A influência da pesquisa política nos resultados das eleições



A INFLUÊNCIA DA PESQUISA POLÍTICA NO RESULTADO DA ELEIÇÃO





DOUGLAS BELANDA
Advogado inscrito na OAB/SP sob nº 271.000, pós-graduado em Direito Constitucional e Política pela FMU/SP, MBA em Gestão Executiva de Empresas e Advogado Gestor do Jurídico Cível Indenizatório ? Estados SP e MG do Grupo Santander Brasil S.A.




















SÃO PAULO
2011




RESUMO



A idéia é estudar a influência que as pesquisas políticas trazem ao pleito eleitoral, englobando a história da pesquisa política e eleição no Brasil, bem como o processo evolutivo da mesma até o século XXI, sendo que o principal aspecto a ser abordado é se as respectivas pesquisas eleitorais influenciam os eleitores, bem como a população em geral no momento de votar.

Tal estudo é de grande importância, analisando o fato de ainda existir em nosso país pessoas com pouco discernimento e que podem ser facilmente influenciadas pelos meios de comunicação ou mesmo por uma campanha política com alto incentivo financeiro, trazendo insegurança política ao pleito eleitoral.

PALAVRA CHAVE: direito eleitoral - eleição ? pesquisa política ? população.



ABSTRACT



The idea is to study the influence that research policies bring the electoral dispute, encompassing the history of research policy and election in Brazil, as well as the evolutionary process of the same until the 21st century, and the main thing to be addressed is whether their electoral influence voters searches, as well as the general population at the time of voting.

Such a study is of great importance, analyzing the fact still exists in our country people with poor judgment and that may be easily influenced by the media or even by a political campaign with high financial incentive, bringing insecurity electoral dispute policy.

KEY WORD: electoral law - election ? politics search ? population.

























SUMÁRIO



INTRODUÇÃO 5

1 SISTEMA ELEITORAL NO BRASIL E SUA CRIAÇÃO 7

2 SURGIMENTO DA PRIMEIRA PESQUISA POLÍTICA NO BRASIL 10

3 MODO DE REALIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DAS PESQUISAS POLÍTICAS 12

4 PESQUISA EFETUADA SOBRE A REAL INFLUÊNCIA DA PESQUISA POLÍTICA NAS ELEIÇÕES 16

CONCLUSÃO 18

BIBLIOGRAFIA 21





INTRODUÇÃO



A Constituição Brasileira de 1988 possui uma ampla assimilação de direitos políticos, culturais, civis, sociais e econômicos bem como um conjunto de garantias constitucionais e, em seu art. 1º, inciso V, parágrafo único, diz:

"Art. 1.º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos


............................................................................


V - o pluralismo político.

Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição." (Constituição Federal)


Assim sendo, observamos por meio da Constituição Federal que o Brasil é um país predominantemente democrático, o qual permite a participação popular por intermédio do voto no fenômeno eleitoral que é a possibilidade da escolha dos representantes do povo através das eleições.

Surgida na Grécia Antiga, a democracia era observada em Atenas onde grande parte das deliberações eram adotadas diretamente pelos cidadãos participando na Ágora de Reuniões da Assembléia do Povo. Existem atualmente muitas definições de democracia, todas elas, contudo, envolvendo a idéia de participação do povo nas decisões do governo.

Deste modo, partindo do pressuposto que a eleição é o modo pelo qual são eleitos os representantes do povo e que no Brasil a democracia existente é a semi-direta, a qual nada mais é que a democracia representativa com a possibilidade de, em certas ocasiões, o povo poder participar diretamente das decisões políticas e poder propor leis, iremos estudar o impacto que uma pesquisa política traz no resultado das eleições, e analisar principalmente o fato de a mesma influenciar ou não os eleitores brasileiros na medida em que o nosso território ainda é pobre e possui cidadãos desinformados, podendo ser facilmente influenciados por sufrágio ou algo do gênero.

Este trabalho irá expor, no primeiro capítulo, o histórico da criação do Sistema Eleitoral no Brasil; já, no segundo capítulo, irá dissertar sobre a primeira pesquisa política efetuada no Brasil. No terceiro capítulo estão localizadas informações gerais sobre o modo de realização e divulgação das pesquisas políticas. No quarto capítulo, consecutivamente, está apresentada a influência que a pesquisa política causa nas eleições.




















1 SISTEMA ELEITORAL NO BRASIL E SUA CRIAÇÃO



Eleição é um processo sucessivo de atos e formalidades de natureza diversa, que tem como finalidade a formação da vontade eleitoral, resultante na designação e na conversão em mandatos, de conformidade com o sistema eleitoral adotado.

Destarte, a eleição é o instrumento por excelência de escolha daqueles a quem é atribuído o exercício do poder político na democracia. São procedimentos técnicos para a designação de pessoas para um cargo ou para a formação de assembléias. Pressupõe um corpo eleitoral, candidaturas formalmente habilitadas para o recebimento dos votos, regras claras e precisas que preservem a igualdade na disputa. No Brasil, a habilitação é feita perante a Justiça Eleitoral, após examinar o preenchimento dos requisitos de elegibilidade pelo cidadão interessado em submeter seu nome à apreciação dos eleitores. Para alguns, as eleições são técnicas ou procedimentos de seleção dos dirigentes políticos.

Desde o descobrimento, no Brasil houve somente eleições para os conselhos ou câmaras das cidades. Algumas, como as de Salvador, Rio, São Luís e São Paulo receberam o título de "Senado da Câmara". Estas câmaras eram compostas por vereadores e aglutinavam funções legislativas, administrativas e judiciárias. Os vereadores eram escolhidos para mandatos em geral de três anos. Só podiam ser eleitos os homens bons. Homens bons, conforme definição da época, eram os nobres de linhagem e seus descendentes; os senhores de engenho, a alta burocracia civil militar e seus descendentes. A esse grupo, se juntavam os "homens novos", burgueses que o comércio enriquecera.
Para se inteirar, os partidos políticos no Brasil têm sua origem nas disputas entre duas famílias paulistas, a dos Pires e a dos Camargos. Verdadeiros bandos, com o uso da força e da violência, eles formaram os primeiros grupos políticos rivais. A expressão "partido político" só passou a constar nos textos legais a partir da Segunda República. Até então, só se falava em "grupos".
Admitiram-se durante muito tempo candidaturas avulsas, porque os partidos não detinham a exclusividade da indicação daqueles que iriam concorrer às eleições, o que só ocorreu após a edição do Decreto-Lei n.º 7.586, que deu aos partidos o monopólio da indicação dos candidatos. Em 1821, através de um decreto, D. João VI convocava as primeiras eleições para a escolha de representantes do Reino do Brasil e domínios ultramarinos às Cortes de Lisboa. Era mais liberal e ampliava o corpo eleitoral, porém excluía as mulheres e os escravos.
A primeira Constituição da República, de 1891, consagrou a eleição direta para escolha dos integrantes do Legislativo. Mesmo garantindo a preservação da minoria, manteve o princípio majoritário já adotado no Império, o qual somente foi substituído pelo sistema proporcional de votação com a vigência do CE de 1932. A eleição do Presidente, simultaneamente com a do Vice-Presidente, era direta. Se nenhum dos candidatos obtivesse maioria absoluta, o Congresso, por maioria dos votos presentes, elegia um dentre os mais votados na eleição direta (art. 47, parágrafo 1º e 2º, CF de 1891).
Outrossim, a eleição nos dias atuais é resguardada pela Justiça Eleitoral, que é formada pelo Tribunal Superior Eleitoral; por um Tribunal Regional em cada estado, no Distrito Federal e nos territórios; pelos juízes e pelas juntas eleitorais. Esses órgãos têm sua composição e competência estabelecidas pelo Código Eleitoral, juntamente com a lei nº 9.504 de 1997.
Todavia, o TSE está sediado na capital da República e os TRE`s nas capitais dos estados, no DF e territórios. Em 22 de abril de 1960, um dia após sua transferência para a capital federal, o TSE instalou-se na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, onde funcionou até 1971, quando passou a ocupar sede própria na mesma cidade, na Praça dos Tribunais Superiores, onde permanece até hoje.
Atualmente, vigora no Brasil a Constituição Federal de 1988, a qual prevê que no Brasil a democracia semi-direta, a qual já foi anteriormente discutida e pode ser vista como uma benção, isso levando em consideração o regime militar, em que tivemos o AI-5, de 13 de dezembro de1968, sendo que tal ato suspendeu as garantias da Constituição de 67 e ampliou os poderes ditatoriais do presidente da República, permitindo-lhe, em 1968, decretar o recesso do Congresso Nacional.

Com o exposto acima, percebe-se claramente que o cidadão brasileiro teve seus direitos eleitorais suprimidos, bem como proibição de expressar sua vontade política e "intelectual", o que foi felizmente sendo recuperado e mudado ao longo da história e até em nosso atual século XXI.

































2 SURGIMENTO DA PRIMEIRA PESQUISA POLÍTICA NO BRASIL



De acordo com histórias, em meados de 1940 foi realizada a primeira pesquisa de opinião pública no Brasil, a qual tinha o intuito de estabelecer o perfil dos ouvintes de rádio de ondas curtas e longas e também detectar qual seria a posição do Brasil e dos brasileiros diante do conflito da Segunda Guerra Mundial que havia se iniciado em 1939, isto é, um ano antes.

O respectivo estudo elaborado tinha por intenção descobrir qual seria a atitude do Brasil caso os Estados Unidos e também Japão participassem da respectiva Segunda Guerra Mundial, ou seja, descobrir para qual lado os brasileiros se inclinariam. Com uma técnica não muito criteriosa para a época e totalmente rejeitada por especialistas na atualidade, o projeto foi realizado e os resultados foram satisfatórios, mesmo não havendo um índice correto ao extremo de acerto e aproximação.

Nos dias atuais, verificamos a existência de diversas técnicas de abordagem utilizadas nos estudos das pesquisas de política, bem como metodologias diversificadas que se adequam especificamente a cada tipo de trabalho. Como todo setor que se expõe a opinião pública, muitas empresas de pesquisa são vítimas de descrédito e também sabotagens com intuito maior de desmoralizar a empresa e consequentemente sua pesquisa elaborada. Por tal feito, as pesquisas políticas são guardadas a sete chaves e corrigidas "uma a uma".

O mercado de pesquisa política é muito próspero, e tem por finalidade ajudar os candidatos e interessados em avaliar o desempenho de sua campanha no que se refere a itens como: perfil do público eleitor, peças publicitárias, ranking eleitoral, avaliação eleitoral e censo político.

No Brasil, a primeira pesquisa política efetuada e divulgada para o público foi realizada pela empresa pioneira "IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística Ltda", a qual foi publicada no ano de 1947, sendo que é possível consultar a mesma pesquisa no Acervo Edgard Leuenroth, hoje em dia pertencente a UNICAMP e muito utilizada para estudos de seus alunos e de outros estudantes do Brasil, pois trata-se de um pedaço de história muito importante.

Por estimativa, o Brasil conta com cerca de 180 empresas de pesquisas atuantes e que ajudam na criação da história do país e dissimulação de informação. Insta salientar que essas empresas são filiadas ao seu órgão classista, denomino ABEP "Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa", sendo que essa entidade luta pelo respeito e aprimoramento das técnicas de pesquisa no Brasil e no mundo.



























3 MODO DE REALIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DAS PESQUISAS POLÍTICAS



Uma vez contratada a pesquisa, define-se seu foco, prazos, conteúdo, abrangência, identificação da amostra (tamanho, técnica de amostragem, seleção da amostra). Depois são estabelecidos os instrumentos de pesquisa (questionário, cartões, planilhas), o treinamento dos pesquisadores, a coleta dos dados, checagem, processamento e análise dos dados. A última etapa é a divulgação dos resultados e acompanhamento de seus desdobramentos.

Abro um parênteses na questão do grau de instrução dos entrevistadores, que em sua maioria devem possuir até ensino fundamental ou médio para não influenciar o eleitor no modo de elaboração de pergunta ou de qualquer outro modo. Assim sendo, as empresas de pesquisa em sua maioria tem o cuidado de contratar entrevistadores com grau de informação baixo, justamente pelo medo descrito linhas acima.

Existe uma variedade de técnicas amostrais que podem ser utilizadas em pesquisas eleitorais. Em geral os grandes institutos trabalham da seguinte forma: num primeiro estágio, são sorteados ou escolhidos os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas. Por fim, os entrevistados são selecionados aleatoriamente de acordo sexo, faixa etária e grau de instrução. Os dados utilizados para composição da amostra são obtidos junto ao IBGE, TSE e TRE`s.

As pesquisas têm amostras médias de 2.500 entrevistas e no país há 126 milhões de eleitores, segundo o TSE. Assim, em um levantamento nacional, apenas um eleitor em cada grupo de aproximadamente 50.000 é entrevistado, ou seja, seriam necessários 50.000 levantamentos com essa amostra para atingir o total do eleitorado, sem que nenhum indivíduo seja pesquisado mais de uma vez.

Segundo o Datafolha, as amostras nacionais têm entre 2.000 e 2.500 entrevistas, mas não há tamanho mínimo ou ideal para uma amostra eleitoral. O mais importante é a sua representatividade, ou seja, como são selecionados os entrevistados. Da mesma forma, para o Ibope o mais importante é o grau de similaridade da pesquisa com o universo pesquisado. O tamanho é calculado com base no grau de precisão que se deseja, no nível de detalhamento na análise dos resultados e dependendo do tempo e recursos disponíveis. Costuma-se utilizar amostras entre 2.000 e 3.000 entrevistados.

Todas as pesquisa, por elas utilizarem amostra probabilística, têm margem de erro amostral. Esse erro é calculado em função do tamanho e da heterogeneidade da amostra e dos resultados obtidos. A margem de erro normalmente divulgada refere-se a uma estimativa de erro máxima para uma amostra aleatória simples. Assim, considerando o erro amostral, fica estabelecido um intervalo de confiança - limites para mais e para menos em relação ao valor obtido.

Segundo o Instituto Datafolha, o ideal é observar conjuntamente os resultados. As taxas obtidas na intenção de voto espontânea podem indicar o grau de consolidação do voto em um candidato, mas os resultados da pergunta estimulada são mais utilizados pelos analistas, pois apresentam menor taxa de indecisão e quanto mais próxima a eleição, maior é a tendência de que se aproximem dos resultados apurados. De acordo com o Ibope, os dois tipos de respostas são importantes: a espontânea mostra quem já está "firme com cada candidato" e a estimulada mostra como o eleitor se comportaria se tivesse de decidir naquele momento da entrevista.

Não há regra para determinar tal intervalo, pois depende de fatores como o grau de importância que o eleitor atribui ao fato, o destaque que ele terá no noticiário, o grau de conhecimento que o eleitor terá sobre o fato, entre outros. Existem fatos que podem alterar o resultado da intenção de voto muito rapidamente, até mesmo na véspera das eleições, e outros que levam mais tempo.

Pesquisas dependem das técnicas utilizadas e da eficácia com que são aplicadas, questionários e amostras bem elaborados, entrevistadores treinados e análises isentas dos resultados e identificação do contratante. Também asseguram a qualidade da pesquisa o modo de apresentação e divulgação dos resultados. E no caso de eleições, há regras importantes, como o registro no Tribunal Regional Eleitoral ou no Tribunal Superior Eleitoral.

Esse quesito é de fundamental importância, tendo em vista que com o advento da Lei nº 9.504/097, toda pesquisa política com finalidade de divulgação ao público deve ser registrada perante o órgão eleitoral competente, para que com isso, todos tenham conhecimento de como será realizada a pesquisa política, onde será realizada, qual a metodologia utilizada, enfim, o interessado terá acesso a todo o conteúdo da pesquisa e poderá impugná-la caso sinta que a mesma não está correta, e com isso, o juiz poderá negar a divulgação do respectivo resultado.

Para corroborar com o acima exposto e fundamentar o dito, lê-se o artigo 33 da Lei nº 9.504/97, que diz:

Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:


I ? quem contratou a pesquisa;
II ? valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III ? metodologia e período de realização da pesquisa;
IV ? plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física de realização do trabalho, intervalo de confiança e margem de erro;
V ? sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo;
VI ? questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII ? o nome de quem pagou pela realização do trabalho.


§ 1o As informações relativas às pesquisas serão registradas nos órgãos da Justiça Eleitoral aos quais compete fazer o registro dos candidatos.
§ 2o A Justiça Eleitoral afixará imediatamente, no local de costume, aviso comunicando o registro das informações a que se refere este artigo, colocando-as à disposição dos partidos ou coligações com candidatos ao pleito, os quais a elas terão livre acesso pelo prazo de trinta dias.
§ 3o A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo sujeita os responsáveis a multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR.
§ 4o A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR.


Amostras e questionários não muito claros, divulgação parcial dos resultados, divulgação dos resultados muito tempo depois do levantamento, divulgações mal feitas dos resultados pelos veículos de comunicação e a falta de registro no TSE ou TER podem ser também passíveis de punição, conforme estipulado no artigo 35 da mesma lei descrita acima, o qual impõe:

Art. 35. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4o e 34, §§ 2o e 3o, podem ser responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa ou entidade de pesquisa e do órgão veiculador.


Com o exposto, podemos ter certeza de que existe fiscalização e que as pesquisas são em sua maioria transparentes e condizem com a realidade dos fatos reais.
















4 PESQUISA EFETUADA SOBRE A REAL INFLUÊNCIA DA PESQUISA POLÍTICA NAS ELEIÇÕES


Diferente do que se pensa, as pesquisas eleitorais e propagandas políticas não influenciam os votos dos eleitores, pelo menos da maioria. Na última consulta realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), apenas 9,2% dos entrevistados têm conhecimento das pesquisas e 6,8% declararam saber do percentual de intenção de votos do seu candidato. Portanto, os resultados indicam que esse tipo de intervenção é praticamente inexistente.
O estudo em tela revelou ainda que o conhecimento varia positivamente com o sexo (masculino), as idades (os mais idosos), a escolaridade (nível superior) e a renda. Nesse caso, não há qualquer fator de influência religiosa. Já 6,3% dos eleitores, em sua maioria de baixa renda e baixa escolaridade, afirmaram que "com certeza" deixariam de votar em seu candidato, caso as pesquisa não mostrassem chances de vitória. Ao mesmo tempo, 4,3% admitiram que não teriam dúvidas de votar naquele que estivesse em primeiro lugar nas pesquisas.
Do total, 23% dos entrevistados disseram lembrar das propagandas políticas veiculadas na TV ou no rádio, além de saberem os nomes dos partidos. No entanto, 27,8% dos que assistiram as propagandas não lembram dos partidos. De acordo com os dados obtidos, esse é o percentual dos eleitores de baixa renda e menor escolaridade, moradores da zona oeste do Rio de Janeiro.
Em comparação às pesquisas referentes ao acompanhamento eleitoral entre agosto e setembro de 2006, o grau de exposição dos spots publicitários é significativamente maior: 50,8% contra 15%. Ironicamente, os mesmos entrevistados acreditam que as pesquisas e as propagandas influenciam o voto das pessoas. Para 74,2%, as pesquisas conseguem intervir na decisão das pessoas, enquanto 70% acham que as propagandas políticas também influenciam o voto.
A Pesquisa, intitulada "A Influência das Pesquisas e da Propaganda Política sobre a Percepção dos Eleitores do Município do Rio de Janeiro" foi feita por amostragem mediante entrevistas pessoais por telefone. Foram sorteados 1.068 eleitores do município com idade acima de 16 anos. A pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 30 de maio de 2008 e protocolada no TRE, 228ª Zona Eleitoral sob o nº. RPE 010/2008.
Tal resultado reflete posicionamento e convicção de grandes expoentes da pesquisa política no país.






























CONCLUSÃO



O debate sobre a regulação das pesquisas desdobra-se em duas principais dimensões. A primeira delas relaciona-se ao significado político da opinião pública. A defesa da livre divulgação de prévias eleitorais tem como principal argumento o direito básico à informação e ao conhecimento pelos eleitores do movimento das forças políticas durante a campanha. Esse argumento reconhece a opinião pública como um importante agente político das sociedades democráticas, que intervém e regula as instituições e que expressa a autonomia dos indivíduos na sua relação com o sistema político. Dessa forma, quando são apropriadamente realizadas e utilizadas pelos meios de comunicação, as pesquisas têm um papel significativo na dinâmica da democracia e constituição dos poderes.

Por outro lado, para os que são contrários à divulgação das pesquisas, o argumento central reside em considerar a opinião pública um espaço sem autonomia, que não expressa uma sociedade articulada em interesses, resumindo-se à expressão de indivíduos atomizados, facilmente manipuláveis pelos agentes do jogo político. Em linhas gerais, afirma-se que a dinâmica democrática da sociedade de massas deve constituir suas bases de legitimidade em estruturas mais sólidas do que os efeitos promovidas por informações de momento, que conduzem os cidadãos a atitude meramente reativas nos processos políticos. Nesse sentido, como fontes de informação dos eleitores, os resultados das pesquisas exerceriam uma influencia indevida nas eleições, dadas as possibilidades de erros e de manipulação (que é muito diferente de fraudar) das informações pelos agentes do jogo político.

A segunda dimensão da polemica sobre as pesquisas diz respeito ao impacto das informações sobre o processo de decisão do eleitor. Não parece haver dúvida quanto ao fato de que os resultados das pesquisas exercerem algum tipo de efeito sobre a decisão de voto. A absorção dos resultados pelos agentes de socialização e intermediários culturais que realizam a inclusão do eleitorado na esfera da disputa política, sobretudo os meios de comunicação, torna praticamente impossível que as prévias eleitorais não sejam somadas ao amplo conjunto de informações que orientam as preferências dos cidadãos. A discussão reside, portanto, na intensidade do efeito das pesquisas e aqueles que defendem as restrições de divulgação têm a seu favor uma extensa produção bibliográfica que aponta o real impacto das predições eleitorais sobre o comportamento do eleitor.

A tese mais freqüente baseia-se na idéia de que sua divulgação conduz parte significativa do eleitorado a votar no candidato que à frente nas pesquisas, contaminando quem está a frente nas pesquisas, contaminando a opinião pública e distorcendo o curso natural dos resultados. Essa hipótese de influência denominada bandwagon effect (uma metáfora que faz alusão ao vagão de circo que conduz a banda, colocado sempre à frente da caravana) afirma que os resultados das prévias eleitorais colocam uma pressão social sobre os eleitores indecisos, que são conduzidos a votar no candidato apresentado com chances de vitória.

No caso brasileiro, alguns estudos sobre o papel das pesquisas nas campanhas indicam que há uma alta estimação do voto. Análises realizadas sobre as eleições presidenciais de 1989 e 1994 indicam que seu papel foi limitado, e que as fontes de discussões entre as pessoas e a propaganda televisiva, notícias e debates, foram meios muito mais poderosos de influência potencial sobre a decisão eleitoral. Os estudos mostram ainda que as pesquisas não figuravam como principal meio de informação política, e detinha razoável desconfiança e indiferença de parcelas consideráveis do eleitorado quanto aos resultados divulgados.

A minha opinião é de que há uma grande dificuldade em dimensionar o impacto de meios de informação política sobre o processo de escolha política em contextos complexos, sendo isso, um dos pontos que alimentam a polemica da regulação das pesquisas. Os resultados não são consumidos de forma pura, interagem com a mídia e produzem a partir daí, uma realidade específica sobre o jogo político. Eu pessoalmente, não tenho nenhuma dúvida que uma pesquisa eleitoral, realizada da maneira correta, expressa a real intenção de voto daquele presente momento.

Tudo o que fora exposto acima trata de ciência, e também estamos sujeitos as suas manipulações pelos homens, sendo que somente nesse caso as pesquisas podem ser viciadas e influenciar as pessoas no momento de "depositar" o voto nas urnas.

Portanto, sou a favor da realização das pesquisas políticas e creio que a fiscalização deveria ocorrer principalmente nos programas eleitorais desenvolvidos pelos candidatos, pois entendo que esses sim influenciam mais a população, que muitas vezes se iludem com promessas que em alguns casos não serão cumpridas.





























BIBLIOGRAFIA



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PINTO, Djalma. Direito Eleitoral: Jurídico Atlas, 2007.

Autor: Douglas Belanda


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