Morte, quem és tu?



Morte, quem és tu?

Ser incontestável, necessário e ‘displicente’, oh! Morte! Por que nos persegue? Onde estás?
Sabes, ouvi falar que tu sempre levas em primeiro lugar, as pessoas que mais amamos... Ora, qual o problema? O Amor? Não, dizem ser a necessidade de concerto espiritual!
És tão bela e essencial, que estás nas famílias ricas, pobres, indiferentes, crentes, atéias, agnósticas, deístas. Estás em todos e todo lugar. Seria o Deus da reencarnação? A penúria do erro?
Tu me encantas! És livre, imponente, imparcial, pura e viva. A mais viva entre mortos e vivos. O ‘papai Noel das existências’! O fruto cuja semente nunca falha, o véu que expõe a todos... A maravilha de todos os segredos. ‘A insustentável leveza do ser’. Amargura dos inermes!
O desequilíbrio dos fracos. O reino dos fortes. Qual a lei que lhes comanda? “... que é afinal, a vida humana? Uma comédia. Cada qual aparece diferente de si mesmo; cada qual representa seu papel sempre mascarado, pelo menos enquanto o chefe dos comediantes não o faz descer do palco... Para dizer a verdade, tudo não passa de uma sombra e de uma aparência, mas o fato é que esta grande e longa comédia não pode ser representada de outra forma”. (Erasmo de Rotterdam. Elogio a Loucura. P. 43 Pensadores, 1998). Vida tem máscara?
“Oh morte, não te orgulhes... Pois ruim como dizem não és, medonha e forte... Quem pensas que abateste... Pobre morte, não morre... Nem matar podes a mim... Servas de reis, destino... Acaso e ânsia... À droga, à peste e à guerra te associas... E adormece nos ópios e magias... Mais que teu golpe. Então porque a jactância? Um breve sono a vida eterna traz. E vai-se a morte. Morte...” (coletânea de versos de John Donne. Filme Wit Uma lição de vida).
O acaso das inconstâncias. A correria dos lentos. Oh! Morte! Não vivas para mim, morro por ti. Venha a nós o vosso reino e seja feita vossa vontade com a ajuda de nossa ignorância.
Quando tu estás próxima, muitos pensam: “Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol nascer...” (Banda Titãs). Ora, nascer morto não vale!
Nascer ou Viver? Não, morrer! Por que nos força ao ciclo interminável do renascer para adquirirmos tão pouco Conhecimento? Não és culpada é vítima.
Enquanto não se aprende a embriagar-se com a vida, não se vive não se aceita a Morte. Arrasta-se com a vida, não Vida. Extensa, sofrida, a sós!
Tu não passas de um blefe, de uma carta por debaixo da manga. Sem ti, não há Deus nem pretextos para existirem crenças. Seu trunfo é o Medo, o Mistério. O vulto do supostamente invisível. O engano da lembrança do repouso eterno. Tu és simplesmente o inevitável que a matéria desconhece e a ignora. O ‘mal indispensável’. Sem ti, a vida humana seria um tédio infindável para esta impura carcaça. Oh! Morte! Segue sua saga. Não perdoe. Que mal há? Tua melodia está sempre certa, somos nós quem a dançamos errada.

 

“Não, o problema não está no desconforto. O problema é que você sente desconforto pela coisa errada!”. (Yalom, Irvin D. Quando Nietzsche Chorou. P.246)

 


Autor: Bessani, Dinaldo


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