Vida precisa-se, urgente!



Vida precisa-se, urgente!



Eu entrei nesta vida com a viva sensação de que cheguei tarde demais, perdi o começo e como tal, perdi o fio à meada.
Nasci no último dia do ano, depois da "limpeza da casa", e do "dar de comer ao porco"(como me explicou a minha mãe).
Sou de uma geração privilegiada, escapei ao trabalho do campo e também não consegui estudar.
Não tenho orgulho nenhum em tudo isto, tento é transformar algo de profundamente desagradável em algo de minimamente suportável (há quem lhe chame humor).
Nasci porque fui obrigada, porque se me deixassem escolher, provavelmente, não tinha nascido.
Mas enfim, fui andando por aí descansada durante estes anos (tenho 49 anos), até que me apercebi de que quando se nasce, não se sabe nada da vida!
E pronto chegamos aqui, não sabemos de onde vimos, para onde vamos. Chegamos de mãos a abanar, sem moradas, sem cartas de recomendação. Houve sempre uma coisa que eu soube fazer: eu sempre soube pensar.
Mas pensei tanto que cheguei a uma conclusão, para se ter paz interior o melhor mesmo é, não pensar!
Como não consegui deixar de pensar e tanta paz interior já se tomava insuportável, decidi continuar a pensar.
Outra coisa de que cheguei à conclusão é que o melhor é não falar muito dos seus problemas. Porque os problemas ou nos tomam interessantes aos olhos dos outros, ou os fazem fugir.
Então o melhor é ter uma lista de problemas que interessem às pessoas.
O que está muito na moda é ter tido problemas na infância.
Uma depressão também não está mal. Mas uma depressão que não dure muito tempo, senão perde logo a graça.
Enfim o que gostaria de dizer com esta conversa toda é que se fosse hoje não teria atrapalhado a minha vida com uma espécie de fatalismo bem português que parece estar a mudar, com esta nova geração.
Nesta vida o sentido de humor é fundamental, um pouco de autocrítica, e sobretudo acreditar em si próprio!


Autor: Edite Dias Correia


Artigos Relacionados


Mãe

A Realidade Da Saudade

Dr. Salut Ii

Essa Caminhada

Incógnita

Singela Homenagem.

Perdas E Ganhos