FATORES QUE LEVARAM ALUNOS A INGRESSAREM NA EJA NA ESCOLA ESTADUAL LOBO D?ALMADA BOA VISTA-RR



FATORES QUE LEVARAM ALUNOS A INGRESSAREM NA EJA NA ESCOLA ESTADUAL LOBO D?ALMADA BOA VISTA-RR

Raquel Oliveira das Neves1, Ivanir de Sousa Rodrigues1, Maria Zeny Pinto2, Paulo Marcos Ferreira da Silva2, Danielly Souza da Silva3.

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RESUMO

Países e pais que cuidam de suas crianças e adolescentes viabilizam seu futuro. Acaba sendo mais produtivo do ponto de vista social e fiscal prevenir do que remediar, investindo-se em educação. A escola enquanto instituição social tem diante de si como um de seus principais objetivos de construir o espírito de cidadania e desenvolver habilidades na preparação de um indivíduo para uma vida social atuante, principalmente, quando esta tem como alvos jovens e adultos que estão inseridos na sociedade. No entanto, vários estudos têm apontado aspectos sociais considerados como determinantes da evasão escolar, dentre eles, a desestruturação familiar, as políticas de governo, o desemprego, a escola e o próprio estudante, sem que, com isto, eximam a responsabilidade da escola no processo de exclusão do aluno do sistema educacional. Com base nessas informações, a presente pesquisa tem como objetivo identificar os fatores que levaram alunos da escola Lobo D?Almada a desistirem do ensino regular e ingressarem na EJA Foi realizado estudo bibliográfico sobre o tema em questão e para efetivação da pesquisa foram aplicado questionário a 50 alunos da referida escola. Os resultados apontaram que 82% já haviam freqüentado o ensino regular e a principal razão para ter desistido foi por necessidades financeiras, tendo que ingressar no mercado de trabalho precocemente e 40% por motivos pessoais. 30% apontaram que ingressaram na EJA por ter idade avançada para ingressar no ensino regular, Assim, é preciso que a escola conheça e reflita sobre os diferentes aspectos que permeiam no decorrer de suas atividades político-pedagógicas na tentativa de oferecer uma educação que venha atender, de fato, às necessidades do indivíduo e da sociedade e, principalmente superar o processo de evasão escolar que exclui principalmente os estudantes desfavorecidos socialmente.

Palavras Chaves: Evasão escolar, EJA, Educação.

INTRODUÇÃO

A evasão escolar está dentre os temas que historicamente faz parte dos debates e reflexões no âmbito da educação pública brasileira e que infelizmente, ainda ocupa até os dias atuais, espaço de relevância no cenário das políticas públicas e da educação em particular. Em face disto, as discussões acerca da evasão escolar, em parte, têm tomado como ponto central de debate o papel tanto da família quanto da escola em relação à vida escolar dos alunos (QUEIROZ, 2007).
A escola enquanto instituição social tem diante de si como um de seus principais objetivos construírem o espírito de cidadania e desenvolver habilidades na preparação de um indivíduo para uma vida social atuante, principalmente, quando esta tem como alvos jovens e adultos que estão inseridos na sociedade, muitas vezes de forma passiva, excluídos e considerados como analfabetos funcionais por não conseguirem agir de forma política, sem conseguir traçar objetivos coerentes e eficazes para atender as especificidades desta clientela.
É inquestionável a importância da educação na vida do ser humano, a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses. E, ainda, educação é formação do homem pela sociedade, ou seja, o processo pelo qual a sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de integrá-lo no modo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar os fins coletivos (PINTO, 1984).
Entretanto, faltam ao pai de família e ao jovem estudante brasileiro tomar ciência do poder transformador da educação em suas vidas, como os altos impactos exercidos sobre empregabilidade, salário e saúde. Precisamos, acima de tudo, que se informe a população sobre a importância da educação (NERI, 2008).
Assim sendo, "a educação é um fato social". E, como tal, deve ser por toda vida, e o conhecimento que se vai adquirindo é um passo fundamental na construção da liberdade das pessoas. O amor no ato de educar proporcionará a formação de seres que sonhem com uma sociedade humanizada, justa, verdadeira, alegre, com participação de todos nos benefícios para os quais se trabalha.
A evasão escolar na EJA pode ser registrada como um abandono por um tempo determinado ou não. Diversas razões de ordem social e principalmente econômica concorrem para a "evasão" escolar dentro da EJA, transpondo a sala de aula e indo além dos muros da escola. (CAMPOS, 2003)
Os motivos para o abandono escolar podem ser ilustrados quando o jovem e adulto deixam a escola para trabalhar; quando as condições de acesso e segurança são precárias; os horários são incompatíveis com as responsabilidades que se viram obrigados a assumir; evadem por motivo de vaga, de falta de professor, da falta de material didático; e também abandonam a escola por considerarem que a formação que recebem não se dá de forma significativa para eles (FONSECA, 2005).
Santos M. A. (2007) fez um estudo sobre a permanência de jovens e adultos no ambiente escolar. Ela afirma que é importante pensar o trabalho pedagógico da EJA de forma que o educando participe do desenvolvimento da sociedade. Sendo assim, nós, enquanto educadores têm a responsabilidade de criarmos uma dinâmica metodológica que atinja o interesse do educando, de maneira que a escola recupere seu objetivo social e supere o fracasso escolar, a repetência e a "evasão". A autora ainda considera que diversos são os fatores que interferem no cenário escolar em forma de repetência e "evasão", uma vez que ainda não há compreensão de que a função da escola não é somente ensinar ler e escrever.
Os fatores que causam evasão escolar são: a distância da escola; o cansaço do alfabetizando que trabalha o dia inteiro; a inadequação da sala de aula para jovens e adultos/ idoso, que muitas vezes não tem iluminação adequada; a ausência de um lanche a ser distribuído ao aluno que vem direto do trabalho para a escola; e o despreparo do corpo docente para trabalhar com a especificidade da EJA, pois, muitas vezes o professor não valoriza a experiência de vida que este aluno já traz consigo, como trabalhador, como adulto inserido num processo de produção (SANTOS, 2007).
Os jovens e adultos continuam vistos na ótica das carências escolares: não tiveram acesso, na infância e na adolescência, ao ensino fundamental, ou dele foram excluídos ou dele se evadiram; logo propiciemos uma segunda oportunidade. (ARROYO, 2006).
Assim, ao identificar tais aspectos, entende-se que é preciso se debruçar sobre eles, para que a escola conheça e reflita sobre os diferentes aspectos que permeiam no decorrer de suas atividades político-pedagógicas na tentativa de oferecer uma educação que venha atender, de fato, às necessidades do indivíduo e da sociedade e, principalmente superar o processo de evasão escolar que exclui principalmente alunos desfavorecidos socialmente (QUEIROZ, 2007) Mostrando que o conhecimento dos benefícios associados à decisão de um maior tempo de permanência na escola permitirá que a educação atrativa e de qualidade se coloque no topo das prioridades da sociedade civil e de todos os gestores (NERI, 2008).
O presente estudo caracteriza-se como descritivo, de caráter exploratório, no qual se busca a compreensão detalhada do assunto, permitindo uma maior visualização dos fatos. Trata-se de um estudo quantitativo, bem como qualitativo, visando uma compreensão aprofundada dos dados obtidos. Analisando-os desta maneira, está garantindo-se uma maior confiabilidade aos resultados. Para a realização deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão, com levantamento e revisão da literatura existente. A pesquisa de campo foi realizada com o intuito de identificar os fatores que levaram os alunos a abandonarem o ensino regular e ingressarem na EJA. Para efetivação da pesquisa foram feitas entrevistas com os discentes do ensino EJA. A amostra pesquisada incluiu 50 estudantes da escola Lobo D?Almada. Os questionários foram aplicados no mês Maio do ano 2009. Após, a realização das entrevistas, os dados foram tabulados, e a partir daí fez-se a analise do trabalho, que deu base à criação do resultado final.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Escola Estadual Lobo D?Almada, é mantida pela Secretaria de Educação, Cultura e Desporto. Com níveis de atendimento no ensino fundamental 5ª a 8ª série, EJA 1ª a 8ª série. Seu funcionamento segue a autorização oficial do decreto n° 06 de abril de 1945. Atendendo nos horários matutino, vespertino e noturno. O espaço físico da Escola Estadual Lobo D?Almada é constituída por salas de aula, secretaria, sala de direção, sala de supervisão, sala de informática, sala de orientação, sala de professor, sala de leitura, biblioteca, sala de vídeo, laboratório de ciências, sala de saúde, refeitório, copa, banheiros masculinos, banheiros femininos, depósitos, pátio e uma quadra, tendo a escola, estrutura para atender a clientela EJA. Entretanto, a proposta pedagógica da Escola Estadual Lobo D?Almada encontra-se fundamentada no principio de que conhecimento e valores morais são aprendidos através de uma construção interior desencadeada pela interação do aluno com o meio ambiente e não pela memorização de elementos externos. Desta forma, a proposta compreende as diretrizes da ação pedagógica, visando ao compromisso com os alunos, num sentido de desenvolvimento pleno e consciente.
Dos 50 alunos investigados da instituição de ensino, 44% são masculinos e 56% feminino. Quando questionados se já haviam freqüentado o ensino regular, 82% afirmaram que sim. Percebendo que a maioria dos entrevistados já havia freqüentado o ensino regular, logo, indagamos o porquê da desistência, 22% falaram gravidez, 22% trabalho, 16% porque a escola não oferecia merenda e 40% dos investigados por outros motivos pessoais (figura 1). Este resultado concorda com FONSECA (2002) quando o mesmo afirma que o trabalho é um dos fatores para o abandono escolar.
Para compreendermos a razão dos investigados optarem pelo ensino EJA, questionamos da seguinte forma: que motivos os levaram a ingressar na EJA. Com isso 12% falaram que não tiveram oportunidade de estudar no ensino regular, 30% por ter idade avançada, 30% para se qualificar para o mercado de trabalho e 28% alegaram outros motivos (figura 2). Nota-se que prevalência está entre idade avançada e qualificação para o mercado de trabalho, afirmando assim, que a EJA é uma opção adulta, também segundo FONSECA (2005) é uma luta pessoal, muitas vezes penosa, quase árdua. Entretanto justifica-se cada dificuldade, cada esforço e cada conquista.
Verificamos que 64% afirmaram que ingressaram na EJA pela primeira vez (figura 3).
O trabalho pedagógico da EJA é um fator importante, enquanto educadores temos que criarmos uma dinâmica metodológica que atinja o interesse do educando, de forma que a escola recupere seu objetivo social e supere o fracasso escolar, a repetência e a evasão (Santos, 2007). Nota-se que o trabalho pedagógico dispensado no ensino EJA da escola Lobo D?Almada está sendo fundamental, pois 90% afirmaram a satisfação (figura 4).
Para contribuirmos com conhecimento dos alunos, perguntamos que tema eles gostariam ter mais conhecimento, Obtivemos que 12% optaram por drogas, 12% gravidez, 48% meio ambiente 24% DST e apenas 4% outros. Logo, apresentamos o tema de maior aceitação para ciência da direção, a qual sugeriu que levássemos temas relacionados a drogas, por perceber-se a utilização de entorpecentes/drogas nas dependências da escola, o qual foi aceito.
A palestra foi realizada no dia primeiro de junho, tendo como palestrante um profissional que trabalha em uma entidade filantrópica de clínica de dependentes químicos de Boa Vista, onde discorreu o tema em questão para aproximadamente 100 estudantes do ensino EJA.
Ao final da palestra distribuímos questionários para conhecer o grau de satisfação dos alunos sobre o tema, onde se percebeu que 98% afirmaram o contentamento.


REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel. Uma escola para jovens e adultos. Conferência ? Reflexão sobre a Educação de Jovens e Adultos na perspectiva da proposta de Reorganização e Reorientação curricular, SP, 2003.
ARROYO, M. Educação de Jovens e Adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: GIOVANETTI, Maria Amélia, GOMES, Nilma Lino e SOARES, Leôncio (Orgs.). Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2006, p.19-50.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei Federal nº 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Constituição, 1998. Constituição da República Federativa do Brasil: Senado
Federal, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Proposta Curricular para a Educação de
Jovens e Adultos. Brasília, 2002.
CAMPOS, E. L. F.; OLIVEIRA D. A. A Infrequência dos alunos adultos trabalhadores, em processo de alfabetização, na Universidade Federal de Minas Gerais. 2003. Dissertação (Mestrado em Educação) ? Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003.
FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis. Educação Matemática de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
FONSECA, Maria da Conceição F.R. Educação Matemática de Jovem e Adulto ? 2a. edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia, 2007. NÉRI, M. Motivos da evasão, 2008.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação. São Paulo: ANPED ? Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Educação, n. 12, 1999, p. 59-73. PINTO, Álvaro Vieira. Sete Lições sobre Educação de Adultos. 2ª ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1984.
QUEIROZ, C.A. & RAMOS, E.E. de Lima. Possibilidades Interdisciplinares de Física e Matemática com o uso de Método Experimental em Turmas do PROEJA/CEFET-SC. Monografia (Especialização em PROEJA) ? Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina ? Florianópolis. 2007.
SANTOS, G. L. Quando adultos voltam para a escola: o delicado equilíbrio para obter êxito na tentativa de elevação da escolaridade. In: SOARES, Leôncio (Org.). Aprendendo com a diferença ? estudos e pesquisas em educação de jovens e adultos. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2003, p.11-38.
SANTOS, G. L.; SOARES, L. J. G. Educação ainda que tardia a exclusão da escola e a reinserção em um programa de educação de jovens e adultos entre adultos das camadas populares. 2001. Dissertação (Mestrado em Educação) ? Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.
SANTOS, M. A. M. T., A produção do sucesso na educação de jovens e adultos: o caso de uma escola pública em Brazlândia. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação) ? Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.5 de outubro 1988.
SILVA, Margarete Fátima Pauletto Sales. Práticas de leitura e letramento na EJA, 2002.


































Autor: Raquel Oliveira Das Neves


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