Tipografia na Identidade Visual



A tipografia surgiu como forma de transmitir visu-almente a linguagem verbal e durante muito tempo essa foi sua única função. Desde os primeiros dese-nhos feitos com paus e pedras, passando pelo alfa-beto grego e pela imprensa de Gutemberg, houve transformações tanto nas formas e nos estilos tipo-gráficos quanto nas finalidades para as quais são utilizados. O que antes servira apenas para registrar a linguagem falada, passou a transmitir idéias e informações não só pelo seu significado literal, mas também pelos seus aspectos estruturais. "A tipogra-fia evoluiu de um corpo estável de objetos para um sistema flexível de atributos" (LUPTON, 2006). Conhecer esses atributos e saber lidar com os mes-mos na criação de uma marca é função do designer. A falta de embasamento nessa área empobrece e/ou vulgariza o projeto, de modo que este perde um importante fator na retenção da identidade visual. "Assim como a oratória, a música, a dança, a caligrafia ? como tudo que empresta sua graça à linguagem ? a tipografia é uma arte que pode ser deliberadamente mal utilizada." (BRINGHURST, 2004).
Com o advento da tipografia digital, inúmeras pos-sibilidades de famílias e estilos tipográficos surgi-ram, ao mesmo tempo em que outras famílias cria-das há séculos, tais como Garamond e Bodoni, foram adaptadas a esse meio. Em conseqüência, somando-se a facilidade de se fabricar materiais gráficos atualmente, tornou-se fácil encontrar marcas cujo logotipo é mal projetado e cuja tipografia foi selecionada pelo gosto do designer, ou mesmo do cliente, sem nenhum estudo para embasar a escolha. Esse tipo de criação pode conseguir valor estético, mas não tem força para se sustentar. "O projeto gráfico contempla várias etapas e metodologias tais como a seleção do público a ser atingido, planejamento, criação, escolha da tecnologia, etc. A tipografia é peça-chave dentro do contexto de um projeto, pois ela contribui para delinear a personalidade de todo o conjunto dos elementos que o formam. Sendo fundamental em um sistema de comunicação, a tipografia torna-se um emissor que transmite men-sagens, que serão recebidas pelo receptor." (FUNK & SANTOS). E, como diz Robert Bringhurst, "quando o tipo é mal escolhido, aquilo que as pala-vras dizem linguisticamente e aquilo que as letras inferem visualmente são dissonantes, desonestos, desafinados." (BRINGHURST, 2004). Transformar uma empresa, seus produtos, clientes, conceitos e demais características em um logotipo (como forma particular como o nome da empresa é representado graficamente), é uma tarefa difícil e exige conhecimento sobre cada aspecto da tipografia e sua relação com aspectos da sociedade na qual será inserida.
Compreender tipografia envolve diversas variáveis. O projetista deve estar atento a todas elas de modo que cada uma seja um filtro das diversas possibili-dades existentes atualmente e, no final do projeto, só haja uma família tipográfica possível que satisfaça a todas as condições apresentadas. Analisar os aspectos históricos e culturais das fontes tipográficas, seus usos mais comuns, suas formas, proporções, as relações entre letras e entre o restante do projeto é o que, posteriormente, vai dar ao designer a certeza de que fez a escolha certa para a proposta apresentada. A consciência de que esse estudo é necessário e particular a cada projeto é o que vai determinar a qualidade dos mesmos.
Conclusão
O estudo detalhado de tipografia na criação de identidades visuais permite ao designer solidez para sustentar todo o projeto. Escolher uma família tipo-gráfica, adaptá-la à proposta existente e definir seu comportamento como identidade de uma empresa requer pesquisa, análise e conhecimento para extrair da fonte mais do que a palavra significa.
Referências
BRINGHURST, Robert. Elementos do Estilo Ti-pográfico ? Versão 3.0. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
CAUDURO, Flávio V. Descontrução e Tipografia Digital. Disponível em:
http://estudiosdediseno.com/items/cauduroDeconsTipograf.pdf
FUNK, Suzana & SANTOS, Ana Paula dos. A Im-portância da Tipografia na História e na Comu-nicação. Disponível em:
http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/articulos_pdf/A4111.pdf
LUPTON, Ellen. Pensar com Tipos. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

Autor: Dionei Serino


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