Uma Noite e Dois Amantes



Casados por preconceito,
Enlaçados pela paixão e desejo.
Sem necessidade de se notarem
Buscam o refúgio para se amarem.

Aventuram-se pela noite adentro,
Com velocidade, locomovem-se, inspirados pelo vento.
Os limites desaparecem aos amantes,
Vivem intensamente o sabor do instante.

A ansiedade toma-lhes conta,
Não há prazer de maior monta.
Permutam seus desejos incansáveis,
São eternos a todo instante, apaixonantes, incontroláveis.

Chegando na alcova tão aguardada,
O coração acelera e o pessimismo torna-se uma ex-lamúria malfadada.
Perscrutam o ambiente, tateando nas trevas os detalhes,
Sorrisos, gestos, afagos, embora o mais profundo seja o entrecruzar de olhares.

Despem-se como já disseram ser no início, o chamado Paraíso,
Talvez possa-se comparar a inocência desvelada dos que chamaram "índios".
O fato é que ali estavam presentes forças de entorpecer,
Que invejariam Eros e Psiquê.

O cheiro do novo que já foi utilizado é inebriante,
Ávidos por explorar tudo do pouco que há.
Ali, velados no prazer amante,
Sem pressa de partir, pois pretende-se inclusive pernoitar.

O cheiro de prazer percorre o ar,
A mente busca lembranças de outros que estiveram ali, a se amar.
Mas independente do que outrora sucedera,
Agora o casal estava ali, em sua emoção derradeira.

Toma-se a resolução de por onde começar,
O vapor sufocante da sauna já faz transpirar.
Exalação que poderiam dizer apenas normal, por uma fisiologia atiçada,
Mas para os românticos não, é prazer de uma evaporação eriçada.

O corpo, superaquecido, sofre a abrupta sensação termostática com a ducha fria,
Mas nada disso pode romper com o frenesi da alegria.
Corpos nus que mergulham em águas à disposição de sua vontade,
Como uma fonte da juventude, os mergulhos fazem retroceder a idade.

O homem contempla aquela musa que adentra as águas,
Observa os pés delicados tocarem a superfície aquosa.
O corpo lívido ao penetrar nas águas, provoca uma dádiva que faz relembrar o batismo,
Terminando por encharcar as frondosas madeixas que inspiram o mais erudito lirismo.

A mulher também observa o homem se banhar,
Abruptamente se precipita nas águas, sem exitar.
Os traços se tornam singelos e o corpo mergulhado a faz enamorar,
Surpreende-se pela forma como a água transforma a robustez, sem afeminar.

Como dois marinhos, exploram a água borbulhante,
Enamorados e deixando-se apaixonar, felizes amantes.
A harmonia é percebida e nem mesmo precisa ser mencionada,
Os corpos tornam-se unidos, alterna-se, um pouco se ama outro se nada.

A noite como de testemunha deste romance,
Contempla o ato e intensidade do amor.
Mas permanece velando distante,
Sem revelar a intimidade que emocionou.

Poucas estrelas testemunham discretamente,
Homem e mulher, agora são um só, isso é eloquente.
Pois cada palavra se torna gemido, cada gesto carícia,
Cada beijo uma eternidade, cada prazer uma nobre delícia.

Exaustos pelo prazer, o desejo próximo apresenta-se para satisfazer-se,
A fome dos amantes, a voracidade de repor o vigor para rejuvenescer-se.
Saciados os apetites e passada a exaustão digestiva,
Continuam amando-se, entre lençóis, suas fantasias despidas.

Banham-se, entretêm-se, divagam,
Se olham, se beijam, se abraçam.
Dormem com dificuldade,
O desejo é que este momento não se acabe.

Nem mesmo Morpheu consegue conter o ímpeto do desejo,
O sono é interrompido pelos corpos excitados, tesos.
Não podendo-se conter a sofreguidão libidinosa,
Os amantes consumam o ato, da forma mais intensa, ardorosa.

Ao acordar e contemplar o sol já vigoroso ao céu,
Sentem-se realizados, deixados ao léu.
O amor prossegue, os momentos se perpetuarão ressonantes como um magnífico tropel,
O casal prossegue seu sonho romântico vivido, a memória conservará o motel.
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