AS PERVERSAS CHUVAS DE VERÃO
Todos na peça sabiam da profecia, todos a viram serem cumprida, mas até que a situação estivesse em uma situação insuportável, todos agiam "como se" ela não existisse. Será que Jocasta não sabia que estava destinada a casar com um homem mais novo que seria seu filho? Édipo não sabia que mataria seu pai? Sim, todos sabiam, o que não impediu o destino de se cumprir. Mas todos agiram "como se" não soubessem. E essa seria para esses autores, a forma básica do pensar perverso ? agir "como se" a verdade não existisse.
E o que vemos hoje em relação às mortes com as chuvas é pura perversão.
Governo age como se não fosse sua responsabilidade fazer cumprir a lei de ocupação de solo. Como se não fosse sua obrigação retirar as famílias que invadem áreas de risco, não importando sua classe social. Como se não tivesse feito promessas na inundação do ano passado, e do outro, e do outro, etc ...
A população age como se não soubesse que construir casa ao lado de córregos e rios não fosse perigoso. Se espanta como se não soubesse que rios transbordam. Jogam lixeo indiscriminadamente como se esse lixo não retornasse na forma de inundações e doenças. Constroem casas em locais de risco como se isso não fosse de suas responsabilidades.
E no final tudo termina como no mito de Édipo. O governo nega tudo até não ter mais alternativa, a população se coloca no papel de vítima como o povo em Tebas. Por fim todos somos devorados pela Esfinge. E daqui algum tempo, tocaremos nossas vidas como se nada disso tivesse acontecido e não fosse acontecer novamente.
Autor: Ale Esclapes
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