TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO E ACIDENTE DE TRÂNSITO: UM ESTUDO NO HOSPITAL DO OESTE



Rafael Teixeira Lopes
Sheila Adriana Teixeira Lopes




1. INTRODUÇÃO



O Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) é definido como um tipo de agravo que induz às lesões anatômicas e ao comprometimento funcional envolvendo as estruturas ósseas cranianas e tecidos encefálicos (PORTO, 2007).
Segundo Pereira (2006), anualmente ocorrem cerca de um milhão e seiscentos mil casos de TCE nos Estados Unidos e dez milhões de casos no mundo. De acordo com os dados do Ministério da Saúde do Brasil cerca de dois milhões de pessoas são internadas a cada ano em hospitais da rede pública, vítimas de traumatismos em geral. O TCE constitui-se na principal causa de óbitos e sequelas em pacientes politraumatizados (ROCHA, 2006).
Após um TCE costumam surgir alterações psicosociais como efeito dos transtornos físicos, cognitivos, emocionais e comportamentais no ambiente familiar. É importante se avaliar o bem estar do jovem considerando sua evolução física e emocional, sua independência e participação social. O jovem afetado sofre alterações nas atividades da vida diária como realizar sua higiene pessoal, alimentação. Pode haver uma melhora gradativa, sendo fundamental o estímulo para o favorecimento da recuperação e independência pessoal.
As sequelas ocasionam também problemas em nível social e ocupacional, a mobilidade é afetada, os problemas cognitivos e de regulação do comportamento constituem uma das causas mais relevantes da incapacidade da pessoa afetada.
Devidos às lesões cerebrais a pessoa que tenha sofrido TCE pode apresentar um comportamento infantil, dificuldades na fala e linguagem. É comum a existência de alterações emocionais e de estado de ânimo como a depressão. As atividades recreativas são frequentemente alteradas, o paciente apresenta dificuldade para reintegrar-se (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
Um dos efeitos mais devastadores do TCE é a dificuldade de reintegração ao trabalho, já que atividade profissional é decisiva para autonomia e independência do indivíduo. Após o TCE também são possíveis transtornos sexuais, dificuldade de manter relações interpessoais íntimas. Cessar ou alterar as atividades sociais e pessoais contribuem diretamente para a deterioração da qualidade de vida do jovem. Os familiares do jovem afetado sofrem um forte impacto em nível pessoal, experimentam os sentimentos de estresse, enfrentam o traumatismo inicial e as mudanças físicas, neuropsicológicas e emocionais que se produzem após o traumatismo (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
O impacto do acidente é tão devastador para a família quanto para a pessoa acidentada, todo o conjunto familiar é afetado. Existe uma grande dificuldade em aceitar as consequências do TCE, e na maioria dos casos um integrante da família assume os cuidados do afetado (SARACENO, 1997).
Além do impacto psicossocial os acidentes de trânsito geram muitos custos como a atendimento pré-hospitalar e internação hospitalar. Custos com a reabilitação contando transporte, procedimentos e equipamentos. A perda de produção causando grande impacto social para as famílias pela diminuição de renda. O custo previdenciário é a soma dos custos incorridos, da empresa e previdência devido ao afastamento e uso do seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via previdenciários). Surdem ainda gastos com o veículo e institucionais como o trabalho da polícia e os custos associados à via e ao ambiente do local do acidente (DENATRAN, 2005).


1.1 TEMA

Traumatismo crânio-encefálico


1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA


Traumatismo crânio encefálico e acidente de trânsito: um estudo no Hospital do Oeste.



1.3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA


Qual a prevalência de pacientes com diagnostico de Traumatismo crânio encefálico vitimas de acidente automobilístico?


1.4 JUSTIFICATIVA


Com a presente busca-se analisar o perfil das pessoas com traumatismo crânio encefálico tendo como causa os acidentes que foram internados no Hospital do Oeste com diagnósticos de TCE tem como objetivo verificar o perfil dessas pessoas.
Segundo a rede hospitalar Sarah (2001) o TCE é a patologia de maior impacto na qualidade de vida, importante causa de morte e deficiência física e mental. Os acidentes de trânsito são a principal causa de lesão cerebral e a segunda maior causa de internação hospitalar. Para mobilizar a população é necessário provar, com dados científicos que os índices de acidentes estão muito elevados e que a principal medida de prevenção é a educação no trânsito.
Desta forma, o estudo do TCE relacionado a acidentes automobilísticos é uma questão de saúde preventiva, tendo em vista que, para solucionar este problema é necessário um processo de educação em saúde. E, como consequência disto, ter-se-ia uma diminuição dos custos com internações hospitalares prolongadas podendo melhorar os outros serviços de atendimento público.
Esta pesquisa visa busca dados que possam contribuir para a prevenção dos neurotraumas relacionados com acidentes automobilísticos, no Oeste da Bahia.
Desta forma, foram preponderantes as razões pessoais para a escolha deste tema, tendo em vista ser de interesse da pesquisadora, bem como pela questão emergencial que se tornou o trânsito e os acidentes dele decorrentes, bem como suas implicações, perante as urgências sociais da humanidade.
Desta forma, a escolha deste tema se deu principalmente por ser atual e por ser de necessidade social, de um mundo moderno que se transforma cotidianamente, e onde estas mudanças provocam anomalias nos processos de condução da própria sociedade.


1.5 OBJETIVOS


1.5.1 Objetivo Geral


Analisar a ocorrência de TCE em pacientes vítimas de acidentes de trânsito automobilístico internadas num hospital de médio porte do oeste da Bahia.


1.5.2 Objetivos Específicos


? Identificar os pacientes vítimas de acidente automobilísticos com diagnostico de traumatismo crânio encefálico
? Traçar o perfil sociodemográfico dos pacientes
? Avaliar as tomografias computadorizadas de crânio identificando as principais lesões.
? Correlacionar os dados levantados com os prognósticos de pacientes com TCE internados no Hospital do Oeste, na cidade de Barreiras-Ba.


2. REFERENCIAL TEÓRICO


2.1 TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO


Os TCEs constituem-se numa causa importante de morte e incapacidade (ROWLAND, 2002). Podem ser classificados em três tipos, de acordo com a natureza do ferimento do crânio: traumatismo craniano fechado, fratura com afundamento do crânio, e fratura exposta do crânio. Esta classificação é importante, pois ajuda a definir a necessidade de tratamento cirúrgico.
O traumatismo craniano fechado caracteriza-se por ausência de ferimentos no crânio ou, quando muito, fratura linear. Quando não há lesão estrutural macroscópica do encéfalo, o traumatismo craniano fechado é chamado de concussão. Contusão, laceração, hemorragias, e edema (inchaço) podem acontecer nos traumatismos cranianos fechados com lesão do parênquima cerebral (SARAH, 2001).
Os traumatismos cranianos com fraturas com afundamento caracterizam-se pela presença de fragmento ósseo fraturado afundado, comprimindo e lesando o tecido cerebral adjacente. O prognóstico depende do grau da lesão provocada no tecido encefálico. Estas se associam com á ruptura, compressão ou trombose de seios venosos subjacentes (ROWLAND, 2002).
Nos traumatismos cranianos abertos, com fratura exposta do crânio, ocorre laceração dos tecidos pericranianos e comunicação direta do couro cabeludo com a massa encefálica através de fragmentos ósseos afundados ou estilhaçados. Este tipo de lesão é, em geral, grave e há grande possibilidade de complicações infecciosas intracranianas (SARAH, 2001).



2.2 LESÕES CUTÂNEAS E FRATURAS


Os TCEs podem acometer a pele da cabeça, o crânio, ou o cérebro em qualquer combinação. As lesões cutâneas têm pouca morbidade por si só, mas em geral estão associadas a lesões do crânio e do tecido cerebral, além de poderem ser causa frequente de hemorragia e infecção. As fraturas do crânio podem ser da convexidade do crânio ou da base. As da convexidade podem ser lineares, deprimidas, ou compostas. As fraturas lineares são comuns e não requerem tratamento específico. Entretanto, são sinais de alerta, podendo ser indicativas de que o TCE teve certa gravidade. Por isto, o paciente com esse tipo de fratura deve ser cuidadosamente observado por 12 a 24 horas na fase aguda. Exames neurológicos devem ser feitos periodicamente neste período, e deterioração do nível de consciência ou alterações ao exame físico podem ser indicativos da presença de hematoma intracraniano (SARAH, 2001).
As fraturas deprimidas do crânio são fragmentos ósseos deslocados para dentro, comprimindo o cérebro subjacente (ROWLAND, 2002). Essas fraturas podem determinar laceração da membrana de revestimento externa do cérebro ou do tecido cerebral. O tratamento cirúrgico deve ser considerado, sobretudo se a depressão for maior que a espessura do osso do crânio.
Já as fraturas compostas são caracterizadas pela laceração do osso. O tratamento é essencialmente o mesmo das fraturas simples, lineares: tratamento adequado das feridas cutâneas com fechamento da laceração. As fraturas da base do crânio são as mais frequentes e, como as fraturas lineares, são indicativas de que o TCE foi intenso. Os sinais que levam a suspeitar de fratura do osso temporal incluem perfuração timpânica, perda auditiva, otorréia liquórica e paresia facial. (ROWLAND, 2002).



2.3 CONCUSSÃO CEREBRAL E LESÕES AXONIAIS DIFUSAS


Concussão cerebral é a alteração breve da consciência, menos de seis horas após o impacto. Os pacientes podem ficar totalmente inconscientes ou apenas atordoados, é comum apresentarem amnésia retrógrada ou anterógrada quanto ao evento. A perda da consciência acontece através da desorganização funcional transitória do sistema reticular, ocasionada por forças de rotação agindo sobre o tronco cerebral. Muitos pacientes que sofreram concussão cerebral têm tomografia computadorizada normais, porque a concussão decorre de uma lesão fisiológica e não estrutural do cérebro (ROWLAND, 2002).
As lesões axoniais difusas (LAD) são aplicadas ao coma de origem traumática de duração superior a seis horas. Produzem um comprometimento na substância branca dos hemisférios cerebrais, do corpo caloso, do tronco cerebral e, ás vezes, do cerebelo. O dano axonial difuso é o causador do estado de coma nos casos em que no traumatismo craniano não são observadas lesões cerebrais focais, na maioria dos casos inicia na periferia e se estende em direção ao interior, até afetar nos casos mais graves o diencéfalo e mesencéfalo (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).


2.4 HEMORRAGIAS E HEMATOMAS


Os hematomas estão presentes entre 30% a 50% dos casos de TCE grave, pode causar graves afetações inclusive a morte, pelos efeitos de compressão do tronco cerebral. Os hematomas cranianos classificam-se de acordo com sua localização anatômica (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
O hematoma epidural é considerado uma rara complicação do traumatismo craniano. O sangramento epidural costuma ser causado pela ruptura da parede de uma das artérias meníngeas, geralmente artéria meníngea média, mas em 15% dos pacientes o sangramento é de um dos seios durais. A maioria é associada à fratura de crânio. É principalmente um problema de adultos e jovens porque com a idade a dura se torna cada vez mais aderida ao crânio. A evolução clínica vai de uma perda imediata de consciência devido à concussão, a um intervalo lúcido e depois uma volta ao coma, acompanhado de hemiplegia, consequente da expansão do hematoma epidural. O tamanho do hematoma determina a necessidade de cirurgia (ROWLAND, 2002).
O hematoma subdural se produz entre a dura-máter e a aracnóide, e é o hematoma mais comum. É denominado agudo quando a hemorragia ocorre de forma rápida, se ocorre lentamente e evolui durante várias semanas, ode tratar-se de um hematoma subdural crônico. Este pode surgir como consequência de traumatismos triviais e apresentar sintomatologia semanas ou meses depois do traumatismo. Os hematomas subdurais causam em geral transtornos difusos, síndrome confusional. Os déficits neuropsicológicos são reversíveis na maioria dos casos assim que cessa a compressão (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
A hemorragia subaracnóidea é um sangramento que extravasa para o espaço subaracnóide, que está situado entre a duas meninges a aracnóide a piamáter.
Em muitos casos é detectada por punção lombar, esta hemorragia pode causar hidrocefalia e pode produzir lesões isquêmicas por vasoespasmo (ROWLAND, 2002).
As hemorragias intraventriculares podem causar a morte por compressão, assim como estados confusionais, mudanças de caráter e amnésia, pela compressão do sistema límbico, que ás vezes é irreversível. Em casos mais graves podem causar demências de características frontolímbicas (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
Os hematomas intracerebrais costumam desenvolver-se nos lóbulos temporal e frontal, depois de um traumatismo. São os responsáveis pelas sequelas neuropsicológicas focais, reversíveis dependendo do seu tamanho, localização e relativa implicação da substância cinzenta. Entre as sequelas mais frequentes estão à afasia nominal ou dificuldade em evocar o nome dos objetos (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).


2.5 CONTUSÕES E LACERAÇÕES CEREBRAIS


As contusões cerebrais são hemorragias focais no parênquima, que decorrem de esfoladuras do cérebro ao se mover através da superfície interna do crânio, podem ocorrer no local da fratura. Normalmente as contusões são pequenas e múltiplas, frequentemente aumentam de tamanho em 12 a 24 horas podendo se evidenciar um dia após a lesão. Já a laceração é a ruptura das meninges ou do tecido cerebral, geralmente consequência de cortes ocasionados por bordas agudas de fragmentos cranianos deprimidos (ROWLAND, 2002).


2.6 EDEMA CEREBRAL


O edema cerebral tem como característica fundamental o aumento do volume de água extra e intracelular, podem ser focais ou difusos e se tiverem suficientes intensidades, podem criar um efeito de massa que pode conduzir a morte por compressão. As lesões cranianas que podem aumentar de tamanho, como hematomas e edema podem causar compressão cerebral que como consequência promove o aumento da pressão intracraniana (PIC). A PIC pode provocar a morte do tecido cerebral por pressão e deslocamento do encéfalo. Por isso a necessidade de controlar a PIC durante o período agudo após o TCE (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).


2.7 TRATAMENTO TCE


O tratamento básico ao paciente vítima de TCE consiste no tratamento clínico ou cirúrgico. Há indicação de tratamento cirúrgico nos casos em que a Tomografia Computadorizada (TC) nos mostra a presença de hematoma e edema. Conforme a dimensão do problema é necessária uma craniectomia descompressiva.
O tratamento clínico consiste no suporte básico de vida. Na avaliação neurológica inicial de um paciente com TCE deve ser enfatizada a Escala de Coma de Glasgow (ECG) por sua fácil aplicação. Quanto menor os pontos na ECG, pior prognóstico e maior a mortalidade (CINTRA, 2005).
A pontuação junto com os resultados neuropsicológicos de nível motor, de memória e de capacidade construtiva, pode predizer a qualidade de vida do paciente afetado. A duração do estado de coma também tem valor preditivo sobre as alterações da memória (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
A insuficiência respiratória ocorre em cerca de 20% dos pacientes vítimas de TCE. É indicada a intubação orotraqueal para manter as vias aéreas pérvias e é instalada a ventilação mecânica (VM) nos casos em que o paciente apresentar hipertensão intracraniana ou diminuição do nível de consciência. O suporte ventilatório tem como principal finalidade a prevenção da hipoxemia, mantendo os níveis de oxigênio satisfatórios em todos os tecidos (CINTRA, 2005).
É de extrema importância manter a estabilidade hemodinâmica no TCE, evitando hipoxemia, mantendo níveis de pressão arterial, temperatura e volemia. O sistema fisiológico consiste em trocas constantes de eletrólitos nos compartimentos intra e extracelulares. O diabetes insípidos é comumente encontrado em pacientes neurológicos. Sua causa é desconhecida. Os sinais e sintomas são poliúria intensa, diminuição da osmolaridade e densidade urinária e aumento dos níveis séricos de sódio. A síndrome perdedora de sódio também ocorre nos pacientes com TCE, diferenciando-se do diabetes esta síndrome apresenta hiponatremia, alta osmolaridade sérica, aumento do sódio urinário e diminuição da osmolaridade urinária (CINTRA, 2005).
O paciente com TCE tem sua atividade neuroendócrina alterada. Normalmente apresenta perda de peso e massa corporal, devido à mobilização dos estoques de proteínas e gorduras e à ocorrência de convulsões e hipertonias. A nutrição enteral deverá ser iniciada após 48 horas da ocorrência do TCE, se não houver possibilidade do uso enteral, inicia-se a nutrição parenteral (CINTRA, 2005).
A equipe de Enfermagem deve estar sempre atenta, principalmente nas primeiras 48 horas. È de extrema importância a avaliação ao escore de Glasgow, ao padrão respiratório, níveis da PIC para intervir rapidamente evitando complicações.
Deve-se utilizar técnicas assépticas rigorosas para a prevenção da infecção. Mudança de decúbito de 2 em 2 horas de acordo com os valores da PIC.O Balanço hídrico deve ser monitorizado , atentando-se para o volume urinário e as medidas da Pressão Venosa Central (SMELTZER e BARE, 2002).
O mesmo autor acima citado diz que a enfermagem deve estar atenta à presença de ruídos hidroaéreos e a distensão abdominal. Se houver necessidade de nutrição parenteral manter todos os cuidados específicos.
Nos pacientes que apresentarem fraturas de base de crânio, a sondagem gástrica ou enteral deve ser feita por via oral para evitar infecções do tipo meningites, o mesmo critério deve ser utilizado para aspiração (CINTRA, 2005).


2.8 CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS AO TRAUMATIZADO


Os jovens carregam diversas características, mas atualmente fazem parte da cruel realidade dos acidentes automobilísticos. O TCE é considerado uma das patologias de maior impacto na qualidade de vida (SARAH, 2001).
Segundo o mesmo autor citado acima, após um TCE costumam surgir alterações psicosociais como efeito dos transtornos físicos, cognitivos, emocionais e comportamentais no ambiente familiar. É importante avaliarmos o bem estar do traumatizado considerando sua evolução física e emocional, sua independência e participação social. O afetado sofre alterações nas atividades da vida diária como realizar sua higiene pessoal, alimentação. Pode haver uma melhora gradativa, é fundamental o estímulo para o favorecimento da recuperação e independência pessoal.
As sequelas ocasionam também problemas em nível social e ocupacional, a mobilidade é afetada, os problemas cognitivos e de regulação do comportamento constituem uma das causas mais relevantes da incapacidade da pessoa afetada.
Devidos às lesões cerebrais o traumatizado pode apresentar um comportamento infantil, dificuldades na fala e linguagem. É comum a existência de alterações emocionais e de estado de ânimo como a depressão. As atividades recreativas são frequentemente alteradas, o paciente apresenta dificuldade para reintegrar-se (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
Um dos efeitos mais devastadores do TCE é a dificuldade de reintegração ao trabalho, já que atividade profissional é decisiva para autonomia e independência do indivíduo. Após o TCE também são possíveis transtornos sexuais, dificuldade de manter relações interpessoais íntimas. Cessar ou alterar as atividades sociais e pessoais contribuem diretamente para a deterioração da qualidade de vida do traumatizado. Os familiares da pessoa afetada sofrem um forte impacto em nível pessoal, experimentam os sentimentos de estresse, enfrentam o traumatismo inicial e as mudanças físicas, neuropsicológicas e emocionais que se produzem após o traumatismo (JUNQUÉ; BRUNA; MATARÓ, 2001).
O impacto do acidente é tão devastador para a família quanto para o traumatizado, todo o conjunto familiar é afetado. Existe uma grande dificuldade em aceitar as consequências do TCE, e na maioria dos casos um integrante da família assume os cuidados da pessoa traumatizada. É importante a assistência à família para que não se sintam sobrecarregados e consigam ajudar na reabilitação do afetado (SARACENO, 1997).
Além do impacto psicossocial os acidentes de trânsito geram muitos custos como a atendimento pré-hospitalar e internação hospitalar. Custos com a reabilitação contando transporte, procedimentos e equipamentos. A perda de produção causando grande impacto social para as famílias pela diminuição de renda. O custo previdenciário é a soma dos custos incorridos, da empresa e previdência devido ao afastamento e uso do seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via previdenciários). Surdem ainda gastos com o veículo e institucionais como o trabalho da polícia e os custos associados à via e ao ambiente do local do acidente (DENATRAN, 2005).

3. METODOLOGIA


O presente estudo utilizar-se-á de pesquisa bibliográfica, que tem por finalidade correlacionar fatos e teorias com a realidade, bem como a descritiva, que visa a descrever características ou funções de mercado, utilizando-se a abordagem quantitativa.
Apresenta-se a seguir a pesquisa bibliográfica, uma vez que na iniciação do trabalho foi importante buscar informações sobre o tema, que, segundo Polit (2004, p. 73):

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundarias, abrange toda bibliografia já tornada publica em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográficos etc., ate meios de comunicação orais: radio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade e colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas quer gravadas.

Nesse contexto de pesquisa, Gil (2006) afirma que pode ser classificada em bibliográfica, experimental e documental, procurando garantir ao pesquisador a objetividade no tratamento dos fatos sociais. Nesse sentido, este estudo utilizar-se-á de pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de consulta em livros, revistas, textos, monografias e artigos científicos. "A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que poderia pesquisar diretamente" (GIL, 2006 p. 65). Ela faz-se necessária para que se levantem situações referentes a questão estudada e a fundamentação teórica, bem como justificar os limites e contribuições da pesquisa no conteúdo do trabalho. Polit (2004, p.20) segue afirmando que a pesquisa bibliográfica e "uma das formas mais rápidas e econômicas de amadurecer ou aprofundar um problema de pesquisa e através do conhecimento dos trabalhos já feitos por outros". Sendo assim, utilizada corretamente permite a qualificação da pesquisa.
Mesmo sendo utilizada a pesquisa bibliográfica para levantamento das informações relevantes para a pesquisa, utilizou-se também, para o alcance dos objetivos, a abordagem da pesquisa conclusiva descritiva, ou somente chamada de pesquisa descritiva, que "[...] são caracterizadas por possuírem objetivos bem definidos, procedimentos formais, serem bem estruturadas e dirigidas para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de cursos de ação" (POLIT, 2004, p. 23).
A pesquisa descritiva pode ser classificada em estudo transversal e em estudo longitudinal. Sobre o estudo longitudinal Polit (2004) informa que esse estudo difere de um transversal porque as amostras permanecem as mesmas ao longo do tempo, somente modificando-se valores destas. Nesta pesquisa, optou-se pelo estudo transversal.
Alem da pesquisa descritiva, utilizar-se-á do método quantitativo para buscar respostas ao problema. Em relação a pesquisa quantitativa, Polit (2004, p. 140) explica que "os processos de coleta e analise de dados são separados no tempo. A coleta antecede a analise, ao contrario da pesquisa qualitativa, em que ambos os processos se combinam". Destaca, ainda, que a maneira como os dados são coletados definira o tipo de analise que e possível ser realizada. Pode-se dizer que a entrevista, o questionário, os testes e a observação são as principais técnicas de coleta de dados.


3.1 LOCAL DO ESTUDO


O estudo será desenvolvido no Hospital do Oeste da Bahia, na cidade de Barreiras.


3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA


O público-alvo desta pesquisa serão os pacientes internados no Hospital do Oeste com traumatismo crânio-encefálico decorrentes de acidente de trânsito, selecionados segundo o prontuário do Hospital.
Inicialmente, serão selecionados a população geral de pacientes com traumatismo crânio encefálico, posteriormente se chegando ao grupo destes em decorrência de acidentes de trânsito.


3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS


Os dados serão coletados nos prontuários dos pacientes que dão entrada no Hospital do Oeste com traumatismo craniano. Posteriormente, esses dados serão afunilados para representarem os pacientes que derem entrada no hospital com traumatismo crânio encefálico proveniente de acidente de trânsito.


3.4 DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS E DA ANÁLISE DOS DADOS


A coleta de dados se realizará realizada no período de 15 a 18 de maio de 2010. A população se comporá por pacientes com diagnóstico de TCE que internaram no Hospital do Oeste, no ano de 2009. Para a amostra foram selecionados os pacientes que preencherem o requisito acima e que tenham sofrido acidente de trânsito, independentes do sexo formalizados no prontuário de atendimento da instituição. Entendeu-se por "formalizados em prontuário", quando descrita ou evoluída (pela equipe médica e/ou de enfermagem), no prontuário do paciente, a causa do atendimento em algum momento da internação.
Os dados serão coletados através de pesquisa em prontuário no setor de arquivo médico e estatístico da referida instituição e transferida para um instrumento de coleta.
Inicialmente serão selecionados todos os pacientes com diagnóstico de TCE através do sistema informatizado da instituição, proporcionando uma visão geral dos atendimentos realizados pelo serviço, sendo posteriormente selecionados os derivados de acidente de transito.
Da análise documental serão retirados todos os dados necessários para a realização da pesquisa. Serão considerados registros de informação a evolução médica e de enfermagem contidas no prontuário do paciente e os exames que eventualmente foram solicitados.


3.5 CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO E EXCLUSÃO DOS SUJEITOS


Para que possam fazer parte do estudo realizado nesta pesquisa, a população alvo deverá se enquadrar nos seguintes critérios pré-definidos: ter sofrido traumatismo crânio encefálico e esse TCE ter acontecido em decorrência de acidente de transito.


3.6 ANÁLISE DE RISCOS E BENEFÍCIOS PARA A POPULAÇÃO ESTUDADA


O presente estudo não importa em risco algum para a população analisada, tendo em vista que nenhum procedimento experimental ou não será realizado, mas apenas serão analisados os dados contidos em prontuário médico.
Os benefícios, no entanto, podem ser enormes, tendo em vista que tornará possível se conhecer a população que nela se inclui, tornando mais fácil a compreensão do fenômeno na região, e possibilitando aos profissionais da área uma maior compreensão do fenômeno e dos procedimentos a serem tomados, seja de forma preventiva ou não.


3.7 RETORNO DE BENEFÍCIOS PARA A POPULAÇÃO ESTUDADA


O presente estudo ficará à disposição dos profissionais da área, bem como de toda a população para que possa ser melhor compreendido. Além disso, permitirá que melhor se compreendam as causas principais de sua ocorrência, os principais procedimentos tomados, podendo servir mesmo como elemento de prevenção.


3.8 CRITÉRIOS PARA SUSPENDER A COLETA DE DADOS


Tendo em vista a natureza da pesquisa, apenas será suspensa a coleta de dados caso hajam impedimentos por parte do Hospital do Oeste.


3.9 ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS


A pesquisa será submetida, de acordo com o disposto na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde do Brasil submetendo, à análise e julgamento do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade São Francisco de Barreiras-FASB, reconhecido pelo Conselho Nacional de Pesquisa com Seres Humanos (CONEP), de forma que será apresentado mediante o envio e de carta de encaminhamento à presidência juntamente com Folha de Rosto padronizada pelo SISNEP.
O presente estudo será também encaminhado para o consentimento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital do Oeste.
Estarão garantidos aos profissionais deste Hospital, o sigilo das informações, sem penalidade alguma e sem prejuízo às suas atividades profissionais.
3.10 RESULTADOS ESPERADOS


A presente pesquisa espera alcançar como resultados acerca da ocorrência de TCE em pacientes vítimas de acidentes de trânsito automobilístico internadas num hospital de médio porte do oeste da Bahia, com a finalidade de melhor compreender o fenômeno e se indicarem possíveis soluções e melhorias o atendimento ou mesmo na prevenção de acidentes.

4. CRONOGRAMA


Atividades 2009
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Pesquisa Bibliográfica X X X
Seleção de bibliografia X X
Elaboração Projeto X X
Avaliação pelo prof. Orientador X
Entrega do projeto Xx
Elaboração da monografia X X X X
Avaliação da monografia pelo orientador X X
Possíveis alterações proposta X X
Apresentação da monografia X


5. RECURSOS


5.1 RECURSOS HUMANOS


Para o desenvolvimento deste projeto, serão necessárias as orientações do(a) professor(a) Orientador e da participação de alguns outros professores para tirar dúvidas iminentes.


5.2 RECURSOS MATERIAIS


Materiais de Consumo Quantidade Valor
Papel ofício 1 resma 15,00
Caneta 5 25,00
Cartuchos 02 100,00

Material permanente Unidade
Computador 01
Impressora 01
Scanner 01
Bibliografia R$ 600,00
Total R$ 740,00


REFERÊNCIAS


CINTRA, Eliane A.; NISHIDE, Vera M.; NUNES, Wilma A. Assistência de Enfermagem ao paciente gravemente enfermo. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito). Disponível em: . Acesso em 08/04/2010.
GIL, Antônio C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4.ed.São Paulo:Atlas,2006.
JUNQUÉ, Carme; BRUNA, Olga; MATARÓ, Maria. Traumatismo Cranioencefálico. Uma abordagem da neuropsicologia e fonoaudiologia. São Paulo: Livraria Santos, 2001.
PEREIRA, Maurício G. Epidemiologia Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
POLIT, D. F. et al. Fundamentos de pesquisa em Enfermagem: Métodos, avaliação e utilização. 5 ed.Porto Alegre: Artmed, 2004.
ROWLAND, Lewis p. Tratado de neurologia. 10. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2002.
SARACENO, Chiara. Sociologia da Família. Lisboa: Estampa, 1997.
SARAH (Rede Hospitalar SARAH) Disponível em:. Acesso em 26/03/2010.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Sudarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúr

Autor: Sheila Teixeira Lopes


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