Supermercado, campo de batalha.



Supermercado, campo de batalha.

Clemente saiu para passear e pensar.

Entrou no mercado, destes grandes mercados, um hipermercado. Ficou observando.

Havia um grande número de pessoas atarantadas pelos corredores, empurrando carrinhos, com pressa desmedida.

Pegavam produtos nas gôndolas com avidez, como se tudo fosse acabar.

Uma pessoa que empurrava o carrinho atrás de outra, bateu na perna da que ia a frente. Esta olhou com ar de reprovação, com os olhos faiscando de ódio. O agressor sem se desculpar continuou seu caminho irado por ter sido interrompido por aquele que a frente atrapalhava seu ritmo desenfreado.

Todos pareciam feras inimigas, sem paz.

Para algumas pessoas, o mercado era um campo de batalha capaz de ardilosas estratégias para furar filas, agredir, tripudiar, vangloriar, aparecer, passar na frente.

Ele pensava. Feras inimigas. Tivessem armas nas mãos, o risco de morte seria iminente.

Humanos enlouquecidos agarrando molhos de tomates, agrião e outros.

Alguém esbarrou com o carrinho, derrubou produtos no chão sem se designar a colocá-los outra vez no lugar. Poderiam ser pisoteados, estragados, tornando-se impróprios para o uso. Prejuízo certo. Clemente abaixou-se e o fez.

Lembrou dizeres de seu pai: "Em caso de prejuízo, alguém sempre paga a conta".


Clemente abismava-se e pensava que Deus, dentro do mercado devia divertir-se com a furiosa atitude de algumas criaturas.

Antes que a noite caísse, voltou para o colégio.







Autor: Antonio Ribeiro


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