Ancestral do caralho



Ancestral do caralho

Rangi dentes ante o espectro que o meu ser apresentava na imagem do espelho.
Acolhi com todas as minhas forças os últimos pingos de clareza do meu cérebro e, gaguejei rústicas e guturais palavras. Cesar você está enlouquecendo, olhe para a sua mente, para os seus desejos, o mundo, as pessoas, olhe para a sua cama, a comida, para os seus olhos espelhados na urina do vaso, no fundo do poço, no fundo do tumulo corpóreo.
Olhe os seus primitivos pensamentos resumidos em você mesmo e veja o seu desespero.
Não adianta ficar se fitando nesta forma ensandecida sua imagem, sua face não é nada, os seus olhos não farão amor contigo, não te salvara da estúpida morte carnal.
Não te dará mais uma muleta envolta de carne e sangue. Vai esmolar lá no inferno!
Não te alimentará dos frutos e vegetais da terra, coma da tua própria carne, (Ou alguém o fará com certeza), ou da tua própria merda quando te apartares da frágil razão.
Você é irremediavelmente estúpido e incapaz de percorrer qualquer caminho.
A não ser que seja empurrado, chicoteado com as mais débeis esperanças.
Tu não passas de mais um fantoche disfarçado em palavras. Inimigo do céu, do inferno e da terra.
Negação da negação, porra pensante, escravo dos seus desejos, amante podre do vazio, fatalidade ambulante, amuleto da dúvida, cuspida de útero, alimentação dos tubos caóticos da imaginação, fantasma das aberrações seculares, lar das histerias e vãs hipocrisias. Nem o seu espelho o quer refletido em sua imagem. E agora sombra daninha do jardim do ego, O que fará para não perder o juízo de vez? Tu confias em tuas habilidades para factual sobrevivência? Agora que os deuses escorrem pelos dedos e os demônios humanos e outros do além prometem assa-lo para o jantar?
É a tua completa desintegração que tu não percebes? Quando tens medo de se comprometer com toda a sorte de idéias que lhe brotam no cérebro.
Tu és muito abstrato para a realidade, sois como bolha de sabão numa tempestade de pregos.
E a vida é uma tempestade de bolhas nos constantes pregos da eternidade.
Está é a sua cópula interminável do cérebro com as palavras, é o teu único caminho, ancestral do caralho

Autor: Cesar Valerio Machado


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