CULTURA E DIVERSIDADE



CULTURA E DIVERSIDADE

Mara Rúbia Pinto de Almeida


Vivemos em um período em que as transformações ocorrem constantemente em todo o mundo. As relações em sociedade sofrem atritos, favorecendo várias crises em relação às formas de vida, o modo em que ela é vista pelos outros e até mesmo como se posicionar diante variadas situações.
Quando é questionado a própria identidade, observa-se que a "razão" torna-se o ponto principal para que vários atritos bloqueiem a mente, para que de início conheça o diferente de "nós".
Falar de "nós" como um todo, é resgatar as verdadeiras origens de cada indivíduo, de cada nação, de cada povo. É conhecer além do superficial o termo cultura, que se torna um campo de estudo mais que interessante e sim necessário.
Os contatos e os conflitos entre os vários modos de organização da vida social é o que faz a humanidade desenvolver, transformando a sua realidade que demonstra o seu registro nas próprias transformações, onde a cultura é movida pela herança cultural e dos contatos e conflitos existentes. (Santos, 1991)
O mundo é visto, tendo como referência a própria cultura, que pode ser identificada por vários contextos, recordando que a herança cultural é desenvolvida passando de geração a geração que passa a depreciar aquilo que está fora do padrão. (Laraia,2000)
Para estudar a cultura, é preciso antes, fazer uma viagem pelo universo, compreendendo as riquezas culturais, criada pela diversidade humana que então passará a não contribuir com qualquer forma de preconceito.

Cada indivíduo, desde o início dos anos iniciais na educação básica, traz consigo a ideia de costumes que é passado de uma geração a outra, seja pelas crenças e o ensinamento que demonstram o valor de cada comunidade.
Os ensinamentos compartilhados dos mais velhos para os mais novos é o que indica a própria herança cultural, que pode ser identificada com as particularidades de um indivíduo e/ ou seu grupo pertencente:
"Por vezes se fala de cultura para se referir unicamente as manifestações artísticas, como o teatro, a música, a pintura, a escultura(...) Ou então cultura diz respeito ás festas e cerimônias tradicionais, às lendas e crenças de um povo, ou a seu modo de se vestir, à sua comida, o seu idioma." (SANTOS, 1991: 22)

Nas particularidades é identificada a cultura presente, ou seja, os traços que fazem parte a transformação da humanidade, observando-a como um todo, principalmente o seu agrupamento e as características que fazer aproximar ou distanciar o mundo ao seu redor. Vendo o mundo, apreciando a própria cultura, as posturas e os comportamentos são defendidos a própria herança cultural, melhor dizendo a cultura propriamente dita. (Laraia,2000)
A humanidade é formada pelas particularidades que forma um todo. A cultura que cada um faz é história e todas são manifestadas pela expressão, identificando que sempre existiu os conflitos que torna-se uma preocupação da atualidade.
Determinados conflitos surgiram e ainda continuam surgindo devido cada grupo olhar a sua cultura como referência, e ao deparar com as outras culturas que é diferente da considerada padrão, acabam por depreciar e fazer uma pré- julgamento. Mas, a relação de ambas é vice-versa, pois as outras culturas também acreditam que elas sejam referência e nem por isso deixam de existir. "O grupo de "eu" faz, então, da sua visão a única possível ou, a mais discretamente (...) a certa. O grupo do "outro" fica, nessa lógica como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível" (ROCHA, 1988:5)
Observando que há diferenças entre todos: "(...) o modo de agir, vestir, caminhar, comer (...)" (LARAIA,2000:3), é conceituado o termo etnocentrismo, que identifica a sociedade do outro, muito atrasada em relação a sua própria sociedade. Por acreditar que está em destaque, sendo superior a outra, é produzido na atualidade, os piores conflitos das desigualdades.
Na evolução das ideias e dos estudos que constrói o conhecimento que trata da diversidade do grupo de criaturas humanas, é verídico observar a comparação do "eu" com o "outro" como sendo complexa por demais, mas que pelos estudos da antropologia já seja possível ver o mundo pela igualdade.
Embora não tendo consciência, cada cultura, acaba por ter contato com a cultura do outro, e não aumenta o atrito devido o não conhecimento que compartilhamos e trocamos culturas, com efeito da produção da indústria cultural.
Por esse fato Laraia afirma, que as mudanças culturais ocorrem de forma interna entre si e a outra sendo compartilhadas as riquezas do outro, mas que acreditar que a própria sociedade é o cento da humanidade, continua presente e acaba por ser natural, pois a discriminação ocorre até mesmo dentro da própria sociedade.
Se a diversidade é o reflexo das riquezas existentes, a história humana registra a necessidade do domínio e só pode ser compreendido ser for entendida como parte da história mundial. (Santos, 1991)
Ela, a diversidade está presente na realidade cultural em que todas as culturas apresentam interpretações internas que manifestam em seu próprio convívio, mas todas as manifestações é o que prova as transformações ocorridas na humanidade.
A atuação na sociedade é constituída pelas diferentes formas de viver e atuar na vida social e será a partir do estudo das diferenças que eliminará os preconceitos. Será através da participação do indivíduo na consciência da diversidade que surge a possibilidade em compreender como lidar com as variadas situações do cotidiano, embora nada sendo premeditado. (Santos,1991)
Fica claro que compreender a diversidade é um assunto necessário na atualidade. Se antes o que foi aprendido que os conhecimentos passados ao longo das gerações era o que conceituava cultura, Santos (1991), afirma que nesse contexto, "Cultura é com freqüência tratada como um resíduo, um conjunto de sobras, resultado da separação de aspectos tratados como mais importantes na vida social."
Tentar olhar uma cultura isoladamente fica vago porque cada cultura participa do processo histórico mundial. As mudanças que Laraia afirmou continuam e continuarão a acontecer, até porque a evolução humana passa a ganhar vida com a interação da própria cultura com a cultura diferente, pois como afirmou Rocha, ela é marcada e os indivíduos são influenciados mutuamente. Por isso uma não pode ser superior a outra.
"Cultura inclui ainda as maneiras como esse conhecimento é expresso por uma sociedade, como é o caso de sua arte, religião, esportes e jogos, tecnologias, ciências, política. O estudo da cultura assim compreendido volta-se para as maneiras pelas quais a realidade que se conhece é codificada por uma sociedade, através de palavras, ideias, doutrinas, teorias, práticas costumeiras e rituais (...). Procura entender o sentido que fazer essas concepções e práticas para a sociedade que as vive, buscando seu desenvolvimento na história dessa sociedade e mostrando como a cultura se relaciona às forças sociais que movem a sociedade."(SANTOS,1991)

Compreendendo que a cultura está ligada a uma realidade social, quando observada na produção das desigualdades, ainda é ignorado que ela seja movida pelo que realmente existe e pelas inúmeras possibilidades de vir a existir.
Se não existe a superioridade, fica claro que retrata a existência de cada povo e que os conflitos continuarão existindo pelo jogo de interesses e para os benefícios conseguidos.
É pela cultura que as imposições que são feitas e recebidas, compõem a realidade, nas escolhas feitas, nas orientações que constroem as alternativas de ser e de estar no mundo. E quando o estudo internaliza a conduta, o indivíduo passa a contribuir no combate aos preconceitos existentes, conduzindo o respeito nas relações humanas.
A diversidade como um todo, sendo manifestada pelas formas de atuação na sociedade passa a contribuir para a evolução da mesma. Pensar que a cultura é algo que tenha acabado, ou permanecido no mesmo ponto sempre, torna-se necessário buscar conhecimento deixando o "senso comum" para que entenda os verdadeiros processos das transformações. E que toda a
Especificidade não é em vão, ela tem um conceito específico graças a Antropologia. (Santos,1991)
Contudo, já podemos conceituar que cultura diz respeito a todos os aspectos da humanidade, que traz consigo uma história e também vive em um processo de transformação, sendo, como afirma Laraia, dinâmica.
Que os conflitos já foram grandes não resta dúvida e ainda continuarão existindo, fazendo parte da nossa evolução.
Embora ainda tenhamos como referência o valor da nossa própria cultura, é possível refletir que a interação contínua nos mostra que uma cultura está sendo manifestada no outro, mesmo com a ajuda da indústria cultural.
Permanecemos com atitudes etnocêntricas, rotulando o diferente e seria abusivo dizer que alguém já tenha tornado extinto qualquer forma de preconceito. Mas ao conseguir entender que existe o "outro" e que esse "outro", vive harmoniosamente da sua maneira, já é um primeiro passo ao reconhecer que nós somos vistos vivendo também diferentes, passando a ignorar que a nossa cultura seja mais correta e com isso concluímos que existem trocas, pois o conhecimento é a parte satisfatória da cultura.
Não resta dúvida, que a sociedade atual com a presença de várias desigualdades, tem um longo processo na forma de aceitação e flexibilidade, mas tenhamos a certeza que em algum momento acontecerá à compreensão e seremos mais pessoas, acreditando que é possível existir uma sociedade melhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16ª. Rio de Janeiro, 2000.

ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. Ed. Brasiliense 5ª. São Paulo, 1988.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. Ed. Brasiliense 10ª. São Paulo, 1991.


Autor: Mara Rúbia Pinto De Almeida


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