PÁSSAROS ASSASSINOS



PÁSSAROS ASSASSINOS
Nazaré, 04-04-1973

Os pássaros voam sem parar
De um lado para outro,
De cima para baixo,
Até chegar a hora
De sentir a vontade de defecar.
A vontade que eles sentem
Quando comem muito.
E os pássaros, antes de voarem
Alimentam-se muito bem
Até chegar a hora
De satisfazer a fisiologia.
Satisfeitos, a fezes caíram
A cidade explodiu.
Uma cidade a mais
Que foi destruída.
E cheia de seres humanos...
E as aves cor de prata
Com uma bandeira imperialista na cauda,
Bandeira dos assassinos,
Bandeira sem significado,
Prosseguiram sua viagem
Para outras evacuações.

As aves possuem um canto assim:
Morte aos inocentes!
Morte aos indefesos!
E continuam sua viagem
Que, quando de passagem,
Uma cidade em cada evacuação
Era destruída por elas.
Descem em seguida,
Numa velocidade incrível
Para beber água e se alimentarem.

Tornam a voar
E vão para muito longe
Com sede de destruição
Tornar a defecar,
E outra cidade explode.

Torna a beber água
Torna a se alimentar
Torna a levantar vôo
Torna a defecar
Torna a destruir
Que fazer?
Morrer. Eis a resposta.
Se não tem forças para lutar?
Outros pássaros vem voando distante
Para uma feroz luta de astronautas.
Cada um com seu pássaro,
Vem de encontro ao outro,
Não para se abraçarem
Mas para se destruírem

Das asas dos pássaros
Começa despender luzes
Azuis, vermelhas e brancas.
Alguns pássaros esticam as canelas
E caem em chamas
Deixando atrás de si
Um comprido rolo preto
Que é o rolo de fumaça,
Que é o rolo da derrota.
E depois de tudo pronto
Eles voltam para casa
Para sua selva natal,
Para a selva onde nasceram,
Que são as grandes metrópoles.

Ao chegar lá, é recebido com flores,
Com medalhas de ouro
Por terem, impiedosamente
Espalhado o terror
Por sobre a face da terra,
Numa terra de miséria
Agravando a desgraça local.
E daí por diante
São considerados heróis
Por terem destruído
Uma parte da raça humana
Que não pôde se defender.
Assim é o imperialismo.

gilbertoescritor.blogspot.com

Autor: Gilberto Nogueira De Oliveira


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