IGREJA PRIMITIVA E OS PEQUENOS GRUPOS



Pequenos grupos na formação da igreja: historicidade e contextualização


SILVA, Eliaquim Leitão da
VASCONCELOS, Héliton Wagner Mendonça de
OLIVEIRA, Joaquina Maria de



RESUMO

Esta obra expõe um estudo sobre a Igreja Primitiva, desde suas raízes, enfatizando a relevância dos pequenos grupos na sua formação, crescimento e expansão, através da história universal. Destacando ainda a contribuição de Paulo na abertura de novos trabalhos evangelísticos e a importância da estrutura de pequenos grupos como uma saída em tempos de inescrupulosa perseguição por parte do Império Romano, num período de quase dois séculos e meio. Demonstra a contribuição histórica dos povos romano, grego e judeu, preparando todo um ambiente para surgimento do cristianismo, estudando os princípios que nortearam a fundação da Igreja Primitiva, a partir do primeiro século d.C., seus fundadores, seu crescimento fenomenal através da história, as perseguições que lhe ocorreram, bem como a relação daquela igreja com a igreja do presente, levando-se em consideração o contexto histórico, cultural e social de ambas as épocas.

Palavras-Chave: Igreja Primitiva ? Paulo ? Evangelismo ? Pequenos Grupos ? Perseguição ? Crescimento.



INTRODUÇÃO

Diante das várias inquietações teológicas acerca do trabalho de igrejas evangélicas tendo como base os pequenos grupos, apresentaremos um estudo sobre a formação da chamada Igreja Primitiva, a partir do primeiro século d.C., relacionando-a com a igreja do presente.
Buscando identificar o que ocasionou o inicio das reuniões dos primeiros grupos pequenos, intenta-se compreender os princípios de formação dessa igreja e a relevância dessas reuniões para aquela época, bem como na atualidade.
A presente produção objetiva esclarecer a quem possa interessar o surgimento, os princípios fundamentais, os fundadores, as causas, as perseguições e a relevância da Igreja Primitiva na história. Para isso, utiliza-se o método histórico por meio da pesquisa bibliográfica.
Com base nessa pesquisa, prima-se elucidar questões teológicas que permeiam o seguimento evangélico, principalmente no Amazonas, acerca do trabalho de igrejas através das reuniões dos pequenos grupos nas casas.


1. O CRISTIANISMO NAS ENTRELINHAS DA HISTÓRIA

Ao estudarmos o cristianismo, é fato conclusivo que a vida e ministério de Jesus causaram o maior impacto na história da humanidade. Aliás, o seu nascimento marca a divisão da história universal. No entanto, para a maioria dos cristãos, nas suas mais diversificadas ramificações, a ocorrência do nascimento de Cristo como o fator inicial do surgimento do cristianismo. Contudo, ao examinarmos mais atentamente as Escritura Sagradas, relacionando-a com a história secular, percebemos a relação de vários eventos históricos que prepararam o surgimento do cristianismo, sendo esses eventos, os precursores do advento das doutrinas de Cristo.
Os romanos contribuíram para o surgimento do cristianismo, ao desenvolverem um sentimento de unidade universal sob as leis do império. Prepararam a aceitação do Evangelho que proclama a unidade e a salvação universal da raça humana, que se encontrava perdida espiritualmente debaixo do poder e da lei do pecado.
Ainda dentro dessa premissa de unidade, os romanos contribuíram através da implantação de um ótimo sistema de estradas, interligando assim todo o império; através da concessão da cidadania romana aos não-romanos; por meio da livre movimentação em torno do mundo mediterrâneo; do desenvolvimento do ideal de uma organização universal por parte de exército romano; e por meio das conquistas romanas, que levaram muitos povos à falta de fé em seus deuses.
Os gregos, por conseguinte, deram sua contribuição na área cultural preparando o ambiente, por intermédio de uma língua universal, o grego. Idioma anteriormente difundido amplamente por Alexandre o Grande. Através de um idioma universal, os homens poderiam comunicar suas idéias uns aos outros, e o Evangelho universal se utilizaria disso.
Outro fator deveu-se à Filosofia, pois essa destruiu as antigas religiões, sem, contudo, satisfazer as necessidades espirituais do homem. A filosofia grega ainda corroborou através da sua demonstração de incapacidade de alcançar Deus por meio da razão.
Os judeus através do monoteísmo propagaram a crença em um Deus único e popularizaram a Esperança Messiânica. O judaísmo proporcionou ainda um sistema ético puro e de padrão elevado, fazendo frente às práticas corruptas das sociedades vizinhas. O Antigo Testamento contribuiu tornando-se o Livro Sagrado da Igreja. E, finalmente, as sinagogas que, ao funcionarem como centro de culto no judaísmo tornou-se o alvo principal de pregação no inicio da igreja primitiva, usada principalmente por Paulo, quando de suas viagens missionárias para abertura de novos trabalhos. Posteriormente, as sinagogas foram deixadas em segundo plano devido à rejeição do Evangelho por parte dos judeus ortodoxos.

2. O SURGIMENTO DA IGREJA PRIMITIVA

O Evangelho de Mateus registra no capitulo 16, um diálogo entre Jesus e seus discípulos. Nesse texto, Pedro confessa diante dos demais que Jesus é o Filho de Deus, e este, por conseguinte, replica-lhe utilizando um trocadilho de palavras com o nome de Pedro (pedra pequena), e consigo próprio (a Rocha), afirmando que edificaria a sua igreja.
O historiador John Fox (CPAD, 2003), escreve:

"[...] Nestas palavras deve-se observar três coisas: primeiro, que Cristo tinha uma igreja neste mundo. Segundo, que a igreja sofreria intensa oposição, não só por parte do mundo, mas de todas as forças e poderes do inferno. E, terceiro, que esta mesma igreja, apesar de todo poder e maldade do diabo, haveria de permanecer [...]".

Sem dúvida, Cristo é a Rocha sobre a qual a igreja é fundada, sendo Ele mais o Fundamento do que o fundador. Isso se evidencia através do uso do tempo futuro que se faz no texto acima mencionado. Seu estilo de evangelismo era o da convivência com aqueles que seriam seus propagadores, enraizando em seus corações e caráter, uma personalidade forte a ponto de sobreviverem as mais hostis formas de oposição. Essa convivência habilitaria os chamados apóstolos a possuírem uma fonte de fidedignidade com relação à mensagem que pregariam.
Segundo Green (2002, p.207), "as características essenciais dos doze apóstolos de Jesus eram sua permanência com ele, e que seriam enviados para pregar". Sendo assim, esses anos de convivência não foram sem propósitos, pois os habilitou para mais tarde levantar os pés daquele lugar para propagar a boa nova de salvação até os confins da terra, mesmo que não se soubesse como.
O livro dos Atos dos Apóstolos relata a fundação e a divulgação da igreja cristã sob a direção do Espírito Santo nos seus primeiros 12 capítulos. No seu inicio, a igreja foi primeiramente judia, existindo dentro do judaísmo. Pois assim cumpria-se a ordem em testemunhar de Cristo "... em Jerusalém... Judéia e Samaria e até os confins da terra" (Atos 1.8).
Os primeiros capítulos na história da igreja primitiva foram delineados a partir da reunião de cerca de 120 discípulos, numa casa, cumprindo-se o dia de Pentecostes, na cidade de Jerusalém (Atos 2.1-4). Posteriormente, o apóstolo Pedro ao pregar seu primeiro sermão, convence através do discurso e da ação sobrenatural do Espírito Santo, quase 3 mil pessoas a se tornarem cristãs. Earle E. Cairns (1995, p.46) assevera que "... Foi desta maneira que a entidade ou organismo espiritual, a Igreja invisível, o Corpo de Cristo ressuscitado, começou a existir".

3. O CRESCIMENTO DA IGREJA PRIMITIVA

Dentre os apóstolos que se destacaram em sua missão evangelística está o Apostolo Paulo. Muito embora seu histórico inicial mostre nele um homem fariseu, de linhagem levita, muito observador da lei mosaica, e um grande perseguidor da Igreja, grande contribuição ofereceu ao sistema religioso daquela época, no sentido de controlar ou inibir o crescimento dos "famigerados" cristãos.
Não sabia ele que Deus já tinha traçado um plano para sua vida: "O apóstolo Paulo levaria o nome de Cristo aos gentios, grandes e pequenos de Israel. Foi o que fez até o fim da vida". Coleman, (2001, p.131).
E foi justamente num momento em que a igreja precisava alargar suas fronteiras além do judaísmo, a um povo chamado gentio, e, portanto, fora do plano inicial da Igreja iniciada por Jesus, que ele reúne um leque de condições para ser essa pessoa. Coleman (2001, p.128), diz:

"[...] nenhum judeu do seu tempo está melhor preparado para exercer uma liderança mundial. Nascido de pais hebreus, em Tarso, cidade livre, tem a vantagem de possuir a cidadania romana. A experiência anterior na área da Antioquia, fê-lo conhecedor da cultura grega.[...]".

Ele esforçou-se então para cumprir esta missão delegada a ele pelo próprio Senhor, como diz ele, e voltou-se a evangelização dos gentios, com tanta determinação que estava disposto a sofrer todo tipo de dificuldades, provações, aflições prisões, açoites, e até ameaça de morte, mas não desistiu enquanto não viu concretizado o seu propósito.
O modelo adotado por Paulo para iniciar um novo trabalho em determinado lugar, e que foi positivo, era o de começar uma assembléia local, reunindo um grupo de pessoas amigas, simpatizantes, questionadora das verdades da Lei de Moisés, como bem explica York, (2002, p.82):

"[...] Ele e seus associados juntavam fatos, faziam contatos, apresentavam o evangelho, aglutinavam e ensinavam os convertidos e, quando a assembléia estava amadurecida, enviavam seus próprios obreiros para o campo de colheita.[...]".

É verdade que havia de se aguardar um tempo para o amadurecimento de uma liderança local, afim de que essa pudesse assumir a condução da Igreja a partir de determinado momento. York (2002, p.110) apud Stephen Neill resume "Assim que uma Igreja estabelecesse raízes sob a direção de seus lideres locais, Paulo sentia-se livre para prosseguir em direção a um cumprimento maior do plano de Cristo: de que todos os gentios escutassem a Palavra do Senhor".
Paulo prosseguia então para outro lugar, entendendo que seu objetivo tinha sido alcançado, ficando com a preocupação de fazer visitas posteriores apenas para ver o crescimento da obra e firmar na palavra aqueles que tinham sido salvos.?.
O evangelista, médico e pesquisador Lucas (Lc 1.1-4; Cl 4.14; 2 Tm 4.11) registra com bastante propriedade a evolução do crescimento da igreja primitiva, de uma forma muito ordenada no livro de Atos (2.41; 4.4; 4.32; 5.14; 6.1,2,7; 8.6; 12.24). E diante de tal fato, surge uma pergunta inevitável: onde a igreja se reunia?
Cairns (1995, p.67), nos auxilia a responder da seguinte forma:

"[...] Os cristãos primitivos não concebiam a igreja como um lugar de culto como se faz hoje. Igreja significava um corpo de pessoas numa relação pessoal com Cristo. Para tanto, os cristãos se reuniam nas casas (At 12.12; Rm 16.5,23; Cl 4.15; Fm 1-4), no templo (At 5.12), nos auditórios públicos de escolas (At 19.9) e nas sinagogas até quando foram permitidos (At 14.1,3; 18.4). O lugar não era tão importante quanto o propósito de encontro para comunhão uns com os outros e para o culto a Deus. [...]".

Incontestavelmente o crescimento da igreja durou um tempo considerável. Simson (2001, p.63), descreve que: "De acordo com uma carta a Diogneto, redigida no final do século II, "o número dos cristãos aumenta diariamente". Em meados do século III Orígenes informa: "As massas estão aceitando a fé"!".
De acordo com o mais importante historiador da igreja cristã depois de Lucas, Eusébio de Cesaréia, ao sintetizar os primeiros três séculos da igreja após a era apostólica, escreve:
"[...] a doutrina do Senhor irradiou-se rapidamente pelo mundo inteiro, como os raios do sol. Bem cedo, de acordo com a profecia divina, o som de seus evangelistas e os apóstolos inspirados tinha alcançado toda a terra e suas palavras, os confins do mundo. Em todas as cidades e vilas, como o chão de um celeiro abastecido, rapidamente abundaram igrejas repletas de membros de todos os povos [...]". (1999, p.51).

Sem dúvida, Jesus ao dizer "... sobre esta pedra (Rocha) edificarei a minha igreja...", estava garantindo de forma sobrenatural o crescimento desta. E hoje, o cristianismo, nas suas mais variadas diversificações, tornou-se a maior religião do mundo e continua a crescer.

4. PERSEGUIÇÕES À IGREJA

A igreja de Cristo nasceu nas casas e cresceu utilizando-se dessa estrutura. Naturalmente essa forma de reunir-se como igreja, deveu-se principalmente ao desencadeamento de ferrenha perseguição contra os cristãos.
No livro dos Atos dos Apóstolos, no capitulo 8, no versículo 1, encontramos o registro da primeira perseguição contra os cristãos ocorrida na cidade de Jerusalém. Todos os cristãos foram dispersos pelas cidades circunvizinhas, exceto os apóstolos. No entanto, a partir desse fato, as perseguições aconteceram de forma esporádica e localizada. Somente no ano 67 d.C. é que a perseguição contra os seguidores de Jesus, aconteceram de forma universal.
Fox (CPAD, 2003) descreve as dez grandes perseguições sob o Império Romano, que vão do imperador Nero (67 d.C.) ao imperador Diocleciano (312 d.C.), em quase dois séculos e meio de implacável martírio, crueldade e banho de sangue registrado na história eclesiástica. Contudo, apesar de todos esses anos, a igreja jamais deixou de existir e de continuar a crescer. Nessa época, confessar ser cristão, era o mesmo que estar assinado sua própria sentença de morte.
Dentro desse contexto de sufocamento da fé e do testemunho cristão, a historicidade das pequenas comunidades cristãs, bem como a continuidade apostólica, foram inibidas segundo os fatores que Aramis (Luz e Vida, 1999) nos indica:

"[...] 1. A modéstia e a simplicidade dos apóstolos não os tornava objeto de análise biográficas para os primeiros cristãos; 2. A ausência de uma perspectiva histórica duradoura, por parte da igreja primitiva; 3.O silêncio da história secular ante ao cristianismo primitivo; 4. O advento da sucessão apostólica; 5. A crescente rivalidade entre a igreja oriental e ocidental e a corrida pelas relíquias apostólicas [...]".

Antes do período do imperador Severo (222-235), era proibido construir templos cristãos ou prédios eclesiásticos. Logo, a única forma de se reunir como igreja acontecia nas casas.
Muitas foram as tentativas de se acabar com a igreja e de apagar de sobre a face da terra o cristianismo, porém não conseguiram. Pois quanto mais sangue era derramado durante as perseguições, mais a igreja crescia e se multiplicava por onde quer que os dispersos fossem. Todavia no ano 312 d.C, o imperador Constantino Magno, ao assumir o império e declarar-se cristão, pôs fim a séculos de perseguição e tornou o cristianismo a religião oficial do império.
A partir de então, com a igreja institucionalizada, por volta de 380 d.C., sob os imperadores Teodósio e Graciano, a liberdade religiosa foi proibida. Havia espaço somente para uma igreja ortodoxa legitimada pelo Estado e com um único sistema doutrinário. Isso determinou o "fim" legalizado da igreja de pequenos grupos. Reunir-se nas casas constituía-se crime contra o Estado.
Embora a escuridão e silêncio seguidos durante toda a Idade Média tenham suprimido a voz da igreja de grupos pequenos, vários movimentos vez ou outra ecoavam suas vozes. Wolfgang Simson (Evangélica Esperança, 2001) menciona vários deles, entre os quais se destacam o Movimento Prisciliano (séc.IV); o Movimento dos Celtas, que colonizaram Portugal, Inglaterra e a Irlanda. Ele ainda cita um trecho da "Terceira Forma da Missa" proposta por Martinho Lutero, o qual escreve: "A terceira forma da missa... Aqueles que desejam ser seriamente cristãos... deveriam... reunirem-se isoladamente, p. ex., numa casa, a fim de orar, ler a Bíblia, batizar, receber os sacramentos e realizar outras obras cristãs...". Wolfgang ainda faz referência ao Movimento de Schwenckfeld (1480-1581); aos Anabatistas; aos Convetículos de Labadie em 1640; aos Huguenotes; ao Pietismo de Spener; e às Classes de John Wesley;
Seja em que forma fosse, os grupos pequenos de igreja nunca deixaram de existir na história, mesmo que ofuscados, sufocados ou escondidos pela própria história.

5. IGREJA HOJE, IGREJA AMANHÃ

O final do século XX e o inicio do século XXI têm sido marcantes na história eclesiástica, por apresentarem o surgimento de várias igrejas no mundo, que possuem como principal característica o retorno aos princípios que nortearam a fundação, crescimento e multiplicação da Igreja Primitiva.
Esses princípios são sintetizados por Harmut Weyel (Evangélica Esperança, p.79, 2003). Ele nos informa que a igreja na sua essência, deve viver como EKKLESIA (como Igreja de Deus); congregar-se como KOINONIA (comunhão dos que crêem); agir como DIAKONIA (como Igreja servidora); e enviar como MARTYRIA (como Igreja que proclama).
O precursor desse movimento de igreja de grupos pequenos, no final do século passado, foi o Pr. Paul Yonggi Cho, que inspirado no modelo de John Wesley (classes) funda a Igreja Central do Evangelho Pleno em Seul, na Coréia do Sul. O Pr. Cho (Vida, 1982), conta-nos a sua experiência fenomenal, ao adotar em sua igreja o método de Grupos Familiares e de como se tornou o líder da maior igreja evangélica do mundo.
Ralph Neighbour (Minist. Ig. em Células, 1997) é outro referencial de líder de uma igreja que cresce. Por intermédio do método de Igrejas em Células, tem experimentado o crescimento de igrejas de modo quantitativo e qualitativo. O Dr. Neighbour tem se dedicado a pesquisas sobre igrejas em crescimento em todo o mundo, e descreve na obra acima citada, resultados dessas pesquisas.
O Pr. Larry Stockstill (Betânia, p.24,2000), do Centro Mundial de Oração Betânia, em Baker, Louisiana, EUA, afirma:

"[...] Entre 1994 e 1996, tivemos um acréscimo anual de quatrocentas a seiscentas famílias, com a criação de mais duzentas células". Encerramos o ano de 1996 com trezentas e dez células e 2000 famílias a mais, em relação a 1993.
Na igreja Bethany, não temos mais dúvidas quanto ao sistema de células. Os membros estão sendo mais bem pastoreados do que nunca. Todos contam com uma reunião onde podem evangelizar os amigos e conhecidos. E estão encontrando espaço para exercer sua capacidade de liderança. ["...]".


O crescimento das igrejas que adotaram o método de grupos pequenos é inegável. Sejam eles grupos familiares, grupos de estudos, células de evangelismo e crescimento, células de aliança, igreja nos lares, grupos de discipulados, gerenciamento de doze, modelo Jetro, etc. O importante é que os princípios que delinearam a Igreja Primitiva, continuam a produzir frutos viçosos e abundantes. Mesmo que o contexto histórico, cultural e social sejam diferentes daqueles do primeiro século.
E se um dia, porventura, estourar uma perseguição aberta contra a igreja novamente, seja por que motivação for, a igreja de pequenos grupos é uma das saídas para a edificação de si e para a proclamação do Evangelho.


CONCLUSÃO


A igreja do Senhor Jesus teve seu inicio marcado pela presença do próprio Jesus dando treinamento aos seus discípulos, e estes, entenderam que deveriam fazer o mesmo com os próximos seguidores, para assim alcançarem a meta de espalhar o evangelho ao mundo. Essa igreja não foi uma igreja institucionalizada. Mas um organismo vivo, onde as pessoas poderiam viver em comunhão umas com as outras, suprindo ali mesmo suas necessidades materiais e espirituais. Um lugar onde o ministério pessoal de cada individuo poderia ser valorizado e motivado a crescer. Por intermédio de relacionamentos pessoais coesos, os grupos se fortaleciam cada vez mais, enaltecendo os vínculos de amizade e companheirismo entre os participantes de cada comunidade cristã. Podiam reunir-se em vários lugares para a edificação do Corpo de Cristo, desempenhar o serviço cristão e proclamar as Boas Novas de Salvação. A Igreja em si mesma era a mensagem para a comunidade que a cercava. Este método foi tão eficaz que chegou até nós, e os cristãos contemporâneos, possuem então, a incumbência de transmiti-los para as gerações seguintes.
Durante séculos de perseguição e martírio de homens, mulheres e crianças na história eclesiástica, a igreja sempre se manteve viva. Sempre houve um remanescente fiel. Aqueles que nunca corromperam seu chamado de ser igreja. Por suas características, a Igreja dos Pequenos Grupos, é aquela que sempre está preparada para dois grandes eventos em suas vidas: uma grande colheita de almas e uma iminente perseguição.
Jamais se imaginou que esse método, seria ainda utilizado em pleno século 21. Porém, demonstra-se dessa forma, sua contextualidade pelos exemplos e fatos citados, que corroboram sua eficácia.







REFERÊNCIAS

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição 1998.
CAIRNS, Earle E.. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 1995.
CESARÉIA, Eusébio de. História Eclesiástica. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
COLEMAN, Robert E. Plano Mestre de Evangelismo Pessoal. Tradução de Paulo
Ferreira. 1ª ed. 2001. CPAD. Rio de Janeiro.
COMISKEY, Joel. Crescimento Explosivo de Igrejas em Células. Curitiba: Ministério Igreja em Células no Brasil. 1997
CHO, Paul Yonggi. Grupos familiares e o crescimento da Igreja. Vida, 2001. São Paulo.
DeBARROS, Aramis C.. Dez homens e uma missão. Curitiba: Luz e Vida, 1999.
FOX, John. O livro dos mártires. Rio de Janeiro: CPAD. 5ª. Ed. 2003.
GREEN, Michael. Evangelização na Igreja Primitiva. 2ª edição. Editora Vida
Nova. 2000. São Paulo.
JUNG, Paulo K. Vida e Ensino de Paulo. 1ª Ed. Concórdia: 1989. Porto Alegre.
MUIRHEAD, H.H.. O cristianismo através dos Séculos. Casa Publicadora Batista.1959.
SIMSON, Wolfgang. Casas que transformam o mundo. Curitiba: Evangélica Esperança. 2001.
SCOTT, Benjamin. As catacumbas de Roma. Rio de Janeiro: CPAD, 1982.
STOCKSTILL, Larry. A Igreja em Células. Belo Horizonte: Betânia, 2000.
WEYEL, Hartmut. Meu sonho de Igreja. Curitiba: Evangélica Esperança, 2003.
YORK, John V. Missões na Era do Espírito Santo. 1ª. Edição. CPAD. 2002. Rio de
Janeiro.


Autor: Héliton Wagner Mendonça De Vasconcelos


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