ESTAÇÃO ECOLOGICA DE ÀGUAS EMENDADAS: FONTE DE ÁGUA VIVA PARA PROMOÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.



ESTAÇÃO ECOLOGICA DE ÀGUAS EMENDADAS: FONTE DE ÁGUA VIVA PARA PROMOÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
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Claudio Bernardo1

1. Licenciado em Química, Professor de Ensino Médio Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo - SEDU.
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RESUMO

Este estudo tem como objetivo apontar o potencial da Estação Ecológica de Águas Emendadas para promoção de Educação Ambiental. Situada, no Distrito Federal, próximo a cidade de Planaltina. O local é alvo de inúmeras pesquisas, por apresentar o fenômeno das águas que nascem numa vereda de aproximadamente seis quilômetros de extensão, correndo em duas direções opostas. Além dessa raridade a estação abriga enorme diversidade da fauna e flora. A estação conta ainda com uma escola onde são ministrados cursos de educação ambiental envolvendo comunidades e escolas do distrito federal.

PALAVRAS CHAVE: Estação Ecológica de Águas Emendadas, Educação ambiental.

1. INTRODUÇÂO

A preocupação inicial meramente descritiva dos aspectos do meio ambiente e a abordagem reducionista da Educação Ambiental (EA), que se restringia à apologia do "verde pelo verde", têm dado lugar ao chamado "desenvolvimento sustentável", no qual a exploração dos recursos naturais e as ações humanas devem ser realizadas em direção ao progresso, sem comprometer as futuras gerações.
A Estação Ecológica de Águas Emendadas (Esecae) é uma unidade de conservação diretamente relacionada com a água, que originou a sua criação. As águas que ali brotam, emendadas, correm em direções opostas formando duas grandes bacias hidrográficas. "Com 10.547,21 hectares, a Estação vem sendo objeto de várias pesquisas científicas, catalogando inúmeras obras sobre o cerrado brasileiro na região nordeste do Distrito Federal" (MACHADO, 2008).
Localizada no coração do cerrado, ao lado da capital federal e na região do encontro de duas grandes bacias, a estação desempenha um papel importante como prestadora de serviços ambientais, em destaque o suprimento de água. "As captações dos córregos Brejinho e Fumal formam o sistema integrado Sobradinho/Planaltina, o terceiro maior sistema de fornecimento de água do DF, responsável por 14% da população atendida" (RIBEIRO, 2008).
Porém, estas ricas fontes estão prestes a acabar devido à agregação das comunidades circunvizinhas. Desse modo, o processo de gestão sustentável da Estação depende exclusivamente da educação ambiental desses autores para conservação desse bem natural. Essa sensibilização é urgente uma vez que as cabeceiras, que são nascentes de muitos afluentes que abastecem as captações dos Córregos Fumal e Brejinho, encontram-se fora da área da Estação e sob a influência direta destas populações.
De acordo com FONSECA (2008).A estação vem sofrendo os impactos da ocupação e do uso desordenado do solo no seu entorno, que ocasionam incêndios freqüentes; o uso de agrotóxicos nas fazendas e nas suas proximidades causa a morte de espécies da fauna e flora; a caça de animais e a pesca predatória na Lagoa Bonita; a invasão pelo gado da vizinhança; a captação de água pela Companhia Ambiental Esgoto e Saneamento de Brasília (CAESB) e o lixo no leito dos rios são fatos do cotidiano da reserva.
Por abrigar milhares de espécies, comportar as nascentes que formam importantes rios responsáveis pelo abastecimento de várias regiões brasileiras, e outros fatores essenciais para manutenção da vida, faz da Estação de Águas Emendadas um espaço privilegiado para promoção da Educação Ambiental.
A Estação Ecológica de Águas Emendadas encontra-se muito próxima da cidade de Planaltina ? DF, estando sob influência direta daquela população. Assim, é necessária a implantação de um núcleo de Educação Ambiental não só para aquela população, mas para todos, como forma de prevenir a extinção de espécies e a deteriorização da reserva.
Este trabalho tem como objetivo mostrar os projetos de Educação Ambiental desenvolvidos na Estação Ecológica de Águas Emendadas.
A metodotologia adotado esta baseada em revisão bibliográfica e análise documental em visita de campo à Estação Ecológica de Águas Emendadas.
Segundo RUIZ (1996), a pesquisa bibliográfica "consiste num exame de um conjunto de livros, artigos, documentos escritos por autores conhecidos e identificados ou anônimos para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica". O ambiente natural é uma fonte direta de dados, características essenciais de um trabalho de pesquisa GODOY (1995).

2. PERFIL DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUAS EMENDADAS

A Esecae é um tipo de área de proteção enquadrada na categoria de "unidade de uso indireto de recursos", mais especificamente como "reserva científica". Tais unidades objetivam a preservação do ecossistema e a realização de pesquisas básicas e aplicadas. No Brasil a criação das estações ecológicas está prevista na Lei nº. 6.902/81, podendo ser administrada pelo poder público federal ou estadual. No caso da Esecae, a administração está a cargo do Governo do Distrito Federal.
A Estação Ecológica de Águas Emendadas representa uma das mais importantes unidades de conservação no Brasil Central. Localizada em Planaltina, na porção nordeste do Distrito Federal (15º32? a 15º38? S e 47º33? a 47º37 W) foi criada inicialmente com 4500 ha. Como Reserva Biológica, através do Decreto nº. 771 de 12 de fevereiro de 1968. Em 16 de junho de 1988 foi transformada em Estação Ecológica pelo (Decreto nº. 11.137) e teve anexadas as áreas adjacentes até a Lagoa Bonita, ampliando a sua área total para os atuais 10.500 ha. Situa-se na Estação o divisor das águas da Bacia do Tocantins (Córrego Vereda Grande ? Rio Maranhão) e Paraná (Córrego Brejinho, ? Rio São Bartolomeu) . As veredas estão sofrendo um processo de transformação pelo avanço da comunidade e aparentemente as alocações de estradas e diques de drenagem na área estão reduzindo o fluxo de água para as veredas.

3. AS PESQUISAS

Desde a sua criação, por ser a área de maior biodiversidade do Brasil central, sendo um divisor das águas das Bacias do Tocantins/Araguaia e Paraná. A estação tem sido um berço de produção cientifica. Sendo assim muitos dos trabalhos científicos desenvolvidos na Estação são de grande relevância na comunidade científica nacional e internacional. Tais trabalhos contribuem para clamar a comunidade científica para a importância do Cerrado no que se refere à preservação da biodiversidade.
A excelente produção cientifica publicada, desenvolvida em Águas Emendadas é atribuída a diversos fatores. Dentre eles destaca-se a localização privilegiada com a capital, Brasília-DF, sua área, relevo, composição fitofisionômias presentes no Cerrado, biodiversidade, além de tratar-se de Zona-Núcleo da Reserva da biosfera do Cerrado ? Fase I, (RBC-DF), criado por meio do Decreto nº 20.672, de 7/10/99. Tais características mantêm, nos dias atuais, constante interesse dos cientistas para pesquisa nas áreas de ecologia das populações, das comunidades, aplicada, ecologia ecossistema, zoologia, botânica, biologia de conservação, epidemiologia, limnologia e educação ambiental, dentre outros (MAIA, 2008).

4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Para FREIRE (1997) o tema gerador é aquele que se desdobra em outros tantos temas para desafiar a busca da compreensão da realidade pelos estudantes, ajudar a compreender a realidade e transformá-la. Entende-se que ninguém nasce com conceitos pré-determinados. Portanto, é necessário que haja informações capazes de propor transformação.
Associar teoria à prática possibilita a abstração sistêmica de informações, favorecendo a mudança do cidadão em relação à construção do saber, como observam ROCHA (2004). Também permite atender à transversalidade proposta pelos Parâmetros Nacionais da Educação (MEC, 1997).
A LDB, Lei n.º 9.394/1996, Art.1º, parágrafo 2º, dispõe que "a educação deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social", e no Art, 2º mostra que "tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRANDÃO, 2003).
Além disso, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Art. 225, no Capítulo VI ? Do Meio Ambiente, Inciso VI, destaca a necessidade de "promover a Educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio ambiente". Assim, foi estabelecida obrigatoriamente a EA e a portaria n.º 678/1991 do Ministério da Educação estabelece que os sistemas de ensino, em todas as instâncias, níveis e modalidades contemplem nos seus respectivos currículos os temas que concernem à Educação Ambiental.
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), lei 9.795/1999 Capítulo 1º, Art. 2º, "a EA é componente essencial e permanente da Educação Nacional, devendo ser manifesta de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo em caráter formal e não formal" (Brasil, 1999). Essa educação deve ser oferecida em todos os níveis de ensino com engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
Para atender o disposto da Constituição, LDB e PNEA o Governo do Distrito Federal implanta o projeto de EA na Estação Ecológica de Águas Emendadas. Hoje, a Estação abriga o Centro de Informação Ambiental Luiz Eduardo Alves de Carvalho que tem como objetivo reduzir a pressão antrópica exercida pelas atividades urbanas e rurais sobre a unidade de conservação (MAGALHÃES, 2008).
Com o trabalho realizado pela professora Margarida Antunes, em 1977 teve início as atividades de Educação Ambiental. A proposta implantada na ocasião era de formar Multiplicador Ambiental e estava voltada a professores e estudantes das escolas públicas e particulares de ensino do DF.
Em 1998, foi nomeada uma equipe para dar continuidade às atividades desenvolvidas, objetivando dar seguimento às propostas preliminares que consistiam em formar Multiplicadores Ambientais. De acordo com as bases metodológicas que norteavam os cursos eram realizadas trilhas ecológicas monitoradas por professores e alunos no Cerrado e nas margens da Lagoa Bonita (maior lagoa natural do DF). Dessa forma os estudantes entravam em contato direto com vários ecossistemas, caso singular para observação e conhecimento das transações fitofisionômicas de solo e microclimas locais. Ao longo do tempo outras atividades foram inseridas nos trabalhos de trilha como a prática de orientação espacial.
Ações como as supracitadas desenvolveram um senso critico da comunidade de Planaltina quanto à importância da estação, sua contribuição para com a comunidade local, regional e global. Surgi então a critica de que o curso de Multiplicador Ambiental não atendia a especificidade e a clientela a qual se destinava. Depois de muita discussão com bases teóricas e metodológicas a cerca do assunto, passa então, o curso ser chamado de Reeditor Ambiental. Com ações mais voltadas a questões ambientais e que favorece o conceito de democracia e cidadania de uma sociedade que cria suas próprias regras.
Com estas ações a equipe gestora da (Esecae) formaliza então parcerias entre a Semarh e o Programa Água/Educação Ambiental do WWF ? Brasil. Parceria esta que possibilitou a inserção da equipe de educação ambiental da Estação Ecológica de Águas Emendadas na rede nacional de educadores ambientais que trabalham com a temática Água Brasil. Fato que levou a reestruturação do curso de Reeditor Ambiental e passou a ser conclamado Água do Cerrado e conta com grande numero de escolas públicas que é o foco do projeto.
Desde então, varias ações são desenvolvidas com repercussão de âmbito local, regional e nacional com experiências inovadoras na área de Educação Ambiental, dentre elas destaca-se a Pesquisa de Opinião nas Escolas Publicas de Planaltina - DF. Fatos que, mediante os resultados apresentados em congressos regionais e nacionais, em 2006 o Instituto Paulo Montenegro juntamente com o WWF ? Brasil / Educação Ambiental, conferiu ao Centro de Informação Ambiental da Estação Ecológica de Águas Emendas o papel de núcleo difusor da metodologia de pesquisa de opinião nas escolas públicas do Distrito Federal.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Estação de Águas Emendadas é um celeiro para produção cientifica, por possuir a mais completa biodiversidade do Cerrado.
Os trabalhos de Educação Ambiental realizados no entorno da estação, com as comunidades circunvizinhas permitem manter uma pauta de questionamentos que contribuem para consciência critica, a conservação do Cerrado e a biodiversidade abrigada pela Esecae. Além disso, tem contribuído para busca da sustentabilidade socioambiental da região e da diminuição das pressões antrópicas exercidas sobre a Unidade de Conservação.
As experiências de educação ambiental desenvolvidas nas dependências e na área de influencia da Estação Ecológica de Águas Emendadas podem servir de modelo a ser aplicadas em outras unidades de conservação bem como em parques que dispõem de recursos naturais.

RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONSECA; Fernando Oliveira (org.); MACHADO, José. Águas emendadas. Brasília: Seduma, 2008.
FONSECA; Fernando Oliveira (org.); RIBEIRO, Sergio Augusto. Águas emendadas. Brasília: Seduma, 2008.
FONSECA; Fernando Oliveira (org.); et al. Águas emendadas. Brasília: Seduma, 2008.
FONSECA; Fernando Oliveira (org.);MAIA. Jair Max Furtunato. Águas emendadas. Brasília: Seduma, 2008.
RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. In: REVISTA DE ADMINISTRAÇÂO, 1995.v. 35. n.2
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
ROCHA, Julio César; ROSA, André Henrique; CARDOSO, Arnaldo Alves. Introdução à Química Ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2004.
BRASIL.SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, Brasília: MEC/ SEF, 1997.
BRANDÃO, Carlos da Fonseca. LDB: passo a passo. São Paulo: Avercamp, 2003.
BRASIL, Decreto-Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, DF.
FONSECA, Fernando Oliveira (org.); MAGALHÃES, Maria I. Silva; YOUSEF, Muna Ahmad; REZENDE, Marcio Marques; RIBEIRO, Lucia Caetano. Águas emendadas. Brasília: Seduma, 2008.

Autor: Claudio Bernardo


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