CONTEXTO DA EDUCAÇÃO NOS DIAS ATUAIS.







*Ana Cláudia Cardoso Santos.

Nos anos 90 foi realizado a Conferência Mundial da Educação para todos em Jomtien na Tailândia, tendo como principais responsáveis a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e o Banco Mundial. Participaram da Conferência várias representações mundiais como: Organizações não governamentais, órgãos responsáveis pela Educação, 155 governantes do mundo inteiro e diversas Agências Internacionais. Todos envolvidos na Conferência assinaram a Declaração de Jomtien que se comprometiam em garantir a Educação Básica de qualidade para as crianças, jovem e adulta. Entre alguns países, o Brasil, assim como China, Blangladesh, Paquistão, Índia, Indonésia, México, Egito, Nigéria firmaram o compromisso, principalmente por estarem entre os nove países com maior taxa de analfabetismo. De acordo com Sasaki (2006, p.51):

O Brasil, juntamente com os nove países que apresentaram maior taxa de analfabetismo do mundo, foi levado a desencadear ações para a consolidação dos princípios acordos na Declaração de Jomtien. Comprometeram-se a impulsionar políticas educativas articuladas a partir do Fórum Consultivo Internacional para a Educação para todos ( Education for All, EFA), coordenado pela UNESCO que, ao longo da década de 1990, realizou reuniões regionais e globais da de natureza avaliativa.



Estas ações foram discutidas, pois naquele período em todo o mundo tinha cerca de novecentos milhões de adultos analfabetos e cerca de cem milhões de crianças fora da escola, muitas delas ainda tinham que trabalhar para sustentar suas famílias. Foi por meio da Declaração de Jomtien que desencadeou o interesse de todos os países para assegurar a educação básica como o foco, por isso, criou-se metas e compromissos que fossem realmente iniciadas no ano de 2000.
O compromisso dos cento e cinquenta e cinco países envolvidos deveria atender e cumprir as principais exigências de aprendizagem das crianças, jovens e adultos, assim como os valores e atitudes indispensáveis aos indivíduos para suprir suas necessidades básicas que se enquadra em sete pontos importantes. De acordo com Sasaki (2006, p.52) as necessidades básicas são:

1-Sobrevivência; 2-o desenvolvimento pleno de suas capacidades; 3-uma vida e um trabalho digno; 4-uma participação plena no desenvolvimento; 5-a melhoria qualidade de vida; 6-a tomada de decisões informadas; 7-a possibilidade de continuar aprendendo.


Cada país deveria cumprir estas necessidades de acordo com a cultura de cada local fazendo suas adaptações. Conforme mostra Sasaki (2006, p.52):

1-expansão da assistência e das atividades de desenvolvimento da primeira infância inclusive a intervenção da família, da comunidade, especialmente para crianças pobres, desassistidas e impedidas;2-melhoria dos resultados da aprendizagem;3-redução da taxa de analfabetismo dos adultos a metade do total de 1990 até o ano 2000 e modificações de desigualdades entre índices de alfabetização entre homens e mulheres;4-ampliação dos serviços de educação básica e de formação para outras competências necessárias a jovens e adultos, avaliando-se os programas em razão da modificação da conduta e do impacto na saúde, no emprego e na produtividade;5-aumento por indivíduo e família, dos conhecimentos, capacidades e valores necessários para viver melhor e para conseguir em desenvolvimento racional e sustentável por meios de canais da educação ? incluídos meios de informação atuais, outras formas de comunicação tradicionais e modernas, e ação social - avaliando a eficácia dessas intervenções pela modificação de conduta.


Pelas cinco metas discutidas na Conferência Mundial da Educação é preciso que haja o cumprimento principalmente pelos noves países (E-9): Brasil, China, Blangladesh, Paquistão, Índia, Indonésia, México, Egito, Nigéria que apresentavam taxas de analfabetismo. Por isso, assinaram uma Carta que criasse condições para o cumprimento daquelas.
Depois da Conferência Mundial vieram as exigências para que se cumprissem tudo que foi firmado. Por esta razão, a UNESCO, convidou profissionais de todo o mundo para fazer parte da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI tendo como principal mediador o Francês Jacques Delors. A Comissão mostrou o verdadeiro papel da educação de acordo com a necessidade de cada país. Daí criou-se o Relatório Delors entre os anos de 1993 e 1996 que mostrava a educação de vários países para poder revisar as suas políticas educacionais. O Relatório na verdade serviu para mostrar o papel da educação e suas contribuições na sociedade. Ainda enfocou a preocupação com a formação do professor, pois este é o principal mediador para que haja aprendizagem. Além disso, o Delors mostrou quais as variáveis que causam as desigualdades socais como, por exemplo, é o caso do desemprego e a exclusão social. Ainda mostrou as possíveis soluções para serem cumpridas neste século. Como mostra Sasaki (2006, p.54):

1- Tornar-se cidadão do mundo, mantendo a ligação com a comunidade;
2- Mundializar a cultura preservando as culturas locais e as potencialidades individuais;
3- Adaptar o indivíduo às demandas de conhecimento científico e tecnológico-especialmente as tecnologias de informação, mantendo o respeito por autonomia.
4- Recusar as soluções rápidas em favor das negociações e consensos;
5- Conciliar a competição com a cooperação e a solidariedade;
6- Respeitar tradições e convicções pessoais e garantir a abertura ao universal;


Para o relatório Delors o principal causador das desigualdades sociais foi decorrente progresso que excluiu grande parte da população mundial.
O documento foi chamado "Educação - um tesouro a descobrir" organizado pela Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI destinado a UNESCO propunha a discussão de uma educação planetária, que rompesse os modelos tradicionais e buscasse novos conhecimentos. Para tal, o documento sugeriu uma Educação Mundial que mostrasse para as crianças e os adultos conhecerem a tamanha desigualdade social que ocorre no planeta e se prepararem para ela. Além disso, sugeriu aos professore a pensarem numa educação holística que versasse: o planeta terra e sua ecologia; o amor e a cooperação; redução dos combates religiosos; eliminação do analfabetismo. E ainda que se preocupasse com um novo conceito de educação, ou seja, para o resto da vida que enfocasse a profissionalização, a cultura e o lazer e que fosse divulgada pelos meios de comunicação como um auxiliador da aprendizagem.
O relatório ainda enfocava a educação básica como sendo a principal para a formação dos indivíduos para isso será preciso que se incorporem novos conhecimentos e que se cumprissem certas competências: leitura, escrita, expressão oral, cálculo, resolução de problemas. Já nas questões comportamentais a educação deveria enfocar valores, aptidões e atitudes. Para isto sugeriu que a educação básica seja iniciada dos três anos até aos doze anos. Assim diz Sasaki (2006, p. 55):



O documento recomenda, ainda, a educação básica dos 3 aos 12 anos, direcionando um cuidado distinto às mulheres, população rural, pobres urbanos, minoria étnicas e crianças que trabalham.O relatório sugere um sistema de ensino flexível, apto a oferecer uma diversidade de cursos, possibilidade de transferências entre as modalidades de ensino e novas formas de certificação.



O relatório ainda mostrou os quatro pilares da educação para organizá-la com ética e coerência. São eles: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Conforme mostra Lima (2006, p.11):

A educação para atender a este desafio há de considerar os quatro níveis em que se mobiliza a estratégia da educação, ?organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que ao longo de toda a vida, serão de algum modo para o indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer isto é adquirir os instrumentos de compreensão, aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em toda atividade humana; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS; 89/90).


Mas estes quatros pilares só serão atendidos de fato, na educação quando todos tiverem o compromisso de envolver-se diretamente ou indiretamente para compreender, agir diante das transformações na sociedade e entenderem a importância da participação dos indivíduos nas tecnologias da informação, da comunicação, ou seja, sem exclusão e desigualdades sociais.
Sendo assim para atender as exigências educacionais na contemporaneidade é preciso que todos ainda se preparem para ver essa nova realidade no aspecto histórico e cultural dos problemas seculares que sempre prejudicaram o sistema de ensino como: evasão, repetência, falta de condições de trabalho, a deficiente formação dos educadores no nível acadêmico e sua atualização através de cursos de formação e o distanciamento que há entre as teorias aprendidas com a prática em sala de aula, sem contar ainda os programas curriculares impostos pelo autoritarismo pedagógico, que na maioria das vezes são distantes da realidade social e cultural do alunado.











REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.


LIMA, Zilma Elma de Melo-Organização do Trabalho Pedagógico ? Aracaju.

SASAKI, Karen - Abordagens Sociopolíticas da Educação-Salvador: FTC Ead, 2006.

http://www.diaadia.pr.gov.br/nre/loanda/arquivos/File/Implicacao_Jacques_Delors.pdf



Autor: Ana Claudia Cardoso Santois


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