Sondagens Arqueológicas de Diagnóstico em Sobreiras 1 (CNS 11775), Portimão, no âmbito da Construção do «Complexo Desportivo e Residencial Barranco do Rodrigo»



Introdução

O presente Documento visa dar a conhecer os resultados da intervenção arqueológica realizada sob a forma de sondagens de diagnóstico em Sobreiras 1, em Portimão.
Os trabalhos arqueológicos realizados encontravam-se previstos no Caderno de Encargos da Empreitada de Construção do Complexo Desportivo e Residencial do Barranco do Rodrigo cujo Dono de Obra, e Empreiteiro executante, é a Lena Engenharia e Construção.
Os mesmos foram realizados de forma a verificar a existência de níveis de ocupação in situ, tendo em consideração que o Sítio Sobreiras 1, cadastrado com o CNS 11775, se trata de uma casa em taipa, actualmente em ruínas, junto às quais se encontravam cantarias características de época Moderna.
Na eventualidade dessa identificação, os trabalhos arqueológicos tinham, ainda, por objectivos a caracterização e a integração crono-cultural do contexto em estudo, bem como a avaliação do seu potencial científico e estado de conservação.
A intervenção, da responsabilidade científica da Signatária, conjuntamente com C. Aniceto, foi efectivada em campo entre os dias 29 de Setembro e 7 de Outubro de 2009.


Enquadramento Legal

Os trabalhos arqueológicos fizeram cumprir a Legislação Nacional em vigor. A saber:

? Lei nº 13/85, de 6 de Julho - Lei do Património Cultural Português (Antiga);
? Decreto-Lei nº 270/99, de 15 de Julho - Regulamento de Trabalhos Arqueológicos;
? Lei nº 19/2000, de 10 de Agosto - Alteração à Lei nº 13/85 de 6 de Julho e ao Decreto-Lei nº 164/97 de 27 de Junho;
? Decreto-Lei nº 287/2000, de 10 de Novembro - Alteração ao Decreto-Lei nº 270/99 de 15 de Julho.


Antecedentes

O Sítio designado de Sobreiras 1, cadastrado com o CNS 11775, foi identificado em 1997 no decorrer das prospecções realizadas no âmbito do Plano Geral de Urbanização da UP1 ? Vau/Vale da França, Portimão (1997), da responsabilidade do Arqtº Mário Varela Gomes .
A essa data foram recolhidos pequenos fragmentos cerâmicos datáveis do século XVII.
Em 2007, no âmbito do Plano de Pormenor do Barranco do Rodrigo ? Portimão, é levado a cabo um novo programa de prospecções arqueológicas na área, de modo à verificação do estado dos Sítios anteriormente identificados, reconhecer no terreno os indícios toponímicos e fisiográficos relacionáveis com a ocupação humana do local .
De acordo com o descrito na Situação de Referência do referido Plano, o terreno prospectado encontrava-se maioritariamente com um bom nível de observação do solo, apesar de algumas áreas apresentarem más condições de visibilidade, nomeadamente a zona Sudoeste devido à densidade da vegetação rasteira bem como as áreas juntos aos caminhos existentes, resultante da deposição de entulhos proveniente de obras .
Na ficha de identificação e caracterização do Património Arqueológico e Arquitectónico nº 01, referente a Sobreiras 1, é descrito que nas recentes prospecções não foi possível observar nenhum espólio associado à ocupação desta habitação, visto o derrube das paredes de taipa, bem como os vários entulhos recentemente depositados junto da casa, impedirem uma observação mais rigorosa dos vestígios .
Acerca da casa refere-se que se encontra em ruínas, e que a mesma é composta por dois compartimentos de planta rectangular, cujas paredes são construídas em taipa; que possui dois contrafortes de alvenaria na fachada Este, localizados entre a porta principal, que originalmente possuía cantarias com os característicos chanfres em uso nos séculos XV/XVI. Actualmente as cantarias encontram-se derrubadas e dispostas junto da porta .
Tendo em consideração a gestão do Património, e de forma a garantir a sua salvaguarda, foram preconizadas medidas de minimização específicas para esse Sítio:
? Trabalhos Arqueológicos Preventivos ? sondagens de diagnóstico, a implantar na zona de maior concentração de vestígios (a realizar previamente à execução da obra), com o objectivo de comprovar a existência de contextos arqueológicos conservados. Tais trabalhos deverão garantir o registo e a salvaguarda de eventuais vestígios arqueológicos e/ou arquitectónicos.
Deverá ser realizado um levantamento topográfico do imóvel, e dos seus paramentos ainda conservados, com diferenciação dos diversos materiais de construção presentes (alvenaria, taipa, adobe?) e eventuais cantarias embutidas, bem como o registo fotográfico do conjunto edificado, de cada uma das paredes e da totalidade dos pormenores arquitectónicos, em momento anterior à sua demolição.
Os trabalhos arqueológicos de que, pelo presente, se dá conhecimento, foram autorizados pelo IGESPAR (Refª 2007/1(605)) no âmbito das suas competências e atribuições, em 17 de Setembro de 2009 (07685) .

Enquadramento Geral

O Sítio Sobreiras 1 localiza-se na freguesia e concelho de Portimão, distrito de Faro, no Barlavento Algarvio.
Encontra-se cartografado na carta Militar de Portugal nº 603, à escala 1/25 000 (Serviços Cartográficos do Exército, 1978).
As suas coordenadas são: Latitude ? 37704.1650-37696.7160 / Longitude ? 281086.5060-281095.6860.
Na ficha de identificação e caracterização do Património Arqueológico e Arquitectónico nº 01, referente a Sobreiras 1, os vestígios diversos são descritos como sendo pertencentes a uma casa em ruínas composta por dois compartimentos de planta rectangular, cujas paredes são construídas em taipa. Possui dois contrafortes de alvenaria na fachada Este, localizados entre a porta principal, que originalmente possuía cantarias com os característicos chanfres em uso nos séculos XV/XVI. Actualmente as cantarias encontram-se derrubadas e dispostas junto da porta.
Aquando das prospecções realizadas no âmbito do Plano de Urbanização da Unidade Operativa Vau/Vale França ? UP 1 foram recolhidos pequenos fragmentos cerâmicos inseridos cronologicamente no século XVII.
Nas recentes prospecções não foi possível observar nenhum espólio associado à ocupação desta habitação, visto o derrube das paredes de taipa, bem como os vários entulhos recentemente depositados junto da casa, impedirem uma observação mais rigorosa dos vestígios .


Enquadramento Físico e Geo-Morfológico

Tal como atrás já referimos, o Sítio Sobreiras 1 localiza-se na freguesia e concelho de Portimão, distrito de Faro.
Fisicamente encontra-se inserido num terraço marítimo, numa zona de Charneira entre o mar e a serra onde, uma série de recursos naturais, se encontram disponíveis. Essas características viriam a condicionar as actividades das comunidades que aí, ao longo dos tempos, se fixaram.
Regionalmente, insere-se numa zona de topografia suave e reduzidos declives que, segundo a Carta Geológica de Portugal, folha 52 A ? Portimão (à escala 1/50 000), datam do Pliocénico.
Esses terrenos caracterizam-se por sucessões de areias vermelhas, subjacentes às quais ocorrem rochas carbonatadas fortemente carsificadas pertencentes à Formação Carbonatada de Lagos-Portimão, datada do Miocénico.
Assim, e em traços gerais, poderá dizer-se que, do ponto-de-vista geomorfológico, o Sítio insere-se numa área correspondente a um terraço litoral, com abundantes linhas de água que vão desaguar à Praia do Vau; e que, naquilo que concerne à geologia, integra-se numa zona de formações calcárias miocénicas e depósitos arenosos plio-plistocénicos e holocénicos.

Enquadramento Histórico-Arqueológico

Na área em estudo, os vestígios mais antigos datam do Paleolítico. Trata-se de jazidas localizadas em terraços marítimos, dos quais são exemplo Alvor 3 (CNS 18629), Pedregais (CNS 18632), Boião 1 (CNS 18630), João Arens (CNS 18631) e Vau 1 (CNS 11780). Os materiais aí recolhidos constituem-se por indústria lítica talhada.
O Neolítico encontra-se bem representado na área em questão, sendo de salientar os sítios com ocupação deste período: Alvor (CNS 7219) e nas suas imediações, em Grajão (CNS 18633). Em zona próxima destacam-se os sítios de Sobreiras 5 (CNS 18691), Vau 1 (CNS 11780) e o menir de Vale França 2 (CNS 2738).
As referências a um hipogeu escavado no calcário, a sul de Portimão, localizado na Quinta do Amparo (CNS 18699) revelam a ocupação durante o Calcolítico. Aí foram recolhidos dois machados de pedra polida.
Crono-culturalmente este Sítio poderá relacionar-se com Sobreiras 2 (CNS 11776) onde, durante prospecções realizadas em 1997, foram recolhidos uma laje de calcário considerado como exógeno e um pequeno ídolo-cilíndrico de calcite. Em 2007, durante um novo programa de prospecções, foram recolhidos um núcleo de sílex e um fragmento de pedra polida.
Da Idade do Bronze são a necrópole de cistas de Vale França (CNS 18702), assim como uma outra localizada na actual área urbana de Portimão (CNS 6424), de onde foram recolhidos um vaso e material osteológico.
Naquilo que concerne à ocupação do actual território de Portimão, e em particular da área em estudo, durante a Idade do Ferro, as informações são escassas havendo, contudo, a salientar a ocupação sidérica da Vila Velha de Alvor (CNS 6182), datável do século III/II a.C..
Comprovantes da romanização deste espaço são os abundantes vestígios desse período: área urbana, e imediações, de Portimão e Alvor, que seriam centros populacionais com alguma dimensão àquela época, e que, certamente, se articulariam com as várias villae identificadas na área, das quais salientamos a villa de Montemar (CNS 2753) e Torre (CNS 18716).
Sobre a ocupação Medieval dos centros urbanos, ou áreas rurais, do actual território de Portimão pouco se conhece. No entanto, ressalva-se a existência de uma pequena fortificação no Alvor (CNS 5290), da qual ainda sobrevivem parte da alcáçova e panos de muralha.
Em 1463, no reinado de D. Afonso V, nasce Vila Nova de Portimão, que cresce rapidamente graças ao comércio internacional, dinamizado pela navegação na costa africana.
Nos finais do século XV assiste-se ao desenvolvimento das suas comunidades. Dessa altura datam o amuralhamento de Portimão, bem como a construção da Igreja Matriz de Portimão e a Igreja de Nossa Senhora do Verde.
Esse desenvolvimento generalizou-se a partir do século XVI, época à qual remonta, possivelmente, a fundação da maioria dos centros populacionais e templos religiosos conhecidos à actualidade.
Desse período datam, para além de Sobreiras 1, a casa rural de Bemposta 2 (CNS 11722) e a de Sobreiras 3 (CNS 11777).
0 terramoto de 1755 abala a vida e economia da região, que só mostra sinais de recuperação nos finais do século XIX, com o desenvolvimento do comércio, e exportação, de frutos secos, da pesca, da actividade moageira e da indústria de conserva de peixe.
Em forma de resumo, e tal como já atrás tivemos oportunidade de referir, a localização do actual território de Portimão - localizado na margem direita do rio Arade; virado para o mar; localização geográfica privilegiada -, permitiu uma série de características que foram fortes condicionantes à fixação de comunidades ao longo dos tempos.
Fortemente vocacionada para a vertente marítima, a sua actividade económica centrou-se na pesca, salinicultura, indústria de conservas de peixe e construção naval, comércio de produtos rurais e da bacia do Arade (frutos secos, como a alfarroba, o figo e a amêndoa), madeira, cortiça, entre outros. No último quartel do século passado a actividade económica passa a ser fortemente marcada pelo turismo.
A sua ocupação desde tempos remotos encontra-se bem documentada: desde a importante necrópole neolítica de Alcalar e de Monte Canelas, ao povoado da Idade do Ferro de Vila Velha do Alvor; aos vários vestígios da presença romana, e exploração dos recursos naturais da região durante esse período (espólio recuperado do fundo do rio Arade e zonas costeiras do município; ânforas, numismas, tanques de salga de peixe, cisternas e restos de outros edifícios em Vale da Arrancada, Montemar, Baralha, e a reconhecida villa da Abicada), e aos furtuitos testemunhos da presença islâmica nesta região (pormenores arquitectónicos como as chaminés e as noras; a construção em taipa; a cal branca nas paredes).

Sondagens Arqueológicas de Diagnóstico
Metodologia

A intervenção arqueológica adoptou, como metodologia, o proposto por Edward Harris (Harris; 1991), de remoção de camadas por ordem inversa à sua deposição natural, com definição de unidades estratigráficas.
Às diferentes realidades diferenciáveis observadas foi atribuída uma unidade de registo (Unidade Estratigráfica), descrita em ficha própria (Ficha de Unidade Estratigráfica).
Foram efectuados os concomitantes registos escrito, gráfico (desenhado à escala 1:20) e fotográfico.
O registo gráfico das realidades observadas foi efectuado com as correspondentes coordenadas X, Y e Z.
O registo fotográfico incidiu nas diversas fases da intervenção, o mais exaustivamente possível.
Para além de todo o trabalho de campo foi, ainda, levado a cabo uma pesquisa bibliográfica da especialidade, assim como outras consultas entendidas por necessárias ao estudo em causa, assim como bases de dados institucionais.

Objectivos

As sondagens de diagnóstico foram realizadas nos pressupostos de permitir determinar a existência, e grau de conservação, de contextos arqueológicos e eventuais sequências de ocupação, bem assim como permitir integrar crono-culturalmente os vestígios arqueológicos através do estudo das realidades observadas e dos materiais exumados no decorrer da intervenção.
Os trabalhos objectivavam, ainda, avaliar o valor patrimonial, e científico, dos eventuais contextos arqueológicos existentes, de forma a determinar as medidas mais apropriadas para protecção/minimização de impactes resultantes da implementação do Projecto.

Sondagens Arqueológicas de Diagnóstico

A intervenção arqueológica, sob forma de sondagens de diagnóstico, foi realizada entre os dias 29 de Setembro e 7 de Outubro de 2009.
Antes do início dos trabalhos de campo foi realizada uma reunião no local, na qual estiveram presentes a Drª Vera Freitas e mais dois Técnicos do Museu Municipal de Portimão (Câmara Municipal de Portimão), os Técnicos que efectivaram as sondagens (Arqueóloga Raquel Raposo e Técnico Mário Gonçalves) e o Engº António Mira, da Lena, Engenharia e Construção, que se fez acompanhar pelo Encarregado Geral da Obra.
Nessa reunião, e atendendo às especificidades do local, foi preconizada uma alteração ao programa de sondagens inicialmente proposto ao IGESPAR ? ao nível das suas dimensões e localização.
O programa de sondagens foi alterado de acordo com a reunião havida, tendo sido implementado o que, aí, se acordou: numa 1ª fase realizar as sondagens nº 1, 2, 3, 4 e 5 e, após a demolição das ruínas, de forma à correcta avaliação do potencial científico do Sítio, proceder à abertura das restantes (sondagens nº 6 e 7 ? a realizar no interior da casa).
Previamente ao início dos trabalhos de abertura da sondagem 3 procedeu-se à trasladação das cantarias existentes à entrada da porta principal para local de depósito temporário cedido pelo Empreiteiro (contentor no estaleiro), com recurso a trabalhadores indiferenciados e máquina para seu transporte, cedidos pelo Empreiteiro.
De acordo com as informações transmitidas pela Drª Vera Freitas aquando da reunião, tais elementos arquitectónicos deverão ser alvo de trabalhos de conservação e restauro na Câmara Municipal de Portimão, tendo em consideração o acordo entre esta Entidade e a Lena, Engenharia e Construção.
Precedeu a esta acção o levantamento topográfico das ruínas, e seus pormenores arquitectónicos, conforme medidas de minimização estipuladas pelo Plano de Pormenor.

Sondagem 1

Sondagem de 2x2 mts.
No decurso da sua escavação foram observadas duas unidades estratigráficas:
UE 01 ? Camada de terra vegetal, de coloração castanha, com intrusão de restos orgânicos (raízes e bolbos).
Esta camada apresenta pouca potência estratigráfica (+/- 25 cms).
Cobre a UE 02.
UE 02 ? Camada Geológica, composta por silte, de características argilosas, de coloração amarela.
Não foram exumados materiais, revelando-se a sondagem estéril do ponto-de-vista arqueológico.

Sondagem 2

Sondagem de 2x2 mts.
No decurso da sua escavação foram observadas três unidades estratigráficas:
UE 01 ? Camada de terra vegetal, de coloração castanha, com intrusão de restos orgânicos (raízes e bolbos).
Esta camada apresenta pouca potência estratigráfica (+/- 34 cms).
Cobre a UE 02.
UE 02 ? Camada Geológica, composta por silte, de características argilosas, de coloração amarela.
UE 03 ? Camada Geológica. Fina intrusão caracterizada por areia quartzosa de coloração vermelha.
Esta UE somente foi observada no quadrante Oeste.
Não foram exumados materiais, revelando-se a sondagem estéril do ponto-de-vista arqueológico.

Sondagem 3

Sondagem de 2x2 mts.
No decurso da sua escavação foram observadas três unidades estratigráficas:
UE 01 ? Camada de terra, proveniente de aterro. Apresenta-se pouco compacta e com algum material de construção recente (p. ex. fragmentos de azulejos, etc.), proveniente do aterro de entulhos de obras de construção.
Esta camada apresenta pouca potência estratigráfica (+/- 30 cms).
Cobre a UE 02.
UE 02 ? Fina camada de terra, pouco homogénea, de características argilosas, de coloração amarelo torrado.
Apresenta pouca potência estratigráfica (+/- 8 cms).
Cobre a UE 03.
UE 03 ? Camada Geológica, composta por areia quartzosa de coloração vermelha.
Esta sondagem revelou-se estéril do ponto-de-vista arqueológico, uma vez que o espólio aí recolhido se trata de entulhos de obras de construção, aí despejados há alguns anos.

Sondagem 4

Sondagem de 2x2 mts.
No decurso da sua escavação foram observadas duas unidades estratigráficas:
UE 01 ? Camada de terra vegetal, de coloração castanha, com intrusão de restos orgânicos.
Esta camada apresenta pouca potência estratigráfica (+/- 30 cms).
Cobre a UE 02.
UE 02 ? Camada Geológica, composta por areia quartzosa de coloração vermelha.
Esta sondagem revelou-se estéril do ponto-de-vista arqueológico.

Sondagem 5

Sondagem de 2x2 mts.
No decurso da sua escavação foram observadas duas unidades estratigráficas:
UE 01 ? Camada de terra vegetal, de coloração castanha, com intrusão de restos orgânicos.
Esta camada apresenta pouca potência estratigráfica (+/- 25 cms).
Cobre a UE 02.
UE 02 ? Camada Geológica, composta por silte, de características argilosas, de coloração amarela.
Esta sondagem revelou-se estéril do ponto-de-vista arqueológico.

Por motivos da suspensão do projecto não foram realizadas as sondagens nºs 6 e 7, cuja suposta realização seria no interior da casa, após a sua demolição.
Caso o Projecto venha a retomar os trabalhos poderão ser realizados pela presente Equipa, ou não; por esse motivo se apresenta o presente Relatório Final da intervenção efectuada sob a nossa direcção.


Considerações Finais

O Sítio designado de Sobreiras 1, cadastrado com o CNS 11775, foi identificado em 1997 no decorrer das prospecções realizadas no âmbito do Plano Geral de Urbanização da UP1 ? Vau/Vale da França, Portimão (1997), da responsabilidade do Arqtº Mário Varela Gomes .
A essa data foram recolhidos pequenos fragmentos cerâmicos datáveis do século XVII.
Em 2007, no âmbito do Plano de Pormenor do Barranco do Rodrigo ? Portimão, é levado a cabo um novo programa de prospecções arqueológicas na área.
Na ficha de identificação e caracterização do Património Arqueológico e Arquitectónico nº 01, referente a Sobreiras 1, é descrito que nas recentes prospecções não foi possível observar nenhum espólio associado à ocupação desta habitação, visto o derrube das paredes de taipa, bem como os vários entulhos recentemente depositados junto da casa, impedirem uma observação mais rigorosa dos vestígios .
As sondagens de diagnóstico, previstas no caderno de encargos da Empreitada, foram realizadas nos pressupostos de permitir determinar a existência, e grau de conservação, de contextos arqueológicos e eventuais sequências de ocupação, bem assim como permitir integrar crono-culturalmente os vestígios arqueológicos através do estudo das realidades observadas e dos materiais exumados no decorrer da intervenção.
Os trabalhos objectivaram, ainda, avaliar o valor patrimonial, e científico, dos eventuais contextos arqueológicos existentes, de forma a determinar as medidas mais apropriadas para protecção/minimização de impactes resultantes da implementação do Projecto.
A intervenção arqueológica, cujo programa de sondagens fez cumprir o acordado no decurso da reunião havida no local, adoptou, como metodologia, o proposto por Edward Harris (Harris; 1991).
Realizadas entre os dias 29 de Setembro e 7 de Outubro de 2009, as sondagens não permitiram identificar contextos arqueológicos, tendo sido observada pouca potência estratigráfica de terreno natural.
Assim, realizadas as sondagens nº 1, 2, 3, 4 e 5, e não se tendo identificado vestígios/contextos arqueológicos, considera-se cumprida a primeira fase de medidas de minimização preconizadas.
Tal como anteriormente referido,após a demolição das ruínas, de forma à correcta avaliação do potencial científico do Sítio, deveria proceder-se à abertura das restantes sondagens (nº 6 e 7), no interior da casa. No entanto, por motivos da suspensão do Projecto, as mesmas não chegaram a ser concretizadas.

Bibliografia

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Carta Geológica de Portugal (1:50.000): Notícia Explicativa da Folha 52 ? A ? Portimão, 1983.
GOMES, Mário Varela, "Caracterização Arqueológica". Plano de Urbanização da Unidade Operativa Vau / Vale França ?UP 1, Atelier Arquitecto Nuno Santos Pinheiro, Lda, 1998.
GOMES, Mário Varela, GOMES, Rosa Varela, Levantamento Arquitectónico ? Bibliográfico do Algarve, Delegação Regional do Sul da Secretaria de Estado de Cultura, 1988, Faro.
MARQUES, Teresa (Coord.), Carta Arqueológica de Portugal: concelhos de Portimão, Lagoa, Silves, Albufeira, Loulé e S. Brás de Alportel, Secretaria de Estado da Cultura / Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, Vol. 1, 1992, Lisboa.
MARQUES, Mª da Graça Maia, "Vestígios Arqueológicos no Concelho de Portimão. Subsídios para a carta arqueológica do concelho", in 4º Congresso do Algarve. Textos das Comunicações, Racal Clube de Silves, 1986, pp. 55-60.
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SANTOS, Mª L. Estácio Veiga A., Arqueologia Romana do Algarve. Subsídios, A.A.P., 1971-72, Lisboa.
SANTOS, Mª L. Estácio Veiga A., "Alguns aspectos da Arqueologia Romana do Algarve", Anais do Município de Faro, nº VI, 1976, Faro.
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VEIGA, Estácio da, "Antiguidades Monumentais do Algarve. Capítulo IV", O Arqueólogo Português, Vol. X, M.N.A., 1905, Lisboa, pp. 107-118.
VEIGA, Estácio da, "Antiguidades Monumentais do Algarve. Capítulo V. Tempos históricos", O Arqueólogo Português, Vol. XV, M.N.A., 1910,Lisboa, pp. 29-44.
VENTURA, Mª da Graça Mateus, MARQUES, Mª da Graça Maia, Portimão, Ed. Presença, 1993, Lisboa.
VIEIRA, P. José Gonçalves, Memória Monográfica de Portimão, ed. Facsimile do original de 1911 ? Memoria monographica da Villa Nova de Portimão, 1996, Portimão.

Outros
www.ipa.min-cultura.pt

www.wikipedia.pt

Nota: Este texto faz parte integrante do Relatório Final apresentado ao IGESPAR. O referido documento encontra-se aprovado.
Autor: Raquel Caçote Raposo


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