Memória E Envelhecimento



Quem nunca esqueceu nada que atire a primeira pedra! A descoberta bases biológicas do funcionamento da memória têm sido uma das principais preocupações das Neurociências. Mas o que é memória? Para nós, memória nada mais é do que a capacidade que temos de reter e recuperar informações e, com isso, alterar nosso comportamento em função de experiências anteriores. Porém, antes de continuarmos nossa discussão, é importante lembrar que o cérebro funciona como um todo, a partir de regiões especializadas no processamento de diferentes tipos de informações. Sendo assim, o 'armazenamento' de informações depende de alterações na estrutura e na função de células nervosas, bem como de suas conexões, em diferentes regiões do sistema nervoso. Ou seja, nosso cérebro possui uma certa 'plasticidade'. Porém, essa plasticidade (neural e comportamental) varia com a idade. Ou seja, quanto mais velhos, menor a capacidade de ocorrerem alterações. Por isso, consideramos a memória como o melhor marcador biológico para o envelhecimento. Porém, apesar de causar transtornos, o esquecimento é normal em qualquer idade; ou seja, somos passíveis de sofrer 'amnésia', que nada mais é do que a falta ou falha da memória, em geral, da chamada memória declarativa, ou seja, aquelas lembranças relacionadas a fatos, eventos, pessoas, etc. Os problemas de memória são os mais comuns nos consultórios médicos, porém, devemos distinguir os quadros circunstanciais em decorrência de stress dos quadros realmente patológicos. Entre as principais causas das amnésias podemos destacar o stress; a depressão, que é mais freqüente; até demências mais graves como o mal de Alzheimer. Mas não é só isso! Também o mal de Parkinson nos seus estágios mais avançados; a dependência crônica e grave de álcool, cocaína e de outras drogas; as lesões vasculares; o traumatismo craniano repetido (no boxe por exemplo) e a exposição a metais pesados por longo período (mais de vinte anos) estão entre as causas das amnésias. É importante salientar que com menos de 50 anos de idade, temos uma probabilidade mínima de ter uma disfunção orgânica relativa à memória, com exceção dos casos em que houve exposição a metais pesados. Em indivíduos com mais de 50 anos existe a possibilidade de aparecer várias condições patológicas que podem ser associadas a alterações de memória. Entre 50 e 60 anos de idade aumenta a possibilidade de Alzheimer e arteriosclerose. Em casos mais graves, pode haver a perda de memória de procedimentos, a qual está relacionada a nossas habilidades motoras. Um complicador a mais é o acúmulo de perdas de células nervosas, principalmente a partir dos 30 anos de idade, quando perdemos entre 10.000 e 100.000 neurônios todos os dias. O fato animador é que, mais ou menos entre os 120/125 anos de idade, teríamos ainda a metade da capacidade cerebral, o que nos possibilitaria viver e raciocinar normalmente. Mas então qual o motivo algumas pessoas em idade avançada apresentam quadros demenciais? Simplesmente porque há outros fatores associados tais como: stress, obesidade, depressão, fumo, drogas, diabetes, etc, os quais aceleram a perda de densidade cerebral. Então, como podemos nos prevenir de patologias relacionadas à memória? Simples! Nos afastando dos fatores de risco; realizando atividadesque demandem o 'uso' do cérebro, como por exemplo aprender uma nova língua, e praticando atividades físicas regularmente. Ah, também é importante lembrar que, entre os reguladores da aquisição, da formação e da evocação das memórias estão as emoções e os estados de ânimo. Isso mesmo! O 'armazenamento' e a 'manutenção' de determinadas informações depende do sentido que damos a elas.
Autor: Edvaldo Soares


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