RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: O SENTIMENTO DE SOLIDÃO,



DAYSE CRUZ














RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: O SENTIMENTO DE SOLIDÃO,


MELANIE KLEIN























São Paulo/
2008


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................2

1.DESCRIÇÃO DO LIVRO......................................................................................3

2. SOBRE MELANIE KLEIN......................................................................................4

3. O DEBATE ATUAL DE ALGUMAS IDÉIAS DE KLEIN SOBRE A PSICOLOGIA DA INFÂNCIA................................................................................... 6

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 7

5. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 9
















INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo mencionar os principais conceitos e teorias apresentados por Melanie Klein em sua obra O Sentimento de Solidão, tanto os decorrentes de suas pesquisas clínicas, como alguns daqueles desenvolvidos por Freud, amplamente utilizados como base em suas pesquisas.
Tem-se por objetivo mencionar alguns tópicos referentes à carreira e produção da psicanalista Melanie Klein, para uma compreensão mais ampla de sua obra, o que pode auxiliar no entendimento sobre seu foco de pesquisa, às influências a que fora submetida, suas perspectivas e experiências com relação aos sentimentos de que fala no livro.
Também se pretende explicitar a forma de construção do livro, para uma contextualização dos conceitos citados pela autora, de grande importância na área psico-pedagógica, já que visa compreender os sentimentos e sensações que perpassam a infância e suas conseqüências para a vida adulta.

















2. SOBRE MELANIE KLEIN

A autora psicanalítica, em sua biografia, mostra vasta experiência no campo psicanalítico, ao qual teve que renunciar no início de seus estudos em virtude de problemas pessoais. A respeito desses, sua vida fora bastante conturbada, com a incidência de vários episódios hostis, por parte de seus pais, e, também, segundo biografia apresentada no site sobre a psicanalista Klein, uma relação incestuosa com o irmão que morrerá jovem, fato que a fizera sentir-se culpada e desencadeara um casamento por "conveniências".
Tais fatores podem vir a explicar parcialmente seu desejo e interesse pela área psicanalítica, cuja análise de conflitos psíquicos e relações interpessoais visa explicar e, mais que isso, curar.
No mesmo site, consta que Melanie Klein fora contemporânea de Freud, e sua "rival" em virtude das discordâncias com relação às suas teorias. Participara de um encontro em 28 e 29 de setembro de 1918, do "V Congresso da International Psychoanalytical Association" (IPA). Era a primeira vez que Melanie Klein via Freud pessoalmente. Foi o que a impulsionou a se dedicar à psicanálise.
Fazendo uma leitura comparativa entre o livro de Klein, O Sentimento de Solidão e, alguns escritos de Freud, como por exemplo, O Pai e Sua Função na Psicanálise, pode-se perceber que não há de fato uma ruptura total com as teorias freudianas, mas sim há uma ampliação, resignificação dos conceitos para uma melhor interpretação da vida mental do bebê e suas conseqüências na fase adulta. Como no escrito mencionado de Freud, a proibição que há no Édipo possui caráter simbólico e, visto que é representada pelo pai, dá lugar a um sentimento de culpa do filho por direcionar desejo à mãe. Nessa afirmação, pode-se identificar a analogia com a opinião de Klein, quando esta afirma que o filho, mesmo na fase de bebê (e não somente aos quatro, cinco anos de idade como pontua Freud), experimenta as angústias de ter seu objeto bom (mãe) disputado, pelo pai, por exemplo, e, portanto há a ameaça de perda. Assim, o que muda, é a antecipação do Complexo de Édipo descrito por Klein como "situações pré-edipianas", ou, como o título da comunicação que apresentara durante o X Congresso Internacional em Innsbruck "Os estádios precoces do conflito edipiano", mas que não anula a fase subseqüente, então focada por Freud.
Deixou inacabada uma autobiografia, morrendo de câncer do cólon em Londres, em 22 de setembro de 1960, a qual não tive acesso.






























3. O DEBATE ATUAL DE ALGUMAS IDÉIAS DE KLEIN SOBRE A PSICOLOGIA DA INFÂNCIA

O debate atual de um dos principais temas a que Melanie Klein faz alusão, o brinquedo, e sua relação com a vida psíquica da criança, permeia a psico-pedagogia de forma geral, visto que, em suas práticas, ela utilizava o brinquedo e jogos como porta de entrada para a mente da criança. De acordo com um artigo publicado em um site pela PUC-Rio, Melanie utilizava o brinquedo para captar as expressões da criança, como "instrumentos de estímulo", e, para ela, ao brincar as crianças simbolizavam suas fantasias e ansiedades, o que permitia o acesso ao inconsciente infantil.
Essa função do brinquedo é considerada até hoje, utilizada como uma forma de se conhecer os sentimentos e sensações das crianças pequenas que, muitas vezes, não as expressam na forma verbal.
Outras idéias de Klein que ainda têm repercussão hoje em dia são as que dizem respeito aos sentimentos de forma geral, abordados em sua obra a que a presente resenha faz alusão. Um exemplo foi encontrado em um blog na internet (http://cyberdemocracia.blogspot.com/2008/08/melanie-klein-inveja-e-gratido.html), que se propõe a discutir vários temas referentes ao ser humano, e discorre sobre alguns autores, tais como John C. Eccles e a própria Melanie Klein, por tratarem de temas, por assim dizer, universais. Nesse artigo, menciona-se a importância dada por Melanie a alguns sentimentos como gratidão e a inveja, sentimentos citados por ela inclusive na sua ultima obra publicada, quando afirma que há gratidão do filho para com a mãe, quando esta lhe alimenta e dá carinho, e, a inveja que está presente no Complexo de Édipo.
Mesmo com algumas citações de Klein em alguns artigos, não se pode observar uma problematização atual do tema, ou dos temas que trabalha, visto que, na minha opinião, não apresentam tanta polêmica como na época em que surgiram seus conceitos mais ousados. Hoje, o máximo que se pode observar é a utilização da psicanálise para explicar alguns fatos da infância.



4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obra de Melanie Klein constitui, sem dúvidas, importante legado psicanalítico para a compreensão da fase infância e suas repercussões na vida adulta. A obra se relaciona de forma dialética com os escritos de Freud, reinterpretando alguns e reafirmando outros, que possibilita uma expansão da abrangência da psicanálise para os estágios mais iniciais da vida humana, o que constitui valor para se chegar ao mais intimo, primordial e puro teor essencial humano.
Ao contextualizar idéias como estágios precoces da situação edipiana nos primórdios da vida do bebê, Klein possibilita-nos observar que realmente logo ao nascer, a criança experimenta sentimentos, até muito contraditórios, e que estes vão influenciar de forma decisiva sua vida ulterior. Considerando que estes sentimentos advém de impulsos a que não podemos negar, visto que nestes estão os instintos, inclusive o de vida, torna-se palpável sua teorização de que a criança vive um conflito (pode-se dizer interno), uma luta entre o bem e o mal, ou melhor explicitado nas palavras de Klein, divisão entre o objeto bom e aqueles que são maus, que oferecem perigo à sua vida, em virtude de seu desejo de viver.
Um dos fatores que podem ilustrar as conseqüências dos conflitos tidos durante o nascimento e no estado pós-natal, é a incidência na vida ulterior de doenças do tipo fobia. Um exemplo é a claustrofobia visto que, segundo a autora, a criança que teve dificuldades no nascimento, problemas com a respiração, e similares, vem, mais tarde, desenvolver a doença como uma "lembrança inconsciente" da primeira situação que experimentara. Essa leitura é uma das exemplificações que dá credibilidade empírica ao que a autora fala no texto, por não deixar tão distante o que faz parte da nossa realidade concreta.
De forma geral, o texto é complexo, que exige um alto grau de concentração para ser lido, até mesmo por que é um tanto repetitivo, o que torna sua leitura cansativa. Outro ponto negativo foi o fato de quase integralmente no texto ser mencionada a autoria e "autenticidade" das teorias de Klein, visto que ela parece assumir uma postura defensiva ante os leitores que possivelmente iriam compará-la e até mesmo atribuir a Freud suas respectivas pesquisas e resultados, fator que julgo desnecessário nesse contexto, já que, uma vez referido, o valor de sua obra não seria desmerecido, até mesmo em virtude de algumas disparidades com Freud. Creio assim que o maior "problema" do texto se concentra, diria, na parte estética, por que, quanto ao conteúdo, nota-se quão importantes suas contribuições foram e eram para desvendar certos aspectos da infância e compreender como se estrutura a vida psíquica humana.




























REFERÊNCIAS

KLEIN, Melanie. O Sentimento de Solidão, Nosso Mundo Adulto e Outros Ensaios. Editora Imago, 1975, Segunda Edição.

DOR, Joël. O Pai e sua Função em Psicanálise. Editora Jorge Zahar, 1991.

PUC, Rio.O Brinquedo e a Infância: Uma Construção Histórica. Disponível em: http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/6604_3.PDF?NrOcoSis=18475&CdLinPrg=pt%20?

SITE de Biografia de Melanie Klein. Disponível em: http://psicanalisekleiniana.vilabol.uol.com.br/biografia.html

SITE de Biografia de Melanie Klein. Disponível em:

http://psicanalisekleiniana.vilabol.uol.com.br/fundamentos.html

BLOG. Publicado por J Francisco Saraiva de Sousa. Disponível em: http://cyberdemocracia.blogspot.com/2008/08/melanie-klein-inveja-e-gratido.html


Autor: Dayse Cristina Araújo Da Cruz


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