INCLUSÃO E ACEITAÇÃO



Texto: Maria Helena Silva*

Incluir é aceitar o outro como tal se apresenta. É conviver, e nesta convivência, aprender e descobrir as inúmeras possibilidades para o pleno desenvolvimento das potencialidades, até então adormecidas, que por direito do seu estar sendo, possui algum tipo de acometimento físico, que dificulta sua interação no meio em que vive ? numa sociedade construída levando em consideração tão somente um saber letrado, de cultura remanescente de escrita à tinta.
Defendemos que, incluir tem um significado mais amplo. Significa, conviver em conjunto para aprender com o outro, outros saberes. Conviver na diversidade a fim de, na diversidade adquirir um saber ilimitado e conviver melhor em comunidade. E, nesta convivência, encontrar o meio, inventar o caminho para a superação das dificuldades, também suas, buscando, o pleno desenvolvimento das habilidades básicas para interagir com o mundo do outro, desta forma, dominando as informações da educação geral como um todo, porque ser diferente é também ser normal.
Incluir não significa apenas aceitar a pessoa que apresenta necessidades educativas especiais, e configurar essa aceitação, em matrículas escolares. A idéia de educação inclusiva rompe com o paradigma da integração no qual o sistema educativo se mantinha inalterado. A idéia de inclusão vai mais além. Consiste, no entanto, o maior desafio da Educação Especial na contemporaneidade.
A Escola Inclusiva, sobretudo enquanto proposta pedagógica dependerá evidentemente de diversos fatores. Desde a organização de ambientes adequados à realização das atividades básicas destas pessoas à realização de concursos públicos para professores com formação específica e até reestruturação curricular, que deverá estar, necessariamente, reestruturar-se para responder às necessidades de todas as crianças, jovens e adultos, indistintamente. Sejam pessoas acometidas pela deficiência visual, pela surdez, surdocegueira, ou ainda outras limitações.
A Escola Inclusiva tem necessariamente que continuamente fazer uma revisão da sua prática pedagógica atual, célula por célula, tecido por tecido, cada um oferecendo sua parcela de contribuição. Cada parcela buscando por assim dizer, constituir-se e contribuir para a somação do todo. E o todo, desta forma, se constituir em forças convergentes para mudanças qualitativas e significativas, no sentido de que na escola possa ocorrer uma educação inclusiva, em todas as instâncias. E desta, a todos os recantos do país, provocando eco e afluência para a transcendência universal.
Inclusão envolve fundamentalmente, consciência e atitudes. Movimento em reconhecimento à capacidade de ir e vir, entendimento, que nem todas as pessoas acometidas por algum tipo de deficiência buscam a instituição escolar, para tão somente aprender a ler e escrever. Deve compreender, que estes vão em busca de estratégias, essencialmente, para a superação das dificuldades e soerguimento social como um todo. Buscando palma a palma, degrau a degrau, ciclo por ciclo e sem queimar etapa, alcançar o topo ou cume da montanha na escalada da vida.
Se, por um lado, não se pode negar a existência de políticas educacionais que favoreçam uma educação inclusiva, por outro, os profissionais da educação estão precisando desse entendimento de causa, e, sobretudo apoio e redimensionamento das políticas públicas voltadas para a educação, que viabilizem as ações qualitativas que possam garantir a realização de mudanças necessárias em sua prática educativa na construção e reconstrução da sociedade.






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* Maria Helena Silva ? professora especialista em Deficiência Visual e Mental com experiência na interação de sala de aula com pessoas acometidas por deficiências: visual, mental e surdocegueira no Estado de Sergipe.

Autor: Maria Helena Silva


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