Comer ou não o Menino Jesus?



Entre os presentes que Davi ganhou, no Natal, havia um presépio de chocolate. Passada a euforia da descoberta dessa guloseima, que era maciça (conforme comentário do pai), chegou a hora de saboreá-la. Davi decide iniciar pelas ovelhinhas, assim, as coloca em fila, como se fossem pular numa cerquinha... brinca com elas de saltitar e, com pulmões cheios, grita: "bé, bééééé". A imitação só termina no glup, glup da digestão. Foram-se uma a uma! Eram seis. Segue a brincadeira com a vaca: "Muuuuuuuuuuu" e glup, glup... Já, com o burro o lance foi muito rápido, quase incompreensível: "inhóÓ"- QUÊ!
Comidos os animais, resolve dar atenção aos outros presentes. Havia ganhado uma bola do time favorito, um livro de piratas, uma pista para carrinhos de corrida; enfim, tinha motivos para distrair-se, e muito, na Noite de Natal. Poderia até ter esquecido o presépio. Nem estava com fome. Mas, agora, com os humanos personagens nas mãos, Davi aproxima-se do pai e pergunta:
Qual eu devo comer primeiro?
Tanto faz, são todos do mesmo chocolate ? responde rapidamente o pai.
É, mas... eu não sei...
Não sabe o quê?
Por quem começar...
Então sorteie! (entra na dele, o pai)
Animado, Davi começa a definir a ordem da comilança:
Uni, duni, tê! Salamê, minguê! Um presente colorê... O escolhido foi... voooocê!
E lá se vão: primeiro um rei, depois o pastor, outro rei...
Até que... o sorteado pede pausa à degustação: era o Menino Jesus. Indignado com o salamê, minguê, Davi olha para o pai e, antes que o idealizador do sorteio interferisse, justifica:
Vou deixar o Menino Jesus por último. Ele é o principal!
O pai faz um sinal com a cabeça, como se concordasse com o argumento.
Davi segue no uni, duni..., come, então, mais um rei lentamente, já demonstrando que o excesso o enfastiava. Precisou fazer outra pausa. A nova vítima sorteada merecia. Era Maria. Olha novamente para o pai e explicando:
Se eu comer a Maria, quem vai cuidar do Menino Jesus!?
Sem esperar pela resposta, Davi abocanha o genitor. Foi-se o José, o maior em gramas ? concluiu com a boca cheia.
Limpando os beiços, o menino acomoda numa porcelana branca a Maria e o Menino Jesus e guarda-os na geladeira...
Por alguns dias, Davi acompanha a presença de Maria e do Menino Jesus rodeados por outras guloseimas... Era como um novo presépio, em baixa temperatura...
Até que toma coragem e, mesmo indeciso sobre quem deveria comer primeiro ? se mãe ou filho com os olhos fechados, abre a porteira do estábulo gelado... Suspira! Tateia rapidamente os chocolates, sem que a identificação das vítimas pudesse ser feita e, glup, glup, dá fim às sobras natalinas...



Autor: Maria Cristina Schefer


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