A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A ESCOLHA DA PROFISSÃO DOCENTE



1. INTRODUÇÃO

A prática da leitura é um hábito que se faz presente na vida do ser humano desde o momento em que esse começa a descobrir o mundo que o cerca. Na busca incessante pela compreensão das coisas que estão à sua volta, na necessidade de perceber o mundo sob diversas perspectivas, ler torna-se um instrumento de "sobrevivência" para as pessoas, mesmo que, muitas vezes, isso ocorra de certa forma despercebida.
Sabe-se que, através da leitura, o homem tem à sua frente uma oportunidade para ampliar as portas da percepção. O exercício de ler, principalmente se movido por curiosidade, pela ânsia de crescer, de conhecer o novo, faz com que o ser humano se renove a cada instante, tornando-se cada dia mais apto a enfrentar as dificuldades impostas pelo cotidiano. Ler é um momento especial, uma situação única, que conduz o leitor até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido, ampliando significativamente sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.
Por entender que a leitura possui papel decisivo na vida do educador, esse trabalho objetiva verificar se os professores realmente são influenciados pelo hábito de ler no momento de escolher o magistério como opção profissional. Para tal tarefa, inicialmente, buscou-se com a pesquisa entender a leitura sob uma perspectiva social, conhecendo as particularidades que a envolvem. Num segundo momento, foi feita uma análise sobre o trabalho realizado com a leitura no ambiente escolar e, sequencialmente, verificou-se o papel do educador e a influência desse profissional no hábito de ler. Por último, realizou-se uma análise dos dados, colhida junto aos educadores, para diagnosticar se a categoria docente é influenciada positivamente pela leitura no momento de escolha da profissão.
Para o desenvolvimento deste trabalho, optou-se pela realização de uma pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo por entender que tais métodos são os mais adequados, uma vez que oportuniza reunir mais subsídios sobre a temática abordada. A pesquisa de campo ensejou ilustrar o estudo a respeito de como o tema escolhido vem sendo tratado numa realidade prática. A abordagem qualitativa foi adotada para a realização desta modalidade de estudo.
A pesquisa bibliográfica, caracterizada como um estudo teórico, é considerada o passo inicial de toda a pesquisa científica, sendo desenvolvida através de material elaborado anteriormente, constituído de livros, periódicos, artigos científicos etc. (GIL, 1991). Para Minayo et al (1994), a abordagem qualitativa "[...] aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas".


2. A LEITURA SOB UMA PERSPECTIVA SOCIAL

O gosto pela leitura, muito mais do que uma simples diversão, significa conhecimento. É até possível que algumas pessoas possam imaginar a leitura como um passatempo, como algo destinado a entreter, a motivar. Porém, antes de tudo, ler significa aprender, interagir. Através da leitura, podemos desbravar mundos, construir conceitos e entender melhor as coisas que estão à nossa volta, por mais difíceis que elas possam parecer.
O mundo que permeia o universo da leitura muitas vezes é mais imaginário do que real e nos oportuniza conhecermos melhor a nós mesmos. É comum ouvirmos histórias de pessoas mais idosas referindo-se à leitura como algo que, em tempos passados, servia de castigo nas escolas. Não raro, quando o aluno excedia-se em comportamento ou aprontava alguma façanha, seu castigo era a biblioteca. Fatos como esses certamente ajudaram a criar uma imagem negativa acerca da leitura na sociedade de outrora e perduram até nossos dias.
Para Rangel (1990), o ato de ler caracteriza uma relação entre o indivíduo e o mundo que o cerca, o que não é uma ação mecânica, nem estática, mas uma atividade em que se admitem diversas interpretações, a descoberta da significação do texto, até a busca da consciência do ser no mundo. A leitura estabelece, dessa maneira, uma relação ampla com o texto e uma ação mediadora entre o ser humano e o presente, ou seja, é um ato que além de agregar conhecimentos, possibilita a quem o pratica situar-se e compreender-se como ser humano.
Como agente social, a leitura possui um papel importantíssimo em nossa sociedade. Logo que começa a dominar as primeiras palavras escritas, a criança sente internamente a necessidade de desbravar o "mundo das letras". É algo automático, que está ligado ao desejo do ser humano de aprender mais. Nessa fase, o indivíduo começa aos poucos a demonstrar sua vocação para uma determinada área de atuação. Nesse caso, não raro, os próprios educadores fazem projeções para o futuro de seus educandos, destacando espírito de liderança, facilidade com as ciências exatas, habilidades esportivas etc.
O prazer pela leitura é uma atividade crucial para a aprendizagem do ser humano, pois, através dessa prática, podemos enriquecer o vocabulário, obter conhecimento, dinamizar nosso raciocínio e nossa capacidade de interpretação. É comum ouvirmos pessoas afirmarem não ter paciência para ler um livro. No entanto, isso ocorre por falta de exercício, pois se a leitura fosse algo rotineiro, as pessoas saberiam apreciá-la e estariam cientes de sua importância para o conhecimento.
Uma das tantas experiências positivas que a leitura nos traz é o conhecimento relacionado ao ato de escrever, ou seja, quanto mais se lê, mais se aprende a escrever. Segundo Garcia (2002), aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprisionou. Evidentemente, o hábito de ler permitirá ao aluno adquirir certos hábitos de estruturação de frases modestas, mas também claras, coerentes e objetivas.
O único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor, uma vez que é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Nesse sentido, o exercício de ler se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Através da leitura, o indivíduo adquire mais conhecimentos, obtendo maior capacidade de diálogo e preparando-se melhor para atender às necessidades de um mercado de trabalho exigente. A leitura propicia o contato com novas experiências, leva o leitor a conhecer mais o mundo em que vive e também sobre si mesmo, já que ler leva ao exercício da reflexão.
Para Goodman (1991), o exercício de ler constitui-se em um jogo de adivinhação. Nessa busca do significado, o autor caracteriza o exercício de ler como um processamento de informações por tentativa, de acordo com os esquemas lingüísticos e conceituais do leitor. Naturalmente, essa intimidade com as estratégias de leitura são construídas ao longo da vida escolar com respeito à individualidade, incentivo à narração pessoal, desejo de ser lido ou ouvido.
Muitas vezes as pessoas se dão conta de que algumas coisas que aprendem na escola são esquecidas com o tempo, pois não as praticam. Através da leitura rotineira tais conhecimentos se fixariam de forma a não serem esquecidos posteriormente. Assim, dúvidas existentes durante a escrita poderiam ser sanadas pelo exercício da leitura, ou, talvez nem existissem, pois a leitura como agente social torna o conhecimento mais amplo e diversificado.


3. O TRABALHO COM LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR

É praticamente impossível abordar a questão da prática da leitura e escrita sem englobar o trabalho realizado nas instituições escolares. É na escola, pela mediação do professor e com a ajuda do livro didático que os estudantes aprenderão a ler, a escrever e a enxergar sua própria realidade e a realidade do outro (GONTIJO, 2006). Essa relação é essencial ao aluno, que, pelo contato e exploração de diferentes textos e por meio de ações intermediadas, passará a interagir, conseguindo representar oralmente e por escrito, sob vários registros verbais, seu pensamento, sua experiência prévia de vida e seu conhecimento coletivo de mundo.
Criados para colaborar com as escolas e professores para que traçassem seus objetivos de maneira mais clara e coerente com a fase de desenvolvimento dos alunos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) enfatizam que cada escola deve possuir o seu próprio projeto pedagógico e este deve ser adaptado à realidade em que a mesma está inserida. A leitura, bem como sua prática e incentivo, nesse caso, é um dos parâmetros a serem seguidos por qualquer instituição de ensino.
Ainda em âmbito escolar, é interessante observar que ao serem questionados pelos educadores sobre o que planejam para o futuro, normalmente uma grande parte dos adolescentes que possui o hábito da leitura manifesta o desejo de um dia serem educadores. Até mesmo aqueles alunos que optam por outro campo de atuação profissional, quando convidados a escolherem uma segunda opção, apontam a carreira docente como alternativa profissional. Se por acaso os professores questionarem o porquê dessa escolha a resposta quase sempre é direcionada à prática da leitura.
Nesse ciclo de criação e recriação do conhecimento, próprio da vida escolar, a leitura ocupa, sem dúvida alguma, um lugar de grande destaque. Isso acaba fazendo com que os alunos que desde cedo adotam a leitura como um exercício freqüente, criem uma maior intimidade com o mundo dos livros. Isso corrobora a idéia de Mermelstein (2008), que enfatiza a necessidade de proporcionar aos alunos novos desafios, uma vez que a função da escola é ensinar novidades, ampliar o repertório do educando com exposição de maior diversidade de gêneros textuais. Para a autora, a dosagem e as exigências serão planejadas considerando que a formação do leitor é um processo de amadurecimento e que quanto antes começar, mais sentido fará na vida do aluno-leitor.
Ao ser utilizado na escola, o texto literário constitui o mediador na comunicação escrita entre o professor e o aluno, pois através dele, se valoriza um ensino informativo e teórico. Por esse motivo, se torna necessária a formação de leitores que possam trabalhar esse tipo de material. A maioria de nossas escolas possui bibliotecas com volume significativo de produção editorial, mas apenas uma pequena parcela da população tem acesso aos livros produzidos, levando-se em conta a idade da população, o número de alunos matriculados, hábitos de leitura e é claro, o incentivo por parte de nossos professores.
De acordo com Freire (1985), "ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo; os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo". Tal afirmação, se levada ao pé da letra, permite reconhecer que o vínculo entre a escola, o aluno e a leitura é maior do que se pode imaginar, pois o hábito de ler amplia a relação entre instituição, educador e educando. Além disso, é possível afirmar que nada substitui a leitura, mesmo numa época de proliferação dos recursos audiovisuais e da informática, pois ler é parte essencial do trabalho, do empenho, da perseverança, da dedicação em aprender.
Na instituição escolar o ato de ler deve ser algo diário e, principalmente, uma prática estabelecida de forma que os leitores tenham curiosidade e gosto pela leitura. É nesse momento de incentivo e busca que o aluno saberá valorizar ainda mais o trabalho de seu educador e o exercício da profissão docente. Ler é, portanto, um exercício que, sob a ótica de Kleiman (1989), deve se constituir um ato prazeroso, principalmente para sanar deficiências de aprendizagem na infância. A autora sugere que, por este motivo, deve-se recorrer a estímulos para introduzir o hábito de leitura nos alunos logo que esses começam a frequentar a escola.

4. O PAPEL DO EDUCADOR E A INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA

Nas últimas décadas, tem sido comum o levantamento de uma série de discussões que envolvem a profissão docente. Nóvoa (1992), ao escrever sobre as dimensões pessoais e profissionais dos professores, valendo-se de uma retrospectiva histórica, entende que os estudos sobre a formação e atuação de professores, de forma geral, foram marcados por uma separação entre o eu pessoal e o eu profissional. Para o autor, no final da década 80, começaram a ocorrer estudos que tiveram o mérito de ?recolocar os professores no centro de debates educativos e das problemáticas da investigação? (NÓVOA, 1992).
A história da educação brasileira sempre mostrou-se muito rica em fatos, pois a categoria docente sempre foi muito cobrada pela sociedade, o que trouxe constantes mudanças ao setor educacional. Essa inconstância, com o passar dos anos, criou uma situação de mal-estar que pode ser representada pelos sentimentos que os educadores têm diante das circunstâncias que o próprio processo histórico produziu em termos de educação. Entre esses sentimentos estão a desmotivação pessoal e, muitas vezes, abandono da própria profissão; insatisfação profissional, percebida através da indisposição na busca de aperfeiçoamento; esgotamento e "stress", como conseqüência do acúmulo de tensões; depressões; ausência de uma reflexão crítica sobre a ação profissional entre outras (ESTEVE, 1995).
Apesar dessa série de eventos que sempre estiveram presentes na vida do professor brasileiro, é possível entender que a infância e o hábito de ler tiveram influência decisiva no momento da escolha da profissão. Diversas pesquisas apontam que os anos vividos no ensino fundamental são decisivos para que o aluno crie uma identificação particular com a figura do professor e com a instituição escolar. Isso ocorre porque essa é uma fase da vida em que o educando vê o educador como um ídolo, uma presença marcante.
Ao entrar na adolescência, o estudante começa a compreender a organização pedagógica, administrativa e o funcionamento da escola, sua filosofia, seus espaços de relacionamento, as relações de poder entre direção e alunos, o ambiente físico pedagógico da escola etc. É um período em que a leitura já tornou-se algo significativo para o aluno e tal percepção se fez por conta do trabalho do educador com os livros. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece, segundo Gontijo (2006), por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária.
Há alguns anos, ser professor era algo totalmente diferente dos dias atuais. A própria sociedade via o educador com outros olhos, as pessoas enxergavam na figura do mestre uma autoridade, alguém cujo conhecimento era essencial para a formação dos filhos. A mudança desse conceito trouxe a necessidade de um professor mais reflexivo, mais atuante e com um caráter mais reivindicador. Os estudantes perceberam essa mudança de atitude e isso, provavelmente, influenciou muitos alunos a optarem pelo magistério como profissão.
Ao compreenderem o processo educacional e suas inconstâncias, os estudantes buscaram no contato com o mestre e com os livros, conhecer ainda mais os entraves do magistério, o que ampliou consideravelmente sua visão de mundo. Conforme afirma Boff:
[...] cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre uma releitura [...] (BOFF, 1997, p. 35)
Já para Machado (2008) "[...] Gente que não gosta de ler não pode ensinar a ler. É igual a um instrutor de natação que não goste de nadar e por isso tenta ensinar os alunos do lado de fora da piscina [...]". Tal manifestação está correta, mas não se pode esquecer que, por outro lado, o professor que gosta de ler e o faz com entusiasmo desperta no aluno o gosto pela leitura, maior aceitação pela escola e a admiração pelo trabalho docente como é possível constatar historicamente no ensino brasileiro.
Infelizmente existem, em nosso setor educacional, dados negativos que precisam ser levantados. Entre esses, está o fato de que os professores brasileiros, embora existam exceções, também são carentes de leitura. Isso ocorre porque o número excessivo de aulas torna raros os momentos para que o educador se dedique aos livros. Some-se a isso o salário que não é suficiente para comprar livros e o fato de que normalmente o educador que gosta de ler possui formação direcionada à leitura, como no caso da Literatura e da Língua Portuguesa.
Os acontecimentos mostram, porém, que a aprendizagem da leitura sempre se apresenta intencionalmente como algo mágico, senão enquanto ato, enquanto processo da descoberta de um universo desconhecido e maravilhoso. Refletindo melhor, pode-se afirmar que ninguém ensina ninguém a ler. O aprendizado é, em última instância, solitário, embora se desenvolva na convivência, cada vez mais com os outros e com o mundo, naturalmente (KLEIMAN, 1989).
Alguns estudiosos entendem que a falta de leitura em nosso país é uma característica normal dentro da classe trabalhadora. Já a maioria dos profissionais da educação entende que essa disfunção na área de leitura, em verdade cumpre uma função muito clara: impedir o crescimento e a emancipação do povo. Fica como reflexão a esse respeito, o entendimento de que o professor deve ser o instrumento facilitador do desencadeamento do hábito de leitura uma vez que essa é apenas uma de suas responsabilidades.
Compete ao educador fazer o aluno entender que é preciso ler para compreender os textos, participando criticamente da dinâmica do mundo da escrita e posicionando-se frente à realidade. O livro pode ser considerado como precioso recurso de ensino, porém, ainda não é tão popular como o giz, o quadro negro, o lápis e o caderno. Dessa forma, é grande o número de livros editados, com inúmeros títulos diferentes que poderiam, se bem utilizados, concorrer para a melhoria da qualidade do ensino.
Para Silva, é preciso que o educador envolva o aluno:
Tenho afirmado que as práticas de leitura escolar, não nascem do acaso nem do autoritarismo ao nível da tarefa, mas sim de uma outra programação envolvendo e devidamente planejada, que incorpore, no seu projeto de execução, as necessidades, as inquietações e os desejos de alunos-leitores. Simplesmente 'mandar o aluno ler' é bem diferente do que envolvê-lo significativa e democraticamente nas situações de leitura, a partir de temas culminantes (SILVA, 1988, p. 70).
É preciso lembrar que o autor está certo em defender a democratização da leitura em sala de aula. Porém, tal posição não tem sido adotada por grande parte dos nossos educadores uma vez que a vasta bibliografia da linguística aplicada ao ensino de língua portuguesa mostra que a escola está acostumada a práticas pedagógicas que não estendem o aprendizado da leitura, compreensão e interpretação a um constante interagir, impossibilitando o aluno de perceber aspectos semânticos e pragmáticos que atuam no sentido dos enunciados e de analisar a língua em uso, em funcionamento (FERNANDES, 2007).
Outro fator preponderante são as obras editadas. Conforme Kleiman (1989), o mercado está cheio de livros didáticos sem sustentação filosófica e teórica e, muitas vezes, ainda conta com a incompetência profissional do educador para orientar corretamente esta prática. Para a autora, as leituras oferecidas, principalmente aos alunos de ensino médio, tendem mais para o conservadorismo e reprodução da ideologia ultrapassada. Assim sendo, não é possível que o educando possa interagir, pois é praticamente impossível fazer alguém ler o que não gosta ou aquilo que não compreende.
Ao educador cabe a tarefa de mediar e orientar o olhar dos leitores em formação, levando-os a compreender os implícitos das práticas da linguagem, fazendo-os avaliar os argumentos e o conteúdo subjacente às afirmações do texto e orientando-os para o exercício do pensar crítico. Enfim, o professor precisa doar-se ao máximo para dar uma contribuição significativa para a compreensão do texto, de modo a favorecer o desenvolvimento de capacidades de leitura mais complexas, ou seja, inferenciais. Esta, sem dúvida, é uma das formas de ajudar o aluno a interagir com o texto, a raciocinar de forma mais eficaz, a fazer inferências baseadas em informações explícitas e implícitas, mostrando-lhe como essas influenciam na leitura e na compreensão do que está sendo lido.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a conclusão deste trabalho, foi possível perceber que a importância da leitura é algo que está além do que muitas pessoas julgam conhecer, dada a significação que o contato com os livros pode trazer ao ser humano. O hábito da leitura mostrou-se, portanto, muito mais importante do que se imaginava num primeiro momento.
O desenvolvimento da pesquisa bibliográfica oportunizou, assim, o levantamento de um número expressivo de informações que serviram de suporte para a pesquisa, seja através de casos explícitos, bem como através do estudo de autores que possuem vasto conhecimento sobre a temática abordada. Analisado sob uma perspectiva social, o contato com o mundo das letras revelou-se peça chave na continuidade do hábito de ler. Vale ressaltar aqui que a infância pode ser apontada como a fase mais adequada para que o leitor tome gosto pela leitura, o que influenciará positivamente na escolha da profissão docente.
Vista sob o enfoque de um trabalho realizado no contexto escolar, percebeu-se que os métodos de incentivo à leitura ainda devem ser melhor trabalhados em sala de aula, uma vez que é na escola que o aluno realmente começa a tomar ciência da importância do conhecimento. Também foi possível apontar que esse trabalho torna-se um verdadeiro desafio para o educador nos dias atuais, sendo a motivação um fator essencial para a construção de um leitor crítico.
A influência do professor para que o aluno leia com prazer evidenciou a necessidade da adoção das estratégias de leitura como forma de possibilitar a interação entre texto e leitor. Oportunizar que o educando inicie-se nas letras lendo aquilo que gosta, também é visto como positivo para que a leitura tenha continuidade.
Assim, todo esse conjunto de informações, aliadas ao recebimento dos questionários previamente elaborados, levou ao entendimento de que o gosto pela leitura é peça fundamental na escolha da profissão docente. Dessa forma, conclui-se o presente trabalho, entendendo que o hábito de ler, principalmente se estimulado na infância, pode ser apontado como extremamente positivo para que o educador escolha o magistério como opção profissional.


6 REFERÊNCIAS

BOFF, Leonardo. A águia e a galinha, a metáfora da condição humana. 40 ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC, 1997.

CANTALICE, L.M. Ensino de estratégias de leitura. Psicologia Escolar e Educacional. Campinas, jun. 2004.

CAVALCANTI, Marilda do Couto. Interação leitor-texto: aspectos de interpretação pragmática. Campinas: Unicamp, 1989.

ECCO, I. A prática educativa escolar problematizadora e contextualizada: uma vivência... Erechim, RS: EdiFAPES, 2004.

ESTEVE, J. M. Mudanças sociais e função docente. In: NÓVOA, Antonio. (org.) Profissão Professor. 2ª ed. Porto, Portugal: Porto Editora, 1995.

FERNANDES, Nohad Mouhanna. Desenvolvimento de habilidades de leitura de textos a partir da análise de pressupostos e subentendidos. Anais da IX Semana Nacional de Estudos Filológicos e Lingüísticos. 2007.

FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 10 ed. São Paulo: Autores Associados Cortez, 1985.

________. Pedagogia do Oprimido. 11 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 21 ed. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 2002.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

GOODMAN, Kenneth. Unidade de leitura: um modelo psicolingüístico transacional. Letras de Hoje, porto Alegre EDIPUCRS, v. 26, n° 4, p. 9-43, dez. 1991.

GONTIJO, Antonio Tadeu de Souza. A importância da leitura na escola de ensino médio: Um... Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 941, 30 jan. 2006. Disponível em: . Acesso em: 01 set. 2009.

KATO, Mary. Alfabetização: leitura da palavra leitura do mundo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
________. O aprendizado da leitura. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1989.

________. Oficina de leitura: teoria e prática. São Paulo: Pontes, 1998.

MACHADO, Ana Maria. Revista Educação. Nº 252, Abr. 2008. Disponível em: Acesso em: 12 Fev. 2009.

MERMELSTEIN, Miriam. Sobre o gosto da leitura na escola. 09 Dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 27 Mar. 2009.

MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. (Org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

MOITA-LOPES, L. P. Oficina de Lingüística Aplicada. Campinas: Mercado de Letras, 2000.

NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In: A. Nóvoa (org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1992.

PELLEGRINI, M. C. K. Avaliação dos níveis de compreensão e atitudes frente à leitura em universitários. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Humanas, Universidade São Francisco, Bragança Paulista. 1996.

PEREIRA, Izaides. A importância da leitura na séries iniciais. 2007. Disponível em: Acesso em: 12 mar 2009.

PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. São Paulo, Abril Cultural, Coleção Os Pensadores, 2. ed. 1983.

RANGEL, Mary. Dinâmica de leitura para sala de aula. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1990.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. A leitura no contexto escolar. Série Idéias. n.5. São Paulo: FDE, 1988.

SOUZA, Renata Junqueira de. Narrativas Infantis: a literatura e a televisão de que as crianças gostam. Bauru: USC, 1992.

Autor: Ben-Hur Bastos Brasil


Artigos Relacionados


Resumo Do Texto:"o Leitor Inexperiente" De M. Contente.

Currículo E Sociedade

A Importância Da Leitura No Ambiente Escolar

Leitura: Porque é Tão Importante?

A Leitura No Contexto Escolar

O Ensino Da Leitura

A Leitura Como Fator Primordial à Educação.