A Poética do Espaço



Bachelard, Gaston. A POÉTICA DO ESPAÇO. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

"(...) A imagem poética não é o eco de um passado."
BACHELARD

Bachelard (1989), em seu livro A Poética do Espaço, trata da espiritualidade da obra de arte, ou seja, faz um apanhado geral dos caminhos que os artistas percorrem para chegar à materialização da criação artística, em poucas linhas, trata dos processos cognitivos para se chegar à feitura de um trabalho artístico.

Ao longo de seus dez capítulos, faz um percurso filosófico que desvela o próprio ser humano, seus medos e segredos. Com base em metáforas, faz comparações onde introduz o homem nos meios artísticos. Uma delas foi a de comparar a nós como gavetas, cofres e armários, ou seja, podemos ser totalmente abertos a mudanças, podemos ser fechados ou conservadores e, por último, com algumas restrições.

Exemplificando, por que o capítulo X se chama "a Fenomenologia do Redondo"? Usando a própria fenomenologia, diríamos que o autor denominou assim por fazer uma metáfora da própria vida, uma vez que temos plena consciência de que as formas circulares são as mais perfeitas criadas pelo homem e pela natureza. Com essa perfeição, dependendo de como configuramos o nosso próprio viver, pode ou não, ser aplicada.

Tendo como base o texto de Bachelard (in: op. cit.), proponho as seguintes questões:
1. É possível comparar um "Poeta Literário" a um artista visual, na feitura das "imagens"?
2. Tornar a forma imprevisível é uma aprendizagem de liberdade?

Para respondermos ao primeiro questionamento, vamos fazer a especificidade, em poucas linhas, de cada área. Ao poeta literário, é um criador de imagens através das palavras, papel semelhante ao do artista visual, que instiga o imaginário através das formas obtidas com a acasicidade, ou não. O espectador pode ou não ser dotado de sensibilidade artística. Se o for, saberá "desviar" ou não dos conceitos iniciais do artista, para criar seus próprios conceitos. Caso não o seja, ficará somente nos "achismos" de serem bonitas e nos estranhamentos ao acharem feia, dizendo se aquilo é arte, que poderia fazer igual, etc.

Porém, voltando à questão inicial, uma vez que ambos produzem imagens, tanto no imaginário, quanto no âmbito real, é possível a comparação entre ambos, uma vez que são produtores do imaginário das pessoas.

Já no segundo item que proponho, a liberdade vem em parte, uma vez que para criar precisamos de certos conceitos e, de acordo com a Teoria do Caos, de Lorenz, que nos diz que mesmo em certos eventos acontecidos ao acaso, no final terão uma espécie de padronagem, o que em linguagem artística significaria a identidade do artista em questão. Já a Teoria do Acaso, proposta por mim, diz que existe o acaso da forma, uma vez que já temos o conceito do que ela significará. Portanto, é por isso que mesmo que nos utilizássemos completamente na criação artística do acaso, não teríamos essa total liberdade, uma vez que os conceitos já são pré-estabelecidos.

Podemos exemplificar isso através da Action Painting de Pollock, que foram pinturas performáticas, por serem performances, já se utilizavam dos improvisos, do acaso, uma vez que não teria como saber as atitudes dos espectadores, onde o significado, como já dito anteriormente, lhe era reconhecido desde o momento da concepção da obra.

Em resumo, o homem não terá essa total liberdade uma vez que existem conceitos internalizados em nossa pessoa, ou seja, o conteúdo já está pré-estabelecido.

Autor: Rafael Marinho Pinheiro


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