Sou ladrão!



Ontem o Jornal nacional mostrou um flagrante bizarro de um ladrão cara-de-pau que roubava fios de cobre na ponte da Marginal Tietê. Como normalmente a gente se prende ao fato em si, que tal analisá-lo de uma forma um pouco mais profunda e realista? Não... não vou defender o ladrão, mas ver o fato sob outro ângulo. O da justiça dos mais e a dos menos iguais.

O ladrão de fios para o cinegrafista: "Sou ladrão, roubo cobre. Pode continuar filmando. Não roubo pai de família, só cobre. Depois manda meus 20% da imagem, viu?"

"Sou ladrão, roubo cobre"

Embora o que disse seja óbvio porque estava sendo filmado, o ladrão não negou. Teve inteligência e "honestidade" suficiente para admitir publicamente o óbvio: "Sou ladrão". Poderia ter dito que a mulher dele estava no hospital e ele desempregado, ou que morava numa comunidade pobre e que o filho do vizinho estava passando fome ou tinha uma doença incurável. Mas não... ele reconheceu: "Sou ladrão"!

"Pode continuar filmando"

Não agrediu o cinegrafista nem o(a) repórter e permitiu a sequência do trabalho dos profissionais. Não tapou a objetiva, não pediu "a fita" de volta e nem tentou destruir a câmera. E olha que ele estava com uma picareta na mão! Após ser flagrado e filmado, um delito a mais ou um a menos não faria a menor diferença se destruísse a prova do crime, dificultando o julgamento e transformando os jornalistas em meras testemunhas. Mas ele não agrediu e apenas falou: "Pode continuar filmando"!

"Não roubo pai de família, só cobre"

Raciocínio lógico dentro de sua visão limitada em relação ao todo e, como não paga impostos, não entende o que não dói no bolso. Para ele que o que está na rua é do governo rico e dos políticos; não é dele ou de outra pessoa em particular. Outra coisa... suou para arrancar o fio com uma picareta. Não bateu carteira ou roubou dinheiro fácil do velhinho aposentado desprevinido que saiu do banco. Ele "trabalhou" duro!

"Depois manda meus 20% da imagem, viu?"

Mostrou-se informadíssimo sobre os seus direitos de imagem e até do percentual de praxe. Afinal ele sabe que o mundo se arma cada vez mais de câmeras e conhece os seus "direitos". Conhecimento necessário para fazer o seu "trabalho" e aproveitar as oportunidades que aparecem enquanto corre os riscos da "profissão".

(IN)CONCLUSÃO

Não... não vou dizer que o ladrão está certo e transformá-lo em vítima da sociedade ou dos exemplos da política brasileira. Isso seria piegas e irracional demais. Depois de filmado e denunciado, esse ladrão já foi preso, será julgado e, provavelmente, condenado, respondendo pelo crime em algum presídio.

Vou apenas fazer uma pergunta com milhares de desdobramentos que dependerão da profundidade com que for analisada antes de ser respondida: "O que diferencia esse ladrão dos de colarinho branco e dos políticos que roubam o erário?"

Para que pensemos mais um pouco darei uma resposta inconclusiva: "O que diferencia é o fato de sermos implacáveis com ladrões de fios."

Fonte da matéria: G1: http://glo.bo/gOYAPw


Autor: José Cláudio Guimarães


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