Reflexão: Racismo no Brasil



SODRÉ, Rylton Marcus Alves. Prof.Esp.de História. Nova Olímpia/MT.

O branco é símbolo da divindade ou de Deus. O negro é o símbolo do espírito do mal e do demônio. O branco é o símbolo da luz... O negro é o símbolo das trevas, e as trevas exprimem simbolicamente o mal. O branco é o emblema da harmonia. O negro, o emblema do caos. O branco significa a beleza suprema. O negro, a feiúra. O branco significa a perfeição. O negro, significa o vício. O branco é o símbolo da inocência. O negro, da culpabilidade, do pecado ou da degradação moral. O branco, cor sublime, indica a felicidade. O negro, cor nefasta, indica a tristeza. O combate do bem contra o mal é indicado simbolicamente pela oposição do negro colocado perto do branco. (Cohen, 1980:307 apud Santos, 2002:5)

Frente às comparações acima, o resultado dessa construção histórica eurocêntrica foi o "espectro" do racismo e suas denominações, como o preconceito e discriminação racial, práticas que circulam no território brasileiro. Falam-se tanto nos livros didáticos de História do Brasil que a abolição da escravidão foi uma dádiva das elites brancas ou da Princesa Isabel, mas a pragmatização postulada está muito longe de ser evidenciada, pois a conquista da liberdade foi mérito dos negros, como nos lembra AZEVEDO (2004:144). Ainda sobre os livros didáticos, JÚNIOR (2007) salienta que o negro não é tratado como ser pensante, civilizado, humano, ou seja, como sujeito de uma história social; ele é tratado como o ser sem cultura, como coitadinho, submisso e bem ajustado às ordens do senhor. Essa forma de retratar o negro aumenta ainda mais o racismo, pois continua reafirmando as mesmas "verdades" construídas pela historiografia oficial. Outra situação que envolve o racismo também é levantado por Heringer (2002:57-65), ao enfatizar que "mais de um século depois da abolição da escravidão, o trabalho manual continua a ser o lugar reservado para o afro-descendente". Denuncia que os negros brasileiros tem feito pouco progresso na conquista de profissões de maior prestígio social, como as posições de poder político. Essa análise legitima que, no Brasil, apesar de ser considerado o país da "democracia racial", a realidade é outra. Em resumo, apesar do racismo ser considerado crime, pela Lei n. 7.716 de 5 de janeiro de 1989, ainda persiste as desigualdades, e que apesar dos programas que diz respeito às diferenças étnicas e raciais, não é possível afirmar que a sociedade brasileira abraçou o compromisso de erradicar as desigualdades raciais. A luta do afro-brasileiro na busca de uma sociedade mais justa e igualitária é contínua, e "aos estabelecimentos de ensino está sendo atribuída a responsabilidade de acabar com o modo falso e reduzido de tratar a contribuição dos africanos escravizados e de seus descendentes para a construção da nação brasileira." (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 2003:18). Fiscalizar é uma das alternativas para a possível erradicação racista!

Autor: Rylton Sodré


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