A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, diversos educadores defendem a tese de que a profissionalização dos educadores que trabalham com a Educação Infantil é um processo cultural que depende da função atribuída a creches e a pré-escola. Tal entendimento está correto, uma vez que é preciso repensar a formação profissional de todos os que trabalham nessa área, pois o aprimoramento da formação docente requer ousadia e criatividade, novo olhar sob metas e estratégias de ação e a busca de um processo de construção contínua.
Obter uma boa formação profissional é imprescindível para desenvolver uma proposta de qualidade em nossas escolas de Educação Infantil, desempenhando um trabalho integrado e crítico, vinculado ao papel do professor e o desempenho do aluno. Tal iniciativa proporciona uma ação eficiente, estimulando a compreensão dos conflitos surgidos na relação interpessoal com a criança e com a família. Para isso, o professor precisa refletir e analisar conceitos e valores surgidos em sua prática docente.
Não raro, atualmente é possível perceber a necessidade de pesquisar aspectos relevantes sobre a importância de como trabalhar na Educação Infantil, visando o pleno desenvolvimento da criança de acordo com seus ritmos próprios. Esse é um trabalho que requer uma qualificação especializada de educadores com uma fundamentação teórica específica visando atender as peculiaridades da infância, reconhecendo e respeitando os diferentes níveis de aprendizagem. Infelizmente, muitas vezes constata-se que a Educação Infantil não é trabalhada e valorizada buscando-se adequar as condições do ambiente físico e social deixando de proporcionar o desenvolvimento do processo de construção de aprendizagem.
No Brasil, a pedagogia da infância, apesar de assumir em alguns momentos a especificidade da Educação Infantil, ainda não atingiu a estrutura curricular desejada, a qual deve respeitar os novos pressupostos e formas alternativas de organização. Devido a isso, um dos graves entraves que se acentua nesse setor é a escolarização, ocasionando um alto índice de crianças com baixo nível de conhecimento, comprometendo seu desenvolvimento posterior, impedindo sua construção, contrariando a prática pedagógica que deveria ser exercida na Educação Infantil nos diferentes níveis.
Outro aspecto relevante é a ausência dos profissionais da Educação Infantil na participação da elaboração da proposta pedagógica, o qual deveria ser composto de forma conjunta. Percebe-se, porém, que há uma acomodação e um certo descomprometimento no plano de trabalho por parte dos professores, tornando o trabalho pedagógico pouco relevante. Isto acontece porque as propostas pedagógicas não são atualizadas acarretando falta de posicionamento crítico e consenso entre o grupo docente.
O profissional de Educação Infantil tem o papel de valorizar os conhecimentos trazidos pela criança, garantindo a aquisição de outros novos conhecimentos. Para tanto, tal propósito requer um profissional que reconheça as características da infância, observando suas particularidades, promovendo a construção coletiva de espaços de discussões, assumindo a reflexão sobre a prática, o estudo crítico das teorias que ajudam a compreender as práticas, criando estratégias de ação.
2. UM BREVE HISTÓRICO DA PRÉ-ESCOLA
A infância é uma noção que historicamente vem mudando, estando em permanente construção, modificando-se nas diferentes práticas e organizações sociais, em cada sociedade, prevalecendo a concepção de infância gerada por características sociais, políticas, econômicas e culturais específicas. Tais mudanças ocorrem considerando a história da infância indigna, com certas deficiências em relação a vida adulta, omitindo suas potencialidades tornando-as marginalizadas e oprimidas, pois durante muito tempo as crianças foram vistas como adultos em miniaturas, não tendo o direito de serem crianças.
Conforme Ariés (1980), a representação da infância e de todos os fenômenos psicossociais surgiu na civilização muito vagarosamente. Nesse contexto, a fase de transição e mudança de paradigmas sofria poucas modificações em todos os âmbitos da infância, tornando essa fase da vida pouco reconhecida e desvalorizada, defasando suas capacidades, seus sentimentos e até mesmo modos próprios de agir.
Para Oliveira (2000), a idéia de educar crianças menores de seis anos de diferentes condições sociais já era tratada por Comênius, onde este propunha um nível inicial de ensino, dizendo que os processos de aprendizagens se iniciavam pelos sentidos. Devido a isso, a educação de crianças pequenas deveria utilizar materiais e atividades diferentes, segundo suas idades, auxiliando-as no futuro a fazerem aprendizagens abstratas. Porém essa idéia de respeitar a natureza infantil, estimulando sua criatividade, levando em conta seu ritmo, ainda hoje precisa ser desenvolvida em muitas práticas diárias de educadores, envolvendo situações de aprendizagens.
Por um bom período na história da humanidade, a educação das crianças era responsabilidade da família e do grupo social ao qual pertenciam, não havendo nenhuma Instituição responsável por compartilhar essa responsabilidade. Conforme Craidy e Kaercher (2001), essas mudanças foram ocorrendo vagarosamente, através de transformações da sociedade e as concepções sobre infância.
Com o "nascimento" da escola e do pensamento pedagógico moderno no século XVI e XVII, a criança começou a ser vista como um ser em desenvolvimento, sendo dado a importância específica para a infância, a qual foi encarada de uma nova forma, havendo organização de espaços destinados, especificamente, para educar (escolas) e o surgimento de especialistas que falavam das características da infância, da importância deste momento na vida do sujeito. As creches e pré-escolas surgiram depois das escolas, sendo associadas com o trabalho materno fora do lar a partir da Revolução Industrial.
Devido a isso, percebe-se que as creches e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorreram na sociedade, tendo primeiramente como principais objetivos o cuidado e proteção da infância, não levando em conta, o aspecto da aprendizagem, desenvolvimento e construção.
Segundo Kramer (1989), historicamente a necessidade por pré-escola aparece como reflexo das grandes transformações sociais, econômicas e políticas que ocorreram na Europa, especialmente na França e Inglaterra a partir do século XVIII. As creches surgiram com caráter assistencialista, visando afastar as crianças pobres do trabalho servil que o sistema capitalista lhes impunha, além de servirem como guardiãs de crianças órfãs e filhas de trabalhadores, tendo a pré-escola função recíproca a guarda das mesmas.
Somente depois da II Guerra Mundial que a pré-escola com função compensatória ganhou contornos e estratégias mais delineadas tendo influência das teorias de desenvolvimento infantil e da psicanálise. Os estudiosos lingüísticos e antropológicos, aliados as pesquisas procuraram correlacionar linguagem e pensamento com rendimento escolar, vindo fortalecer a idéia da pré-escola como capaz de suprir as carências, deficiências culturais, lingüísticas e afetivas das crianças provenientes de classes populares.
3. A EDUCAÇÃO INFANTIL NOS DIAS ATUAIS
Atualmente vivemos em um momento com muitas discussões, interrogações e estudos sobre Educação Infantil, tendo em vista as definições legais sobre a mesma, decorrentes da LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº9394/96. É de conhecimento geral que essa é uma lei federal válida para todo o país, sendo que as leis estaduais e municipais devem ser adaptadas a ela, gerando com isso co-responsabilidade entre estado e município.
Felizmente, com a criação do FUNDEB (o qual substituiu o FUNDEF), a Educação Infantil não encontra-se hoje à mercê da própria sorte, como ocorrera nas décadas passadas. Como não havia verbas destinadas especialmente a ela, tais investimentos oscilavam entre um poder e outro, ocasionando negligência e comodismo por parte dos órgãos públicos, os quais pensavam a Educação Infantil apenas com o caráter de cuidar, não levando em conta o educar. Automaticamente, eram desconsideradas as dimensões educativas como afetividade, fantasia, imaginação, criatividade e brincadeiras, como algo essencial no desenvolvimento da criança, ignorando dessa forma a primeira etapa da Educação Básica.
Desde a Constituição de 1988, há uma definição de uma nova doutrina em relação a criança, onde a mesma é vista como sujeito de direitos, ficando legalmente definida que os pais, a sociedade e o poder público têm que respeitar e garantir os direitos da criança definidos no artigo 227 que diz:
É dever da família, da sociedade e do estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização à cultura à dignidade ao respeito à liberdade é a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, violência e opressão.
Através desse artigo da lei, percebe-se que houve uma grande percussão no trajeto da evolução e modificação no que se refere à visão sobre infância nas últimas décadas. Tal repercussão transformou as concepções, crenças e valores, trazendo discussões e reflexões no que dizem respeito à criança, seu desenvolvimento e educação, ao papel do Estado, da sociedade e dos profissionais que atuam na Educação Infantil.
Na LDB, (Lei 9394/96), a Educação Infantil é mais enfatizada, considerando sua inserção na Educação Básica, a qual lhe dá uma dimensão maior, passando a ter um papel específico no sistema educacional: o de iniciar a formação necessária que toda a pessoa tem direito para o exercício da cidadania, recebendo os conhecimentos básicos que são necessários para a continuidade dos estudos posteriores, implicando que os sistemas de ensino tratem a educação das crianças de forma integrada.
Desde que a Educação Infantil foi institucionalizada e legalmente incorporada pela LDB 9394/96 ao ensino obrigatório no país, houve inúmeros progressos em meio às muitas dificuldades. A integração de Instituições de Educação Infantil aos sistemas de ensino, o que significa mais do que a simples inclusão desta, deveria ocorrer conforme delineado pela LDB até 1999. Contudo, ainda é necessário esclarecimento das concepções de criança, pensar no atendimento delas de forma institucionalizada, pensar em educar e cuidar seres de pouca idade, cuja atividade fundamental e maneira privilegiada de ser e estar no mundo é através do brincar, sendo o principal caminho a ser trilhado pelo professor.
Conforme o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998), algumas práticas permitem que a criança explore o ambiente à medida que vai interagindo com outras pessoas e se apropriando de novas experiências por meio das brincadeiras. Há também as que se preocupam com o desenvolvimento emocional, cognitivo, onde são priorizadas as capacidades de raciocínio, memória e elaboração de conceitos.
A LDB determina ainda que cada instituição do sistema escolar deverá ter um plano pedagógico elaborado pela própria instituição com a participação dos educadores, os quais devem ter sempre que possível o curso superior com especialização em Educação Infantil. No artigo 62 da LDB, está escrito que a formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, em curso de Licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas primeiras séries do Ensino Fundamental, oferecida em Nível Médio na Modalidade Normal.
3. A EDUCAÇÃO INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
A criança caracteriza-se como um ser de natureza singular, que sente e pensa o mundo de um jeito próprio, revelando desde cedo seu esforço para compreender o meio em que vive, utilizando diversas linguagens, exercendo a capacidade de ter idéias e hipóteses originais sobre o que busca descobrir. Ela não é um futuro homem ou futura mulher, é uma pessoa titular de direitos, com uma maneira própria de pensar e ver o mundo, um ser único, construindo por si mesmo valores e regras.
Segundo Freire (1970, p. 65-87)
[...] a educação é um ?que-fazer? humano; que ocorre no tempo e no espaço, nas relações dos homens entre si. De acordo com essa concepção, o "que-fazer" humano deve ser libertador, pois só o homem é capaz de estar no mundo e com ele, captando-o e compreendendo-o. Assim, ele não é um ser que se limita a responder a estímulos, mas é capaz de enfrentar desafios e resolver problemas. Em busca de transformar o mundo, o homem encontra barreiras sociais, que só consegue vencer através da reflexão crítica. O homem dialoga com os outros homens, troca idéias, ensina enquanto aprende e aprende enquanto ensina. E para que isso ocorra, esse diálogo há de ser problematizador e deve ocorrer a partir de situações existenciais concretas.
Dentro desse contexto, a educação deve ter como preocupação primordial a interação do homem com o meio, diagnosticando e problematizando situações vivenciadas através de uma reflexão crítica, de forma dialógica, procurando solucionar os conflitos de forma harmônica, mediando a construção do conhecimento. Por isso é imprescindível que uma nova visão educacional infantil surja, propondo inovação e resignação das experiências vividas, visando uma modificação no modo de ser, pensar e agir individual e expandindo para o coletivo em busca de uma formação integral, articulando o ser humano como um todo.
Ainda hoje, há opiniões contraditórias e diferentes posicionamentos sobre o papel da pré-escola. Quanto a isso, Kramer (1989, p. 51-52) faz o seguinte comentário:
[...] uns consideram que a pré-escola não é capaz de fornecer qualquer benefício à escolaridade posterior; outros, porém, defendem a educação pré- escolar como forma de prevenir os problemas e fracassos da primeira série, propondo intensa preparação , principalmente através do treinamento de habilidades e de formação de hábitos e atitudes. Os primeiros desconfiam da pré-escola, os segundos acham que ela tem grande poder. Além desses, há aqueles que atribuem à pré- escola o papel de promover o desenvolvimento global da criança, retirando dela seu caráter preparatório e encarando a pré- escola como objetivos em si mesma, independente de sua vinculação com a escola de primeiro grau.
Nesse sentido o papel social da Educação Infantil significa assumir junto com a escola pública a tarefa de universalização dos conhecimentos, compreender que ela tem a função de contribuir com a escola. O papel da Educação Infantil não é inútil, tampouco, nem capaz de resolver todos os problemas futuros. Ela tem o papel social de valorizar os conhecimentos que as crianças possuem garantindo a aquisição e construção do novo tendo como função pedagógica compreender que a criança é um ser social. Sendo um ser social, a criança tem sua história, pertence a uma classe social determinada, estabelece relações definidas segundo seu contexto de origem, apresenta uma linguagem decorrente das relações sociais e culturais estabelecidas, e por isso, deve ser valorizada de acordo com os padrões de seu contexto familiar e sua própria inserção no mesmo.
Para Castro (1983), que toma por base as idéias de Piaget, a pré-escola deve promover experiências variadas, estruturando ou coordenando as ações dos alunos, oportunizando a interação com o meio e com os outros, promovendo atividades que desenvolvam o raciocínio lógico, coordenação espaço-temporal e motora. O autor entende ainda, que os materiais oferecidos à criança nessa faixa etária devem servir de objetos de transformação e construção ativa pela mesma, sendo ela um ser essencialmente ativo, precisando desfrutar oportunidades de manusear, explorar, observar, identificar, enumerar, comparar, classificar e analisar objetos e situações do mundo que a cerca, situando-se gradativamente no seu próprio ritmo.
É possível, assim, constatar a importância que deve ser enfatizada as diversas atividades desenvolvidas na Educação Infantil, buscando sanar as possíveis dificuldades de aprendizagens que poderão surgir a partir dos Anos Iniciais. Tais dificuldades ocorrem principalmente, devido à insuficiência do trabalho pedagógico realizado na Educação Infantil, ocasionando uma educação defasada com fortes conseqüências na aprendizagem dos educandos, muitas vezes causando vários distúrbios que poderão ser irreversíveis em termos de educação e construção da aprendizagem.
De acordo com Assis (1985), a educação pré-escolar deve visar ao desenvolvimento da criança em sua totalidade, a fim de que essa realize todas as suas possibilidades humanas, características do período em que está vivendo. Segundo ele, os psicólogos da linha cognitivista acreditam que a inteligência de uma pessoa adulta depende muito do que lhe foi oferecido nos seis primeiros anos de vida, pois nesse período o meio exerce importante influência no desenvolvimento da criança. Frente a isso, percebe-se a necessidade de oferecer condições e estímulos adequados, promovendo a construção de conhecimento no processo de constituição dos indivíduos, pois nesse período a criança vive experiências decisivas em sua vida, fundamentando sua construção posterior, social, cognitiva ou emotiva.
Assim, a Educação Infantil deve exercer função pedagógica, partindo de um trabalho que toma a realidade e os conhecimentos infantis como ponto de partida, conhecendo a criança e o que é "ser criança", tendo conhecimento do desenvolvimento infantil, realizando atividades com objetivo significativo, concreto para vida da criança e que, simultaneamente, assegurem a aquisição de novos conhecimentos posteriores.
4. O VERDADEIRO PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL
Atualmente, a Educação Infantil está começando a ser vista de um novo ângulo, o qual tem importantíssimo papel na influência da construção do conhecimento e desenvolvimento de cada indivíduo nos aspectos físicos, sociais e psicológicos, dando maior valor à infância. Muitos estudos da mente humana trazidos pela ciência, comprovam que a Educação Infantil é a fase mais importante da vida para a construção da ternura, sabedoria, criatividade e do domínio sobre as conquistas dos conhecimentos.
De acordo com Antunes (2004), a Educação Infantil vive seu grande momento, porém dois preconceitos tradicionais ainda reduzem o sentido do trabalho pedagógico com crianças: o primeiro, é que nessa idade a criança ainda não aprende significativamente, sendo um espaço de aguardo, depósito de esperanças para o amadurecimento; o outro é separar com rigidez a hora gostosa de brincar e a hora chata de aprender. Não se pode separar a idéia do brincar e do aprender, pois brincando e jogando a criança constrói conceitos, explora sua criatividade, inventa e reinventa, transforma a realidade de seu entorno, de suas emoções e de seu corpo. A criança brincando aprende e solidifica as bases que pela vida carregará. Uma escola ideal educa, ensina, transforma e modifica bem mais o ser humano que depois dela.
Dentro dessa perspectiva, o ambiente escolar deve ser propício para a descoberta, com estimulação da valorização de sua produção, descobrindo prazer no processo de construir, traçando planos, auto-avaliando e compartilhando idéias. Assim agindo, o educador oportunizará à criança construir e representar através de um processo dinâmico e constante, feito na interação com o contexto em que vive, refletindo sua participação ativa.
A brincadeira é uma fonte de prazer no dia-a-dia das crianças, fazendo parte de suas vidas dentro e fora da escola, podendo assim ser considerada parte integrante da atividade educativa, tendo importantes funções no seu desenvolvimento. Além de possibilitar o exercício daquilo que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, o brincar constitui significados, assimilando papéis sociais e compreendendo relações afetivas que ocorrem em seu meio contribuindo para a construção do conhecimento.
Segundo as idéias de Oliveira (2000), é importante a presença de atividades lúdicas na Educação Infantil, pois contribuem de forma prazerosa com o desenvolvimento. Para a autora, o brinquedo representa um suporte mediador que permite a criança testar seu nível, seu controle, despertando a curiosidade, exercitando a inteligência, permitindo visão e imaginação, possibilitando que a criança descubra suas próprias capacidades, propondo um mundo do tamanho de sua compreensão numa dimensão socializante.
Isso é verdade, pois ao incentivar comportamentos criativos, espontâneos, de solução de problemas, o educador infantil faz com que a criança aproveite sua energia vital fornecendo seu ajustamento psicológico e social. Aliado a isso, o jogo também é uma atividade fundamental nessa etapa evolutiva, uma vez que fornece a criança oportunidade de exercício de sua inteligência, linguagem, curiosidade e socialização.
Segundo Vygotsky (1984), o brincar é uma importante fonte de promoção do desenvolvimento da criança, pois é através dele que ela satisfaz seus desejos não realizados, interiorizando o mundo que a cerca, possibilitando ao mesmo tempo, a solução de impasses causados e não-resolvidos. No seu entendimento, a criança que brinca envolve-se num mundo imaginário, dando novos significados às coisas através de sua capacidade de criação, dialogando consigo mesma e com o mundo.
Nessa perspectiva, Kishimoto (2001), diz que o brinquedo estimula a representação da realidade, onde a criança pode manipulá-lo, fazendo desse, um substituto dos objetos reais. Isso mostra que a brincadeira tem essencial importância na vida da criança, pois é através dela que a mesma vai adquirindo motricidade, imaginação, percepção, linguagem, sendo desenvolvida de modo global.
Enfim, a brincadeira durante a infância é um processo que envolve o indivíduo em sua cultura, adquirindo especificidade de acordo com cada grupo. Ao brincar, a criança promove conquista cognitiva envolvendo emoções, afetividade, estabilidade e ruptura de laços compreendendo a ligação entre as pessoas, funcionando como estratégia para a construção da individualidade e para a compreensão e inserção do indivíduo na cultura a que pertence.
CONCLUSÃO
Após essa pesquisa realizada sobre a importância da Educação Infantil no desenvolvimento da criança, analisando brevemente seu percurso histórico e confrontando com o novo contexto nos dias atuais, foi possível perceber, que houve uma mudança de paradigmas em relação à concepção de infância e sua importância. Pode-se afirmar que hoje, a Educação Infantil é entendida como uma etapa imprescindível, única, fundamental da vida humana, digna de ser estudada, respeitada e valorizada.
O trabalho realizado nas instituições infantis deve proporcionar o favorecimento do desenvolvimento global da criança num processo que propicie uma crescente autonomia, enriquecimento de suas vivências afetivas, cognitivas e um aprimoramento do processo de socialização. Devendo também situar os objetivos nos níveis sócio-afetivos, intelectuais e psicomotores, organizando situações para a criança desenvolver a autoconfiança, o afeto, o respeito mútuo, além de desencadear a formação de um ser crítico e criativo, capaz de estabelecer relações entre o mundo físico e social que compõem o seu ambiente.
Atualmente, as bases para o trabalho pedagógico na Educação Infantil situam-se nas tarefas de cuidar, brincar e educar. Além disso, deve levar em consideração as brincadeiras, bem como os padrões de qualidade que considerem as crianças em seus contextos sociais, culturais e emocionais, devendo as práticas educativas dispor de cuidados pelos quais as crianças vão aprendendo a construir os conhecimentos por meio das interações entre seus pares e com os adultos.
Dessa forma, a educação da criança deve promover a integração entre os aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais, contribuindo também para o processo de socialização, além de propiciar contato com adultos e crianças provenientes de contextos sócio-culturais diferentes. Infelizmente, grande parte das crianças no Brasil está longe de ter acesso a todas as necessidades fundamentais, assim é inevitável que a Educação Infantil contribua para satisfazer algumas dessas exigências sociais, tendo como função essencial uma proposta educativa mais ampla, que ultrapasse o mero assistencialismo.
Um novo posicionamento da educação deve levar o sujeito a uma construção ativa de seu conhecimento. As influências do meio social são aspectos fundamentais no processo de ensino, pois, por intermédio da cultura que permeia a vida do indivíduo e do conhecimento elaborado formalmente, há a apropriação de novos conhecimentos. A educação precisa levar em conta aspectos culturais, sociais e emocionais dos sujeitos, promovendo a aquisição do conhecimento, dando a devida importância às experiências do cotidiano de cada criança, mediando a aprendizagem, deixando fluir espontaneamente a capacidade cada um, variando o ritmo de aprendizagem. Assim fazendo, o educador estará oportunizando à criança, uma educação plena em tempo integral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Miriam e KRAMER. Sônia. O rei está nu: um debate sobre as funções da pré-escola. Cadernos Cedes, São Paulo, Cortes. Educação pré-escolar: desafios e alternativas, 1984.
ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. Petrópolis: Vozes, 2004.
ÁRIES, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
ARROYO. Miguel. G. Ofício de mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis: Vozes, 2000.
ASSIS, Orly Zucatto Mantovani. Uma nova metodologia de educação pré-escolar. São Paulo: Pioneiro, 1985
CASTRO, Almeida Domingues de. Piaget e a pré-escola. São Paulo: Pioneira, 1983.
CRAIDY, Carmem. KAERCHER, Gládis. Educação Infantil pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
BRASIL. Estatuto da Criança e do adolescente. Brasília: 1990.
__________. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 1988.
__________. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394/96.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.
__________. Professora Sim Tia Não. 10ª Edição. São Paulo: Olho D'agua, 1993.
GANDIN. Danilo. Planejamento na sala de aula. 4ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 1995.
KISHIMOTO. T.M. Brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas infantis. São Paulo: Educação e Pesquisa, 2001.
KRAMER, Sônia. O papel social da pré-escola. In: ROSEMBERG, Fúlvia (Org). São Paulo: Cortes, 1989.
OLIVEIRA. Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
RIZZO, Gilda. Creche: Organização, currículo, montagem e funcionamento. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
VYGOTSKY, L.S.A. A formação da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Autor: Ben-Hur Bastos Brasil
Artigos Relacionados
A Importância Do Lúdico Na Educação Infantil
A Importância Da Educação Física Para A Educação Infantil, Na Formação Do Aluno
Rcnei De Matemática: Uma Perspectiva Para O Cotidiano Da Criança
A Importância Da Brincadeira Como Princípio Educativo Na Educação Infantil
''disciplina E Limites Na Educação Básica E Na Família''
A Inclusão Das Crianças Com Necessidades Educativas Especiais Na Educação Infantil Desafios E Conquistas Do Século Xxi
Brincar é Mais Que Brincadeira