informática. A outra escola, também estadual, tem um professor, mas não é formado na área de informática.
Nesta entrevista pude perceber que das quatro escolas apenas uma, a que tem maior quantidade de computadores (30 máquinas funcionando) o laboratório não pode ser usado por falta de um profissional de informática. Essa escola é municipal e o laboratório foi montado com parcerias do Governo Federal com o a Administração Municipal e uma Faculdade particular.
A pesquisa permite ver que as escolas estão sendo equipadas para que o mundo digital chegue não só para os alunos como também para comunidades carentes, como é o que acontece em uma das escolas entrevistadas. Entretanto, o que mais se fala é da falta de projetos e profissionais na área de informática para dar suporte para os outros professores. Isto pode melhorar através da capacitação de professores e de cursos montados pelo próprio governo.
Dentre as escolas entrevistadas uma tem o laboratório montado, mas não tem professor capacitado para dar aula e por isso o laboratório está fechado.
Portanto, uma das dificuldades apontadas na nossa realidade é a falta de profissionais da área da informática. É um fator preocupante descobrir que uma escola tem o laboratório, e não funciona justamente por falta de um profissional. Já nas outras escolas o laboratório de informática funciona como fonte de pesquisa e auxílio nas aulas, bem como em uma delas a comunidade também pode usufruir dessa conquista.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande desafio da inclusão digital nas escolas não reside apenas na aquisição dos equipamentos e recursos tecnológicos, é necessário realizar a capacitação do educador, para que o mesmo possa desenvolver, ele próprio, a utilização da informática como ferramenta didática, sem necessitar de intermediários e assim orientar seus alunos no manuseio das informações no meio digital.
Assim, acreditamos que na busca da inclusão digital, o uso da Internet de modo contextualizado contribuirá para a formação de sujeitos críticos e reflexivos que através da apropriação tecnológica serão capazes de intervir em suas comunidades provocando crescimento social através de mudanças comportamentais perante a tecnologia e a aquisição de conhecimento
Portanto, como esta pesquisa foi realizada a fim de saber se a tecnologia digital está chegando até as pessoas, constatamos por fim que sim, mas, nas comunidades carentes, em um ritmo lento. Ainda há uma desigualdade muito grande, pois nem todos têm condições de possuir computador e Internet em casa, ou ainda, participar de cursos de capacitação em informática, mas aos poucos isso está mudando.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Inclusão Digital no Brasil. Disponível em: http://imasters.uol.com.br/artigo/5004/a_inclusao_digital_no_brasil>. Acesso em: 13 nov. 2008.
DEMO, P. O charme da exclusão social. Campinas: Autores Associados, 1999.
Inclusão digital: o que é e a quem se destina? Disponível em: http://webinsider.uol.com.br/index.php/2005/05/12/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-destina/. Acesso em: 13 nov. 2008.
Inclusão digital no Brasil é ruim, diz estudo. Disponível em: http://info.abril.com.br/aberto/infonews/082007/08082007-17.shl. Acesso em: 13 nov. 2008.
Programa 1008 - Inclusão Digital. Disponível em: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/42303.html. Acesso em: 13 nov. 2008.
UNESCO. O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam. São Paulo: Moderna, 2004.
Autor: Ana Paula Silva
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