EDUCAÇÃO AMBIENTAL UMA DISCUSSÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL



1.1. Elementos Descritivos da Origem e Evolução da EA.

Vários foram os eventos que antecederam essa geração que podemos considerar como a geração de Sensibilização Ecológica segundo Pádua (1992), e essa sensibilização foi constituindo-se diante das mudanças espaço temporais no campo das idéias, concepções e comportamentos humanos. Segundo Dias (1994), Dias (1996) e Grün (1996) apresentam em suas argumentações os diversos eventos, produções científicas e conceituais sobre a EA das quais iremos discorrer, e iniciaremos com o primeiro evento ocorrido em 1500, Em 22 de abril, os portugueses chegam ao litoral brasileiro - cerca de 1.100 homens em doze naus. Em 23 de abril, invadem o Brasil. São gentilmente recebidos pelos indígenas.
No dia 1º de maio, para realizar a segunda missa, faz-se uma gigantesca cruz de madeira e abre-se uma clareira - prenúncio da devastação das nossas florestas por meio da exploração predatória. Os indígenas são levados a participar do culto - prenúncio da sua aculturação pelos colonizadores europeus. A população indígena é de 4 milhões.
No segundo dia do mês de maio, Gaspar de Lemos volta a Portugal levando a carta de Pêro Vaz de Caminha, que relatava a D. Manuel I, rei de Portugal, a exuberância da "nova" terra. Inaugurando o contrabando dos nossos, recursos naturais, são levados também exemplares da nossa flora, principalmente toras de pau-brasil, e da nossa fauna, especialmente papagaios.
Em 1503 Fernão de Noronha inicia a comercialização do pau-brasil, no início um monopólio da coroa portuguesa. Em seguida, participam Inglaterra, França, Espanha e Holanda. Atualmente a pilhagem continua (Japão, Inglaterra e EUA, principalmente). Dos 200 mil quilômetros originais da Mata Atlântica, restam apenas 7%, que continuam ameaçados.
O nobre militar Martim Afonso de Souza, Senhor de Prado, e Alcaide-mor de Bragança foi mais tarde Governador da Índia e do Estado do Brasil, neste ínterim durante uma de suas expedições, ordena a queimada da vegetação nativa de uma ilha inteira no ano de 1531, acreditando que com isso poderia se prevenir que os seu contraíssem febre.
Com a promulgação da primeira Carta Régia do Brasil no ano de 1542 são estabelecidas normas disciplinares para o corte de madeira e determinação de punições para os abusos que vinham sendo cometidos.
1543 refere-se ao ano que Nicolau Copérnico publica sobre a Revolução dos Orbes Celestes. Ele prova matematicamente que a Terra gira em torno do Sol, comprovando cientificamente esse fenômeno e quebrando o paradigma da Teoria Heliocentrista.
Na Alemanha, em 1557 é publicado o livro de Hans Staden. Ele descreve sua viagem pelo Brasil e responsabiliza os índios brasileiros pela devastação da natureza citando os manejos adotados - derrubada da mata, uso de fogo, práticas agrícolas, caça, pesca etc.
O italiano Galileu Galilei (1564-1642) foi físico, matemático, astrônomo e filósofo, teve um papel preponderante na chamada revolução científica. Ele foi forçado em 1663 pela Igreja Católica a abjurar a teoria heliocêntrica sob a acusação de heresia se acaso não o fizesse.
Quatro anos mais tarde (1667) em Grassa, na Inglaterra, recai sobre esta uma epidemia de peste bubônica. Mata um terço na população. Enquanto a Universidade de Cambridge está fechada, Isaac Newton (1473-1543) aos 24 anos desenvolve as suas idéias sobre a Gravitação Universal, as leis básicas da Mecânica, da Ótica e os métodos de cálculo integral e diferencial. Publica os Principia. O ser humano, após milênios de existência, inicia o seu período de percepção de que existem leis que regem o universo.
Joseph Priestley (1733-1804) um brilhante teólogo britânico, clérigo dissidente, filósofo natural, educador, teórico e político publicou mais de 150 obras, dentre as quais a que lhe é atribuída um crédito considerado também controverso foi a descoberta do oxigênio. O ser humano demorou milênios para identificar o elemento-chave das interligações dos sistemas vivos na terra.
Nessa descrição histórica podemos mencionar um importante representante brasileiro e pesquisador merecedor de menção é o naturalista, estadista e poeta José Bonifácio de Andrada e Silva (1763- 1838). Ele ficou conhecido pelo epíteto de o "Patriarca da Independência". Em constante luta contra a repressão portuguesa nos movimentos de Independência do Brasil, como ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros e um político de impressionante visão. A ele são atribuídas as primeiras observações, de cunho ecológico, feitas por um brasileiro, em nosso país.
Em 1822, a população humana sobre a Terra chega ao seu primeiro bilhão de habitantes.
No ano 1827, a Carta de Lei de Outubro é sancionada pelo império e em seu conteúdo delega poderes aos juízes de paz das províncias para a fiscalização das florestas.
Em 1840, um fungo infesta as plantações de batata, na Irlanda, e devasta os seus campos geneticamente uniformes. Cerca de 1 milhão de irlandeses morrem de fome.
Nos anos de 1849, Henry Wallace Bates (1825-1892), inglês, percorre a Amazônia e recolhe 8 mil espécimes de plantas e animais. A coleção, levada para a Inglaterra, subsidia Charles Darwin, em seus estudos. Bates foi o naturalista estrangeiro que permaneceu mais tempo nos trópicos, de 1849 a 1859 (Amazônia urgente, p. 172).
Em 1850, D. Pedro II edita a Lei 601, proibindo a exploração florestal em terras descobertas e dando poderes às províncias para sua aplicação. A lei é ignorada e verifica-se uma grande devastação de florestas (desmatamento pelo fogo) para a instalação de monocultura do café para fomentar as exportações brasileiras; No Reino Unido no mesmo ano pela dinâmica político-econômica foi a primeira nação a ter uma população majoritariamente urbana. O exemplo é seguido por dezenas de países em industrialização, na Europa, seguidos pela América do Norte e Japão.
O naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual em seu livro publicado em 1859 com o título A Origem das Espécies Charles Darwin (1809-1882). Em seu trabalho ele estabelece uma mostra de como todas as coisas vivas são os produtos do ambiente, trabalhado através do processo de seleção natural.
Em 1863, Thomas Huxley (1825-1895), biólogo inglês que ficou conhecido como "O Buldogue de Darwin" por ser o principal defensor público da teoria da Evolução de Charles Darwin e um dos principais cientistas ingleses do século XIX. Esta importante figura do mundo científico publicou um ensaio intitulado Evidências sobre o Lugar e o Homem, falando sobre a interdependência entre os seres humanos e os demais seres vivos. Neste mesmo ano, o botânico dinamarquês Eugênio Waming desenvolve, em Lagoa Santa, Minas Gerais, estudos do ambiente de cerrado, e publica-os em 1892. Seriam os trabalhos precursores para o primeiro livro de sua autoria sobre ecologia (1895).
Em 1864, George Perking Marsh (1801-1882) em seu livro Man and Nature: or Physical Geography as Modified by Human Action apresentava com riqueza de detalhes o processo de interferência do Homem sobre os recursos naturais, ainda neste, ele enfatizou as mesmas causas do declínio das civilizações antigas às civilizações modernas. Marsh era um homem extraordinário, uma pessoa de energia ilimitada, infinita e entusiasmos imensa inteligência o ambientalista da América e o pioneiro em observar os aspectos destrutivos da ação antrópica no meio ambiente a mais de cem anos atrás.
Nos anos de 1869, o biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919) propôs o vocábulo "ecologia" para os estudos das relações entre espécies e o seu meio ambiente. Já em 1866 esse biólogo sugerira, em sua obra Morfologia geral dos organismos, a criação de uma nova disciplina para estudar tais relações. Haekel ajudou a popularizar o trabalho de Charles Darwin e um dos grandes expoentes do cientismo positivista.
Inspirado no livro de Marsh (1864) foi criado nos Estados Unidos em 1872 o primeiro parque nacional do mundo - Yellowstone National Park. No Brasil, a princesa Isabel autoriza a operação da primeira empresa privada especializada em corte de madeira. O ciclo econômico do pau-brasil encerra-se em 1875 com o abandono das matas exauridas.
André Pinto Rebouças (1838-1898) engenheiro e abolicionista brasileiro. Filho de Antônio Pereira Rebouças (1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Advogado, deputado e conselheiro de D. Pedro II (1840-1889), seu pai era filho de uma escrava alforriada e de um alfaiate português. Seus irmãos Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças também eram engenheiros. Rebouças ganhou fama no Rio de Janeiro, então Capital do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade. Em 1876, sugere a criação de parques nacionais na ilha de Bananal e em Sete Quedas.
Em 1889, Patrick Geddes (1854-1933), biólogo e filósofo escocês, também conhecido por seu pensamento inovador nos campos do planejamento urbano e da educação. Responsável pela introdução do conceito de região no urbanismo e pela criação dos termos "conurbação" e "megalópole" é considerado o "pai" do planejamento regional. O mesmo também argüiu que "uma criança em contato com a realidade do seu ambiente não só aprenderia melhor, mas também desenvolveria atitudes criativas em relação ao mundo em sua volta" (Insight into environmental education, p. 3). A Geddes lhe é legado mais um atributo, o de pai/fundador da Educação Ambiental.
A Constituição Brasileira promulgada em 1891 não tratava, nem mesmo superficialmente, de nenhum capítulo, parágrafo ou inciso ligado à preservação das nossas florestas que sofria nesse período forte pressão dos extrativistas europeus.
Em1896 foi criado o primeiro parque no Brasil: Parque Estadual da Cidade de São Paulo.
No ano de 1900 os seres humanos utilizam apenas vinte dos 92 elementos naturais da Tabela de Classificação Periódica dos Elementos Químicos (em 2000, utilizariam todos).
Marie Curie e seu marido Pierre Curie dividem em 1903 com Henri Becquerel Prêmio Nobel de Física pela descoberta da radioatividade. Marie morre de leucemia anos depois. A radioatividade, em seus primeiros anos de uso matou muitas pessoas de câncer. No Japão chegou-se a aplicar radiação na boca das pessoas para curar asma.
Albert Einstein (1879-1955) ficou conhecido por desenvolver a teoria da Relatividade. Recebeu o Nobel de Física de 1921 pela correta explicação do efeito fotoeléctrico; no entanto, o prêmio só foi anunciado em 1922. O seu trabalho teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica, apesar de não prever tal possibilidade.
Gifford Pinchot (1865-1946) é lembrado pela reforma da gestão e desenvolvimento de florestas nos EUA e por defender a conservação das reservas do país. Ele a chamou de "a arte da produção da floresta, seja lá o que pode render para o serviço do homem". Pinchot cunhou o conceito de conservação nos moldes éticos aplicados aos recursos naturais. Em 1907, usa a palavra "conservação", com enfoque utilitarista.
O presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, em 1908 promove a Conferência de Governadores, quando a conservação passa a ser tema na política americana e é introduzida nas escolas daquele país.
O brasileiro Carlos Chagas (1879-1934), médico sanitarista, cientista e bacteriologista, trabalhou como clínico e pesquisador. Atuante na saúde pública do Brasil, iniciou sua carreira no combate à malária. Destacou-se ao descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi (cujo nome foi uma homenagem ao seu amigo Oswaldo Cruz) e a tripanossomíase americana, conhecida como doença de Chagas. Ele foi o primeiro e o único cientista na história da medicina a descrever completamente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor (Triatominae), os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia. Por mérito em seus trabalhos recebe 33 prêmios internacionais.
O Presidente dos EUA Theodore Roosevelt publica o livro em 1914 intitulado Through the Brazilian wilderness (Através da Selva Brasileira) com a coleta de materiais da fauna e flora para o museu de história natural em uma viagem que fez na Amazônia em 1913.
Em 1920, o pau-brasil é considerado extinto. O então presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, observa que, dos países dotados de ricas florestas, o Brasil é o único a não possuir um código florestal. Já nos Estados Unidos, só 20% das florestas primitivas continuavam intocadas. Os madeireiros tinham grande influência no Congresso e obtinham a madeira por invasão e fraude. Nesse período ocorre a maior devastação do patrimônio florestal daquele país.
O bem sucedido industrial Henry Ford adota o conceito de "produção em massa" (linha de montagem), em suas fábricas de automóveis. O modelo T da Ford, que custava 600 dólares em 1912, passa a custar 265 dólares nesse ano. Com isso, passa a dominar o mercado de automóveis, no mundo. A produção total da Ford passa de 4 milhões de veículos, em 1920, para 12 milhões em 1925. Iniciava-se o culto a um dos grandes símbolos de consumo, e de geração de problemas, da humanidade.
Na década de 1930 C. C. Fagg e G. E. Hutchings lançam o livro An introduction to regional surueying (Uma Introdução a Estudos Regionais), considerado o protótipo dos trabalhos de campo que contribuiu e influenciou o desenvolvimento de estudos ambientais em escolas.
O professor Felix Rawitscher introduz em 1934 a pesquisa e o ensino de Ecologia no Brasil, e suas idéias representam os passos pioneiros do atual movimento ambientalista nacional; Tornou-se público o Decreto 23.793 transforma em lei o anteprojeto do Código Florestal de 1931. Em decorrência, é criada a primeira unidade de conservação do Brasil, o Parque Nacional de Itatiaia; Realiza-se, no Museu Nacional, a 1ª Conferência Brasileira de Proteção à Natureza.
Posteriormente em 1938, C. J. Cons e C. Fletcher publicam na Inglaterra Actually in the school (Realidade na escola), livro considerado indispensável no desenvolvimento de estudos ambientais. Eles recomendam: "Tragam o bombeiro, o carteiro, o policial para a sala de aula e deixem as crianças aprenderem suas vidas" (p. 27).
Em 10 de janeiro de 1939, por meio do Decreto 1035/39, é criado o Parque Nacional do Iguaçu. Até os dias atuais, é o único Parque Nacional brasileiro realmente implantado. Os demais contam com crônicas deficiências de regularização fundiária e de recursos para a implantação e manutenção.
O dia é 06 de agosto de 1945 no Deserto de Los Álamos no Novo México na América do Norte, o físico R. Oppenheimer liderando uma equipe de cientistas testava a explosão da primeira bomba de hidrogênio denominada de "bomba H".
Em setembro de 1945 são lançadas as bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki como contra-ataque a Perl Harbor nos Estados Unidos. Este fato por si só desencadeia Medo planetário de acordo com Griin (2007) apud Alphandéry et al (1992) em razão da capacidade do ser humano de destruir a Natureza assim como seus semelhantes em frações de segundos; A expressão Environmental Studies (estudos ambientais) entra para vocabulário dos profissionais do ensino na Grã-Bretanha.
Dois anos após o pesar do lançamento das bombas atômicas no Japão em 1947 é Fundada na Suíça a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC). Foi a organização conservacionista mais importante até a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em 1972.
O biólogo de Iowa, EUA, Aldo Leopoldo escreve The Land Ethic (A ética da Terra) em 1949, para o periódico A Sand Couty Almanac. Os trabalhos de Aldo Leopoldo são considerados a fonte mais importante do moderno biocentrismo ou ética holística. René Dubos considera-os os escritos sagrados do movimento conservacionista americano. É o patrono do movimento ambientalista. The Enslavement of Earth (A escravidão da Terra) é um dos seus escritos mais citados.
O ar densamente poluído de Londres - conhecido como smog (smoke + fog) provoca a morte de 1.600 pessoas em 1952 e desencadeia o processo de conscientização a respeito da qualidade ambiental, na Inglaterra. Em 1956, o Parlamento aprova a Lei do Ar Puro.
Em 1953, James Watson e Francis Crick decifram a estrutura do DNA, cinco anos mais tarde no ano de 1958 é Criada a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN).
Alguns autores como Camargo (2006), Neto (2006) e Feldman (2006) chamam a atenção para duas questões antagônica observadas entre as décadas de 50/60 do século XX, e descrevem que no mesmo instante que nos países ditos desenvolvidos observamos uma clara evolução da qualidade de vida e um substancial crescimento econômico e de consumo, como contrapartida eles apresentavam grandes problemas ambientais, especialmente, em sua capacidade mais elementar de respirar ar puro. A poluição industrial neste contexto seria o responsável pela chamada "Ecologização das Sociedades Ocidentais" mencionada por Worster (1992 apud GRÜN, 1996).
Há autores como Worster (1992), Grün (1996) acreditam que o horror da destruição das bombas lançadas em Hiroshima e Nagazaki foram responsáveis pela germinação da Consciência Ambiental em nível global. Já Pádua (1992) chama esse momento de "sensibilização ecológica", enquanto isso, os sociólogos Alphandéry et al. (1992 apud GRÜN, 1996) e apontam este período como o de "medo planetário"

"[...] onde ao final deste segundo milênio, a expressão mais manifesta da ecologia é o medo. Não um medo surdo, apático e com vergonha de si mesmo, mas um medo ostensivo, que é dito e escrito, apregoado e filmado, e se oferece um espetáculo nas dimensões da mundialização da comunicação[...] os fenômenos da moda, o gosto sensacionalista da mídia não são, no entanto, os únicos responsáveis. O grande medo ecológico cresce em terra fértil. Ele se alimenta de incessante descoberta de novos estragos do processo, tanto em nossa porta quanto do outro lado do mundo. Cresce com o inventário científico, constantemente renovado, com atentados graves, e mesmo irremediável, que o homem causou aos três elementos naturais ? a água, o ar, a terra". (p. 15)

A década de 60 do século XX é marcada por uma revolução comportamental, social, política, cultural e econômica. Significou uma ruptura dos paradigmas da época pregando a paz e o amor como binômio norteador das necessárias mudanças como protestos contra a degradação ambiental, à Guerra do Vietnã e ao cerceamento dos direitos individuais, coletivos de liberdade e de expressão de toda a natureza. O surgimento das ONG´s conforme Feldman (2006), Novaes (2006) que em num primeiro momento denunciavam as irregularidades sócio-econômico-ambiental praticadas pelos chefes de estados dos países desenvolvidos e pela iniciativa privada; num segundo momento passam a ter uma postura mais ativa se especializando em resolver e ou propor soluções do que somente denunciar. Estas eram consideradas como "Guerrilheiras" das questões ambientais conforme declara Camargo (2006), pois estas assumem um importante papel na ação da educação ambiental e da preservação do meio ambiente.
Para Leff (2007), a crise ambiental dos anos de 1960 coincide com uma mudança epistemológica no campo filosófico, científico e do saber o autor chama a atenção que esse momento de transição do estruturalismo e da racionalidade da modernidade para o ecologismo, o pensamento da complexidade e a filosofia da pós-modernidade, e reforça sua leitura sobre o tema dizendo que,

"(...) a crise ambiental é uma crise do conhecimento: da associação entre o ser e o ente à lógica autocentrada da ciência e o processo de racionalização da modernidade guiado pelos imperativos da racionalidade econômica e instrumental". (p.13)

Em 1960, surge o ambientalismo nos Estados Unidos. Ocorrem reformas no ensino de ciências. Produzem-se materiais de ensino, voltados à investigação, por parte do estudante, porém os objetivos são reducionistas e os instrumentos tendem a serem tubos de ensaio.
O presidente Jânio Quadros aprova projeto e o envia à Câmara dos Deputados no ano de 1961, declarando o pau-brasil a "árvore-símbolo nacional", e o ipê a "flor-símbolo nacional".
Um ano após o fato supramencionado em 1962, a jornalista Rachel Carson escreveu o livro Primavera Silenciosa, publicação essa, que se tornaria mais clássico da literatura ambiental atual. Neste, ela relaciona a qualidade de vida ao uso indiscriminado e excessivo de produtos químicos sobre os recursos naturais.
Albert Schweitzer (1875-1965) torna popular a ética ambiental em 1965. É agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. O movimento, em reverência por tudo o que é vivo, difunde-se por todo o mundo. Em março do mesmo ano, a expressão Environmental Education (educação ambiental) é ouvida, pela primeira vez na Grã-Bretanha. Na ocasião, era necessário conceber que a Educação Ambiental faça parte essencial do currículo educacional e de todos os cidadãos e, deixe de ser vista essencialmente com o conceito simplista e reducionista de "conservação" ou "ecologia aplicada", cujo veículo seria a biologia. É interessante esse fato pelo grau de importância que a EA passa a ser encarada, neste prisma, ela evolui conceitualmente quando considerada como parte integrante e fundamental do currículo escolar, libertando-a de uma concepção coadjuvante como a de ecologia aplicada e ou de conservação.
No mês de dezembro do ano subseqüente em 1966, a Assembléia Geral da ONU estabelece o Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos. Que passa a ser um dos elementos primordiais para a disseminação do respeito à vida e ao meio ambiente de forma coletiva e global (grifo meu), desde que, naturalmente, as nações possam tomar conhecimento, produzirem e assinarem os respectivos acordos e ou tratados internacionais e fundamentalmente assumirem a responsabilidade e compromisso para garantir satisfatoriamente as metas e objetivos necessários à garantia da vida de todas as formas.
Nos anos de 1968, Albert Hoffman publica artigos que denunciam uma crise da sociedade industrial, anuncia a terceira onda da revolução da informação, do conhecimento e das empresas; Neste mesmo é fundado o Clube de Roma constituído de trinta especialistas que discutiam a crise da época bem como o seu futuro; Também em 1968, Paul Ehrlich escreve sobre a explosão populacional intitulado originalmente como Population Bomb, no qual sustenta a inviabilidade do rápido crescimento populacional na sociedade moderna. Finalmente, mas não com menor importância no mesmo ano, uma delegação da Suécia na ONU chamava a atenção para o constante processo de degradação humana e sugere que a solução para estes problemas estaria pautada em uma abordagem global.
Em março de 1969 é fundada a SEE, segundo George Martin, "como uma contribuição para nossa cultura". Acentua o que os estudos ambientais podem fazer usando o ambiente para a educação e a educação para o ambiente; Na BBC de Londres, no Reith Lectures, apresentado por Sir Frank Fraser-Darling (etnologista), o ambiente se tornou um tópico debatido em shows, pronunciado por estrelas famosas do "mundo artístico". Nos Estados Unidos, no mesmo ano, Paul Ehrlich populariza o termo "ecologia" como a palavra-chave nos debates sobre o ambiente; É lançado nos Estados Unidos o primeiro número do Journal of EE (Jornal da Educação Ambiental); A ONU e a União Internacional pela Preservação da Natureza definem o termo "preservação" como "o uso racional do meio ambiente a fim de alcançar a mais elevada qualidade de vida para a humanidade". O termo fora usado, inicialmente, para designar os "guardiões" das leis promulgadas em 1720, para proteger o rio Tamisa, Londres (Dictionary of the History of Ideas, I, p. 471); Ainda em julho de 1969, Neil Armstrong é o primeiro ser humano a tocar o solo lunar.
Em 1970, iniciou o uso da expressão Environmental Education (Educação Ambiental) nos Estados Unidos, a primeira nação a aprovar a Lei sobre Educação Ambiental (EE Act); A expressão Environmental Education é introduzida na Grã-Bretanha; foi lançada a revista Ecologist, na Grã-Bretanha, que veio a ser um poderoso meio de contribuição e de fermentação de idéias na área ambiental; A National Auclubon Society publica A Place to Live (Um lugar para viver), um manual para professores e outro para alunos orientando para a exploração dos vestígios da natureza nas cidades. Viria a tornar-se um clássico em Educação Ambiental; Iniciado no Pará o projeto Grande Carajás, com a construção de 900 km de ferrovia (Pará-Maranhão) e da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, para exploração de 890 mil km2 de região Amazônica . Graves problemas ambientais decorreram daqueles empreendimentos mal planejados e continuam até os dias atuais; O médico, filósofo, cientista, humanista, embaixador do Brasil na ONU Josué de Castro faz um alerta em seu livro Geopolítica da Fome: Registro e Denúncia da Fome no Mundo. Declara em uma passagem desse importante trabalho "...Só existe um tipo de desenvolvimento, o desenvolvimento do Homem...", "...Assistiremos nos anos futuros ou a integração econômica do mundo ou a desintegração física do planeta os ingredientes da paz são o pão e o amor...". Neste contexto ele preconizava que era fundamental o alimento e a solidariedade mutua ? o que já era sugerido incondicionalmente em 1968 pela ONU - entre as nações para se garantir a sobrevivência das gerações vindouras bem como a melhoria da qualidade de vida da população mundial, em função dos tristes e alarmantes números aproximadamente mais de 1,5 bilhão de pessoas que se encontravam abaixo da linha de pobreza conforme denuncia Born (2006), e ainda, apresenta alguns dados divulgados no relatório do desenvolvimento humano pela ONU (1998) que 258 pessoas privilegias que vivem nos chamados países desenvolvidos é responsável por 86% do consumo mundial e que os 20% mais ricos do planeta consomem cerca de 60% de toda a energia produzida no mundo. Isso nos remete relacionar a alta concentração econômica, um alto padrão de consumo de alguns grupos sociais dos países mais desenvolvidos em detrimento dos países mais pobres associados ao alto grau de miserabilidade, fome detectados nos países mais pobres.
Também em 1970, Novaes (2006) cita um evento considerado o marco da consciência ambiental brasileira com a ação deliberada do estudante de Engenharia Elétrica de Universidade de Porto Alegre de alcunha de Carlos Alberto Daireu que subiu em uma árvore para impedir a derrubada das árvores em passeio público em frente à universidade que estudava pelos garis da prefeitura com a finalidade de se construir um viaduto. A postura ativa desse cidadão que sem ser consultado ou pelo menos informado dos prós e contra dessa empreitada, e devemos ainda, levar em consideração, que o mesmo por estar em ambiente universitário, despertou nele a necessidade, à vontade e a iniciativa de impedimento de um ato antidemocrático e, tão desprovido de criatividade e de consciência ambiental.
Muito bem, dando seqüência ao nosso histórico, em 1971, foi criada a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN); Os países desenvolvidos, por ocasião da XXVI Assembléia Geral das Nações Unidas, propõem que os recursos naturais do planeta sejam colocados sob a administração de um Fundo Mundial (World Trust); Apoiada por muitos políticos e cientistas, sai na Grã-Bretanha a publicação A Blueprint for Survival (Um esquema para a sobrevivência), documento histórico que propõe medidas para se obter um ambiente ecologicamente saudável; O prefixo "eco" é introduzido na língua inglesa para compor novas expressões (ecofarming, ecohouse, etc.); Em maio deste ano sai o primeiro exemplar do Bulletin of Environmental Education (BEE), na Grã-Bretanha. Seus artigos estimulam estudos ambientais, orientados à compreensão das relações da comunidade, dentro de um contexto urbano; Surgem os European Conservation Year, programas que deram grande impulso à EA. Grande contribuição foi dada pelos geógrafos, originando a maioria das técnicas de ensino sobre o ambiente humano (jogos, simulações, etc.).
No ano de 1972, o Clube de Roma formado por pesquisadores do Massachussets Institute of Tecnology, nessa ocasião publicam o relatório the Limits of Growth apresentando os resultados da simulação em computador, da evolução da população humana com base na exploração dos recursos naturais, com projeções para 2100. Mostra que, devido à prossecução do crescimento econômico durante o século XXI é de prever uma redução drástica da população devido à poluição, a perda de terras aráveis e da escassez de recursos energéticos; Cria-se o curso de pós-graduação em Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; De 5 a 16 de junho, na Suécia, representantes de 113 países participam da Conferência de Estocolmo/Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano. A conferência gera a Declaração sobre o Ambiente Humano, atendendo à necessidade de estabelecer uma visão global e princípios comuns que serviriam de inspiração e orientação à humanidade, para preservação e melhoria do ambiente humano sugere essa ação conjunta e global. Oferece orientação aos governos, estabelece o Plano de Ação Mundial, e, em particular, recomenda que seja estabelecido um Programa Internacional de Educação Ambiental, visando educar o cidadão comum, para que este maneje e controle seu ambiente. A recomendação nº 96 da Conferência reconhece o desenvolvimento da Educação Ambiental como o elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo. Considerada um marco histórico e político internacional, decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento do ambiente, a Conferência de Estocolmo, além de chamar a atenção do mundo para os problemas ambientais, também gera controvérsias. Os representantes dos países em desenvolvimento acusam os países industrializados de querer limitar seus programas de desenvolvimento industrial, usando a desculpa da poluição, como um meio de inibir a capacidade de competição dos países pobres.
Para espanto do mundo, representantes do Brasil pedem poluição, dizendo que o país não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental desde que o resultado fosse o aumento do PNB (Produto Nacional Bruto). Um cartaz anuncia:

"Bem-vindos à poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem restrições. Temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o nosso desenvolvimento". (Dias, 1994)

É um escândalo internacional. Os negociadores políticos representantes do Brasil colocam o nosso país na contramão da História. Quando a preocupação com a degradação ambiental é o motivo da Conferência, o Brasil externa a abertura de suas portas à poluição, estimulando a vinda de multinacionais, submetendo-se a um estilo de desenvolvimento econômico predatório, gerador de mazelas sócio-ambientais (Limites do Crescimento: O Clube de Roma, Fundação Demócrito Rocha, p. 7).

Dando seqüência aos eventos de 1972, Noel Mclnnis, um dos pioneiros em Educação Ambiental nos EUA, anuncia que a raiz do nosso dilema ambiental está na forma como aprendemos a pensar o mundo: dividindo-o em pedaços; É executada a primeira avaliação de Impacto Ambiental feita no Brasil, para grandes empreendimentos. Financiada pelo Banco Mundial, a construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, Bahia, é precedida de estudos dos impactos ambientais que seriam produzidos; Sob a orientação do professor Vasconcelos Sobrinho, é iniciada, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, uma campanha nacional por reintrodução do pau-brasil no nosso patrimônio ambiental. Considerado extinta em 1920, graças a essa iniciativa a espécie difunde-se, com farta distribuição de mudas por todo o país.

Indira Priyadarshini Ghandi abre sua participação na Conferência de Estocolmo fazendo uma estreita relação entre a fome e o meio ambiente como sendo imprensidíveis erradicar a fome para a melhoria da qualidade de vida e ambiental mundial conforme texto a seguir:

"O maior inimigo do meio ambiente é a miséria, sem eliminar a miséria no planeta dificilmente será possível resolver os problemas do meio ambiente "

Com essas palavras Ghandi (1971) e Castro (1970) já citado anteriormente, associam a qualidade de vida à qualidade ambiental, que a necessidade de acabar com a miséria humana é fator primeiro para se resolver os problemas ambientais. O uso de tecnologias rudimentares para a produção, para o consumo e para a produção de energia dos países subdesenvolvidos são elementos interdependentes que causam a degradação ambiental e social em escala mundial.
No ano de 1973, Dupuy (1980) declara que com a crise do petróleo ocorrida neste ano indica que há um encaminhamento para o uso de outras fontes de energia, especialmente, a nuclear, este autor considera este período como fase de Nebulosa Ecológica; Estabelecido nos EUA o World Directory of Environmental Education Programs (Registro Mundial de Programas em Educação Ambiental), editado por P. W. Quigo e publicado por R. R. Bowker, contendo entrada de setenta países e 660 programas listados com detalhes; Em 30 de outubro, o Decreto 73.030, da Presidência da República, cria no âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), primeiro organismo brasileiro, de ação nacional, orientado para gestão integrada do ambiente. O professor Paulo Nogueira-Neto é o titular da SEMA, de 1974 a 1986, e deixa as bases das leis ambientais e estrutura que continuam, muitas delas até hoje. Estabelece o programa das estações ecológicas (pesquisas e preservação), a despeito de a SEMA ter sido originariamente concebida como uma agência de controle de poluição. Iniciado com três funcionários e duas salas, o trabalho do professor Nogueira-Neto; frente da SEMA legou a sociedade a maior parte do que temos atualmente na área ambiental. A sua atuação o leva a integrar e a dirigir muitas delegações oficiais brasileiras em encontros internacionais. Recebe o Prêmio Paul Getty a mais alta honra mundial no campo da conservação da natureza. Integra Comissão Brundtland (Nosso Futuro Comum). É considerado o mentor do movimento ambientalista brasileiro.
Em 1974, realiza-se em Haia, na Holanda, o I Congresso Internacional de Ecologia; Neste mesmo é dado o primeiro alerta por organismos internacionais sobre a possibilidade da redução da camada de ozônio, causada pelo uso dos CFC's; Realiza-se, na Finlândia (Jammi), com o apoio da UNESCO, o Seminário sobre Educação Ambiental, um exercício acerca da natureza da EA, baseados nos princípios de EA, que já reconhecia seu caráter de uma educação integral permanente.
Em 1975, a UNESCO promove The Belgrado Workshop on Envirommental Education com a participação de 65 países formulam alguns princípios básicos para a educação ambiental. No Encontro de Belgrado foram formulados princípios e orientações para um programa internacional de EA. Neste é também formulada a Carta de Belgrado preconizando uma Nova Ética Global capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação humana, censura o desenvolvimento de uma nação à custa de outra, acentua a premência de formas de desenvolvimento que beneficiassem toda a humanidade; Realiza-se em Haia, na Holanda, o I Congresso Internacional de Ecologia;
Logo após o encontro ocorrido em Belgrado foram promovidos diversos encontros regionais na America Latina e Caribe, como o encontro de Bogotá onde as recomendações produzidas neste serviu de base para a grande conferencia internacional sobre EA que aconteceria dois anos depois em cooperação entre PNUMA e UNESCO para a CEI-Tbilize-Georgia. Na ocasião, a UNESCO empreende uma pesquisa para conhecer as necessidades e prioridades internacionais em EA, com a participação de 80% dos países membros da ONU.
Na Conferência Intergovernamental ocorrida em 1977 sobre EA - Tbilize na Georgia ex-URSS (conhecida como a Conferência de Tbilize) reitera os princípios propostos em Estocolmo (1972) e destaca sobre o papel estratégico da EA de número 96 em nível nacional e internacional. Nesta, é produzido um documento técnico que apresentava as finalidades, objetivos, princípios, orientações e estratégias para o desenvolvimento da EA. Eles elegeram o treinamento de pessoal, o desenvolvimento de material educativo, a pesquisa de novos métodos, o processamento e disseminação de dados e informações como o mais urgente dentro das estratégias de desenvolvimento da EA; Criada The International Society for EE (Sociedade Internacional para EA), destinada a desenvolver atividades de EA na School of Nature Resources (Escola de Recursos Naturais), Ohio, EUA; Assinatura de um Protocolo de Intenções (mais um) entre o MEC/MINTER/SEMA, visando à implantação de uma ação integrada quanto ao ensino e à pesquisa em Ecologia (sic), com vistas ao atendimento nos aspecto pertinentes da política nacional do meio ambiente; A SEMA constitui um grupo de trabalho para a elaboração de um documento sobre Educação Ambiental com o objetivo de definir seu papel no contexto da realidade socioeconômico-educacional brasileira; A disciplina Ciências Ambientais passa a ser obrigatória nos cursos c engenharia, nas universidades brasileiras; Proposta para o ensino de 2º grau desenvolvida pelo Departamento o Ensino Médio do MEC/CETESB, centrado em Ecologia; Projeto de Ciências Ambientais para o 1º grau desenvolvido pé MEC/PREMEM/ Centro de Treinamento de Professores de Ciências de São Paulo (convênio); Criação de cursos voltados à área ambiental em várias universidades brasileiras; Seminários, encontros e debates sobre a temática ambiental oferecidos pelos órgãos estaduais da área ambiental (CETESB-SP, FEEMA-RJ, etc.) e intuições como FBCN, SEMA, IBDF, etc.
No ano de 1978 A Secretaria de Educação do Rio Grande cio Sul desenvolve o Projeto Natureza (1978-1985); As matérias Saneamento Básico e Saneamento Ambiental são inseridas nos cursos de Engenharia Sanitária.
O filósofo Hans Jonas em 1979 exprime a sua preocupação no livro Princípio Responsabilidade; O Departamento de Ensino Médio do MEC e a CETESB publicam o documento "Ecologia: Uma Proposta para o Ensino de 1º e 2° graus". Neste caso, observamos a tendência reducionista da proposta, que ignora os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos e outros, recomendados na Conferência de Tbilisi e a situação mais grave por assim dizer, na confusão conceitual entre a "ecologia" e a "educação ambiental" considerado desse modo, como um retrocesso das tendências internacionais e um entrave na evolução do Brasil (grifo meu); Em julho, realiza-se o evento First All-USSR Conference on EE (Primeira Conferência de todas as Nações da União Soviética sobre EA), promovido pelo Ministério da Educação na Universidade Estadual de Ivanovo, CEI; De 29 de outubro a 7 de novembro, realiza-se o Encontro Regional de EA para a América Latina, em San José, Costa Rica, como parte de uma série de seminários regionais, em EA, promovidos pela UNESCO para professores, planejadores educacionais e administradores.
A União Internacional para a Conservação da Natureza publicou em 1980, um relatório intitulado A Estratégia Global para a Conservação, onde surge pela primeira vez o conceito de Desenvolvimento sustentável; Em abril, o historiador americano Lynn White Jr. propõe ao papa que São Francisco seja reconhecido como o santo padroeiro da Ecologia. A sugestão foi acolhida. White Jr. descrevera o cristianismo como a forma mais antropocêntrica de religião que o ser humano já vira (O homem e o Mundo Natural, p. 28); De 10 a 14 de novembro realiza-se o Seminário Internacional sobre o Caráter Interdisciplinar da EA no Ensino de 1º e 2º graus, em Budapeste Hungria, promovido pela UNESCO e pela Organização Nacional de Proteção Ambiental e Conservação da Natureza; De 8 a 12 de dezembro, realiza-se o Seminário Regional Europeu sobre EA para a Europa e América do Norte, em Essen, República Federal da Alemanha, promovido pela UNESCO e pelo Centro de EA da Universidade de Essen, com a participação de vinte países. Conclui-se que seria necessária uma intensificação de intercâmbio de informações e experiências entre os países; A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) estima que 70 mil produtos químicos estejam sendo manufaturados só nos Estados Unidos, com cerca de mil novos produtos acrescentados a cada ano.
No período de 5 a 31 de março de 1981, realiza-se o Seminário sobre a Energia e a EA na Europa, em Monte Cairo, Mônaco, promovido pelo Conselho Internacional de Associações de Ensino de Ciências (ICASE), com a participação de dezessete países; Entre os dias 12 a 19 de maio, realiza-se o Seminário Regional sobre EA nos Estados Árabes, em Manama, Bahrein, promovido pela UNESCO/PNUMA e pelo Ministério da Educação de Bahrein, com a participação de dez nações árabes; Em 31 de agosto, o presidente João Figueiredo sanciona a Lei no 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Constitui-se em importante instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no país; Lançado o primeiro número da The Environmentalist, revista internacional inglesa, destinada aos profissionais em EA; Em dezembro realiza-se a First Asian Conference on Environmenta Education (Primeira Conferência Asiática Sobre EA), em Nova Delhi, Índia; Desencadeado pelo governo federal o "desenvolvimento" de Rondônia e áreas de Mato Grosso. Em dois anos foram destruídos dois milhões de hectares de florestas nativas e produzidos conflitos fundiários e sociais muito graves. O Banco Mundial foi acusado pela crítica internacional de te financiado a maior catástrofe ambiental induzida dos nossos tempos.
Em assembléia na ONU no ano 1983, foi criada a Comissão Mundial para o Meio ambiente e Desenvolvimento presidida pela Sra. Gro Harlem Brundtland a primeira ministra da Noruega.
1984 o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) apresenta resolução estabelecendo diretrizes para as ações de EA. A proposta é retirada de pauta e não mais retorna ao plenário, não sendo, por conseqüência, aprovada. Há uma nítida oposição à Educação Ambiental, nos moldes da Conferência de Tbilisi; Em Versalhes, ocorre a I Conferência sobre o Meio Ambiente da Câmara de Comércio Internacional, com o objetivo de estabelecer formas de colocar em prática o conceito de Desenvolvimento Sustentado; Em 27 e 28 de agosto, a SEMA apresenta proposta para área de EA aos órgãos ambientais dos estados, reunidos em Recife; Em 3 de dezembro, em Bhopal, Índia, ocorre o mais grave acidente industrial do mundo, quando um gás venenoso - methyl isocyanate - vaza da fábrica da Union Carbide e mata mais de 2 mil pessoas, ferindo outras 200 mil. Tal acidente, segundo Petula (1988, p. 430), inicia o período moderno da política ambiental. O acidente de Bhopal é citado como um exemplo do que pode ocorrer quando reina na comunidade o analfabetismo ambiental.
No interstício dos dias 4 a 9 de março de 1985, com o tema Educação e a Questão Ambiental em Países em Desenvolvimento, realiza-se a Second Asian Conference on EE (Segunda Conferência Asiática sobre EA), em Nova Délhi, Índia, promovida pelo Departamento de Meio Ambiente do governo indiano e pela Environmental Society da Índia; De 12 a 18 de agosto, realiza-se o Seminário sobre EA para Professores de Ciências da América Central, promovido pela UNESCO-UNEP; Em outubro, visita o Brasil a Comissão Brundtland. Organiza audiências públicas, em São Paulo e em Brasília, inclusive no Congresso Nacional; No período de 11 a 15 de novembro, dezesseis países asiáticos participam do Meeting on EE and Training in The Ásia and Pacific Region (Encontro sobre EA e Treinamento na Ásia e Região do Pacífico), promovido pela Unesco-Unep, Bangkok, Tailândia; Em Bogotá, ocorre o 1° Seminário sobre Universidade e Meio Ambiente na América Latina e Caribe, promovido pela UNESCO-UNEP; Comemora-se o 10o aniversário do Programa Internacional de Educação Ambiental da UNESCO-UNEP. Os resultados apresentados são relevantes: execução de 31 projetos de pesquisa; 37 treinamentos nacionais; dez seminários internacionais e regionais; onze conferências e 66 missões técnicas para os 136 estados membros (85% dos membros da UNESCO). Como resultados mais de quarenta países introduziram a EA, oficialmente, nos seus planos educacionais, políticas e legislação (UNESCO-UNEP, 1985).
No ano de 1986 em 23 de janeiro pra ser mais exato, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) prova a Resolução 001/86, que estabelece as responsabilidade os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente; Em 26 de abril, um experimento mal conduzido, combinado com falhas de projeto, provoca a explosão do reator nº 4 da usina de Chernobyl, localizada a 129 km de Kiev, capital da República da Ucrânia, na União Soviética. A explosão deixa escapar de 60% a 90% do combustível atômico, segundo o físico Vladimir Chernusenko (a versão oficial indica 3%), mata de 7 a 10 mil pessoas (contra 31 mortes da versão oficial) e a lei mais de 4 milhões de pessoas; A explosão produz uma nuvem radioativa que se propaga pelas repúblicas soviéticas e atinge cinco países europeus. Os 38 mil moradores de Ripyat, localizada a 8 km da usina - hoje uma cidade deserta - só são retirados 36 horas depois do acidente. O médico norte-americano Robert Gale, responsável pelo enxerto de medula óssea nas vítimas, estima que entre 2 mil a 20 mil pessoas vão morrer de câncer, nos próximos cinqüenta anos, em conseqüência das radiações emitidas, sendo que um terço dessas mortes ocorrerão na Europa; É o maior acidente da história da energia-nuclear. Cinco anos depois, o então presidente Mikhail Gorbachev, num apelo, solicita ajuda internacional, acentuando: "a humanidade está apenas começando a compreender plenamente a natureza global dos problemas sociais, médicos e psicológicos criados pela catástrofe" ("Soviéticos lembram cinco anos do desastre Chernobyl", Correio Braziliense, p. 13); Em agosto, realiza-se na Universidade de Brasília o I Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente, com objetivo de iniciar um processo de integração entre as ações do Sistema Nacional de Meio Ambiente e do Sistema Universitário. Como resultado dessa interação, surge importantes resoluções do CONAMA, muitas das quais ainda estão em vigor; Foi realizado o I Curso de Especialização em Educação Ambiental, na Universidade de Brasília, promovido pela SEMA/ FUB/ CNPq/ CAPES/PNUMA. O curso, repetido em 1987 e 1988, objetiva a formação de recursos humanos para a implantação de programas de Educação Ambiental no Brasil. Esse curso termina gerando uma massa crítica para o desenvolvimento da Educação Ambiental no Brasil. Um "descuido" dos governantes, logo corrigido com a sua extinção; Em São Paulo, realiza-se o Seminário Internacional de Desenvolvimento Sustentado e Conservação de Regiões Estuarino-Lagunares. Lança-se o alerta sobre a necessidade urgente de proteção dos manguezais. Esses ecossistemas, os mais produtivos da Terra (berçário de peixes, moluscos, crustáceos, etc.), vinham sendo destruídos por aterros (para fins imobiliários ou como depósito de lixo) na costa brasileira.
Em 1987, no dia 11 de março, o Plenário do Conselho Federal de Educação (MEC) aprova, por unanimidade, a conclusão da Câmara de Ensino, a respeito do parecer 226/87, que considera necessária a inclusão da Educação Ambiental dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas de 1 e 2° graus (propostas do conselheiro Arnaldo Niskier, relatadas pelo conselheiro Mauro C. Rodrigues); Em abril, dá-se a divulgação do Our Commom Future (Nosso Futuro Comum), relatório da Comissão Mundial ou Comissão Brundtland, sobre meio ambiente e desenvolvimento (outubro de 1984 a abril de 1987), presidida por Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega.
Essa comissão é criada pela ONU como um organismo independente (1983), com o objetivo de reexaminar os principais problemas do ambiente e do desenvolvimento, em âmbito planetário, de formular propostas realistas para solucioná-los e de assegurar que o progresso humano seja sustentável através do desenvolvimento, sem comprometer os recursos ambientais para as futuras gerações; O relatório trata de preocupações, desafios e esforços comuns como: busca do desenvolvimento sustentável, o papel da economia internacional, população, segurança alimentar, energia, indústria, desafio urbano e mudança institucional.
O Brasil é representado pelo professor Dr. Paulo Nogueira Neto. O relatório foi considerado um dos documentos mais importantes da década e até os nossos dias constitui uma fonte de consulta obrigatória para quem lida com as questões ambientais - deveria sê-lo também para os economistas, políticos, industriais, planejadores, enfim, para os responsáveis pela tomada de decisões nos programas de desenvolvimento. No Brasil, o relatório foi traduzido e publicado pela Editora da Fundação Getúlio Vargas em 1988; Em setembro, uma cápsula de césio-137 é retirada a marretadas do interior de um equipamento médico de radioterapia, em um ferro-velho, na Rua 57 de Goiânia, em Goiás. Quatro pessoas morrem e dezenas são contaminadas pela radiação. A vida da cidade é inteiramente transtornada. Várias casas são demolidas e os materiais contaminados são encerrados em tambores e depositados no "lixão atômico", no município de Abadia, Goiás, onde permanece de forma deficitária. O acidente demonstra como o país está despreparado para lidar com o problema, e tem repercussões internacionais. E citado como o segundo caso mais grave de analfabetismo ambiental. A plenária do II Seminário Universidade e Meio Ambiente, realizado em Belém do Pará, indica um grupo de representantes das universidades para assessorar o órgão federal do meio ambiente - na época, a Sema ? na programação dos seminários seguintes. O Grupo Executivo, como ficou conhecido, continua em ação e desenvolve um importante trabalho de integração Universidade: Questões Ambientais; De 17 a 21 de agosto, realiza-se em Moscou, CEI, o Congresso Internacional da UNESCO-PNUMA sobre Educação e Formação Ambientais. São analisadas as conquistas e dificuldades na área da EA, desde a Conferência em Tbilisi, e estabelecidos os elementos para uma estratégia internacional de ação, em matéria de educação e formação ambientais, para a década de 90. Nesse congresso, conforme acertado em Tbilisi, cada país apresenta um relatório sobre os avanços da EA. O Brasil, como era de se esperar, não apresenta o seu relatório oficial; De 12 a 20 de outubro, ocorre a Sixteenth Annual Conference of the North American Association for Environmental Education (NAEE) - Décima Sexta Conferência Anual da Associação Norte-Americana para a Educação Ambiental ?, em Quebec, Canadá, com a participação de 450 educadores ambientais de dez países. São apresentados 250 trabalhos em 150 sessões (em 1988 ocorreria a XVII Conferência em Orlando, Flórida, EUA); Assinado o Protocolo de Montreal, segundo o qual as nações deveriam tomar várias providências para evitar a destruição da camada de ozônio, dentre as quais a redução progressiva até a supressão, no ano 2000, da fabricação e uso dos CFC's. Esse protocolo seria substancialmente emendado em 1990 e 1992 e transformado no maior sucesso empreendido na área ambiental, em termos de esforço internacional para resolver um problema ambiental global. Em 1989, foi Publicado o Relatório Brundtland ou ainda, denominado de Our Commom Future (Nosso Futuro Comum) deu origem a dois importantes conceitos formalizados oficialmente de Desenvolvimento Sustentado ou Sustentável e o da Nova Ordem Mundial . Este relatório prepara o terreno para a futura mais importante conferencia internacional denominada de Rio-92 ou Eco-92 com a participação de mais 180 chefes de estado e de centenas de ONG´s; De 3 a 14 de Junho de 1992, Realiza-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, nasce a Agenda 21, e são aprovadas a Convenção sobre Alterações Climáticas, Convenção sobre Diversidade Biológica (Declaração do Rio), bem como a Declaração de Princípios sobre Florestas.
Na Itália no ano de 1988, associações ambientalistas internacionais divulgam um documento que aponta as pressões para o pagamento da dívida externa, contraída pelos países do Terceiro Mundo, como responsáveis por transformações drásticas na economia, na sociedade e no ambiente dos devedores.
A IUCN cataloga 4.500 espécies em extinção (plantas e animais); De 25 a 28 de abril, especialistas da América Latina, a convite do governo venezuelano, com o apoio do ORPAL/PNUMA, reúnem-se, em Caracas, para discutir sobre a Gestão Ambiental na América Latina. Produzem a Declaração de Caracas, que denuncia a necessidade de mudança no modelo de desenvolvimento adotado internacionalmente, a debilitação do Estado pela dívida externa e a degradação ambiental e social; Em 13 de julho, os 4,5 milhões de veículos automotores da cidade de São Paulo, responsáveis por 90% da poluição do ar, obrigam a Secretaria do Meio Ambiente e a CETESB a executar a Operação Alerta. Cerca de 200 mil veículos deixam de circular no centro da cidade, após campanha de coletivização e envolvimento da comunidade para enfrentar uma situação de alta degradação ambiental; Em outubro, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo e a CETESB lançam o guia do professor do 1a e 2° graus (edição piloto), Educação Ambiental, corolário de um projeto de pesquisa (1983 e 1984) criado, desenvolvido e coordenado por Kazue Matsushima; Em 5 de outubro é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, contendo um capítulo sobre o meio ambiente e vários outros artigos afins. É considerada, na atualidade, constituição de vanguarda em relação à questão ambiental COM Destaque a atuação do deputado federal Fábio Feldmann; Em 22 de dezembro, é assassinado em Xapuri, Acre, o líder sindical Francisco Mendes Filho (Chico Mendes). Em 1987, fora homenageado com o Prêmio Global 500, que é outorgado pela PNUMA a ecologistas e ativistas nas questões ambientais. Esse reconhecimento internacional da sua luta pela preservação da selva contra o avanço destruidor dos exploradores faz a notícia do seu assassinato ser manchete em quase todo o mundo. As pressões, internacionais sobre a política ambiental brasileira tornam-se intensas.
Na data de 22 de fevereiro de 1989, a Lei 7335 cria o IBAMA, com a finalidade de formular, coordenar e executar a política nacional do meio ambiente. Compete-lhe a preservação, conservação, fomento e controle dos recursos naturais renováveis em todo o território federal, proteção dos bancos genéticos da flora e fauna brasileiras e estímulo à Educação Ambiental, nas suas diferentes formas. O IBAMA foi formado pela fusão da SEMA, SUDEPE, SUDHEVEA e IBDF; Em março, por embriaguez do seu comandante, o petroleiro Exxon Valdez, da Exxon americana, colide com rochas geladas e deixa vazar 42 mil toneladas de óleo cru no mar do Alasca. O vazamento produz uma mancha de 250 km2 que atinge cerca de 1.700 km de costa marítima e provoca a morte de 34 mil aves, 980 lontras e um número incalculável de peixes e outros animais aquáticos. A Exxon, além de gastar um bilhão de dólares na limpeza da área, com seus 11 mil homens, 1.400 barcos e 85 aviões, em seis meses, responde por 145 processos movidos contra a empresa; Em junho, a Sociedade Brasileira de Zoologia relaciona as 250 espécies animais em extinção no Brasil (eram 60 espécies até 1973).
É realizado o programa Universidade Aberta, ensino à distância, pela Fundação Demócrito Rocha, em convênio com quinze universidades nordestinas e diversas outras instituições de pesquisa e difusão tecnológica. Dentre as atividades destaca-se o curso de Ecologia que levava informações na forma de encartes, em treze jornais brasileiros e através de programas de rádio. Os fascículos de EA foram elaborados pelas professoras Maria José de Araújo Lima, da UFRPE, e Marília Lopes Brandão, da UFC.
Estudos de técnicos do Banco Mundial estimam em 12% a área devastada da Amazônia, mas, segundo o INPE, a área devastada por queimadas e desmatamentos, até o final de 1988, seria de 9,3% (343.900 km2); Em 14 de junho, realiza-se em Campo Grande (MS) o Congresso Internacional sobre a Conservação do Pantanal, com o objetivo de estabelecer propostas para a compatibilização entre desenvolvimento e preservação do pantanal. Participam oitocentos ambientalistas de vários países e representantes da WWF (Fundo Mundial para Vicia Silvestre) e do Instituto Max Planck (Alemanha). O pantanal, com seus 140.000 km2, estava então sob intensa depreciação, o que não mudou nos dias atuais; De 24 a 30 de junho, realiza-se a 3icl Internacional EE Conference for Seconclary School (III Conferência Internacional sobre EA para Escolas de 2° grau), em Oak Park, Illinois, EUA, com o tema Tecnologia e Meio Ambiente. Em 10 de julho, é criado o Fundo Nacional de Meio Ambiente (Lei 7797/89), que viria a se tornar a principal fonte de financiamentos de projetos ambientais no Brasil; De 10 a 14 de outubro, promovido pelo MEC (Secretaria de Ensino do 2ª grau), com o apoio da UNESCO, realiza-se em Petrolina, Pernambuco, o Seminário Internacional Relativo a um Projeto Piloto para a Incorporação da EA no Ensino Técnico-Agrícola da América Latina, com participantes do Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, Honduras, Equador, Paraguai e México; Entre os dias 11 a 13 de dezembro, realiza-se o Primer Taller sobre Materiales para Ia Educación Ambiental (Primeiro Seminário sobre Materiais para Edu¬cação Ambiental), em Santiago, Chile, promovido pela OREEALC/UNESCO/PIEA; Realiza-se em Recife, Pernambuco, o I Encontro Nacional sobre Edu¬cação Ambiental no Ensino Formal, promovido pelo IBAMA/UFPE, com a participação de representantes de vários órgãos estaduais de meio ambiente; Representantes de 24 países formulam a Declaração de Haia, na qual se acentua que a cooperação internacional é indispensável para proteger o meio ambiente mundial.
Em março de 1990, representantes de cinqüenta países se reúnem em Van-Couver para o Globe 90, promovido pelo governo canadense, para discutir a política de preservação ambiental; Em junho, durante a reunião anual da SBPC, em Porto Alegre, é divul¬gado que a área destruída da Amazônia atinge 404.000 km2 até 1989, segun¬do imagens do Landsat 8; A organização das Nações Unidas declara 1990 o Ano Internacional do Meio Ambiente; De 6 de agosto a 8 de dezembro, realiza-se em Cuiabá, Mato Grosso, o IV Curso de Especialização em Educação Ambiental, promovido pelo PNUMA/ IBAMA/ CNPq/ CAPES, na Universidade Federal de Mato Grosso, com representantes do Brasil, Colômbia e Peru. O curso operacionalizou um exercício interdisciplinar de análise das questões ligadas à introdução da dimensão ambiental, no processo de desenvolvimento, sob uma visão crítica, referenciando o desenvolvimento auto-sustentável e a elevação da qua¬lidade de vida; No período de 19 a 23 de novembro, realiza-se em Florianópolis, Santa Catarina, o IV Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente, com o objetivo de discutir os mecanismos de interface entre a universidade e a comu¬nidade, diante da política ambiental brasileira.
Em novembro, ocorre em Limoges, França, a I Conferência Internacio¬nal de Direito Ambiental, com a participação de juristas de 43 países; Em outubro, em Genebra, promovida pela Organização Mundial de Meteorologia, desenvolve-se a Conferência Mundial sobre o Clima. Discute-se a questão das alterações climáticas no mundo.
Em 1991, a Portaria 678 do MEC (14/5/91) resolve que os sistemas de ensino, em todas as instâncias, níveis e modalidades, contemplem, nos seus respectivos currículos, entre outros, os temas/conteúdos referentes à Educação Ambiental. No mês de junho é criada a Universidade Livre do Meio Ambiente (Curitiba). Em pouco tempo, viria a se consolidar, através da competência dos seus programas e projetos, como um importante centro de divulgação de conhecimentos, capacitação e aperfeiçoamento profissional na área am¬biental. A EA e a gestão ambiental urbana têm sido temas constantes em suas promoções; Em 20 de agosto, é lançado no Palácio do Planalto o Projeto de Infor¬mações sobre Educação Ambiental, IBAMA-MEC. Trata-se de um encarte contendo as orientações básicas sobre EA - objetivos, recomendações, etc. A despeito da sua limitação de alcance, em face das necessidades nacionais para a área, o documento produzido (encarte na revista Nova Escola) foi o primeiro pronunciamento formal do governo brasileiro, sob as recomen¬dações de Tbilisi, para a EA; Durante a guerra do Golfo Pérsico entre o Iraque e os aliados, sete mi¬lhões de barris de petróleo são jogados no mar, produzindo prejuízos e impactos ambientais incalculáveis à vida aquática, às aves e às comunidades do litoral atingido. Com o cessar-fogo, em 28 de fevereiro, são incendiados 590 poços de petróleo do Kwait, produzindo nuvens negras de fumaça que se alastraram por vários países da região; O Centro de Desenvolvimento para EA (Cedam), ligado à Fundação Brasileira de Educação-FUBRAE, publica, em Brasília, o documento EA - Situação e Perspectiva, que resume as ações em EA, em desenvolvimento no Brasil; Em outubro, é publicada no Brasil "Uma Estratégia para o Futuro da Vicia - Cuidando do Planeta Terra" (IUCN / PNUMA/ WWF). O documento, distribuído em todos os países, tem por objetivo constituir-se em guia prá¬tico para políticas ambientais. Apresenta os princípios de vida sustentável e recomenda 121 ações necessárias para a sua aplicação; A Portaria 2421, do MFC (21/11/91), institui, em caráter permanente, um Grupo de Trabalho para a EA, com o objetivo de definir, com as Secre¬tarias Nacionais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da EA no Brasil, elaborar proposta de atuação do MEC, na área formal e não-formal, e na Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvi¬mento. Néli Gonçalves de Melo coordenou o Grupo de Trabalho; Com o objetivo de discutir diretrizes para a definição da política de EA, o MEC e a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com o apoio da UNESCO e da Embaixada do Canadá, promovem em Brasília, de 25 a 29 de novembro, o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para EA. As conclusões se recomendações desse encontro são apresentadas neste livro.
Um dos mais relevantes eventos internacionais ocorrido na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 3 a 14 de junho de 1992, a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), com a participação de 170 países, secretariada por Maurice Strong, o mesmo da Conferência de Estocolmo.
A Conferência Rio-92, como ficou conhecida, teve como objetivos:
a) examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois da Conferência de Estocolmo;
b) identificar estratégias regionais e globais para ações apropriadas refe¬rentes às principais questões ambientais;
c) recomendar medidas a serem tomadas, nacional e internacionalmente, referentes à proteção ambiental através de política de desenvolvimento sustentado;
d) promover o aperfeiçoamento da legislação ambiental internacional;
e) examinar estratégias de promoção do desenvolvimento sustentável e da eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento, entre outros.
Nessa conferência, reconhece-se a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento então vigente. O desenvolvimento sustentável é visto como o novo modelo a ser buscado. Nomeia-se a Agenda 21 como um Plano de Ação para a sustentabilidade humana. Reconhece-se a Educação Ambiental como o processo de promoção estratégico desse novo modelo de desenvolvimento; A Rio-92 corrobora as premissas de Tbilisi e através da Agenda 21, Seção IV, Cap. 4, define as áreas de programas para a EA, reorientando a educação para o desenvolvimento sustentável. A conferência Rio-92, atual-mente, é reconhecida como o encontro internacional mais importante desde que o ser "humano se organizou em sociedades. Durante a Rio-92, a assessoria do MEC promove no Rio das Pedras, Jacarepaguá, Rio de Janeiro, de l a 12 de junho, o Workshop sobre EA, com o objetivo de socializar os resultados das experiências em EA, inte-grar a cooperação do desenvolvimento em EA nacional e internacional¬mente, e discutir metodologia e currículo para a EA. No encontro, foi for¬malizada a Carta Brasileira para a EA.
O IBAMA cria, no âmbito das Superintendências Estaduais, os Núcleos de Educação Ambiental (NEA), visando estimular o desencadeamento do processo de EA nos estados; A Union of Concerned Scientists pública em Cambridge, Massachussetts, Estados Unidos, o documento World Scientists Warning. O documento assinado por 1.600 cientistas, os mais renomados do mundo, incluindo a maioria cios ganhadores de Prêmio Nobel da área científica - declara a preocupação desses cientistas com os rumos do mundo, pelas alterações que os seres humanos estão impondo à Terra. Pede o fim do crescimento populacional e da pobreza. Prevê o estabelecimento de conflitos por causa dos recursos naturais crescentemente escassos; A UNESCO e a Câmara Internacional do Comércio, em cooperação com o PNUMA (UNEP), realizam em Toronto, Canadá, o Congresso Mundial de Educação e Comunicação sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (de 17 a 21 de outubro). É o primeiro evento internacional sobre EA depois da Rio-92 e objetiva estimular ações que possam melhorar a qualidade da educação e da comunicação relativas ao ambiente e desenvolvimento sustentável. Fomenta-se o estabelecimento de redes (Ecolink) entre as pessoas que lidam com EA, e de suporte tecnológico; A UNESCO promove, no Canadá, em outubro, o Congresso Mundial de Educação e Comunicação sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O estímulo à formação de redes (Ecolinks) dominou os debates; No mês de novembro entre os dias 22 a 24, prefeitos recém-eleitos de trezentos municí¬pios brasileiros reúnem-se em Curitiba, a convite de Jaime Lerner, para um debate sobre uma nova política das cidades; De 7 a 9 de dezembro realiza-se em Foz do Iguaçu, promovido pela Assessoria de EA do MEC, o I Encontro Nacional dos Centros de EA, reunin¬do coordenadores dos Centros e integrantes das Secretarias de Educação dos estados e municípios. Tem como objetivo discutir propostas pedagógicas, treinamento, recursos instrucionais e projetos a serem implementados, e dar oportunidade para o intercâmbio de experiências.
O PNUMA pu¬blica o seu relatório The world environmental 1972-1992 (O Meio Ambiente Mundial). Ao longo das suas 850 páginas é feita uma análise dos principais problemas ambientais e um exame da sua evolução nos últimos vinte anos. O diretor executivo do PNUMA, Mostafa Tolba, acentua: "Apesar da biosfera estar sendo atacada, a apatia persiste... O que falta é vontade política"; Na edição de dezembro, o jornal Connect, da UNESCO, especializado em EA, lança um apelo mundial para angariar fundos, visando à publicação de uma edição especial da Agenda 21 para crianças..
1993 ano que ocorre o V Programa Ação Ambiente da União Européia: Rumo a um Desenvolvimento Sustentável. Apresentação da nova estratégia da UE em matéria de ambiente e as ações a serem tomadas para alcançar um desenvolvimento sustentável para o período 1992-2000; Em 27 de maio de 1994, a Primeira Conferência sobre Cidades Européias Sustentáveis. Aalborg (Dinamarca), de onde surgiu a Carta de Aalborg; Em 8 de Outubro de 1996 é realizada a Segunda Conferência sobre Cidades Européias Sustentáveis. Plano de Ação de Lisboa: da Carta à Ação; Neste Plano de Ação é produzido uma Lista dos Objetivos do Milênio das Nações Unidas na sua sede em Nova Iorque.
Atendendo a sugestões da Agenda 21, capítulo 21, capítulo 36 (Rio-92), que preconiza a implantação de Centros Nacionais ou Regionais de Exce¬lência especializados em Meio Ambiente, o MEC formaliza a implantação de Centros de EA. A fundamentação e operacionalização daqueles centros estão reunidos em Anexos deste livro.
Tendo como função básica a formação ambiental na região, mediante ações informativas e formativas, a Universidade de Rio Grande (RS) inau¬gura em 7/4/93 o Centro de Educação e Formação Ambiental Marinha. Outros Centros de EA funcionam em Porto Seguro (BA), Manaus (AM), Foz do Iguaçu (PR), Fernando de Noronha (PE) e Aquidauana (MS).
Em abril é assassinado em Vitória (ES) o biólogo Paulo César Vinha. Ambientalista atuante defendia a preservação da restinga, contra a exploração depredadora das empresas que retiravam areia daquela área (patrimônio nacional definido na Constituição Brasileira de 1988).
A Portaria 773 do MEC (10/5/93) institui um Grupo de Trabalho, em caráter permanente, para EA, com o objetivo de coordenar, apoiar, acompa¬nhar, avaliar e orientar as ações, metas e estratégias para a implementação da EA nos sistemas de ensino, em todos os níveis e modalidades. Ao grupo cabia ainda a proposição de ações integradas, visando, entre outras, à con¬cretização das recomendações aprovadas na Rio-92.
O andamento dos programas ambientais no Brasil é prejudicado pela descontinuidade administrativa do governo. O I BAMA em menos de três anos de criação, teve oito presidentes. A má vontade política para a EA é patente: a instituição tem destinado apenas 0,03% do seu orçamento para o setor; O deputado federal Fábio Feldmann apresenta à Câmara dos Deputados, em Brasília, o seu projeto para criar uma Política Nacional de Educação Ambiental.
Em 1994, por meio de Exposição de Motivos Interministerial 002, publicada no DOU de 22/12/94 (Ministérios do Meio Ambiente, Educação, Cultura e Ciên¬cia e Tecnologia), o presidente da República aprova em 21/12/94 o Pro¬grama Nacional de Educação Ambiental - PRONEA. Tem como objetivo instrumentalizar politicamente o processo de Educação Ambiental, no Brasil; Promovida pela ONU, realiza-se no Cairo, Egito, a Conferência sobre População e Desenvolvimento. Há a aceitação geral entre governos e seus órgãos de ajuda da importância de melhorar a vicia de mulheres pobres (acesso â educação, principalmente), a fim de diminuir o crescimento populacional.
Nos anos de 1995, foi realizada em Berlim a Primeira Conferência das Partes para a Conven-ção sobre Mudanças Climáticas. Conclui-se que a abordagem escolhida ? a de tornar a adesão voluntária - fracassa. A conferência resulta no Mandato de Berlim, que faz um chamamento às nações mais industrializadas a estabelecer objetivos mais específicos para a redução das suas emissões; Em maio do mesmo ano, por meio da portaria 482, o MEC cria o curso de Técnico em Meio Ambiente e de Auxiliar Técnico em Meio Ambiente, como habilitações em nível de 2º grau; Em outubro, o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA (sic) cria o Grupo de Trabalho de Educação Am¬biental (Portaria 353/96). Em dezembro, assina protocolo de intenções com o MEC. Desse compromisso surgiria a I Conferência Nacional de Educação Ambiental-Brasil 20 anos de Tbilisi; Em dezembro, o CONAMA cria a Câmara Técnica Temporária de EA; Realiza-se em Beijing, na China, a Conferência da ONU sobre a Situação da Mulher. São denunciados quadros graves, em muitos países, de discriminação. A conferência é um marco internacional, na questão do gênero.
Reunindo 3 mil delegados de mais de 171 países em 1996, a UNESCO promove em Istambul, Turquia, a II Conferência das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos - Habitat II (City Summit). A conferência propõe um exame das condições nas quais a maior parte da humanidade vive e reforça a emergência do manejo sustentável dos assentamentos humanos. Elege Agenda 21 como a estratégia reconhecida para a promoção do desenvolvi mento sustentável; O estoque global de ogivas nucleares atinge o seu pico, com um poder explosivo de 18 bilhões de toneladas de dinamite (cerca de 3,6 toneladas para cada habitante); São elaborados os novos Parâmetros Curriculares do MEC. O tema meio ambiente é tratado de modo transversal no currículo.
Em 1997 é realizada a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Quioto, onde se estabelece o Protocolo de Quioto. Um ano após o Tratado de Quioto, a ONU divulga um importante documento com dados dos Indicadores de Desenvolvimento (IDH).
Dia 8 de Setembro de 2000, após os três dias da Cimeira do Milênio de líderes mundiais na sede das Nações Unidas, a Assembléia Geral aprovou a Declaração do Milênio.
No ano de 1999, o Ministério de Educação e Cultura do Brasil divulga a Lei 9.795/99 que regulamenta a Educação Ambiental no país.
Em 2000, ocorre Terceira Conferência Européia sobre Cidades Sustentáveis.
Entre os dias de 26 de agosto a 4 de Setembro de 2002 acontece a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), em Johanesburgo, onde reafirmou o desenvolvimento sustentável como o elemento central da agenda internacional e se deu um novo impulso à ação mundial para combater a pobreza assim como a proteção do ambiente.
Fevereiro de 2004, ocorre a Sétima Reunião Ministerial da Conferência sobre Diversidade Biológica foi celebrado com a Declaração Kuala Lumpur, o que gerou descontentamento entre os pobres e as nações que não satisfaz plenamente os ricos. Em 2004, na Conferência Aalborg +10 a Inspiração para o futuro é inaugurado um apelo a todos os governos locais e regionais da Europa para participar na assinatura do compromisso de Aalborg e fazerem parte da Campanha Européia das Cidades Sustentáveis.
Dia 11 de Janeiro de 2006 a Comunicação da Comissão Européia ao Parlamento Europeu sobre a Estratégia temática sobre o ambiente urbano. É uma das sete estratégias do Sexto Programa de Ação Ambiental para o Ambiente da União Européia, desenvolvido com o objetivo de contribuir para uma melhor qualidade de vida através de uma abordagem integrada e centrada nas zonas urbanas e para tornar possível um elevado nível de qualidade de vida e bem-estar social para os cidadãos, proporcionando um ambiente em que níveis da poluição não têm efeitos adversos sobre a saúde humana e o ambiente assim como promover o desenvolvimento urbano sustentável.
Em 2007 é divulgada a Carta de Leipzig sobre as cidades européias sustentáveis; Ainda no ano de 2007 na Cimeira de Bali, tinha o intuito de criar um sucessor do Protocolo de Quioto, com metas mais ambiciosas e mais exigentes no que diz respeito às alterações climáticas.
É publicada a Declaração de Gaia em julho de 2009, que implanta o Condomínio da Terra no I Fórum Internacional do Condomínio da Terra.


Quadro 1- Quadro Evolutivo da EA.
Cronologia Autor(es) Contribuições
1863 Thomas Huxley
Publicou um ensaio intitulado Evidências sobre o Lugar e o Homem, falando sobre a interdependência entre os seres humanos e os demais seres vivos.
1864 George P. Marsh Escreve o livro O Homem e a Natureza apresenta com riqueza de detalhes o processo de interferência do Homem sobre os recursos naturais e, enfatiza as mesmas causas do declínio das civilizações antigas às civilizações modernas.
1945 R. Oppenheimer No deserto de Los Álamos no Novo México na América do Norte, lidera uma equipe de cientistas testam a explosão da primeira bomba de hidrogênio denominada de "bomba H".
1945 EUA São lançadas as bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki como contra-ataque a Perl Harbor nos Estados Unidos. Este fato por si só desencadeia "medo planetário" da capacidade do ser humano de destruir a Natureza assim como seus semelhantes em frações de segundos
1949 Aldo Leopoldo Escreve alguns artigos para o Periódico Sand County Almanac destacando a necessidade de uma ética no uso dos recursos naturais.
1954 Albert Schweitzer Ganhou o Premio Nobel da Paz por popularizar a ética ambiental
1962 Rachel Carson Escreveu o livro Primavera Silenciosa publicação essa que se tornaria clássico da literatura ambiental atual. Neste, ela relaciona a qualidade de vida ao uso indiscriminado e excessivo de produtos químicos sobre os recursos naturais.
1968 Albert Hoffman Faz a publicação de artigos que denunciam uma crise da sociedade industrial e, anunciam a terceira onda da revolução da informação, do conhecimento e das empresas.
1968 Clube de Roma É fundado o Clube de Roma constituído de trinta especialistas que discutiam a crise da época bem como o seu futuro.
1968 Paul Ehrlich Escreve um livro sobre a explosão populacional intitulado originalmente como Population Bomb, no qual sustenta a inviabilidade do rápido crescimento populacional na sociedade moderna. Neste mesmo ano uma delegação da Suécia na ONU chamava a atenção para o constante processo de degradação humana e sugere que a solução para estes problemas estaria pautada em uma abordagem global.
1970 Josué de Castro
Em seu livro Geopolítica da Fome: Registro e Denúncia da Fome no Mundo. Declara em uma passagem desse importante trabalho "...Só existe um tipo de desenvolvimento, o desenvolvimento do Homem...", "...Assistiremos nos anos futuros ou a integração econômica do mundo ou a desintegração física do planeta os ingredientes da paz são o pão e o amor..." Neste contexto ele preconizava que era fundamental o alimento e a solidariedade mutua entre as nações para se garantir a sobrevivência das gerações vindouras
1970 Novaes Cita um evento marco da consciência ambiental brasileira a ação deliberada do estudante de Engenharia Elétrica de Universidade de Porto Alegre Carlos Alberto Daireu em uma atitude de protesto deste subiu em uma árvore que estava para ser derrubada por garís da prefeitura com a finalidade de se construir um viaduto.
1971 Políticos e Cientistas da Grã Bretanha
Publicam A BluePrint for Survival(Um esquema de sobrevivência), hoje é considerado um clássico literatura ambiental no qual propõe uma série de medidas para atingir um ambiente saudável.
1972 Clube de Roma Que é formado por trinta pesquisadors do Massachussets Institute of Tecnology publica o relatório the Limits oj Growth apresentando os resultados da simulação em computador, da evolução da população humana com base na exploração dos recursos naturais, com projeções para 2100. Mostra que, devido à prossecução do crescimento econômico durante o século XXI é de prever uma redução drástica da população devido à poluição, a perda de terras aráveis e da escassez de recursos energéticos.
1972 Nações Unidas Acontece I Conferencia das Nações Unidas sobre meio ambiente, a Conferencia de Estocolmo como ficou popularmente conhecida foi considerada como o marco histórico e político internacional como política de gerenciamento ambiental. Nesta conferencia gerou um documento denominado Declaração sobre o Ambiente Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial com o objetivo de inspirar e orientar a humanidade para a preservação e a melhoria do ambiente humano. Foi reconhecido o desenvolvimento da EA como elemento crítico para o combate à crise ambiental no mundo e, enfatizou a urgência da necessidade do homem em reorganizar suas prioridades.
1973 Dupuy Declara que em função da crise do petróleo há um encaminhamento para o uso de outras fontes de energia, especialmente, a nuclear, este autor denomina este período como fase de Nebulosa Ecológica.
1975 A UNESCO Promove The Belgrado Workshop on Envirommental Education com a participação de 65 países formulam alguns princípios básicos para a educação ambiental. No Encontro de Belgrado foram formulados princípios e orientações para um programa internacional de EA. Neste é também formulada a Carta de Belgrado preconizando uma Nova Ética Global capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação humana, censura o desenvolvimento de uma nação às custas de outra, acentua a premência de formas de desenvolvimento que beneficiassem toda a humanidade.
1977 UNESCO/PNUMA Promovem a Conferencia Intergovernamental sobre EA-Tbilize na Georgia ex-URSS (conhecida como a Conferencia de Tbilize) que reitera os princípios propostos em Estocolmo (1972) e destaca sobre o papel estratégico da EA em nível nacional e internacional. Nesta, é produzido um documento técnico que apresentava as finalidades, objetivos, princípios, orientações e estratégias para o desenvolvimento da EA. Eles elegeram o treinamento de pessoal, o desenvolvimento de material educativo, a pesquisa de novos métodos, o processamento e disseminação de dados e informações como o mais urgente dentro das estratégias de desenvolvimento da EA.
1979 Hans Jonas
Exprime a sua preocupação no livro Princípio Responsabilidade.

1980
A União Internacional para a Conservação da Natureza Publicou o relatório intitulado A Estratégia Global para a Conservação, onde surge pela primeira vez o conceito de Desenvolvimento sustentável
1983 ONU.
É criada a Comissão Mundial para o Meio ambiente e Desenvolvimento presidida pela Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland.
1987 ONU Ocorreu a Conferência de Moscou que dão um enfoque interdisciplinar a EA. Os encontros regionais para a America Latina e Caribe corroboram o enfoque interdisciplinar da EA proposta pela Conferência de Moscou, no Brasil, o Conselho Estadual de Educação-
1987 CEE Publicou um Parecer de número 226/87 que ainda faz uma enorme confusão conceitual entre ecologia e EA.
1989 ONU Publica o Relatório Brundtland ou ainda, denominado de Our Commom Future(Nosso Futuro Comum) deu origem a dois importantes conceitos formalizados oficialmente de Desenvolvimento Sustentado ou Sustentável e o da Nova Ordem Mundial.
1992
ONU Realiza-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, nasce a Agenda 21, e são aprovadas a Convenção sobre Alterações Climáticas, Convenção sobre Diversidade Biológica (Declaração do Rio), bem como a Declaração de Princípios sobre Florestas.
1993
ONU Ocorre o V Programa Ação Ambiente da União Europeia: Rumo a um Desenvolvimento Sustentável. Apresentação da nova estratégia da UE em matéria de ambiente e as ações a serem tomadas para alcançar um desenvolvimento sustentável para o período 1992-2000.
1994
ONU Primeira Conferência sobre Cidades Européias Sustentáveis. Aalborg (Dinamarca), de onde surgiu a Carta de Aalborg.

1996
ONU É realizada a Segunda Conferência sobre Cidades Européias Sustentáveis. Plano de Ação de Lisboa: da Carta à Ação.
Neste Plano de Ação é produzido uma Lista dos Objetivos do Milênio das Nações Unidas na sua sede em Nova Iorque.

1997
ONU É realizada a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Quioto, onde s estabelece o Protocolo de Quioto
1998 ONU É divulga um importante documento dos Indicadores de Desenvolvimento

1999 MEC È publicada a Lei numero 9795 sobre Educação Ambiental no Brasil
2000
ONU Após os três dias da Cimeira do Milênio de líderes mundiais na sede das Nações Unidas, a Assembléia Geral aprovou a Declaração do Milênio.

2002
ONU
Acontece a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +10), em Joanesburgo, onde reafirmou o desenvolvimento sustentável como o elemento central da agenda internacional e se deu um novo impulso à ação mundial para combater a pobreza assim como a proteção do ambiente
2004
ONU Ocorre a Sétima Reunião Ministerial da Conferência sobre Diversidade Biológica foi celebrado com a Declaração Kuala Lumpur, o que gerou descontentamento.
2004
ONU Na Conferência Aalborg +10 a Inspiração para o futuro é inaugurado e, ocorre um forte apelo a todos os governos locais e regionais da Europa para participar na assinatura do compromisso de Aalborg e fazerem parte da Campanha Européia das Cidades Sustentáveis.

2006
Comissão Européia para a EA

É divulgada a Comunicação da Comissão Européia ao Parlamento Europeu sobre a Estratégia temática sobre o ambiente urbano. É uma das sete estratégias do Sexto Programa de Ação Ambiental para o Ambiente da União Européia, desenvolvido com o objetivo de contribuir para uma melhor qualidade de vida através de uma abordagem integrada e centrada nas zonas urbanas e para tornar possível um elevado nível de qualidade de vida e bem-estar social para os cidadãos, proporcionando um ambiente em que níveis da poluição não têm efeitos adversos sobre a saúde humana e o ambiente assim como promover o desenvolvimento urbano sustentável.
2007
Comissão das Cidades Européias Sustentáveis Divulgada a Carta de Leipzig sobre as cidades européias sustentáveis.

2007
ONU Na Cimeira de Bali, tinha o intuito de criar um sucessor do Protocolo de Quioto, com metas mais ambiciosas e mais exigentes no que diz respeito às alterações climáticas.

2009
ONU Sai a publicação da Declaração de Gaia, que implanta o Condomínio da Terra no I Fórum Internacional do Condomínio da Terra.

Quadro adaptado de Dias (1994).

1.2. Um Breve Histórico da educação Ambiental no Brasil.

No Brasil no ano de 1976, na Universidade do Amazonas, Brasília, Campinas, São Carlos e no Instituto de Pesquisas Aéreas-INPE de São José dos Campos os primeiros cursos de pós-graduação em ecologia.
O Conselho Federal de Educação torna obrigatória a disciplina de Ciências Ambientais em cursos de Engenharia Sanitária em 1978. Neste mesmo período o Departamento de Ensino de Segundo Grau/MEC e a CETESB, publicam o documento "Ecologia: Uma Proposta para o Ensino de 1º e 2º graus.
Em 1985, o parecer Nº 819 reforça a necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos no currículo de ensino no 1º e 2º graus da rede de ensino, "integrados" a todas as áreas do conhecimento de forma sistematizada e progressiva, possibilitando a "formação da consciência ecológica do futuro cidadão".
O Plenário do CFE aprova por unanimidade "inclusão" da EA nos conteúdos eleitos nas propostas curriculares das escolas de 1º e 2º graus e, sugere ainda a criação de "Centros de Educação Ambiental".
Em 1988, com a promulgação da Carta Magna da Constituição Federal no caput. VI ao Meio Ambiente no Art. 225, inciso VI, determina que ao "...Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de Ensino..."
Através da Portaria 678/91 do Ministério da Educação e Cultura, determina que a educação escolar, deveria contemplar a EA, permeando todo o currículo por diferentes níveis e modalidades de ensino.
Em 1991 com a Portaria 242/MEC, cria de forma permanente um GT (Grupo de Trabalho de EA) para definir juntamente com as Secretarias Estaduais de EA as metas e estratégias para a implantação da EA no país. Cabe ainda a este GT elaborar uma proposta de atuação do MEC na área de educação formal e não-formal, o que daria o suporte do que seria corroborado 8 anos mais tarde no artigo segundo da lei 9.795/99.
Em seguida, o MEC promove em Jacarépaguá-RJ um Workshop com o objetivo de socializar resultados das experiências adquiridas nacional e internacionalmente em EA, tinha como objetivo segundo, discutir metodologias e currículos voltados ao programa de EA. Este workshop deu origem a Carta Brasileira de Educação Ambiental.
O MEC com a publicação da Portaria 773/93 corroborando o que foi descrito na Portaria 242/91 relacionada ao caráter permanente do GT de EA, seus objetivos, estratégias, metas, bem como concretiza as recomendações da Rio-92.
Em 1994, a Proposta do Programa Nacional de EA (PRONEA) que tinha como objetivo capacitar o sistema de educação formal e não-formal, supletivo e profissionalizante em seus diversos níveis e modalidades.
No CONAMA, em 1995 é criada a Câmara Técnica Temporária de EA determinante para o fortalecimento da EA que estabelece o Plano Plurianual de Governo entre os anos de 1996 a 1999. Outro papel importante era definir objetivos de promoção da EA através da divulgação e uso de conhecimentos sobre as tecnologias de gestão sustentável dos recursos naturais.
O Brasil apresenta em 1997 o documento conhecido como Declaração de Brasília para EA consolidado após a I Conferência Nacional de EA (CNEA) reconhece do a EA e a consciência pública foi enriquecida e reforçada pelas conferencias internacionais. Ele ainda se alinha aos planos de ação internacionais trazendo para a escala nacional em diversos níveis das sociedades civis organizadas como: as ONG?s, empresas, associações, comunidades e, assim por diante.
No Ano 1999, a ONU entre outras instituições e organizações internacionais elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN?s) com a temática "Convívio Social, Ética e Meio Ambiente". A dimensão ambiental é incorporada como "Tema Transversal" nos currículos do Ensino Fundamental e o MEC propõe o "PCN em Ação" atendendo as solicitações dos estados inserindo um dos "Temas Transversais para o ano 2000, o "Meio Ambiente".
No mesmo ano de 1999, é sancionada a Lei 9.794/99 que dispõe sobre a Lei de Educação Ambiental materializando legalmente todos os acordos internacionais para o meio ambiente, especialmente, após a Rio-92 e as orientações da Agenda21 a todos os brasileiros, como claramente determina o

"Art. 7º. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SiSNAMA, instituições educacionais
públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.(BRASIL, 1999).

1.3. Processo de Evolução dos Conceitos de EA e de Meio Ambiente.

Ao longo do engendramento geopolítico mundial, muitas foram os definições atribuídas a EA, que varia de acordo com os processos dinâmicos característicos de um determinado espaço e tempo, configurando em verdade, as multifaces deste conceito. Dias (1994) atribui ao conceito de EA volumes multifacetados variáveis que estariam pulsando, contorcendo-se, sofrendo dilatações e contrações contínuas como células vivas, construindo um "modelo de tecido celular" para compreender as diversas dimensões que compõem a acepção do conceito de EA.

Figura 1- Modelo de Tecido Celular

Fonte:Genebaldo Dias p.26 ? O Ambiente Total e seus aspectos.

Quando norteamos nossas ações apenas na dimensão ecológica incorremos no grave erro de compreendermos melhor as relações entre sociedade e o seu meio, além de uma aplicação efetiva entre a teoria e pratica do que entendemos por EA, isto é, se damos ênfase somente à ecologia do meio estaremos tendo uma idéia muito reducionista do que de fato de abarcar a questão ambiental.

"...tratar a questão ambiental abordando-se apenas um dos seus aspectos ? o ecológico ? seria praticar o mais ingênuo e primário reducionismo. Seria adotar o verde pelo verde, o ecologismo e desconsiderar de forma lamentável as raízes profundas das nossas mazelas ambientais, situadas nos modelos de desenvolvimento adotados sob a tutela dos credores internacionais". (Dias, 1994. P. 26).

Em face às variáveis multifacetadas da EA que encontramos uma grande dificuldade em chegar ao consenso quanto a sua definição e podemos elencar uma série deles com um número proporcional de autores como veremos a seguir.
Stapp et al.(1969 apud DIAS, 1994) definiu EA como um processo que deve objetivar a formação de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente biofísico seus problemas associados possam alertá-los e habilitá-los a resolver problemas. (p. 25).
Para IUCN (1972) a EA seria o processo de reconhecimento de valores e de esclarecimentos de conceitos que permitam o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para entender e apreciar as inter-relações entre o homem, sua cultura e seu ambiente biofísico circunjacente conforme descreve Dias (1994).
Mellowes (1972 apud DIAS, 1994) afirma que EA seria um processo no qual deveria ocorrer o desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio ambiente, baseado num completo e sensível entendimento do homem com o ambiente a sua volta, assim como outros. O que é importante compreendermos que os conceitos de EA estão associados ao conceito de meio ambiente e este, esta vinculado exclusivamente aos aspectos naturais descartando qualquer relação com os aspectos humanos.
A definição que melhor se enquadra as diversas variáveis do conceito aqui discutido, foi apresentado na Conferencia de Tbilise como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.
Em julho de 1991 foi elaborada uma nova versão apresentando bases conceituais da EA pela Comissão interministerial para a preparação da Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Técnica que assim sugere descritos ipsis literis logo a seguir:
A educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões socioeconômicas, política, cultural e histórica, não podendo basear-se em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio de cada país, região, e região sob uma nova perspectiva histórica. Assim sendo, a educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na satisfação material e espiritual na sociedade no presente e no futuro.
Para fazê-lo a educação ambiental deve capacitar ao pleno exercício da cidadania através da formação de uma base conceitual abrangente, técnica e culturalmente capaz de permitir a superação dos obstáculos à utilização sustentada do meio. O direito à informação e o acesso às tecnologias capazes de viabilizar o desenvolvimento sustentável constituem, assim, um dos pilares deste progresso de formação de uma nova consciência em nível planetário, sem perder a ótica local, regional e nacional. O desfio da Educação ambiental, neste particular, é o de criar bases para a compreensão holística da realidade.

Várias são as definições dadas à questão ambiental, mas o que é importante salientarmos, é a convergência de alguns aspectos dos muitos dos conceitos já apresentados sobre EA, se refere a sua natureza integradora e holística observada nos mais variados discursos e instituições, o que podemos considerar um grande avanço (grifo meu).








Quadro 2- Quadro Evolutivo da EA no Brasil.
Cronologia Autor(es) Contribuições
1976 Universidade do Amazonas, Brasília, Campinas, São Carlos e o Instituto de Pesquisas Aéreas-INPE de São José dos Campos Os primeiros Cursos de pós-graduação em Ecologia.

1978 Conselho Federal de Educação Torna obrigatória a disciplina de Ciências Ambientais em cursos de Engenharia Sanitária. Neste mesmo período o Departamento de Ensino de Segundo Grau/MEC e a CETESB, publicam o documento "Ecologia: Uma Proposta para o Ensino de 1º e 2º graus.

1985 CFE É publicado o parecer Nº 819 reforça a necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos no currículo de ensino no 1º e 2º graus da rede de ensino, "integrados" a todas as áreas do conhecimento de forma sistematizada e progressiva, possibilitando a "formação da consciência ecológica do futuro cidadão".

1985 CFE É aprovado pelo Conselho da CFE, por unanimidade a "inclusão" da EA nos conteúdos eleitos nas propostas curriculares das escolas de 1º e 2º graus e, sugere ainda a criação de "Centros de Educação Ambiental".

1988 Constituição Federal de 1988 Com a promulgação da Carta Magna da Constituição Federal no caput. VI ao Meio Ambiente no Art. 225, inciso VI, determina que ao "...Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de Ensino..."
Através da Portaria 678/91 do Ministério da Educação e Cultura, determina que a educação escolar, deve contemplar a EA, permeando todo o currículo por diferentes níveis e modalidades de ensino.

1991 MEC É publicada a Portaria 242, cria de forma permanente um GT (Grupo de Trabalho de EA) para definir juntamente com as Secretarias Estaduais de EA as metas e estratégias para a implantação da EA no país. Cabe ainda a este GT elaborar uma proposta de atuação do MEC na área de educação formal e não-formal, o que daria o suporte do que seria corroborado 8 anos mais tarde na lei 9.795/99.

1991 MEC Promove em Jacarépaguá-RJ um Workshop com o objetivo de socializar resultados das experiências adquiridas nacional e internacionalmente em EA, tinha como objetivo segundo, discutir metodologias e currículos voltados ao programa de EA. Este workshop deu origem a Carta Brasileira de Educação Ambiental.

1991 MEC Com a publicação da Portaria 773/93 corroborando o que foi descrito na Portaria 242/91 relacionada ao caráter permanente do GT de EA, seus objetivos, estratégias, metas, bem como concretiza as recomendações da Rio-92.

1994 Proposta do Programa Nacional de EA (PRONEA) Tinha como objetivo capacitar o sistema de educação formal e não-formal, supletivo e profissionalizante em seus diversos níveis e modalidades.

1995 CONAMA É criada a Câmara Técnica Temporária de EA determinante para o fortalecimento da EA que estabelece o Plano Plurianual de Governo entre os anos de 1996 a 1999. Outro papel importante era definir objetivos de promoção da EA através da divulgação e uso de conhecimentos sobre as tecnologias de gestão sustentável dos recursos naturais.

1997 Conferência Nacional de EA (CNEA) É apresentado um documento conhecido como Declaração de Brasília para EA consolidado após a I Conferência Nacional de EA (CNEA) reconhece a EA e a consciência pública foi enriquecida e reforçada pelas conferencias internacionais. Ele ainda se alinha aos planos de ação internacionais trazendo para a escala nacional em diversos níveis das sociedades civis organizadas como: as ONG?s, empresas, associações, comunidades e, assim por diante.

1999 ONU A ONU entre outras instituições e organizações internacionais elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN?s) com a temática "Convívio Social, Ética e Meio Ambiente". A dimensão ambiental é incorporada como "Tema Transversal" nos currículos do Ensino Fundamental e o MEC propõe o "PCN em Ação" atendendo as solicitações dos estados inserindo um dos "Temas Transversais para o ano 2000, o "Meio Ambiente".

1999 MEC É sancionada a Lei 9.794/99 que dispõe sobre a Lei de Educação Ambiental materializando legalmente todos os acordos internacionais para o meio ambiente, especialmente, após a Rio-92 e as orientações da Agenda 21 a todos os brasileiros.
Quadro adaptado de Dias (1994).




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Autor: Alex De Oliveira


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