Rios de mortes no Brasil e mundo



Edson Silva

Muita chuva e mortes. A história se repete há décadas em inícios de ano, infelizmente em quase todo o mundo e, nós brasileiros, temos acompanhado a situação grave no Rio de Janeiro de Jorge Benjor, poeta popular que escreveu que moramos num "... país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza...". Concordo em parte com a descrição, mas acrescento a questão: respeitando a natureza? Tudo bem que se tem registrado recordes e mais recordes em volume de chuva, mas salvo engano e que me corrija algum professor de física de plantão a presença de água no planeta não aumenta ou diminui, é cíclica, elevando-se para nuvens na evaporação e voltando para terra com a chuva na condensação.

O que existem são muitos fatores externos e provocados pelo homem, como desmatamento, ocupações irregulares, obstruções de cursos de águas, acúmulo de lixo, entre outros, que contribuem para problemas, como aquecimento global, o que desregularia o ciclo normal das águas no planeta e possivelmente se revertendo em tragédias com enchentes, encostas encharcadas desabando sobre imóveis construídos em áreas de riscos, como rotineiramente ocorre na região serrana do Rio, provocando centenas de mortes, deixando desaparecidos e inúmeros feridos.

Há também situações como a de Franco da Rocha (SP), onde, para evitar possível rompimento de barragem, a empresa responsável pelo abastecimento abriu comportas, alegando ter sido de maneira controlada e com aviso prévio para a população da área de risco, provocando enormes enchentes. Alguns moradores não deixaram o local na esperança de não ocorrer inundação ou por temerem abandonar lares à mercê de saqueadores, que aproveitam até situações graves como enchentes para pilharem outras pessoas (pensei usar a expressão "pilharem semelhantes", mas a comparação seria injusta para as vítimas).

Enfim, nós brasileiros, do Rio ou de São Paulo; outros seres humanos até do outro lado mundo, como os da Austrália, temos chorado os rios de mortes deixados pelas chuvas que especialistas logo atribuem ao terrível casal "La Niña e El Niño". Pior é que ainda estamos em janeiro, pleno verão, estação que, nos anos 70, outro carioca, o Jobim, previa se fechar com as águas de março.

Encerro com versos do paulistano Guilherme Arantes que, nos anos 80, descrevia nosso planeta Terra como planeta Água: "...Gotas de água da chuva/ Tão tristes, são lágrimas/ Na inundação.../ Águas que movem moinhos/ São as mesmas águas/ Que encharcam o chão/ E sempre voltam humildes/ Pro fundo da terra..."

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
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Autor: Edson Terto Da Silva


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