Vivo em um mundo diferente





Vivo em um mundo diferente.



Meu mundo é completamente diferente, porque o estão diferenciando a cada dia.
Sou um menino velho com poucos anos de vida ou quase vida. Meus anos devem ter milhares de dias com pouquíssimas noites dormidas.
Sou qualquer um. Tive pai, ou melhor, alguém que me fez. Tive mãe, ou melhor, alguém que me gerou.
Ele quem sabe por onde anda, talvez aí vivendo no mundo que não é o meu.
Ela que me abandonou em qualquer lugar, mas que em meu coraçãozinho não entendo o porquê de ter sido largado ao léu indefeso e sozinho.
As escadas foram retiradas, tiradas todas as possibilidades de saída deste fundo de poço.
As portas estão trancadas.
Vivo neste outro mundo onde tudo é impossível e qualquer coisa é muito longe.
Nosso túnel é estreito e não a luz em lugar nenhum nem mesmo no fim.
Minha casa é embaixo do viaduto, com muitos outros. Aqui tem ratos, baratas e gente ruim.
As noites são em claro, os cochilos de dia, as camas os bancos, as igrejas os degraus, as escolas os portões do lado de fora, banhos só de lata.
Não sou criança sou simplesmente menino de rua, deste mundo diferente.
Não sou criança, nem menino, sou aquilo, aquela coisa.
Nas noites de frio, pode parecer que não, mas no meu mundo também faz frio, naquelas noites que todos do seu mundo dormem embaixo de cobertores e nem por um segundo pensam em crianças que como eu busca sobreviver.
Quando olharem. Meu pai, minha mãe olharem daí de cima, verão que a cada dia somos mais.
Quem tem olhos, se quiserem poderão ver.
Fazer para jogar, abandonar, então porque fazer?
Papais, mamães, senhores, senhoras, perguntem a Deus se isto é legal, se é justo, se é bom.




Autor: Antonio Ribeiro


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