ASPECTOS DA ARTE DE RAIMUNDO CELA
Por Fabiane Tamara Rossi
A arte muda constantemente, mas é no século XX que se pode perceber a transformação mais rápida, a partir dos vários movimentos artísticos e teorias da arte desenvolvidas durante esse século. Os motivos para isso são vários, como o desenvolvimento tecnológico e dos meios de comunicação, da maior profusão do saber, entre outros.
A produção artística então, torna-se ricamente diversa e essa diversidade é extremamente instigante. O tradicionalismo de uns artistas e a ousadia de outros traz para as artes visuais um amplo campo de apreciação e estudo.
Um artista que vivenciou este embate descrito acima, inclusive em sua própria obra, é o brasileiro Raimundo Cela. Nascido em Sobral, Ceará, no dia 19 de julho de 1890, Cela estudou na Escola Normal de Belas Artes, concorreu a Salões por suas telas e ganhou vários prêmios, inclusive no Salão Nacional de Belas Artes (RJ) em 1916 e em 1917, como a tela "O Último Diálogo de Sócrates" ? prêmio este que o levou, pela primeira vez, à França, onde morou durante 5 anos ? voltando ao Brasil em razão de um aneurisma. Residiu também em Fortaleza e Niterói e lecionou gravura em metal na Escola Nacional de Belas Artes e também na Escola Fluminense de Belas Artes. Faleceu em novembro de 1954, no Rio de Janeiro.
Este artista, que começou a produzir no início do século XX, foi considerado pelos críticos um conservador em suas pinturas, porém, na gravura e desenhos, inovador e ousado, com temáticas e traçados diferenciados dos do que pintava. Despontam como tema nas suas gravuras e desenhos os diversos tipos característicos do homem nordestino, pescadores, artesãos, operários de fábrica, enquanto que na pintura estendia-se aos campos da pintura histórica, sacra, alegórica, de gênero, natureza morta e paisagens
Apesar do grande número de pinturas e desenhos, foi como gravador que Raimundo Cela mais se destacou. Se na pintura o artista foi considerado conservador, na gravura ele consegue ser inovador ou, no mínimo, um dos pioneiros dessa arte no Brasil, mesmo tendo produzido pouco mais de vinte gravuras na sua vida. Enfatizemos então o trabalho de Cela com a gravura, cujas temáticas são, em sua maioria, o nordestino, em especial o cearense, a paisagem e os personagens, ricamente representados.
