Considerações acerca do Infinito baseado na obra de Richard Morris



A história do infinito, ou seja, a história dos conceitos do infinito, não é uma história da matemática. É antes uma história da evolução do pensamento científico e de como é possível se pensar em algo que transcende qualquer possibilidade de compreensão.
(BARROS, Henrique Lins de. Uma breve história do infinito)

É muito complexo entender e "perceber" o infinito, todas as coisas tendendo ao infinito. Mais complexo e intrigante é compreender e até mesmo perceber que isso está diretamente ligado e relacionado com todo nosso desenvolvimento humano e científico.
O infinito sempre foi uma incógnita em toda a história de desenvolvimento científico e filosófico. Vários estudiosos tentaram resolver esse "problema", mas não obtiveram êxito, tal como Newton, o filósofo grego Zenão, Galileu, entre outros, e ainda hoje o infinito causa muita polêmica, como é possível perceber nos conceitos desenvolvidos pelo cientista Stephen Hawking( por exemplo a teoria do tempo imaginário). Isso é recorrente em toda a história, porque é muito difícil e, em alguns casos porque não dizer impossível para um ser humano conceber a idéia do infinito. Imaginar-se toda uma vida tendendo ao infinito. Todas as teorias serem em parte contraditas pelo infinito, que tudo aquilo que se conhece e se percebe de repente ter outra forma de concepção.
Nesse aspecto, o que se tentará abordar aqui são as contradições e compreensões relativas ao infinito, baseadas principalmente na obra de Richard Morris, Uma breve história do Infinito. Nessa obra o autor aborda todas as teorias, filosofias e concepções relativas ao infinito, numa abordagem didática compreensível. Ele mostra as dificuldades pertinentes desde a Grécia, com o filosófo Zenão, primeiro a escrever sobre ideologias relativas ao infinito, até os dias atuais, com o advento da Mecânica Quântica e a Teoria Relativista de Einstein, que também não conseguiram solucionar o infinito. Mas irá se mostrar, que embora seja um tema um tanto complexo, é graças a idéia do infinito que toda nossa base científica hoje se edifica, pois a procura incessante pela verdade é algo, que de certa forma pode-se dizer que tende ao infinito, ou como alguns autores gostam de correlacionar não há verdade absoluta, mas a busca dela é o que impele ao homem continuar a sua caminhada. Além disso, também se mostrará que a própria idéia de universos paralelos, proposta por Hugh Everett III, em 1954, também, porque não, impulsiona a idéia da vida estar em estreita relação com o infinito.
Na física estatística, de uma maneira sintética e grosseira, relaciona-se a idéia de valores probabilísticos para várias leis e teorias físicas. Percebe-se isso, por exemplo, na idéia do demônio de Maxwell. Ao imaginar-se isso e verificar-se que boa parte das teorias podem ter uma idéia probabilística para cada caso, porque não estender isso ao infinito, existem inúmeras maneiras de realizar um caminho, as moléculas possuem inúmeras maneiras de vibrarem, transladarem e rotacionarem, basta para isso que se inverta os planos de ação de cada uma, que se modifiquem os eixos cartesianos para posições diferenciadas e assim se estabelecem novos planos de ação. Esses planos por sua vez, podem ter número cada vez maior, dependendo da forma que se aborda o universo de ação. Nesse sentido, pode-se dizer que essa relação toda se aproxima do infinito.
Ao considerar-se a idéia de universos paralelos, poderia-se dizer que há infinidades de mundos. ".... se o big bang pôde acontecer uma vez, porque não pode acontecer muitas vezes, ou até um número infinito de vezes?"(Morris, Richard, 1998) . Nesses mundos existem vários de cada ser humano, pois para cada realidade alternativa existe um eu, contudo em cada uma dessas realidades, existem infinitas possibilidades de reações para cada eu, sendo assim teria-se infinitos mundos e, porque não infinitos eu. Giordano Bruno, filósofo italiano, foi um dos primeiros a falar sobre uma infinidade de mundos. A mecânica Quântica, física intrigante e moderna, baseia boa parte de seus conceitos na idéia do infinito. Veja-se a idéia dos níveis quânticos de energia, eles são infinitos, daí poder se falar apenas em probabilidade de se encontrar um elétron em uma posição x ou y, e não se determinar essa posição com exatidão. Veja-se um exemplo:
No filme "Corra Lola, corra", a idéia de infinitos eu, infinitas formas de modificar o universo a sua volta, ou seja, a idéia de universos paralelos fica bem definida, ainda que não se mostra todas as infinitas possibilidades, até porque isso seria algo impossível para um filme de duração de tempo limitado ( aqui vale uma ressalva, o próprio tempo é algo ilimitado e infinito, mais a frente se fará uma abordagem relativa ao tempo e algumas considerações ainda que não de forma matematicamente delimitada sobre essa questão, mostrando a infinidade do tempo a uma idéia de sem tempo).
Nesse filme, a personagem principal se percebe em uma situação que exige uma solução imediata, contudo, dependendo da forma que ela solucionará essa solução reações em cadeia se desencadearam e várias conseqüências, desastrosas ou não ocorreram. Nessa abordagem, o filme relaciona três ações da personagem e em cada uma as conseqüências de todo o processo. A idéia de abordagem desse filme como exemplo é mostrar que, como as ações humanas, ao contrário da ciência exata, que como já abordado anteriormente também não é tão exata assim, mas probabilística, é relacionar a idéia proposta pelo filme com a idéia de infinitos mundos, ou ainda a idéia de universos paralelos. No filme, cada ação leva a uma sequência de fatos. Relaciona-se a isso que os seres humanos são diferentes, com idéias diferentes, então se existem mundos paralelos e, se em cada um deles existe um eu, cada mundo é composto de uma infinidade de hipóteses para cada ação desse eu, logo são infinitas ações. Ou ainda, isso poderia parar no tempo, porque se no pensamento desse eu apenas pairasse as infinitas ações e conseqüências dos atos relativos as ações a reação em cadeia não ocorreria e nada aconteceria, porém esse eu ficaria parado no tempo, que no fundo pode não existir (o tempo). Esse filme possibilita enxergar como as ações desencadeiam ações relativas ao pensamento e ações humanas, mas como essas apenas podem ser probabilísticas e não exatas, porque cada eu é um eu, mostra como existem infinitas ações, logo porque não dizer infinitos mundos. Nesse mundo um determinado eu promove uma determinada cadeia de reações. Num outro universo, ou mundo, outras reações são desencadeadas.
Ao se relacionar toda essa idéia do infinito ao tempo as contradições e exposições até agora expostas ficam ainda mais complexas. O tempo está relacionado de forma estreita com o infinito. Em todas as teorias físicas até hoje abordadas, o que se tem idéia é apenas uma idade aproximada de todo o universo que se vive agora nesse exato momento, aqui não se está abordando a idéia de universo paralelo, porque talvez todas esses números relacionados possam ser modificados. Contudo, em momento algum se fala de fim desse universo, ou mesmo recomeço. Olhando por esse lado poderia se dizer então que o tempo é ilimitado. No entanto, relacionando-se essa idéia a apenas um espaço, poderia se dizer que algum momento esse tempo não mais existirá, já que um dividido por infinito é zero, o que é matematicamente comprovado. Todavia, como já dito anteriormente, pode existir infinitos mundos, portanto infinitos espaços, sendo assim toda a matemática muda, pois agora não mais se tem o tempo indo para zero, ou seja, a não presença do tempo, mais outra relação. Essa idéia de tempo infinito, intrigou vários estudiosos do assunto, como Immanuel Kant, filósofo alemão, que disse ser absurdo supor um tempo infinito ("Se uma quantidade infinita de tempo tivesse transcorrido antes do presente, teria de haver ocorrido um número infinito de eventos, o que era impossível"). Alguns outros estudiosos já propuseram a idéia do tempo circular, ou seja, o tempo como um ciclo que ocorre inúmeras vezes, podendo até ser da mesma forma, mais aqui da mesma forma que abordou-se anteriormente volta-se a idéia do infinito, ainda que ciclos repetidos, pois os mesmo podem repetir uma infinidade de vezes. Outros já colocaram a concepção do tempo linear. E muitos relacionaram o tempo a eternidade, principalmente no que diz respeito a aspectos religiosos, pois nessa concepção o pai é Eterno, portanto mais uma vez se vê a idéia da infinidade. Nesse sentido, gostaria de se ressaltar que se há infinitos universos paralelos e, se cada um dele existe um eu que responde a uma cadeia de reações, em cada um desses universos o tempo poderia ser contado de forma diferente, sendo assim existira infinitas formas de tempo e nesse aspecto, o tempo seria infinito. Contudo, poderia se relacionar com a mecânica quântica se tudo, ainda com diferentes formas de energia, tende a um equilíbrio, porque não dizer que a tendência é não existir tempo numa era mais evoluída (essas são considerações da autora e não do autor do livro, abordagens ideológicas da mesma).
Dentro dessa abordagem com relação ao infinito, vale ressaltar que essa idéia ainda intriga muitos físicos e estudiosos do assunto e, como abordado pelo autor pouco se tem de definição exata sobre tal tema, até porque o infinito não é algo exato, nem matematicamente falando. Portanto, as ressalvas feitas aqui cabem apenas como idéias intrigantes, baseadas em vários conceitos abordados pelo livro referente a toda história da evolução científica nesse aspecto. Nesse sentido, mais uma vez vale ressaltar que de certa forma pode-se dizer que o infinito contribuiu e contribui de forma significativa na evolução de todo o processo científico, pois muitas teorias e estudos definidos e comprovados até o momento presente basearam-se, em algum momento, na idéia da infinidade.

Autor: Fernanda Guerra Lima Medeiros


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