Inclusão Social Na Escola Estadual Professor Diomedes Santos da Silva no ano de 2007



INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS EM SITUAÇÃO DE DEFICIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL PROFº DIOMEDES SANTOS DA SILVA ENTRE OS ANOS DE 2007 À 2009
Rosineide Santos Cruz¹
Curso de Letras Português/Inglês

Orientador: Prof. Esp. Roberto Carlos Bastos da Paixão²


RESUMO

Este artigo científico trata sobre a Inclusão Social na Escola Estadual Profº Diomedes Santos da Silva no ano de 2007. Foi definido como objetivo geral: Analisar a inserção de pessoas em situação de deficiência na Escola Estadual prof. Diomedes Santos da Silva. Os seguintes objetivos foram escolhidos como específicos: Verificar a quantidade de matrícula na escola em questão; Verificar se existe interação entre a escola e a família do aluno pesquisado; Verificar os procedimentos de ensino-aprendizagem aplicados aos alunos situação de deficiência e avaliar as habilidades e competências desenvolvidas por esses alunos. O trabalho aqui detalhado classifica-se como de análise teórico empírica, primeiro por constituir-se como possibilidade para a análise interpretativa de dados primários em torno de um tema, sem abstrair do apoio de um referencial bibliográfico e também por analisar a correspondência entre um caso real e as teorias existentes, neste caso específico, a Inclusão dos portadores de necessidades especiais numa escola pública. Pretendendo alcançar os objetivos anteriormente citados, os quais demonstram claramente a necessidade de uma análise concreta de como ocorre a inclusão dentro da Escola Estadual Professor Diomedes Santos da Silva, foi realizada com o método da observação, foram realizadas entrevistas com a equipe diretiva, além da aplicação de questionários, a fim de confrontarmos os dados obtidos com as teoria existentes. A inclusão social pode ser entendida como um processo que coopera para a construção de um novo tipo de sociedade através de modificações, pequenas e grandes, nos ambiente e na mentalidade de todas as pessoas, principalmente do próprio portador de necessidades especiais.
Palavras-chave: Inclusão, Pessoas em situação de deficiência, Escola pública.
____________________
¹ Professora efetiva da Escola Estadual Professor Diomedes Santos da Silva, graduanda do Curso de Letras Português-Inglês da Faculdade Atlântico. e-mail: [email protected].
² Professor Especialista do Curso de Letras da Faculdade Atlântico.
ABSTRACT
The scientific article in screen treats on the Social Inclusion in the State School Profº Diomedes Santos of Silva in the year of 2007. It was defined as general objective: To analyze the people's insert in deficiency situation in the State School prof. Diomedes Santos of Silva. The following objectives were chosen as specific: To verify the amount of registration in the school in subject; To verify if interaction exists between the school and the researched student's family; To verify the applied teaching-learning procedures to the students deficiency situation and to evaluate the abilities and competences developed by those students. The work here detailed he/she is classified as of empiric theoretical analysis, first for constituting as possibility for the interpretative analysis of primary data around a theme, without abstracting of the support of a bibliographical referencial and also for analyzing the correspondence between a real case and the existent theories, in this specific case, the Inclusion of the bearers of special needs in a public school. Intending to reach the objectives previously mentioned, which demonstrate the need of a concrete analysis clearly of as it happens the inclusion inside of Silva's School State Teacher Diomedes Santos, it was accomplished with the method of the observation, interviews were accomplished with the directing team, besides the application of questionnaires, in order to we confront the data obtained with them existent theory. The social inclusion can be understood as a process that cooperates for the construction of a new society type through modifications, small and big, in the atmosphere and in the people's mentality of all, mainly of the own bearer of special needs.
Wordkey: Inclusion, People in deficiency situation, Public school

1. INTRODUÇÃO

A LDB, em seu artigo 4º, III ressalta que é dever do estado atender alunos com necessidades especiais. No entanto, a história da humanidade demonstra um percurso de exclusão social e humana do homem.
O capítulo V - da Educação Especial, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional propõe, tanto para a escola como para toda sociedade, um desafio enorme no tocante à Inclusão. A escola está em um âmbito social e sofre modificações com o desenvolvimento de sua clientela, a tecnologia, da ciência, envolvidos em um organismo globalizado. Devido a isto, torna-se ainda mais complexo o tratamento aos deficientes.
Conviver e reconhecer as deficiências e as diferenças é um grande desafio, aceitar que somos diferentes e quebrar os velhos paradigmas da educação, para atender as necessidades individuais de todos os educandos tenha ou não necessidade de educação especial. A educação inclusiva possui uma filosofia que defende a educação acessível para todos, e as escolas enquanto comunidades educativas devem satisfazer as necessidades de todos os alunos com a independência de ter ou não deficiência. A inclusão surge no momento em que à teoria e a pratica pedagógicas não estavam dando certo. É preciso aceitar a diferença, marca indelével de cada individuo. (FELTRIN, 2004, p. 48)

Sabe-se que no passado, o indivíduo com alguma deficiência era eliminado da sociedade, atualmente, esta prática é mais utilizada, porém a discriminação continua sendo sutilmente praticada. É exclusão disfarçada, que acontece através das instituições, como cadeias, asilos e tantas outras que foram criadas com este objetivo: segregar o "diferente" da sociedade.
ANTOAN (1997, p. 20) afirma que: "Enquanto a pessoa está adequada às normas, no anonimato, ela é socialmente aceita. Basta, no entanto, que ela cometa qualquer infração ou adquira qualquer traço de anormalidade para que seja denunciada como desviante".
Por outro lado, a História também testemunhou, na década de 60, um grande número de instituições especializadas, a exemplo de escolas especiais, centros de habilitação, de reabilitação, entre outras, que foram criadas objetivando proteger os diferentes, tentando reintegrá-los à sociedade.

A inclusão é uma questão de atitude que deve começar com a família, em casa. Acreditando no potencial da criança, pois família protetora não acredita em inclusão. Ora responsabiliza os professores, ora a escola, que não tem recursos ou não oferece segurança. (PEREIRA, 2003, p. 64)

A inclusão social pode ser entendida como um processo que coopera para a construção de um novo tipo de sociedade através de modificações, pequenas e grandes, nos ambiente e na mentalidade de todas as pessoas, principalmente do próprio portador de necessidades especiais.

A escola, como uma instituição mediadora na construção do conhecimento, tendo como objetivo levar cultura para um número cada vez maior de pessoas, leva para si uma gama de responsabilidade muito grande. É através da escola que a sociedade adquire, fundamenta e modifica conceitos de participação, colaboração e adaptação. Embora outras instituições como família ou igreja tenha papel muito importante, é da escola a maior parcela. (ANTOAN, 1997, p.13).

Percebe-se assim, que o desafio da educação será o de trabalhar por uma escola inclusiva, com qualidade de ensino, percebendo a importância da educação básica para todos, como garante a lei. No entanto, é necessária uma justiça que funcione, uma saúde que atenda a todos e essencialmente, uma política comprometida com o cidadão.

A discussão em torno das possibilidades e desafios para a inclusão passa pela própria falta de clareza sobre os conceitos de integração e inclusão. Uma forte corrente na área da educação física sugere que o ideário de inclusão estaria num plano mais ideológico, ao passo que o conceito de integração indica uma perspectiva mais operacional (SUGDEN & KEOGH, 1991; BLOCK & ZEMAN, 1996). Por outro lado, pesquisadores da área da educação ressaltam que a integração seria representada muito mais por uma aproximação física, ao passo que a inclusão pressupõe assegurar a participação do indivíduo ao convívio em grupo (MAZZOTA, 1987; MANTOAN, 1997; SASSAKI, 1997).

ASSAKI (1997, p.42), afirma: "Quanto mais sistemas comuns da sociedade adotarem a inclusão, mais cedo se completará a construção de uma verdadeira sociedade para todos." Diante de tais explanações, fica claro a importância do tema tratado neste artigo. A inclusão abandou os bastidores da história para assumir o papel principal nas perspectivas educacionais, cada vez mais críticas.
ASSAKI (1997, p.50), ressalta ainda:

A escola com seus profissionais deve assumir este compromisso, acreditando que as mudanças são possíveis desde que haja uma transformação nos atuais moldes do ensino, sendo "a escola uma das instituições (senão a principal) responsável pela construção desta sociedade, atendendo a todos indiscriminadamente.

Claro que não queremos aqui afirmar que esse processo ocorrerá de maneira fácil, sem maiores complicações. Os desafios são muitos, os paradigmas a serem superados são indefinidamente complexos, mas necessariamente possíveis. Para isso, um grande passo foi dado: muitas escolas tem empenhado esforços significativos nessa direção.

Na realidade, tais instituições consideravam muito mais a questão social do que seu desenvolvimento como um todo, já que o termo reintegração já traz incutida a idéia da desintegração. "Só é possível reintegrar alguém que foi desintegrado do contexto social e está sendo novamente integrado" ANTOAN (1997, p. 45).

Assim, a autora do trabalho em questão analisou a Inclusão dentro da Escola Estadual Professor Diomedes Santos da Silva, de modo crítico e conciso, tentando ao máximo manter-se fiel aos parâmetros a que a metodologia escolhida se propôs.
Para tal ensejo foram definidos os seguintes objetivos:
Geral: Analisar a inclusão de pessoas em situação de deficiência na escola estadual prof. Diomedes Santos da Silva.
Específicos: Verificar as pessoas portadoras de necessidades especiais na escola em questão; Verificar se existe interação entre a escola e a família do aluno pesquisado; Verificar os procedimentos de ensino-aprendizagem aplicados aos alunos de necessidades especiais e avaliar as habilidades e competências desenvolvidas por esses alunos.
A escolha do tema se deu primeiramente pelo fato de a autora trabalhar na escola indicada e ainda por ter desenvolvido um projeto referente ao tema no ano delimitado.
A metodologia e procedimentos foram definidos em autores renomados que fundamentaram a elaboração do artigo.
Dessa forma, a metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica que subsidiou todo trabalho escrito, acompanhado de observação sistemática na escola supra citada, além da aplicação de entrevistas e questionários com a equipe diretiva.
O trabalho definiu como metodologia a pesquisa de campo com a finalidade de conseguir informações acerca de como vem ocorrendo a inclusão na unidade escola já citada.
Segundo AKATOS, 2003, p. 186:

As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, como primeiro, passo, para se saber em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo passo, permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial de referencia, da mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e elaboração do plano geral da pesquisa.


A mesma autora define ainda que se deve determinar as técnicas que serão aplicadas na coleta de dados. Um ponto imprescindível é que a pesquisa de campo não deve ser confundida com a simples coleta de dados, que é na verdade uma pequena etapa da pesquisa.
Para a realização deste tipo de pesquisa, foi realizado primeiramente um trabalho bibliográfico sobre o tema escolhido, servindo de base para fundamentar as idéias a serem organizadas.
"A pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para analisá-los."( LAKATOS 2003, p.186)

Sabendo que o interesse da pesquisa de campo está voltado para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades e instituições, este tipo de pesquisa apresenta como vantagens o acúmulo de informações sobre o tema e a facilidade na obtenção de uma amostragem de indivíduos sobre determinada população ou classe de fenômenos.
Os instrumentos foram definidos com base em autores que defendem que a entrevista é uma técnica importante que permite o desenvolvimento de uma séria relação entre as pessoas.
Partindo deste principio, optamos pela entrevista semi-estruturada, que segundo Maisonneuve e Margot-Duclot (1964, p. 89), tem os seguintes objetivos:
? Obter informações do entrevistado (...);
? Conhecer a opinião do entrevistado, explorando suas atividades e motivações;
? Tratar de um problema comum (...);
? Avaliar as capacidades do entrevistado, visando à sua orientação ou seleção, através do exame oral.

Os questionários podem ser classificados em três categorias: "questionários de perguntas fechadas, questionários de perguntas abertas e questionários que combinam ambos os tipos de perguntas. estes tipos de instrumentos desempenham as funções de descrever as características e medem determinadas variáveis de um grupo social." (RICHARDSON, 2002, p. 190).

No caso aqui descrito, optamos por um questionário de perguntas abertas, já que se pretende uma maior elaboração das opiniões dos entrevistados.
O autor supracitado admite ainda, as vantagens das perguntas abertas, mas ao mesmo tempo admite algumas desvantagens também:

"Uma das vantagens das perguntas abertas é a possibilidade de o entrevistado responder com mais liberdade, não estando restrito a marcar uma ou outra alternativa. Isto ajuda muito o pesquisador quando ele tem pouca informação ou quer saber um assunto.uma grande desvantagem é a dificuldade de classificação e codificação" (RICHARDSON, 2002, p. 195).


Desse modo, partiremos para a análise dos dados obtidos através da entrevista e do questionário, considerando a opinião de alguns autores, ao mesmo tempo em que relacionamos suas idéias com as perspectivas da inclusão dentro do cenário escolar.

2. CARACTERIZANDO A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR DIOMEDES SANTOS DA SILVA

A escola em questão fica localizada no Conjunto Fernando Collor de Melo, na cidade de Nossa Senhora do Socorro, neste estado. Foi fundada para atender a uma clientela de alunos de quatro a seis anos de idade, sendo nomeada como Pré-Escolar Professor "Diomedes Santos da Silva".
Com a demanda crescente e a municipalização do ensino pré-escolar, a instituição voltou-se para o atendimento dos educandos das séries iniciais. Desse modo, atualmente, a escola atende a alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.
É dotada de sete salas de aula, uma diretoria, uma secretaria, uma sala de leitura, uma cozinha, seis banheiros divididos entre espaços destinados às meninas e meninos e um pátio para recreação.
Apresenta uma boa estrutura e divisão física, bom estado de conservação, mas necessita de reformas e adequação das redes elétrica e hidráulica.
Como outras escolas públicas, enfrenta dificuldades financeiras, apesar de receber verbas federais. Isso ocorre, devido ao baixo valor destinado e a real necessidade de serviços e materiais destinados aos fins escolares.
A equipe diretiva é composta de uma diretora, uma secretária e uma coordenadora. Há ainda uma pedagoga para auxiliar no trabalho com alunos e professores. Existem ainda três oficiais administrativos, quatro vigias, quatro cozinheiras e oito serventes, além de dezesseis professoras. Todos os funcionários desempenham suas funções entre os turnos matutino e vespertino.
A comunidade considera bom o trabalho desenvolvido pala escola e mantém um bom relacionamento com a direção e corpo docente.
Durante o ano de 2007, a escola começou a receber alunos PNEES, o que acarretou em debates acerca do tema e a preocupação de desenvolver um trabalho voltado à assistência dessa clientela.

2.1. Os desafios enfrentados pelas instituições de ensino para inclusão dos PNEES.
A inclusão é um movimento com um interesse explícito: construir uma sociedade para atender a todos. Mesmo sendo consideravelmente recente, o movimento sobre inclusão alcançou proporções enormes. O conhecimento das diferenças que se apresentam em cada criança que será incluída torna-se fundamental neste processo.
O problema da deficiência no Brasil está muito ligado às classes sociais, já que grande parte das pessoas com deficiência é pobre e tem baixa escolaridade. Para se solucionar muitos problemas ligados a essa questão, temos, obviamente, de resolver os problemas relacionados com a pobreza do Brasil.
Hoje, o grande desafio é a elaboração de uma política educacional voltada para o estabelecimento de uma escola realmente inclusiva, acessível a todos, independentemente das diferenças que apresentam, dando-lhes as mesmas possibilidades de realização humana e social. (PACHECO, 2006, p.20),


Percebe-se assim as grandes dificuldades que as unidades escolares tem a enfrentar para tornar possível a implantação da inclusão verdadeira nas escolas, porque reconhecer as diferenças é fundamental para essa ação.
O maior problema localizado encontra-se na área pedagógica: Como se espera que o professor trabalhe com todos os alunos, ditos normais, ao mesmo tempo em que atenda aqueles que estão em situação de deficiência, de modo satisfatório?
É visível a necessidade de um trabalho diversificado, o qual considere as diferenças entre cada um, sua capacidade, modo e tempo para aprender. No entanto, para tal, outros problemas se confrontam com a situação, a principio, muito simples.
Um trabalho diferenciado requer formação do professor um planejamento direcionado às diversidades, isto requer, tempo, materiais diversificados, espaço físico adequado, auxílio de pessoal para ajudar com os alunos com deficiências físicas. Será que a escola está preparada para a inclusão?
Proporcionar um ambiente adequado à inclusão, não se restringe a ter conhecimento das mais variadas diversidades, o que deve ser trabalhado, ou o que a criança já possui de conhecimento, ou ainda, somente respeitar suas limitações, reconhecendo suas diferenças e ressaltando suas potencialidades.
A integração dos alunos em situação de deficiência tem sido a proposta direcional e dominante na Educação Inclusiva, envolvendo programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários países do mundo, incluindo-se o Brasil.
Esta proposta foi elaborada em 1972, por um grupo de profissionais da Escandinávia. Baseou-se no princípio de normalização que defende que todas as pessoas portadoras de deficiências têm o direito de usufruir de condições de vida o mais comum ou "normal" possível, na sociedade em que vivem garantindo assim seu direito de ser diferente e de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. Vale ressaltar que atualmente, é chamada de Educação Inclusiva e não mais Educação Especial, como era anteriormente chamada.

O Brasil possui 466 155 alunos com deficiência no ensino fundamental. Cerca de de 97% dos alunos deficientes desistem de estudar. A evasão é uma marca do ensino brasileiro como um todo, embora o índice do abandono geral seja menos escandaloso: 74% dos estudantes deixam de estudar a partir dos 15 anos. Afirma a secretaria de educação especial do MEC.( DUTRA, 2009, p. 421)


Claro que a inclusão exige a transformação da escola, já que defende a admissão no ensino regular de alunos com quaisquer déficits e necessidades, restando às escolas se adaptarem às necessidades dos alunos. A inclusão acaba por exigir uma quebra com o modelo tradicional de ensino, pois a inclusão do PNEES à sociedade e o desenvolvimento como cidadão passou a ser uma das principais tarefas das Unidades escolares.
Apesar da importância e do avanço nas políticas em prol da inclusão, sabe-se que na prática, muitos deficientes que se encontram introduzidos no sistema regular de ensino permanecem sendo isolados dos seus companheiros de turmas regulares e, de certa forma, rejeitados pela escola e professores.

Os portadores de deficiência precisam ser considerados, a partir de suas potencialidades de aprendizagem. Sobre esse aspecto é facilmente compreensível que a escola não tenha de consertar o defeito, valorizado as habilidades que o deficiente não possui, mas ao contrário, trabalhar sua potencialidade, com vistas em seu desenvolvimento. (PACHECO, 2006, p.33) cita que:


A escola carrega uma bagagem de cultura e de saberes que atendiam às necessidades de uma determinada época e clientela. Se anteriormente, o deficiente era excluído da sociedade, atualmente ele tem seus direitos garantidos por lei.
O lançamento da Constituição Federal de 1988 significou um grande avanço em termos educacionais no Brasil, pois garante e propõe avanços significativos para educação escolar, vislumbra a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art.1º,incisos II e III) como um dos seus fundamentais fins: a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação( art. 3º, inciso IV) e também garante o direito a igualdade ( art.5º) e trata no artigo 205 e seguintes , do direito de todos à educação . Esse direito deve destacar "o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho". Além disso, prevê igualdade de condições, acesso e permanência na escola "(art.206, inciso I).
A Convenção de Guatemala, datada de 28 de maio de 1999, ela prevê a eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas com deficiência e o favorecimento da sua integração na sociedade, define a discriminação e dá outras providências.
Há ainda a Declaração de Salamanca datada de 1994, esata declaração trata dos Princípios, Política e Prática em Educação Especial. Trata-se de uma resolução das Nações Unidas adotada em Assembléia Geral, a qual apresenta os Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências. A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente um dos mais importantes documentos que visam a inclusão social
Assim, o deficiente deve ser considerado como um ser igual às outras crianças, vivendo como as outras e recebendo dentro de um estabelecimento de ensino sua formação educacional.
Considerando a inclusão escolar como um processo gradual e dinâmico, a integração educativo-escolar refere-se ao processo de educar-ensinar, no mesmo grupo, apenas tendo o cuidado de observar as dificuldades de cada um em particular.
Desafios estão sendo ultrapassados e outros estão por vir, o que importa,é que a decisão de tentar esteja sempre de mãos dadas com o ato de acreditar se possível dar certo.


3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os dados foram coletados através das observações, entrevistas e questionários aplicados na escola em estudo.
No primeiro momento, durante a observação da clientela, foi percebido que havia em média, dez crianças com necessidades especiais na escola. Às professoras, foi pedido que observassem melhor estes alunos e elaborassem um relatório. Após esta etapa, os alunos foram encaminhados ao CREESE (Centro de Referência em Educação Especial de Sergipe), com o objetivo de serem confirmadas ou não as conclusões dos professores. Mas por motivos particulares, apenas duas famílias aceitaram que seus filhos fossem avaliados pela equipe de Educação especial.
As famílias foram procuradas para serem comunicadas dos encaminhamentos devidos. Já em contato com os especialistas do CREESE, as famílias passaram por uma avaliação, foram feitos testes com as crianças, entrevistas, atividades psicopedagógicas, análises psicológicas, entre outros procedimentos.
Após os relatórios de avaliação, foram constatadas 2% das crianças com necessidades educativas especiais. Ambas, foram encaminhadas para tratamento psicológico e neurológico.
A aluna 1 apresentou, segundo conclusão do relatório, abaixo transcrito:



Alice apresenta funcionamento cognitivo aquém do esperado para a sua idade que, possivelmente, encontra-se relacionado à etiologia pré-natal, bem como por desenvolvimento ocorrido em ambiente sócio-familiar carente de regras, limites e papéis definidos que, possivelmente, interferem na sua aprendizagem e compreensão de mundo. Apresenta ainda, dificuldades emocionais que influenciam o seu comportamento adaptativo. Necessita de avaliação neurológica, bem como ser mantida em avaliação processual pela equipe do CREESE para maior esclarecimento do caso.

Consegue-se perceber neste relato, que a aluna 1 precisa de um acompanhamento escolar individualizado. As dificuldades no entanto, são muitas, principalmente quando se trata de uma escola pública, onde a carência de recursos são inúmeras. A conduta e intervenção sugeridas pelo CREESE aconselha sua permanência na série regular, reforçada com trabalhos direcionados a sua problemática.
Ao ser entrevistada a professora mostrou-se preocupada e falou:
- Ainda não nos preparamos para a inclusão, porém a nossa prática e a ética profissional nos conduz a uma análise apurada das dificuldades que detectamos dentro da sala de aula e, levados pelo desejo de superação, buscamos caminhos diversos para atender dentro das possibilidades os nossos alunos que não apresentam avanços com relação à aprendizagem.
A aluna 2, ao ter sua situação analisada pelo CREESE teve a seguinte inferência:

A aluna apresenta características de uma criança sindrômica, necessitada de um diagnóstico aprofundado. Ela, além de permanecer em sala de aula regular, precisa estar em sala de recursos, ser submetida à fonoterapia e ser encaminhada para um endocrinologista, a fim de melhores resultados e diagnóstico correto.

A professora dessa segunda aluna, ao ler o relatório do CREESE, desabafou:


O nosso desejo é atender e levar o conhecimento a todos igualmente, todavia sempre detectamos certas dificuldades na aprendizagem de alguns alunos que nos preocupam.
Então recorremos a equipe gestora para nos apoiar na busca de ajuda tanto familiar quanto institucional. A família na maioria das vezes não leva muito a sério, e a escola ainda não dispõe de recursos necessários para atender de forma satisfatória. Procuramos trabalhar com a criança com o mínimo que possuímos, no entanto não há um bom desenvolvimento.

O desabafo dessa segunda professora revela o retrato da situação da inclusão dentro das escolas públicas: faltam recursos, profissionais capacitados e principalmente, interesse da família.
O relatório afirma que a criança tem características sindrômicas. Ou seja, é portadora de algum tipo de síndrome. Síndrome é um conjunto de sintomas que caracterizam uma doença, ou seja, as características que definem um tipo de doença e a diferencia de outras. Este é um caso a ser estudado detalhadamente com a finalidade de melhor entender a problemática e direcionar ações que contribuam para minimizar seus efeitos negativos.
Da entrevista realizada com a direção e coordenação da escola, foram escolhidos dois pontos abaixo descritos:
Ao ser questionada sobre o que a escola entende por inclusão a diretora respondeu que a instituição escolar precisa propor uma prática pedagógica coletiva, dinâmica e flexível, para atender esta nova demanda educativa. A educação inclusiva tem força transformadora, e aponta para uma nova era não somente educacional mas, para uma sociedade inclusiva, reafirmando o papel fundamental da escola que é estar aberta e trabalhar pra diversidade.
Já a coordenadora relata que o sistema educacional vigente está firmado na divisão de alunos normais e deficientes, sem se preocupar muitas vezes, com a diversidade existentes entre seres humanos. O ensino inclusivo respeita as deficiências e diferenças, reconhece que todos somos diferentes, e que as escolas e os velhos modelos de educação precisam ser transformados para atender às necessidades individuais de todos os educandos. Isso é inclusão, esse deve ser o papel da escola, incluir a todos, sem preconceitos.
A escola, segundo a diretora, deve estar aberta aos portadores de necessidades, mas para tanto, sua proposta pedagógica servirá como base de apoio para o trabalho coletivo de que atenda a todos, pois este é o papel da escola. A idéia é reforçada pela coordenadora da escola, quando defende que todos devem ser incluídos, sem preconceito. No entanto, como foi bem ressaltado em ambas as falas, a escola deve estar preparada para inclusão sob pena de torna-se apenas mais um ato bonito na fala, mas engavetado entre tantos outros processos educacionais, que na prática, apenas existem no papel.
O segundo ponto a ser tratado na entrevista foi a visão da escola acerca da inclusão e como ela ocorre dentro da escola, propriamente dita:
O que fez a escola torna-se inclusiva as resposta foram as seguintes: primeiramente, a Legislação, que garante a todos os cidadãos, o direito de pertencer à escola, sendo acolhido, independentemente de suas deficiências. Em segundo, ao entendimento de que um sistema educacional inclusivo parte do princípio de que todas as crianças podem aprender desde que se respeite e reconheça as diferenças de idade, sexo, etnia, língua, deficiências ou inabilidades. E ainda, devido à compreensão de um processo educativo abrangente, eficaz, que evolui constantemente, não limitado às faltas de recursos adequados, ou às deficiências dos alunos. Se pretendemos uma educação inclusiva, é urgente que façamos uma redefinição de planos e tracemos metas, visando uma escola voltada para a cidadania global. E esse é o nosso objetivo.
Entende-se assim, uma vontade de discutir e renovar o planejamento educacional, as visões sobre a inclusão, buscando maneiras práticas e possíveis de trabalhar com os diferentes. Nada mais correto, quando o quesito é inclusão, do que estar aberto às discussões coletivas, aos debates sobre as dificuldades encontradas dentro da escola, tanto no que se refere às metodologias aplicadas, quanto aos materiais e dificuldades enfrentadas pela equipe escolar. Sabe-se que esta não é uma simples tarefa, que pode ser desenvolvida em pouco tempo, mas a tentativa de fazer o que é correto e acima de tudo, estando baseado na visão de educação que a unidade escola acredita, já nota-se uma evolução possível e aberta a incluir àqueles que antes estavam à margem da sociedade e da escola.
Neste sentido, percebe-se que para conseguirmos reformar a instituição escolar, primeiramente temos que mudar as opiniões de todos os envolvidos no cenário educativo. No entanto, é praticamente impossível reformular idéias, sem que se realize uma prévia reforma das instituições.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos envolvidos numa crise de paradigmas educacionais, que requer uma busca de alternativas, exigindo assim, além nortear para as mudanças, um novo ardor para vivenciar o momento que está sendo proposto.
Espera-se que a escola seja um espaço vivo de formação para todos. Neste contexto, um ambiente verdadeiramente inclusivo requer políticas públicas de educação direcionadas à inclusão, além de educadores envolvidos seriamente com as mudanças, mostrando que a inclusão é um momento de ganhos para professores e para comunidade escolar como um todo.
Claro que tais mudanças de perspectiva exigem muito mais do que ir à escola e fazer o que se faz todo dia do mesmo jeito. Uma prática significativa, que desenvolve uma educação baseada na diversidade e na superação de limites, envolve respeito às diferenças tanto em sala de aula, quanto fora dela. A escola é apenas o ponto de partida para a ação maior que é chamada de inclusão.
À instituição escolar, precisa da ajuda dos pais e de toda a comunidade local, para formar uma rede de apoio de modo a fazer o melhor por estes educandos. Desde o desenvolvimento de suas potencialidades até o pleno desenvolvimento da sua cidadania.
A escola é o espaço de inclusão por si só, mas não garante que as normas de aceitação sejam respeitadas fora das paredes de seu prédio. Assim, como saber se o quê está acontecendo dentro do espaço escolar está efetivamente mexendo com a vida lá fora? Nem sempre as batalhas travadas pela educação ou para ela alcançam patamares significativos.
A inclusão vai além de mera burocracia ou aceitação de PNEES nas classes regulares de educação. Incluir requer mudança de comportamento, visão de mundo e práticas sérias que mobilizem pessoas em prol de um bem maior: a coletividade.
Desenvolver um modelo educativo que enfrente a exclusão social implica em condições de trabalho pedagógico e uma rede de saberes que compactuam e caminham no sentido contrário do paradigma tradicional de educação por anos é sinônimo de segregação.
Esta seria uma reviravolta complexa, mas possível, que envolveria luta diária por parte dos envolvidos. A luta pela escola inclusiva, contestada por muitos e o "bicho papão" que assusta muitos da comunidade escolar, por exigir mudança de hábitos e atitudes, nos leva a refletir e reconhecer um posicionamento social diferente, como garantia de uma vida pautada pelo respeito às diferenças.
Assim, conclui-se que a inclusão social dentro da Escola Estadual Professor Diomedes Santos da Silva, está ocorrendo paulatinamente, de modo reflexivo e pautado na legislação vigente. No entanto, é evidente a ruptura por parte de muitos funcionários, com muitas atitudes e idéias preconceituosas, que impedem o melhor progresso deste processo. Há antes de mais nada, a urgência do apoio da secretaria de educação, bem como suas diretorias regionais para dar suporte e apoio tanto no que se refere ao encaminhamento dos casos mais necessitados, como na orientação dos professores e demais funcionários da unidade escolar.
A inclusão já é uma necessidade, mas quando se tornará realidade? Esta é a pergunta que tem mobilizado setores educativos e sociais. Aceitar a idéia é apenas um passo em direção ao muito que deve ser feito para se alcançar esse fim. Apesar das débeis iniciativas da comunidade escolar e da sociedade geral, é possível adequarmos a escola para um novo tempo. Precisamos estar repletos de boa vontade e compromisso, para enfrentarmos este desafio.








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Autor: Rosineide Santos Cruz


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