Hino
A noite se prepara para dormir e sonhar o dia.
Eles se encontram e se abraçam nos jardins do intemporal.
E eu sou um sopro na boca aberta da matéria.
Estou entrando na boca da matéria para fitar o olho do planeta.
Escuto agora vindo do olho da alma dos planetas um grito, um canto, um hino, que me deixa surdo.
É a vida subindo em montanhas de ar tocando a teia do meu corpo neste instante.
Vou gritar dentro da minha cabeça, tudo o que tenho para dizer a ela:
Sou o alimento das trevas no coração do sol.
Sou as pálpebras da morte, a amante da vida.
Sou o precipício da razão e a semente da mente.
O só e os outros.
Fruto único do eu.
Ando, procuro o sol da noite.
Tenho desejos que só os grávidos de coração possuem.
Procuro no coração, a batida.
Baterei em seu tambor o hino dos vivos para os mortos vivos.
Autor: Cesar Valerio Machado
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