Coragem para ter filhos
Retornando ao colégio após caminhar e pensar, Clemente deteve-se próximo ao grande portão, para ouvir um diálogo entre um jovem e um ancião de barbas e cabelos brancos:
- Você tem filhos? Perguntou o ancião.
- Já superei meu pai, tenho seis. E o Senhor Tem filhos?
- Sim, apenas um. Não tive alento suficiente para mais que um.
- Por quê?
- É preciso muita coragem para ter filhos.
Temos que cultivá-los, para que cresçam fortes, física e espiritualmente.
Ter sabedoria para transmitir bons princípios através de exemplos.
Desprendimento para aceitá-los como realmente são sem querer que sejam como ambicionamos ou sonhamos.
Lembrar que: Rio é rio. Mar é mar. Filho é filho como foi concebido, com olhos claros, ou escuros, com deficiências ou não, mas como realmente são.
Amá-los sem exigir amor.
Respeitá-los como seres livres que são sem aprisioná-los sob uma falsa proteção exacerbada.
Filhos necessitam amizade, amor, atenção, educação e preparo para a vida.
Não me considero credenciado para mais que um.
- Ter muitos filhos é simples, muito simples. Afirmou o jovem.
- Devemos tê-los se tivermos condições de acompanhá-los, orientá-los. Se não o fizermos, seremos um dia cobrado por nossa omissão.
No dia que Deus nos chamar, olhar no fundo de nossos olhos, para uma conversa particular e nos indagar sobre as obrigações com os filhos, poderá haver algum embaraço. Mais ainda se nesta oportunidade Deus abrir o livro de nossas vidas, refrescar nossa memória, com visões dos filhos passando fome e frio embaixo de pontes, usando drogas, cheirando cola, se suicidando, por falta de amparo de um pai amigo.
É importante lembrar que os filhos não vêm o mundo com os olhos dos pais.
Eles têm que ser educados para dizer não. Dizer não depende de boa educação e exemplos. Quando os filhos conseguem dizer não, afastam-se de muitos males.
- Na velhice os filhos ampararão os pais. Disse o jovem.
- Seus filhos moram com você? Perguntou o ancião.
- Sim, ainda são crianças.
- Que bom, ainda a tempo de educá-los para a vida.
- E os filhos de seu pai, moram com eles?
Clemente entrou para o colégio, fechou a porta atrás de si e ainda escutou o jovem falar:
- Minha mãe faleceu, meus tios constituíram famílias, foram morar em outras cidades e meu pai... Foi colocado em um asilo.
Autor: Antonio Ribeiro
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