Redução de consumo de água na indústria
REDUÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA NA INDÚSTRIA
¹Roberto Dias de Lima
1Faculdade de Administração e Artes de Limeira, FAAL, Avenida Kuntz Busch, 800, Pq Egisto Ragazzo, CEP 13485-905, Limeira ? SP, Brasil.
RESUMO
A atividade na produção de uma indústria consome grandes volumes de águas nas etapas de seus processos. O objetivo do trabalho foi identificar as medidas adotadas para redução do consumo de água. O método escolhido foi o investigativo, estudo de caso, realizado dentro de uma indústria química. A pesquisa constatou que as medidas implantadas dentro da indústria limitam-se à melhoria dos processos, conscientização e reuso de água. De acordo com os resultados alcançados foi possível verificar que as vantagens quanto ao menor consumo de água são evidentes quando relacionadas ao aspecto econômico e ao racionamento deste recurso pelo setor industrial. A pesquisa permitiu concluir que há um grande potencial na empresa para a implantação de estratégias preventivas, tanto para águas, quanto para produtos químicos e energia.
PALAVRAS-CHAVE: economia de água, melhoria de processo, proteção ambiental.
ABSTRACT
Activity on production of an industry consumes large amounts of water in steps of its processes. The work goal was: identify the measures adopter for reducing water consumption. The method chosen was the investigative, case study, carried out within a chemical industry. The survey found that the measures deployed within the industry are confined to improving processes, awareness and reuse of water. According to the results achieved unable to verify that the benefits as at the lowest water consumption are evident when related to the economic aspect and the rationing of this feature by industrial sector. The survey showed that there is a great potential in the company for the deployment of preventive strategies, both for the waters, as for chemicals and energy.
KEY-WORDS: water savings, process improvement, environmental protection.
INTRODUÇÃO
A preocupação em relação ao desperdício e perdas de água vem crescendo de forma relevante nos últimos anos, e o mundo passa por uma campanha de conscientização sobre a importância e necessidade da valorização da água.
O uso ineficiente da água significa equipamentos de maior capacidade como, grandes tanques e fluxos imensos. As novas tecnologias readaptam equipamentos, modificam operações sem a necessidade adicional de espaço físico.
A medição individualiza de água pode ser definida como sendo a apuração a tecnologia de medição Individualizada (por economia residencial/comercial); Realizada através de hidrômetro instalado no ramal de alimentação de cada unidade (DESO, 2005).
A ANA (2005) propõe o levantamento do indicador ou índice de consumo (IC), que é a relação entre o volume de água consumido em um determinado período, denominado período histórica, e o numero de agentes consumidores nesse período como forma de avaliar o consumo de água.
Para Toledo (2004), até 2025, as indústrias serão responsáveis por 24% do consumo mundial de água. Em torno de 2 bilhões de toneladas de lixo/dia são atirados em rios, lagos e riachos. As indústrias despejam de 300 a 500 milhões de toneladas de metais pesados e outros dejetos nas águas. Estima-se que em 2025, haverá um aumento de 50% no consumo de água nos países em desenvolvimento e de 18% nos países desenvolvidos.
Mais de 2,2 milhões de pessoas morrem anualmente vítimas de doenças relacionadas à ingestão de água contaminada e da falta de saneamento. 50% da população dos países em desenvolvimento estão expostas a fontes de águas impróprias para o consumo humano. Acredita-se que o mundo tenha hoje 12 mil km3 de água poluída. Esse valor é maior do que a quantidade de água existente nas dez bacias hidrográficas do mundo (TOLEDO, 2004).
O reuso e a conservação da água deve ser estimulada nas indústrias, através da utilização de processos industriais e de sistemas com baixo consumo, e que possibilitem a recuperação e o reuso (PACHECO, 2001).
O planejamento para implantação de estratégias de reaproveitamento de água é fundamental, pois reciclar água que provê de processos fim de tubo é sempre mais difícil, necessitando, muitas vezes, altos investimentos e tecnologias sofisticadas para viabilizar a ação (MOONEY, 2002).
Melhoria no processo de lavagem representa uma importante estratégia para redução do consumo de água, é o primeiro passo para habilitar a empresa a programar um programa progressivo de prevenção à poluição, como recuperação de produtos químicos e fechamento dos ciclos de água de processo (NCDENR, 2003).
O objetivo do trabalho foi identificar as medidas adotadas para redução do consumo de água na empresa.
MATERIAL E MÉTODOS
Este projeto foi realizado em uma indústria química localizada na cidade de Limeira no Estado de São Paulo na AV: Hipólito Pinto Ribeiro, 151. Inicialmente foi determinados e caracterizados cada um dos pontos de consumo da empresa, setor 1 e setor 2 tanto no processo (água industrial), quanto na utilização para consumo (água potável).
Estes pontos foram monitorados através de hidrômetros de entrada. Efetuou-se um levantamento do sistema de distribuição interna de água na empresa, e cada ponto de consumo foi caracterizado através de taxas e vazão.
Em seguida os pontos de lançamento de efluentes foram determinados e também monitorados com hidrômetros de saída. Com isso foi realizado o Balanço Hídrico no trimestre Junho, Julho e Agosto de 2010.
A metodologia utilizada foi a do ciclo de melhoria contínua DMAIC (Define, Measure, Analyze, Improve, Control), para resolver problemas, definindo pontos estratégicos de utilização de água, executando medições em campo, calculando ou ainda estimando quando as mesmas fossem impossíveis de serem realizados, analisando resultados, verificando melhorias e atuando com planos de controle e ações corretivas e por fim, controlando as atuações realizadas ( COSTA,2007).
Foram desenvolvidas e aplicadas ações de combate às perdas de água, abrangendo desde o treinamento e conscientização de operadores, retirada de vazamentos, automação de reservatórios, implantação de novas tecnologias no processo, aprimoramento das equipes "caça-vazamentos ocultos" e redução de fraudes, além de uma ampla divulgação do programa de redução de perdas para aculturação do corpo funcional da indústria.
A empresa demonstrou uma grande preocupação com o consumo da água, e melhorias operacionais foram feitas para reduzir o consumo. Para realização deste projeto foi realizadas reuniões sobre a redução do consumo de água, contando com pessoas de vários níveis e atividades.
Através destas reuniões foi fundamental o empenho dos colaboradores na etapa de mapeamento do consumo de água das unidades, o que possibilitou um trabalho de conscientização empresarial e dos colaboradores a respeito do uso racional da água.
A maioria das idéias de redução obtidas foi sugerida pelos colaboradores das áreas. A contribuição deles foi fundamental para o sucesso do trabalho e demonstrou seu comprometimento com o uso racional e otimizado da água.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1 estão relacionadas às leituras dos pontos de entrada de água no abastecimento da fábrica, nos meses de junho, julho e agosto através de hidrômetros.
Os valores da descarga do efluente da empresa (efluente I), responsável pela captação da água industrial, foram de 1.573 m³ em junho, 2.103 m³ em julho e 2.925 m³ em Agosto.
Tabela 1-Entrada de água na indústria no período de 01/06/10 á 31/08/10
Pontos de entrada de água Volume (m³)
Junho/10 Volume (m³)
Julho/10 Volume (m³)
Agosto/10
Foz do Brasil 530 466 23
Poço I 53,7 0,0 0,0
Poço II (Saída A) 290 936 2.396
Poço II (Saída B) 699 673 509
Total Mês 1.573 2.103 2.925
Fonte: COPERFIL (2010).
Um balanço realizado nos meses de junho, julho e agosto, mostram uma crescente no volume de entrada de água nos poços I, II A e II B, enquanto o volume da Foz do Brasil diminui a cada mês, podendo considerar um bom negócio porque água tratada no processo e um desperdício.
Figura 1 - Gráfico comparativo entre volumes utilizados na empresa.
Fonte: COPERFIL (2010)
Na tabela 2, o investimento total das medidas implantadas foi de R$ 36.120,00, incluindo: instalação do sistema de recuperação da água de lavagem dos filtros na ETA, aquisição de torneiras, registros, válvulas, mão - de obra e outros materiais não especificados.
Tabela 2 - Investimentos das medidas implantadas
UTILIZAÇÃO
HISTÓRICO VALOR
Vazamentos no setor 1 Consertos de vazamentos R$ 550,00
Vazamentos no setor 2 Consertos de vazamentos R$ 580,00
Impermeabilização das caixas d'água Materiais R$ 740,00
Encanamento do hidrômetro n°2 Materiais
R$ 930,00
Encanamento do hidrômetro n°6 Materiais
Aluguel do rompedor R$ 1.320,00
Tecnologias
no processo Melhorias R$ 32.000,00
Fonte: COPERFIL (2010).
A figura 2 mostra os investimentos que foram utilizados para realização do projeto, sendo que o gasto maior foi em tecnologias no processo onde o desperdício era maior.
Figura 2 - Gráfico de relação de custos.
Fonte: COPERFIL (2010)
A implantação de estratégias preventivas cria um ambiente adequado para a inovação. À medida que o controle da atividade produtiva se torna mais eficiente e as empresas vão obtendo vantagens, principalmente financeiras, a percepção ambiental aumenta, ou seja, quebram o antigo paradigma: investir em meio ambiente representa perda de competitividade. Ao contrário, trás benefícios, como a redução de custos de produção, segurança no atendimento à legislação, melhoria da produtividade e aumento da competitividade. Ainda propicia um ambiente que estimula a criatividade do fazer da empresa.
CONCLUSÃO
Este trabalho conclui que as oportunidades encontradas ao longo deste período de estudo e o cumprimento dos planos e ações corretivas acarretou uma economia de R$ 34.400 por ano.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
DESO ? Companhia de Saneamento de Sergipe, apresentação da tecnologia de medição individualizada de água. Disponível em: http://www.ana.gov.br/gestãoRedhidricos/tecnologiacapacitação/tecnologiahidrometraca02.asp . Acesso em: 26 /mar/2010.
ANA ? Agencia Nacional das Águas. Conservação e Reuso das águas em Edificações ? São Paulo: Pro1 Editora Gráfica, 2005. Disponível em: http://www.200.252.248.103/sites/revistasebrae/01/artigo2.htm. Acesso em: 26/mar/2010.
TOLEDO, R.A.S. Tecnologia da Reciclagem. Química Têxtil, São Paulo: Editora Futura, 1996, p. 8-14.
PACHECO, E.D. Reuso e redução do consumo de água na indústria-estudo de caso da Kodak do Brasil, Disponível em: http://www.ebah.com.br/uso-racional-e-reuso-de-agua-pdf-a69942.html. Acesso em: 09/ago/2010.
MOONEY, T. Recycling water. Disponível em: http://www.finising.com/137/53.html. Acesso em: 14/abr/2010.
NCDENR, R. Water Efficiency: Industry Specific Process. Disponível em: www.p2pay.org/ref/01/00692009.pdf. Acesso em: 05/mar/2010.
COSTA, R. Processo DMAIC de melhoria contnua-O Gerente. Disponível em:
www.ogerente.com.br/.../qualidade-dt-dmaic.htm.Acesso em: 25/ago/2010.
Autor: Roberto Dias De Lima
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