O DECLINIO DA VELHA PROSTITUTA
O retorno para o pequeno quarto alugado é lento, hesitante e cheio de decepção. A noite que tanto prometia, nada lhe concedeu. Não queria chorar, pois mancharia a maquilagem ordinária. Subiu os degraus do velho prédio, abriu a porta e jogou a bolsa, velha companheira, sobre a cama. Algumas lágrimas surgiram e olhou para encardida folha de papel que um dia, um velho cliente "metido" a poeta, ao conhecer sua história, colou na parede suja:
"Sonha com a volta pro Norte,
Espanta com essa pouca sorte.
Chora a dor desse exílio,
Contempla o retrato do filho.
Enxuga na blusa este pranto,
Esquece depressa o espanto,
Afinal, tens que batalhar!"
Leu com indisfarçável angústia, retocou o batom vermelho e pegou novamente a bolsa surrada, pois constatou que a noite quente e interminável ainda a esperava!
Autor: Miguel Lima
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