TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E SUAS DEFINIÇÕES



Kelli Miranda Ferreira
([email protected])
Psicologia Clinica

Resumo
O presente artigo apresenta definições, caracteristicas e revisão histórica, sobre trantorno de personalidade borderline, num contexto psiquiátrico, psicanalítico e psicopatológico.
O termo Borderline tambem conhecido "Limitrofe" faz alusão à "linha da Borda" a condição emocional "Fronteriça", entre a neurose e a psicose.
A personalidade borderline é um grave transtorno mental com um padrão característico de instabilidade na regulação do afeto, no controle de impulsos, nos relacionamentos interpessoais e na imagem se sí mesmo.
Atualmente a problematica sobre o diagnóstico borderline se da por existir um grande conjunto de sintomas que se assemelham entre si, o que tem dificultado a identificação do diagnóstico correto.
Em suma o artigo busca favorecer ao leitor uma forma simplifica a compreenção do tema TPB (Transtorno de Personalidade Bordeline) tendo em vista melhor entendimento deste fenomeno.

Palavras-chave: Definições. Transtorno de bordeline. Limítrofe.


Introdução
O transtorno de personalidade Borderline vem sendo abordado como uma psicopatologia moderna, sendo inserida no DSM - lV- Manual de Diagnostico e Estatística das Doenças Mentais (1980) e no CID - 10 - Classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados com a saúde (1992). Ao longo do tempo, variações conceituais foram sendo desenvolvidas desde as definidas Philippe Pinel, que em 1908 relatou um sério distúrbio de comportamento, que chamou de "mania sem delírio". (BEDANI, 2002).
A definição do Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado por um padrão difuso de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto- imagem, afetos e acentuada impulsividade, começando no inicio da idade adulta e presente em uma variedade de contextos. Ele ocorre em 2% a 3% da população geral e é, de longe, o transtorno da personalidade mais comum em contextos clínicos. Estima-se que ocorra em 11% das populações com transtorno de personalidade não hospitalizadas, 19% das populações hospitalizadas e 27% a 63% das populações com transtorno de personalidade. Ela parece ocorrer aproximadamente três vezes mais em mulheres do que em homens. (KAPLAN & SADOCK (1965) apud HEGENBERG, 2000).
A denominação "casos ? limite ou limítrofe" é uma expressão utilizada na maioria das vezes para designar um conjunto de sintomas psicopatológicos situados no limite entre a neurose e psicose, com principal enfoque em esquizofrenias latentes que apresentam uma sintomatologia de feição neurótica. (LAPLANCHE & PONTALIS, 1967).
Kernerber (1989) delimita o que ele chama de "organização borderline de personalidade", salientando que esta designação inclui um numero maior de pacientes do DSM III-R e cobre um nível de patologia de caráter que inclui a maior parte dos casos de personalidade infantil ou histriônica e narcisista, praticamente todas as personalidades esquizóide, paranóide, ?como se?, hipomaníaca e todas personalidades anti-sociais.
Já na década de 90 as estruturas do transtorno são descritas, utilizando-se do termo estruturas virtuais. A investigação do "funcionamento fronteiriço", na AWRB - Associação Wilhelm Reich do Brasil (1997), fundamentou-se em quatro pilares:

a) no estudo da totalidade da obra de Reich,
b) na aplicação consistente do método reichiano de pensamento e pesquisa (o Funcionalismo Orgonômico),
c) em uma prática clínica centrada na metodologia terapêutica desenvolvida por Reich (o trabalho sistemático com as defesas) e
d) em estudos antropológicos e da teoria da arte. (CAMARGO,1990).

A clínica se amplia intervindo nas situações de vida do paciente, indo da interpretação ao manejo, do simbólico ao uso de medicamentos, como auxiliares no tratamento desse tipo de paciente. O pensamento em apresentar um entendimento psicodinâmico acerca da psicopatologia dos pacientes Borderline, discorrendo sob o enfoque de diversos teóricos, que fundamentaram características e nomenclaturas para tal transtorno de personalidade, numa visão ampla e por meio de um resgate histórico e evolutivo do conceito.

Como estrutura fronteiriça entre a neurose e a psicose, o transtorno de personalidade Borderline tende a desfilar inúmeros sintomas, muitas vezes opostos entre si sob o ponto de vista das hipóteses diagnosticas, levando à incerteza e abordagens equivocadas tanto na intervenção psicoterapêutica como nas prescrições medicamentosas.

A busca da compreensão, parte das diferentes nomenclaturas e discussões de teóricos sobre o tema, para um diagnóstico preciso. Pois, um diagnostico impreciso pode influir drasticamente na adequação das intervenções, bem como em ultima análise, na duração e na intensidade do sofrimento do paciente.

1 Evolução histórica do transtorno de personalidade borderline

Em 1801, Philippe Pinel relatou um sério distúrbio de comportamento, em que os pacientes eram completamente tomados por um "instinto furioso" e uma "sanguinária crueldade", mas não manifestaram qualquer disfunção no plano intelectual. Vitimas de "insanidade" que os devastava afetivamente, mantinham perfeitas e intactas, entretanto, suas capacidades intelectuais. A isso, Pinel deu o nome de "mania sem delírio". (PINEL, 1801, apud BEDANI, 2002)
Em 1835 o psiquiatra inglês James C. Prichard descreveu um grupo de pacientes que manifestava uma "violência incontrolável" na qual a capacidade de autocontrole estava ausente ou danificada. Tratava-se, de uma insanidade moral, pois tais pacientes apresentavam uma "perversão mórbida" nas esferas dos valores éticos, dos sentimentos e dos humores. No entanto, a insanidade ou loucura moral, tal qual a mania sem delírio, não provocava alterações cognitivas ou manifestações delirantes os pacientes falavam ou raciocinam sobre qualquer assunto que se propõe a eles. (PRICHARD, 1835, apud CAMPBELL, 1986)
Em 1986 foi apresentada uma análise detalhada em pacientes hebefrênicos, ficando a hebefrenia, caracterizada por "?afeto bobo, pueril?, com manifestações de alterações comportamentais graves e desagregação progressiva do pensamento. (DALGALARRONDO, 1996)
Em 1884, Kahlbaum fez menção a um outro grupo de pacientes, descrevendo com detalhes em 1890: denominou o grupo de adolescentes hebóides, como jovens viciados, instáveis, caprichosos e sujeitos à cólera. Enquanto os hebefrênicos manifestavam sintomas evidentes de loucura, os jovens hebóides apresentavam alterações, em âmbitos das relações sociais e da personalidade, através de flutuações abruptas do humor e do comportamento. (KAHLBAUN 1890, apud, BEDANI, 2002).
O psiquiatra inglês C. Hugues utilizou, em 1884, o termo borderline para definir um grupo de indivíduos que oscilavam entre os limites da demência e da normalidade. Denominou que, o estado fronteiriço (borderline) da loucura compreende um grande número de pessoas que passam a vida toda próximos desta linha, tanto de um lado como de outro. (HUGUES, 1884, apud DALGALARRONDO, 1996).
Surge em 1921, os temperamentos esquizóides e ciclicóides . Os "ciclóides" teriam uma vida afetiva marcada por uma sobreposição ou oscilação entre a hipomania (comportamento fogoso, sanguíneo, explosivo) e a melancolia (comportamento meditabundo, conformado, profundamente triste); contudo, seriam pessoas muito afetivas, raramente irritadiças ou anti-sociais. Os indivíduos esquizóides, por sua vez, estariam entre a excitabilidade (temperamento ultra-sensível, nervoso, magoado) e a apatia (frieza, sentimento de que há uma placa de vidro que o separa do mundo, embotamento afetivo). Ao contrário dos ciclóides, os indivíduos esquizóides apresentavam características como ensimesmamento, tendência extrema a timidez, impassíveis e apáticos podendo ser frios em seus modos, tiranos ou, ainda, indolentes, inertes ou irônicos, internamente hipersensíveis buscam a solidão para se envolverem em sua própria alma, sérios sem ressonância evidente para a tristeza ou alegria, e em perpétuo conflito psíquico.
Notou-se que nem todos os esquizóides caminhavam para a uma psicose declarada, para uma séria "enfermidade da mente". (KRESTSCHMER, 1954).
Em 1925, o psicanalista, Wilhelm Reich, apresentou uma ampla investigação sobre o funcionamento do caráter impulsivo. Reich caracterizou-os como indivíduos que se entregam sem freios aos próprios impulsos, que funcionam de modo associal e que complicam e destroem, sistematicamente, a própria existência. Concluiu que em determinados indivíduos, as exigências impulsivas eram difusas, não eram dirigidas a objetos específicos, não estavam ligadas a situações determinadas, freqüentemente variavam em natureza e intensidade e eram totalmente dependentes das condições do meio. (REICH, 2009).
O psicanalista Stern em 1938 fez referência às neuroses borderline, uma patologia que se caracteriza por narcisismo doentio, "hemorragia psíquica" (termo utilizado para descrever a impossibilidade de controle), hipersensibilidade, reações terapêuticas negativas, sentimentos de inferioridade (ancorados constitucionalmente e fincados profundamente na personalidade), masoquismo, rigidez psíquica e física, estado de profunda insegurança orgânica e intensa ansiedade, uso de mecanismos projetivos e dificuldade no teste de realidade. ( STERN, 1938, apud PAZ, 1976).
Em 1940, Fairbairn, define os "fatores esquizóides da personalidade", apresentando três características fundamentais para o individuo esquizóide: uma atitude de onipotência, uma atitude de isolamento e desapego e uma preocupação com a realidade interior. (FAIRBAIN, 1940).
A psicanalista H. Deutsch expôs, em 1942, suas conclusões a respeito das personalidades como se (as if). Os indivíduos "como se" não manifestariam calor afetivo e suas expressões emocionais seriam formais, semelhantes às de "um ator tecnicamente bem treinado, mas a quem falta algo da vida real". As personalidades "como se", apesar de parecerem muito bem ajustadas à realidade, funcionariam, na verdade, como "camaleões humanos" que imitam e se identificam passivamente com o meio ambiente, manifestando uma contínua disposição em adotar as atitudes ou reações que se esperam deles. O indivíduo não teria, portanto, desenvolvido uma personalidade unificada e singular, mas sim, uma personalidade múltipla e volúvel mudando de comportamento de acordo com seu momento. (DEUTSCH, 1942, apud CAMPBELL, 1986).
Em 1949, Hoch e Polatin propuseram o termo esquizofrenia pseudoneurótica para designar uma condição psicopatológica específica, caracterizada pela combinação de "pan-neurose", "pan-ansiedade" e transtornos persuasivos da esfera sexual, sintomas esses associados a formas brandas de sintomas propriamente esquizofrênicos. (HOCH E POLATIN 1949, apud DALGALARRONDO, 1996).
Robert Knight apresentou em 1953, um estudo sobre os estados borderlines, utilizando essa expressão para classificar pacientes "muito comprometidos psiquicamente, mas que não podem ser considerados como autênticos psicóticos." (Campbell, 1986).

2 Contribuição psicanalítica na compreenção do transtorno borderline

Em 1931 Freud já reconhecia no "Os tipos libidinosos", a existência de um tipo "narcísico", que não pertence nem às estruturas psicóticas nem às estruturas neuróticas. Ele o descreve como dotado de um sobre-eu incompleto constituído, trabalhado por um forte ideal do eu, marcado pela utilização importante de mecanismos de clivagem e de denegação, construído em resposta a fortes frustrações afetivas vividas durante a infância. Ele descreve este tipo como intolerante às frustrações, predisposto à psicose ou aos distúrbios ditos hoje geniosos ou perversos.
A psicose para Freud é fortemente organizada por um sistema de defesa utilizando os mecanismos de clivagem, dissociação, projeção e identificação projetiva. Essa estrutura funciona, à margem da realidade, recusando-a segundo um processo primário de descarga imediata de excitação (princípio de prazer) excluindo a percepção e o reconhecimento do outro (libido narcísica contra libido do objeto).
Freud (1931/1974) denomina a neurose fortemente organizada por um sistema defensivo utilizando principalmente a coibição pulsional. O conflito não está com a percepção da realidade exterior (o princípio da realidade está integrada) mas sim com a aceitação das pulsões pessoais (conflito entre o eu e as pulsões). Aqui as duas estruturas de base são definidas pela permanência e a relativa rigidez dos mecanismos que as constituem: modo de constituição do eu, tratamento das pulsões e das suas representações, papel das instâncias reguladoras e proibitivas, grau de evolução libidinosa, tipo de relação objetal, equilíbrio dos investimentos narcísicos e objetais, variedade do laço com a realidade, dialética entre princípio de prazer e princípio de realidade.
O tipo narcísico ou "estado-limite" em uma organização intermediária que não apresenta nem a solidez nem a rigidez dessas duas estruturas. Ela constitui, um arranjo narcísico instável, mantido à custa de múltiplas formações reacionais, podendo dar a aparência de uma "hipernormalidade" escondendo de fato uma hipersensibilidade ao abandono, à depressão, à perda de segurança, à frágil confiança em si mesmo e à auto-estima instável. (FREUD, 1931/1974)
Freud não se ocupou do borderline, mas diversos outros psicanalistas o fizeram, inclusive tomando por base algumas de suas contribuições teóricas. A histérica freudiana do fim do século XIX deu lugar ao borderline de hoje, enquanto preocupação teórica e clinica. Freud esbarrou em várias questões de diversas ordens e não se aprofundou na questão borderline "preferindo" permanecer com a histeria e a castração, embora tenha mencionado a importância do apoio e da relação anaclítica, do entorno familiar e de outras questões pertinentes do ao borderline. Uma das questões complicadas para Freud entender o borderline é que este se encontra imerso na relação com o outro, dependente dele, angustiado com separações, necessitando de uma relação a dois, precisando encontrar um analista presente enquanto ele mesmo. Apesar de precisar de limites, o borderline não está demandando castração, mas um encontro com um analista que existe como pessoa, e não apenas enquanto qualidade transferencial, concepção esta mais próxima da de Winnicott do que da de Freud. (FREUD, 1931, apud HEGENBERG, 2000).
Para Laplanche (1967), "A designação ?relação de objeto? encontra-se ocasionalmente na pena de Freud; embora seja incorreto dizer, como já houve quem dissesse, que Freud a ignora, podemos garantidamente afirmar que ela não faz parte do seu aparelho conceitual".
As razões pelas quais Freud negligenciou o objeto são, devidas em parte a preconceitos de ordem pessoal. Freud não gostava muito da clínica e da pratica psicanalítica. Bem, a teoria das relações objetais é forjada na pratica psicanalítica e sobre a análise da transferência. (GREEN, 1999).
A "organização borderline de personalidade" inclui um numero maior de pacientes que a categoria de distúrbio de personalidade borderline do DSM lll-R e cobre um nível de patologia de caráter que inclui a maior parte dos casos de personalidade infantil ou histriônica e narcisista, praticamente, ?como se?, hipomaníaca e todas as personalidades anti-sociais. Kernenberg baseia-se em três critérios estruturais para seu diagnostico de "organização borderline da personalidade: difusão da personalidade, nível de operações defensivas e capacidade de teste da realidade. Ele aponta que o borderline também se mostra com características secundarias, tais como fraqueza do ego (falta de controle do impulso, falta de tolerância a frustração a ansiedade e falta de canais desenvolvido de sublimação), na patologia do superego (sistemas de valores imaturos, exigências morais internas contraditórias ou, até mesmo, características anti-sociais) e nas relações objetais crônicas e caóticas, que são uma conseqüência direta da difusão de identidade e da predominância de operações defensivas primitivas. (KERNBERG, 1989).
Para Jacques Lacan, as estruturas são três neurótica, psicótica e perversa, todas elas vinculadas a castração. Na neurose, a castração esta relacionada como recalque; na psicose, com forculação; e na perversão, com a recusa. Para o lacaniano, "não existe" o transtorno de personalidade borderline a tendência seria considerá-lo uma histeria grave ou perverso. (Hengenberg, 2000, p. 37).
Segundo Winnicott, relacionar-se pode ser com um objeto subjetivo, ao passo que ao usar implica que o objeto faz parte da realidade externa. Pode-se observar a seqüência: 1. O sujeito se relaciona com o objeto; 2. O objeto esta em processo de ser colocado no mundo do sujeito; 3. O sujeito destrói o objeto; 4. O objeto sobrevive à destruição; 5. O sujeito pode usar o objeto.É na análise do caso do tipo fronteiriço que se tem a oportunidade de observar os delicados fenômenos que apontam para a compreensão dos estados esquizofrênicos. A expressão caso fronteiriço significa o tipo de caso em que o cerne do distúrbio do paciente é psicótico, mas onde o paciente está de posse de uma organização psiconeurótica suficiente para apresentar uma psiconeurose, ou um distúrbio psicossomático, quando a ansiedade central psicótica ameaça irromper de forma crua. (WINNICOT, 1969).
Para Anzieu (1985) em O Eu - pele, e depois de Bick (1968), formulou uma teoria dos "envelopes psíquicos" e das suas patologias. Anzieu parte da hipótese que toda atividade psíquica se baseia numa função biológica (a pele), e que a criança, a partir de sua experiência da superfície do corpo se representa enquanto eu delimitado por um "eu - pele" capaz de delimitar seus conteúdos psíquicos. A pele sendo a dupla face, uma interior e uma exterior, a patologia do estado-limite consistiria em uma torção das faces produzindo uma confusão interior/exterior.

3 Criterios diagnósticos para o transtorno de personalidade borderline

Embora todas estas classificações que foram citadas acabem funcionando como uma amarra às questões diagnósticas quando estamos na frente da prática clínica, refletimos na necessidade de uma linguagem comum, que possa nos permitir falar dos mesmos processos e fenômenos, seja como compreensão psicopatológica e estabelecimento de um diagnóstico, seja no que se refere à pesquisa clínica.
Hoje, o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline está presente tanto na classificação psiquiátrica da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV) quanto na classificação da Organização Mundial da Saúde, a Classificação Internacional das Doenças, 10a edição (CID-10), como veremos a seguir.

3.1 Transtorno de personalidade borderline, segundo o CID ? 10

A Classificação Internacional de Doenças - Volume 10 da Organização Mundial da Saúde divide o transtorno de personalidade emocionalmente instável (Código: F60.3) em dois subtipos: o tipo impulsivo e o tipo borderline.

F60.30 ? Tipo Impulsivo
1. O critério geral de transtorno de personalidade deve ser alcançado.
2. Pelo menos três dos seguintes sintomas abaixo devem estar presentes; é obrigatória a presença do sintoma B:
A. Tendência em agir impulsivamente e sem consideração com as conseqüências; B. Tendência a ter um comportamento briguento e entrar em conflito com os outros, especialmente quando os atos violentos são contrariados ou criticados; C. Tendência a explosões de ira e violência, com incapacidade de controlar os resultados subseqüentes; D. Dificuldade em manter qualquer ação que não ofereça recompensa imediata; E. Humor instável e caprichoso. Também é conhecido como Transtorno de Personalidade Explosivo e Agressivo.

F60.31 ? Tipo Borderline

1. O critério geral de transtorno de personalidade deve ser alcançado.
2. Pelo menos três dos sintomas mencionados no critério 2. do Tipo Impulsivo (F60.30) devem estar presentes. Em adição, pelo menos dois dos sintomas abaixo devem estar presentes: A. Perturbações e incertezas sobre a auto-imagem, metas, preferências internas (incluindo sexualidade); B. Tendência a se envolver em relações intensas e instáveis, sempre levando a crises emocionais; C. Esforços excessivos para se evitar abandono; D. Atos ou ameaças recorrentes de autolesão ou suicídio; E. Sentimentos crônicos de vazio.

3.2 Transtorno de personalidade borderline, segundo aos critérios do DSM - IV

A última versão do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (DSM-IV-TR) - o guia americano amplamente usado por médicos à procura de um diagnóstico de doenças mentais ? define o TPL (código do DSM-IV-TR: 301.83) como: "um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos". Um diagnóstico de TPL requer cinco dos nove critérios listados no DSM e que os mesmos estejam presentes por um significante período de tempo.
Os critérios são:
1. Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. [Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5].
2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self (si mesmo).
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias como drogas e bebidas, direção imprudente, comer compulsivamente, roubo compulsivo e patológico, entre outros.). [Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5].
5. Recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.
6. Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por ex, episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e raramente mais de alguns dias).
7. Sentimentos crônicos de vazio.
8. Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex, demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes).
9. Ideação paranóide transitória (por ex, sentir-se perseguido) e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos (por ex, a despersonalização e processos amnésicos intensos).

Considerações Finais

No que tange o compreendimento do transtorno de Personalidade Borderline e por todos os dados relacionados TPB é uma patologia onde o individuo sofre de distúrbios que afetam praticamente todas as áreas da estrutura e personalidade. Por conseguinte para se compreender o Transtorno de personalidade Borderline, faz-se necessário verificar características já existentes sobre o transtorno.
Sendo assim pode se afirmar que as características já abordadas em 1801 servem como base para consolidação de um possível diagnostico e tratamento do TPB. Independente da opção teórica que partamos para avaliar as definições do borderline sempre encontraremos características como: suas capacidades danificadas de identificação, empatia, de experimentar e controlar emoções, de ter idéias, valores e objetivos na vida, de estabelecer relações de objeto seguras e duradouras, de sentir prazer vital, de ter sentimentos profundos, de sublimar frustrações, de trabalhar e construir. Com estes danos não é difícil de justificar a sua despersonalização.
A sua incapacidade para experimentar emoções e sofrimentos genuínos resulta freqüentemente em reações histeriformes e escandalosas, que são formas de ostentação de sentimentos que gostaria de ter, mas não tem. Ele é anti-social, hostil e negativista que por diversas vezes causa perturbações nos outros.
Para o terapeuta o tratamento do paciente PTB é um desafio, por ser uma patologia nova e apresentar semelhanças dentro de outros quadros patológicos. Para que isso seja possível é imprescindível conhecer as diferenças e semelhanças de um quadro psicótico e um quadro neurótico, sendo o "borderline" limítrofe.
Com base nas teorias analisadas pode-se dizer que um paciente Histérico necessita aprender a lidar com a castração e o "não" pode ser dito inicio da analise, já com o paciente Borderline também se faz necessário o limite para que ele tenha sentimento de apoio, mas deve haver cuidado já que pode entendido como um sentimento de rejeição e falta de apoio por parte do terapeuta. A característica base para a histérica na terapia é a disputa, enquanto para o Borderline é a de apoio, é necessário um conjunto de sintomas para um processo terapêutico ideal.
Todos os termos citados para borderline no corpo do artigo estão relacionados a autores psiquiatras e psicanalistas que contribuíram, para o compreendimento do PTB, embora o transtorno de personalidade borderline pareça esta longe de ser uma patologia com causas e tratamentos bem definidos, conclui-se que a maioria dos os transtornos de ordem psíquica passaram por uma longo processo de compreendimento e hoje apresentam causas e tratamentos definidos, no que se refere ao Transtorno de Personalidade Borderline não será diferente.



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Autor: Kelli Kelli Miranda Ferreira


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