VIAGEM NO TEMPO - SEGUNDA PARTE



Depois de deixar-mos o ano de 1889 na máquina do tempo, descobrimos que, em vez de voltarmos para 2004, estávamos retrocedendo no tempo.

- Estamos indo para trás no tempo! Exclamei. Jeremias e Karen se colocaram ao meu lado para olhar o calendário digital no aparelho que eu segurava.

- Aguma coisa deu errado! Disse Jeremias. - Algum problema que Olavo não consegue corrigir no momento enquanto o programa não terminar.

Os números começaram a mudar tão rápido que se tornou impossível distinguilos. Após alguns minutos a velocidade foi diminuindo e afinal parou. No calendário apareciam quatro números que não dava para saber se eram mil ou milhões de anos Antes de Cristo. A escuridão nos envolveu e logo depois a claridade do dia surgiu lentamente. Surgimos numa clareira, na orla de um bosque de grossas e altas árvores. Por um momento ficamos em silencio, admirando aquelas arvores gigantes. O dia era claro, o céu sem nuvens, não se ouvia nenhum canto de pássaro, nenhum inseto na campina, soava apenas o ruído das folhas movidas pelo vento na copa lá no alto.

Jeremias quebrou o silêncio.

- Parece que estamos no passado remoto, talvez em alguma época da Era Mesozóica!

- Acho melhor permanecer-mos neste mesmo lugar.

Quando acabei de falar, uma sombra caiu sobre nós. Alguma coisa bateu em meu ombro e me derrubou. Ouvi o grito de Karen enquanto uma rajada de vento agitava o capinzal. Quando ergui a cabeça, vi um grande animal alado bater as asas e se afastar, levando Karen presa em suas garras. Jeremias, que também havia sido derrubado, ergueu-se e correu atrás do monstro, corri junto a ele, mas logo adiante paramos na beira de uma ladeira. O animal planou com o ar ascendente e sumiu atrás de um morro.

- O que era aquilo? Um pterodáctilo?

Jeremias sentou-se no chão e lamentou-se.

- A culpa é minha!

Chocado, sentei-me ao lado dele e permaneci calado. Não podia-mos fazer nada. O fim de Karen seria horrível! Peguei o rastreador que havia colocado no bolso e olhei para o visor. Vi dois pontos luminosos pulsando um ao lado do outro, e o terceiro, que seria Karen, movendo-se lentamente em a uns dois quilômetros de distância. Sacudi Jeremias pelo ombro.

- Olhe! Karen está no solo! De alguma forma ela escapou das garras daquele monstro.

Jeremias pegou o aparelho de minhas mãos e ergueu-se. Começamos a descer para o vale pelo caminho menos íngreme.

- Não estou vendo o mar!

- A orla está mais recuada nessa era. Respondeu Jeremias. - O nível do mar vai subir baixar e voltar a subir novamente nos anos que ainda virão.

Vinte minutos depois chegamos ao fundo do vale. Contornando um terreno pantanoso, seguimos pela base de um morro e logo depois avistamos Karen sair do meio de uns arbustos, e caminhar mancando ao nosso encontro. Ela sorria.

- Como você conseguiu escapar daquele bicho? Indagou Jeremias, abraçando-a.

Com seu jeito descontraído, Karen explicou:

- Ele estava me segurando pelo casaco e como voava baixo, ergui os braços e me livrei do casaco!

- Machucou o pé?

- Não é nada, ainda posso caminhar.

- Acho melhor procurar-mos um abrigo e esperar Olavo nos transportar.

Sugeri, oferecendo o braço para Karen se apoiar.

- Vamos procurar um lugar seguro para ficarmos e aguardar que Olavo nos leve de volta. Disse Jeremias. Permanecemos algum tempo sentados no alto de um rochedo até que, finalmente, Olavo nos transportou atravez do tempo em direção a Era Quaternária. A máquina do tempo nos levou para o ano de 2004, mas não se deteve, tomou impulso e continuou rumo ao futuro! 2003, 2004, 2005.... Algum tempo depois, quando a máquina parou, o calendário marcava o ano de 5.491!

- Não acredito que Olavo esteja fazendo isso de propósito! Exclamou Jeremias.

- O que aconteceu com o Rio? Indagou Karen, olhando ao redor. A região se tornara um deserto, da cidade só restavam escombros, alguns prédios em ruínas estavam dentro do mar, a poucos metros de onde estava-mos. O nível do mar tinha se elevado e coberto parte da cidade. O sol intenso refletia nas dunas ofuscando nossos olhos.

- Vamos procurar uma sombra. Disse Jeremias.

- Tem alguma coisa se movendo lá. Disse Karen, apontando uma faixa de areia ao norte. Na distancia distiguimos uma mancha escura, tremula em meio às emanações de calor que se erguia da areia quente. Não dava para saber o que era. Aos poucos a mancha foi tomando forma e finalmente distinguimos uma figura humana, que se aproximava. O rapaz vestindo uma roupa cinzenta com capuz nos viu e apressou o passo.

- Ola! Quem são vocês? De onde vieram?

- Somos viajantes do tempo. Viemos do século vinte e um.

Chegamos aqui por acidente. Meu nome é Roger, esse e Jeremias e sua filha, Karen.

- Me chamo Walter Leibowitz. Vamos sair do sol, meu abrigo é logo ali. Bem, fiquem sabendo que viajar no tempo é proibido. A chegada de vocês já deve ter sido detectada pelas autoridades. Mas, não se preocupem como chegaram a uma região deserta eles vão esperar vocês voltarem para a época de onde vieram.

Contornando um monte de entulho, o rapaz nos guiou para uma pequena construção de tijolos, com janela e porta de metal deteriorado.

- Construí esse abrigo com material das ruínas. Disse ele abrindo a porta.

- Entrem e sentem-se.

No abrigo de um só cômodo, havia uma mesa, duas cadeiras, fogão de pedra, um armário de metal enferrujado.

- Desculpem, não tenho assento para todos! Eu não esperava visitas!

- Não se preocupe. Respondeu Jeremias.

- Você vive aqui sozinho? Perguntou Karen.

- Por algum tempo. Moro em Nova Aurora, que é a nova capital do país. Pertenço a uma congregação religiosa. Os noviços são mandados para cá por doze semanas, com o mínimo de recursos, como teste para sua futura vida de missionário e emissário da Fé. Aqui são postos à prova, a perseverança, a coragem e a fé. É uma oportunidade para se meditar sobre os verdadeiros valores da vida.

- Mas, o que aconteceu com a cidade? Uma guerra? Cataclismo? Perguntei.

- Não. O efeito estufa causou muitos males ao planeta e a nossa civilização. Houve inundações em algumas regiões, secas em outras, houve, terremotos, tsunamis que varreram cidades litorâneas. Aconteceram distúrbios sociais que contribuiu para o caos e a instabilidade econômica mundial.

Somente a partir do século vinte e três é que a natureza se acalmou e uma nova ordem social surgiu no mundo. Nós...

De repente, Walter Leibowitz e o abrigo sumiram e nos vimos dentro da máquina do tempo.

- O que pode acontecer agora? Indagou Karen. Calados, ficamos observando os números do calendário. Os anos voltaram para trás e finalmente parou exatamente no dia em que partimos. Olavo abriu a porta da máquina e saímos.

- Estão todos bem? Perguntou ele. - Infelizmente aconteceram algumas anomalias no processo de resgate.

- Nós vamos ter que consertar isso. Disse Jeremias. De repente uma ventania invadiu a sala, espalhando papéis e derrubando coisas. Dois homens vestidos de preto, com uma máscara contra gases no rosto, surgiram de repente.

Um deles apontou um aparelho para nós e no mesmo instante ficamos paralisados, sem poder nos movimentar ou falar. O outro sujeito, falou alguma coisa num aparelho que devia ser uma espécie de telefone, dizendo o que pareciam ser coordenadas. Em seguida, num relâmpago, sumiram os dois homens, a máquina do tempo, documentos, aparelhos e instrumentos. Em seguida, voltamos ao normal. Olavo olhou ao redor, espantado.

- O que aconteceu? Quem eram aqueles homens?

- Policiais do futuro. Disse Jeremias. - No futuro vai ser proibido viajar no tempo.

- Eles destruiram tudo! Mas, não adianta, nós podemos construir outra máquina!

- Como? Indagou Jeremias. - Não temos mais os esquemas e eu não me lembro de como construímos. Você se lembra de todos os detalhes?

Olavo pensou um instante e sacudiu a cabeça.

- Não! Droga! Não consigo me lembrar!

- Acho que eles apagaram de nossa memória! Disse Jeremias.

- É melhor assim. Afirmou Karen. - Vou tomar um banho. Disse ela e saiu da sala.

- Pelo menos temos uma historia para contar para nossos netos. Falei.



antonio stegues batista
Autor: Antonio Stegues Batista


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