POR QUE É DIFÍCIL APRENDER?



O aprendizado humano só se coloca em questão pelo fato de que a educação fora instituída como valor primordial e institucionalizado em que o acumulo de conhecimento e titulações são vistos como reflexos do esforço individual de cada pessoa que garante ou exclui o individuo perante o coletivo que se encontra.
Portanto aprender, educar, educação, escola... Constituem um problema da ordem do dia no mundo, pois se valem da premissa consciente de que quanto mais conhecimento um indivíduo ostentar, melhor para ele, melhor para o coletivo e melhor para as instituições, ou até mesmo este pensamento apresenta-se às vezes como ingenuidade pelo fato de que a educação, escola, conhecimento e aprendizado sejam destituídos da noção de atritos, ameaças, homogeneização do educando, contradições do conhecimento veiculado e adestramento do pensar.
Esta ingenuidade com relação à educação provoca entraves no processo de aprendizagem, os atritos, as ameaças e a homogeneização que os alunos sofrem configuram-se como subprodutos direto da falta de compreensão do educador e dos pais. Os atritos entre educador e educando são traços marcantes do cotidiano escolar e enquanto tal não pode ser destituída de importância para o entendimento da problemática proposta, esta relação conflituosa é cíclica, que a "implicância" do aluno se volta para a relação diária com o professor o que reforça a revolta, a insatisfação e a indiferença.
As ameaças sofridas pelos alunos ocorrem dentro da escola e de casa, com os professores a situação é colocada como forma de forçar o individuo a uma tarefa que intrinsecamente não gosta sobre a ameaça de castigo e nota, assim como a exposição gratuita do aluno frente ao grupo. Já os pais freqüentemente argumentam pelo convívio social, ou seja, a ameaça da privação dos filhos aos momentos de lazer impedindo-os de visitar amigos, utilizar internet, privações dos filhos aos jogos, cinemas etc. Paralelamente em ambas as situações o fator ansiedade e constrangimento encontram-se presente deteriorando o aprendizado já fragilizado.
A homogeneização do educando resulta da incompreensão dos professores aos ritmos de aprendizado dos alunos e da matéria em questão, comumente se ignora o tempo de maturidade dos alunos para a absorção do conhecimento, este não pode ser determinado pelo professor sem levar em consideração o desenvolvimento do aluno, centro de objetivo maior no processo educacional, há de se perceber o momento de cada aluno. O ensino de história é um exemplo clássico, pois muitas vezes professores se encontram em dificuldade de transmissão dos conhecimentos da matéria. Oras por natureza intrínseca da criança não há percepção sobre o passado e o futuro, sendo então o conteúdo como mera reprodução de conhecimento sem absorção alguma. Já na adolescência a percepção histórica não se é plena. Tais fatos mencionados são ignorados e as idiossincrasias dos alunos lhe são destituídas, muitos educadores trabalham sobre a percepção de que todos os alunos reagem, interpretam e manipulam as informações da mesma forma.
Para além dos problemas acima, atualmente o que dificulta o processo de aprendizagem é o fato de a escola se tornar um espaço de contradição e adestramento do pensar, que distorcem o conceito e a real aplicação da escola e da educação como elemento fundamental da emancipação. A escola nos moldes de hoje, assim como é configurada, reproduz na íntegra o que de fato se é exigido da escola: o adestramento do pensar. Uma postura comum no seio do percurso educacional que coloca a reprodução automática como elemento principal, basta um olhar atento ao jovem em período pré-vestibular para perceber o quanto seus comportamentos beiram a lógica reprodutiva. Milhares destes jovens estabelecem um calculo normativo do tempo que poderá ter para responder cada questão?
A contradição existe na própria maneira de pensar o mundo, principalmente a História, que é vista como o processo de desenvolvimento da Europa e dos EUA em uma espécie de corrida olímpica para o desenvolvimento mundial, ou o que podemos chamar de Movimento Uniformemente Evolutivo. Outra questão presente é a imposição dos marcos históricos instituídos pelo mundo europeu como grandes divisões da história mundial, oras, o que de fato significou a queda do Império Bizantino para a Birmânia, Tailândia ou Camboja? Ou o que podemos falar de Hiroshima e Nagasaki antes das bombas atômicas? Todas estas questões são frutos de um posicionamento contraditório que instituiu a visão européia do mundo.
Portanto acreditamos que a dificuldade de se aprender não se configura como resultado de uma única ação, pois isso seria um olhar romântico sobre o problema, e sim um tripé que envolve professores, pais e alunos, e ainda uma conexão direta destes atores para com o processo histórico do mundo que privilegia o Ocidente em detrimento do Oriente.
Autor: Maxwell Martins


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